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Economia e Negócios

O grupo sul-africano Tongaat Hulett comunicou verbalmente aos trabalhadores da fábrica de açúcar de Mafambisse e ao governo de Moçambique que vai abandonar a actividade na região, informou o secretário da comissão sindical da unidade.

 

Três mil postos de trabalho permanente e milhares de outros sazonais na Açucareira de Mafambisse vão desaparecer na sequência deste encerramento, consequência dos problemas financeiros em que o grupo está envolvida no país de origem, onde apresenta uma dívida bancária de cerca de 11 mil milhões de rands (767 milhões de dólares).

 

O secretário da comissão sindical da Açucareira de Mafambisse disse que a administração da empresa tem-se limitado a mandar cortar a cana para processamento na fábrica, tendo mesmo deixado de regar a plantação.

 

A administração do grupo informou os accionistas no final de Maio passado que o relatório e contas auditado relativo ao exercício de 2018 tinha de ser “revisto”, uma vez que não reflectia a situação financeira de forma correcta.

 

A imprensa económica sul-africana reportou que as acções da Tongaat Hulett desvalorizaram de 173 rands em 2015 para 53,17 rands, no início de 2019, e estavam cotadas a 13,50 rands antes de serem suspensas da Bolsa de Valores de Joannesburgo e também do mercado secundário da Bolsa de Valores de Londres, no Reino Unido.

 

O grupo detém em Moçambique participações de 85% na Açucareira de Mafambisse e de 88% na Açucareira de Xinavane.

 

A unidade de Mafambisse, originalmente construída em 1965 e recuperada no final dos anos 80 com um custo de cerca de 50 milhões de dólares, localiza-se próximo do rio Pungué, no distrito do Dondo, província de Sofala.

 

O grupo Tongaat Hulett começou a gerir a açucareira em 1996, dois anos mais tarde adquiriu uma participação de 75% ao Estado moçambicano e em 2008 aumentou essa participação para 85%. (A Verdade)

O Governo diz estarem previstos novos planos de exploração de gás natural na bacia do Rovuma, província de Cabo Delgado, norte do país. A novidade foi dada, na passada quarta-feira (19), pelo Ministro dos Recursos Minerais e Energia, Ernesto Max Tonela, durante a sua intervenção no painel “África à beira do boom do Gás Natural Liquefeito”, no quadro da cimeira EUA-África, que teve lugar, semana finda, na capital do país.

 

Na sua locução, Tonela afirmou que a previsão de novos planos justifica-se pelo facto de os três maiores projectos de gás natural liquefeito, já anunciados no país, não contemplarem a exploração de mais de 30 por cento do potencial de reservas existentes naquela bacia.

 

Trata-se de dois projectos liderados pelas petrolíferas norte-americanas Exxon Mobil e Anadarko e o terceiro pela italiana Eni. “Os três projectos não tomam mais de 30 por cento do potencial existente na bacia, nos termos dos contratos de concessão e pesquisa de petróleo celebrados entre o Governo e as entidades. Assim, há previsão de que planos adicionais possam ser apresentados”, disse o governante.

 

O projecto de gás natural liquefeito, liderado pela Eni, foi o primeiro a ser aprovado, prevendo uma capacidade anual de produção de 3,3 milhões de toneladas, com um investimento de oito mil milhões de USD. O arranque da produção está agendado para 2022.

 

Por sua vez, o projecto da Anadarko e parceiros, cuja Decisão Final de Investimento foi conhecida terça-feira (18), tem uma capacidade de produção de 12,8 milhões de toneladas por ano, num investimento global de 23 biliões de USD, esperando-se que inicie a produção dentro de cinco anos.

 

Com uma capacidade de produção de 15,2 milhões de toneladas por ano, o terceiro projecto é liderado pela Exxon Mobil, cujo plano de desenvolvimento foi aprovado, em Maio passado, num investimento avaliado em 23 mil milhões de USD, porém, a sua Decisão Final de Investimento ainda não foi tomada, havendo expectativa que esta seja tomada ainda este ano. Entretanto, a Exxon Mobil tem vindo a celebrar contratos de compra e venda do gás a ser extraído.

 

Para permitir a exploração dos restantes 70 por cento de reservas na bacia do Rovuma, Max Tonela disse que o Governo tem vindo a promover pesquisas de novos campos de produção de gás.

 

Com efeito, “celebramos, no ano passado, novos concursos com entidades que possuem capacidade e reputação a nível global nesta indústria, para trabalhos que deverão iniciar no próximo ano, que consistem na perfuração, dado que, este ano, decorrem trabalhos de mobilização e de estudos, sobretudo, do impacto ambiental dos projectos” explicou o Ministro.

 

Fazendo jus ao tema do painel, Tonela disse esperar que a implementação dos projectos de exploração da bacia do Rovuma tenha impacto na transformação não só de Moçambique, mas também dos países da região austral e do continente, em geral. Mas, para que isso aconteça, o governante invocou mais investimentos dos Estados Unidos da América. (Evaristo Chilingue)

O Conselho de Administração do Banco Mundial aprovou a 20 de Junho deste ano o financiamento ao projecto da linha eléctrica Maputo-Vilankulo num montante de 420 milhões de USD.

 

O montante recentemente aprovado pelo Grupo Banco Mundial é proveniente de um fundo de financiamento regional assim como de fundos de financiamento destinados a Moçambique, sendo que daquele montante 300 milhões de dólares americanos são donativos. Os outros 120 milhões de USD são em forma de garantias, devendo estas cobrir as necessidades tanto do Projecto da Linha Maputo – Vilankulo 400 kV assim como da Central Térmica de Temane 400 MW. 

 

Prevê-se que o fecho financeiro do projecto seja alcançado em meados de 2020, e o início da operação comercial em meados de 2023, encontrando-se em fase bastante avançada as negociações com outras instituições financeiras no sentido de assegurar adicionais financiamentos para viabilizar o financiamento dos projectos.

 

O Projecto STE Fase 1, que interligará Maputo ao distrito de Vilankulo em Inhambane a 400 kV constitui a primeira etapa para a interligação entre os Sistemas de Transporte Centro – Norte e Sul, devendo o mesmo ser complementado pela fase 2, que interligará as Províncias de Inhambane a Tete, sendo vital a viabilização do projecto da Central Térmica de Temane 400 MW, como forma de viabilizar a iniciativa.

 

Elaborado como uma operação integrada que inclui simultaneamente investimentos públicos e privados, o Projecto Regional de Electricidade de Temane (TREP) irá financiar a construção de uma linha de transmissão de alta tensão de 563 km a 400 kV entre Maputo e Vilanculos/Temane e apoiar o financiamento do sector privado de uma central de ciclo combinado de 400 MW.

 

Em conjunto essas operações deverão reforçar a produção e transporte  de energia em Moçambique e na África Austral. O projecto possibilitará um investimento privado de 750 milhões de dólares apenas na produção e 550 milhões de dólares da infraestrutura de transporte.

 

“Para além de aumentar as capacidades de transmissão e produção, o TREP financiará estudos técnicos de apoio à integração regional de energia e uso de tecnologias renováveis no planeamento e operação de sistemas de energia. Apoiará também estudos sobre planos de investimento no sector da energia, incluindo o papel de Moçambique no comércio regional”, afirma Zayra Romo, Especialista Sénior em Energia e Chefe da Equipa do Projecto.

 

O TREP integra a espinha dorsal da rede de transmissão de Moçambique, concebida para integrar os seus sistemas de energia desarticulados do norte, centro e sul e reforçar a conectividade ao Grupo de Energia da África Austral (Southern African Power Pool - SAPP).

 

O projecto é uma parte integrante dos esforços do SAPP para aumentar a capacidade de produção e expandir a rede regional de transporte, criar condições para dar acesso a milhões de pessoas na região que vivem sem electricidade e reduzir o teor de carbono dos sistemas de energia da África Austral.

 

A perspectiva que se tem é de criação de uma infra-estrutura de interligação com todos os países vizinhos de modo a promover a exploração do potencial do mercado regional, tendo em vista a viabilização dos grandes empreendimentos energéticos, aproveitando as economias de escala propiciadas pela coordenação regional. 

 

“É também fundamental para o desenvolvimento do sistema eléctrico interno de Moçambique e  a expansão do acesso à energia e a garantia de um abastecimento de energia seguro, económico e sustentável que é um dos principais motores do desenvolvimento económico e social de Moçambique”, referiu Mark R. Lundell, o Director de País para Moçambique do Banco Mundial.

 

“O projecto da central de Temane é fundamental para aumentar as oportunidades de comércio de energia entre os países do SAPP. Apesar da abundância de recursos energéticos na sub-região, a falta de interligações transfronteiriças continua a ser um constrangimento de monta.

 

A integração completa dos sistemas de energia dos países do SAPP e o aumento do comércio de energia podiam traduzir-se em poupanças de 42 mil milhões de dólares americanos em investimento e custos de funcionamento até 2040.

 

O Banco Mundial está empenhado em apoiar a África Austral a realizar este potencial de poupanças”, disse Deborah Wetzel, a Directora do Banco Mundial para a Integração Regional de África, Médio Oriente e Norte de África.

 

O TREP complementa duas outras operações da IDA em fase de implementação em Moçambique (ascendendo a USD 230 milhões) destinadas a aumentar a fiabilidade e a eficiência do actual sistema de energia, a fazer avançar reformas empresariais na companhia nacional de electricidade (Electricidade de Moçambique, EDM) e a expandir o acesso.

 

Na esteira do referido projecto da construção da linha Temane-Maputo serão construídas três novas substações em Vilanculos (Inhambane), Chibuto (Gaza) e Matalane (Maputo), o que irá permitir potenciar o fornecimento de energia naquelas regiões a alargar a base de acesso de energia eléctrica.

 

O Governo de Moçambique lançou em finais de 2018 o Programa Nacional de Electrificação, que tem como objectivo levar energia eléctrica às famílias mais desfavorecidas ainda sem acesso a luz eléctrica.(Carta)

O economista-chefe do banco pan-africano Afreximbank afirmou que Moçambique continuará a ser destino de investimento desde que o Fundo Monetário Internacional (FMI) permaneça no país.

 

Comentando a crise financeira em que o país mergulhou após a descoberta de dois milhões de dívidas escondidas, assumidas por empresas estatais, Hippolyte Fofack afirmou, em entrevista à Lusa à margem dos encontros anuais do banco que decorreram em Moscovo, que os investidores internacionais passaram a estar mais atentos a Moçambique, mas mantiveram os projetos em curso, graças às garantias asseguradas por entidades internacionais.

 

“Quando o FMI está ainda atrás de um país acho que devemos dar uma oportunidade e apoiar, porque o FMI assegura que a governação está de acordo com os padrões internacionais”, explicou o dirigente do banco pan-africano com sede no Cairo que tem como principal foco o financiamento e promoção do comércio e investimento no continente.

 

“A melhor forma de ajudar um país não é fugir, mas sim ter uma política de crédito articulada com políticas públicas internacionais” salientou o economista-chefe do Afreximbank, que comparou Moçambique com a crise da dívida grega.

 

Na Grécia, houve “uma crise da dívida ligada a problemas de gestão fiscal”, mas o FMI e o Banco Mundial apoiaram e fiscalizaram todos os passos”, permitindo manter a confiança dos investidores.

 

O papel dessas organizações financeiras internacionais “é tão essencial que muitos investidores vão pacientemente esperar pelas consultas do FMI para avaliar se vão entrar ou sair de um país”.

 

No caso de Moçambique, Fofack admitiu que a comunidade internacional não poderia sair e abandonar o país.

 

Se isso acontecesse, seria criada “uma crise sistémica que pode tornar muito difícil um país alguma vez recuperar”, afirmou. (Lusa)

sexta-feira, 21 junho 2019 06:57

Companhias aéreas deixaram de ter restrições

Companhias aéreas de Moçambique e do Zimbábwè já podem realizar voos sem restrições de capacidade ou de frequência entre os dois países, mercê de um acordo bilateral sobre o transporte aéreo rubricado na quinta-feira, 20 de Junho, na cidade de Maputo. O acordo insere-se no âmbito da Decisão de Yamoussoukro, bem como do Mercado Único de Transporte Aéreo Africano (SAATM, sigla em inglês), lançado formalmente pela União Africana em 2018, em Adis Abeba, Etiópia, com vista ao aumento da conectividade entre os países africanos, à redução dos preços das passagens e ao desenvolvimento sustentável do sector.

 

De acordo com o presidente do Conselho de Administração do Instituto de Aviação Civil de Moçambique (IACM), João Abreu, este acordo, assinado pelos ministros dos Transportes e Comunicações de Moçambique, Carlos Mesquita, e dos Transportes, Comunicações e Desenvolvimento Infra-estrutural do Zimbábwè, Joel Matiza, abre, ainda, espaço para que as companhias aéreas possam voar para os pontos que pretenderem, entre os aeroportos internacionais de Maputo, Beira e Nacala, que são os pontos de entrada e saída do País.

 

“Os acordos sempre existiram, o que estamos a fazer é actualizá-los em resposta às novas exigências e orientações com vista à abertura do espaço aéreo, bem como ao livre mercado. Ainda este ano vamos rever o acordo com a África do Sul relativamente à mesma matéria”, explicou João Abreu. Importa realçar que Moçambique faz parte dos 19 países que aderiram e ractificaram a Decisão de Yamoussoukro, em 2017, tendo, inclusive, assinado o respectivo memorando de implementação. A assinatura do acordo bilateral sobre o transporte aéreo foi feita à margem da visita do Chefe do Estado zimbabueano, Emmerson Mnangagwa, ao Porto de Maputo. (Carta)

O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que Moçambique poderá registar um crescimento económico de dois dígitos a partir de 2023, ano em que se deverá iniciar a produção de gás natural liquefeito (LNG) do consórcio liderado pela multinacional petrolífera ENI, na bacia do Rovuma, província de Cabo Delgado, na região norte.

 

O representante, do FMI avançou que o crescimento a médio prazo de Moçambique vai dar um salto significativo tendo em conta as receitas resultantes da exploração do gás natural.

 

“É importante gerir as expectativas, porque a arrecadação de receitas para os cofres do Estado ainda vai levar algum tempo, daí a necessidade de um exercício de paciência”, disse Aisen, que falava durante a Cimeira Estados Unidos-África, um encontro de três dias que se iniciou quarta-feira em Maputo.

 

Aisen defendeu também a transparência na gestão dos recursos de forma a evitar a eclosão de conflitos e, para o efeito, recomendou um maior envolvimento de todas as partes interessadas, incluindo a sociedade civil e as instituições financeiras do Estado, tais como o Banco Central e o Ministério da Economia e Finanças.

 

“Esses recursos são muito elevados e, por isso, podem trazer volatilidade à economia local se não forem bem administrados. É também importante garantir a independência política para não influenciar os critérios técnicos na gestão dos recursos”, sublinhou. (Carta)