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Economia e Negócios

O maior projecto de pesca e aquacultura em Moçambique, liderado pela empresa chinesa Stonechen Comercial – Produtos de Pesca de Moma, avaliado em US$ 100 milhões ficará concluído até ao final do corrente ano, segundo escreve a agência de notícias AIM. O porta-voz da empresa, Mussa Sarajabo, explicou que a empresa, que dista cerca de 250 quilómetros da cidade de Nampula, capital provincial, está instalada em Moma há nove anos e que 75 por cento das obras já foram concluídas.

 

Segundo Sarajabo, a empresa irá operar com 85 embarcações, sendo 60 de pesca semi-industrial e as restantes de pesca industrial. Cerca de 70 por cento do pescado destina-se ao mercado internacional e o remanescente para consumo nacional.

 

“Estamos em Moma há nove anos e, para além desta fábrica de processamento, o complexo inclui um porto de pesca e uma fábrica de rações”, disse. O projecto, que empresa duas mil pessoas e processa camarão, lagosta e caranguejo, foi visitado terça-feira pelo governador da província de Nampula Victor Borges. Quando iniciar a produção, em Outubro, a empresa chinesa que possui estaleiros na cidade da Beira, espera produzir diariamente cerca de 20 toneladas de diferentes frutos do mar. (Carta)

Os rubis extraídos em Namanhumbir, distrito de Montepuez, província de Cabo Delgado, pela Montepuez Ruby Mining (MRM), registaram, este ano, o pior resultado dos últimos cinco leilões, ao produzir uma receita de 50 milhões de USD, num recente leilão realizado em Singapura, entre os dias 11 e 15 de Junho corrente.

 

Os dados foram tornados públicos, esta quarta-feira (19), pela empresa britânica Gemfields, detentora de 75 por cento das acções da MRM, empresa onde também é sócio o general na reserva Raimundo Pachinuapa, através da Mwiriti Limitada, com 25 por cento.

 

De acordo com o comunicado de imprensa, distribuído na tarde desta quarta-feira, o valor é fruto da venda de 93 por cento dos lotes oferecidos no leilão, no qual participaram 48 empresas. Ou seja, a MRM vendeu 84 lotes, dos 90 colocados no mercado, durante os cinco dias.

 

Este é o pior resultado registado pelos rubis de Namanhumbir, nos últimos cinco leilões, realizados naquele país asiático. Até ao momento, de acordo com os dados fornecidos pela Gemfields, o pior resultado tinha sido verificado, em Junho de 2017, quando a MRM rendeu 54.8 milhões de USD, fruto da venda de 94 por cento de lotes (78), dos 83 oferecidos.

 

Em contrapartida, o melhor resultado dos últimos leilões verificou-se, em Junho de 2018, quando a MRM arrecadou 71.8 milhões de USD, depois de ter vendido 82 lotes, dos 86 que estava a oferecer, em Singapura, o que correspondeu a 95 por cento.

 

Aliás, o leilão de Junho de 2018 foi o único que ultrapassou a casa dos 56 milhões de USD, pois, os restantes fixaram-se nos 55 milhões de USD. No leilão realizado em Novembro de 2017, os rubis, que são rotulados de sangue, devido às mortes que se verificam na zona de mineração, produziram 55 milhões de USD e, em Dezembro de 2018, saldaram em 55.3 milhões de USD, apesar da comercialização de 88 lotes, dos 90 que estavam disponíveis.

 

Em termos de quilates, o comunicado da Gemfields refere que, entre 11 e 15 deste mês, a MRM colocou no mercado 978,197 quilates, mas só vendeu 962,211, o que corresponde a 98 por cento. Cada quilate custava, em média, 51,99 USD. Trata-se também do preço mais baixo praticado na venda daquele minério, nos últimos anos.

 

Em Junho de 2017, cada quilate custou 61.13 USD, enquanto, em Novembro do mesmo ano, 90.81 USD. Em Junho do ano passado, cada quilate do rubi de Namanhumbir era comercializado a 122.03 UDS e, em Dezembro também de 2018, estava fixado em 84.32 USD.

 

Refira-se que, desde Julho de 2014, os rubis de Namanhumbir já foram leiloados por 12 vezes, em Singapura, tendo já rendido 512.6 milhões de USD em receitas totais. (Abílio Maolela)

quinta-feira, 20 junho 2019 06:45

Banco de Moçambique reduz Taxas de Juro

Seis meses depois de o Banco de Moçambique (BMI) ter mantido a Taxa de Juro de Política Monetária, Taxa MIMO, nos 14,25 por cento, esta quarta-feira, o regulador do sistema financeiro moçambicano decidiu reduzi-la em 100 pontos bases, estando fixada, agora, nos 13,25 por cento.

 

A decisão foi tomada, esta quarta-feira (19), durante a reunião do Comité de Política Monetária (CPMO), a quarta neste ano, na qual os Administradores do Banco Central decidiram também baixar as taxas de Facilidade Permanente de Depósitos e de Facilidade Permanente de Cedência, igualmente em 100 pontos bases, para 10,25 por cento e 16,25 por cento, respectivamente. Entretanto, decidiram manter os coeficientes de Reservas Obrigatórias para os passivos em moeda nacional e estrangeira, em 14 por cento e 36 por cento, respectivamente.

 

De acordo com o comunicado do CPMO, enviado no final da tarde desta quarta-feira, a decisão de reduzir a Taxa MIMO deve-se à melhoria significativa nas projecções da inflação, para o médio prazo, consolidando, desta forma, o objectivo de estabilidade macroeconómica.

 

De acordo com o Banco de Moçambique, a inflação anual desacelerou pelo quarto mês consecutivo, tendo se situado em 2,42 por cento, em Maio último, contra 3,26 por cento de igual período de 2018.

 

“Esta desaceleração reflecte, em parte, os ganhos da manutenção de uma política monetária prudente, aliada à evolução favorável da taxa de câmbio do Metical face às moedas dos principais parceiros comerciais, à revisão em baixa dos preços dos combustíveis líquidos, em Abril último, e ao aumento da oferta de produtos agrícolas nacionais”, observa aquele órgão, dirigido por Rogério Zandamela.

 

Entretanto, anota, o órgão, que a actividade económica abrandou no primeiro trimestre de 2019, ao crescer 2,5 por cento contra 3,7 por cento de igual período de 2018, cenário que, nas suas perspectivas, se poderá manter no curto prazo.

 

Segundo o CPMO, a desaceleração, no trimestre, reflecte a contracção do ramo de electricidade e água e o abrandamento pronunciado do desempenho da indústria extractiva. Acrescenta ainda: “a recuperação pouco expressiva do indicador de clima económico, em Abril, indicia um refreamento do crescimento económico, no segundo trimestre de 2019”.

 

“Entretanto, para o médio prazo prevalece a expectativa de recuperação do PIB, estimulada sobretudo pelas actividades de reconstrução pós-desastres naturais e pelo impulso decorrente da materialização dos projectos de gás natural”, sublinha o órgão.

 

O documento refere ainda que o Metical, que no passado domingo completou 39 anos, regista ganhos nominais, tendo passado de uma cotação de 64,63 MZN/USD, no dia 24 de Abril, para 61,75 MZN/USD, no dia 18 de Junho, e de 4,60 MZN/ZAR para 4,18 MZN/ZAR.

 

Para o BM, este facto reflecte, em parte, a melhoria do défice da conta corrente, no primeiro trimestre de 2019, combinada com as medidas que vêm sendo tomadas pela instituição Banco de Moçambique, assim como assinalam-se expectativas dos agentes económicos de maiores influxos de moeda externa, não só no contexto da resposta internacional às necessidades de financiamento e à reconstrução pós-desastres naturais, como também da materialização dos projectos de gás natural.

 

Em relação ao crédito à economia, o CPMO revela que este continua a recuperar, mas de forma lenta. “O crédito bancário ao sector privado manteve a relativa tendência para recuperação, tendo registado uma expansão mensal de 0,7 por cento e anual de 1,0 por cento, em Abril de 2019, a reflectir o aumento da componente em moeda nacional”.

 

Relativamente à dívida pública interna, contraída com recurso a Bilhetes do Tesouro, Obrigações do Tesouro e adiantamentos do BM, o CPMO não apresenta novidades. Ou seja, continua a aumentar, tendo passado de 9.274 milhões de meticais, em Abril, para o saldo de 131.547 milhões de meticais. Sublinha, contudo, que os montantes não tomam em consideração outros valores de dívida pública interna, tais como contratos mútuos e de locação financeira, assim como responsabilidades em mora. (Carta)

Novecentas e sessenta e três empresas moçambicanas, tidas como capazes e competentes nos seus ramos de actividades, foram identificadas para auxiliar nas obras de construção da plataforma de extracção e liquefacção de gás natural, na Área 1, da bacia do Rovuma, empreendimento a ser erguido nos próximos cinco anos.

 

O dado foi revelado, na última terça-feira (18), pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, durante a cerimónia de assinatura e anúncio oficial da Decisão Final de Investimento (DFI) do projecto Gás Natural Liquefeito (GNL), das concessionárias da Área 1, lideradas pela Anadarko.

 

Segundo o Chefe de Estado, a identificação daquele número de empresários resultou dos seminários de oportunidades locais que a Anadarko e o Governo promoveram, no ano passado, no âmbito da inclusão, nos projectos de gás natural, do conteúdo local.

 

Se, por um lado, a maioria das empresas seleccionadas ainda não começou a trabalhar, Nyusi afirmou que as poucas que operam já consumiram mais de 36 por cento do valor despendido pela Anadarko e parceiros, nos últimos cinco anos.

 

Nyusi fez saber ainda que, para além de empresas, nos referidos seminários foi possível identificar-se mais dois mil moçambicanos com habilitações técnicas para ocuparem os cinco mil postos de emprego a serem criados no âmbito da construção da plataforma. Falando à margem da cerimónia, o presidente da Comissão do Conteúdo Local na Confederação das Associações Económicas (CTA), Florival Mucave, disse que 963 empresas moçambicanas é um número satisfatório, pois, há 10 anos, o país não tinha esse número de empresas certificadas para aquele negócio.

 

“Isto significa que existe uma capacidade nacional de participação, o que é muito louvável”, afirmou Mucave, tendo acrescentado que há mais empresas que estão a ser treinadas e certificadas para integrarem a lista. Contudo, para que o empresariado nacional aproveite efectivamente negócios no projecto da Anadarko e parceiros (e não só), a fonte defendeu a necessidade de haver mais formação, capacitação, bem como trabalho de qualidade.

 

O sector privado afirma que a Lei de Conteúdo Local seria o instrumento que permitiria maior inclusão dos empresários moçambicanos no negócio dos mega-projectos do sector extractivo. Mas a aprovação do seu projecto, que se debate há 11 anos, está a ser adiada há muito tempo, de tal modo que esta terça-feira (18) a Anadarko e parceiros tomaram o FID sem esse instrumento legal. (Evaristo Chilingue)

Discursando, esta terça-feira (18), momentos após testemunhar a assinatura do acordo da Decisão Final de Investimento (DFI), entre o Ministro dos Recursos Minerais e Energia, Max Tonela, e o Presidente da Anadarko, Al Walker, o Presidente da República, Filipe Nyusi, revelou que, com a produção e venda de Gás Natural Liquefeito (GNL), da bacia do Rovuma, província de Cabo Delgado, o Estado moçambicano prevê arrecadar 2.1 mil milhões de USD em receitas anuais, a partir de 2025.

 

Por forma a aproveitar os ganhos previstos, Nyusi defendeu, na ocasião, que as receitas sejam reinvestidas nos sectores mais prioritários, o caso da agricultura, concretamente no agro-processamento, turismo, infra-estruturas e saúde.

 

“Este é o caminho que permitirá às famílias rurais, a saírem de uma agricultura de subsistência para a de excedentes comerciais, o que requer mais e melhores infra-estruturas para escoar os seus mercados”, acrescentou o PR.

 

Contudo, para que efectivamente os ganhos da exploração do gás natural na Bacia do Rovuma possam alavancar o país, económica e socialmente, Nyusi garantiu também que o seu Governo tudo fará para permitir que os investidores trabalhem num ambiente de segurança e paz, naquela província que, neste momento, é placo de ataques protagonizados por homens armados.

 

Recorde-se que o Governo de Moçambique e os parceiros da Área 1, consórcio liderado pela petroquímica norte-americana Anadarko, assinaram, esta terça-feira, em Maputo, a DFI do Projecto de GNL, da bacia do Rovuma, província de Cabo Delgado, norte do país, num valor de 23 mil milhões de USD.

 

O valor será aplicado na construção da plataforma de perfuração do fundo do mar, extracção e liquefacção do gás natural. Este trabalho que levará cerca de cinco anos, culminará com o início da produção do GNL, que vai ser exportado, outro destinado a produção de electricidade, combustíveis líquidos e adubos de consumo interno.

 

O anúncio oficial do FID do consórcio da Anadarko na Área 1 da bacia do Rovuma, contou para além do Director e Presidente do Conselho Executivo da Anadarko, com a presença de seis representantes de outros parceiros do projecto, nomeadamente da empresa japonesa Mistui, a petrolífera estatal moçambicana ENH, da indiana ONGC, a Boas, a Bharat Petro Resources e da tailandesa PTTEP.

 

Testemunharam ainda a cerimónia, a Secretária-adjunta de Comércio dos Estados Unidos da América e alguns Chefes de Estados africanos, com destaque para o do Zimbabwe, Emmerson Mnangagwa e o Rei de eSwatine, Mswati III. (Evaristo Chilingue)

A Decisão Final de Investimento (DFI) para a exploração de gás natural na bacia do Rovuma, em Cabo Delgado, anunciada recentemente, pelo consórcio liderado pela petrolífera Anadarko pode contribuir para a melhoria da disponibilidade de moeda externa no mercado doméstico e para a redução dos riscos de inflação.

 

Neste contexto, acreditamos que o Banco de Moçambique (BM) pode decidir retomar os cortes nas taxas de juro de política monetária, interrompidos em Dezembro de 2018, com efeitos positivos sobre o financiamento das empresas e sobre o rendimento disponível das famílias.

 

De acordo com o economista chefe do Standard Bank, Fáusio Mussá, em função do volume de entrada de fundos que resultam da DFI, “o Banco Central estaria confortado em fazer um corte na taxa de juro, dependendo da magnitude dos fundos que ficarão disponíveis no mercado moçambicano”.

 

Este seria, na sua opinião, um dos impactos imediatos com algum benefício para a economia moçambicana, ou seja, a melhoria das perspectivas de estabilidade macroeconómica, através da estabilização da moeda e da inflação.

 

“Se o Banco Central decidir efectuar os cortes na taxa de juro, significa que as taxas do sistema bancário poderão reduzir, permitindo o aumento do rendimento disponível das familias e viabilizar pedidos de financiamento dos agentes económicos”, frisou o economista.

 

Entretanto, Fáusio Mussá foi cauteloso ao chamar à atenção para a necessidade de se proceder à melhor divulgação sobre o impacto da DFI, devido ao difícil momento que a economia moçambicana atravessa: “Alguns impactos podem ser imediatos e outros podem ocorrer num longo período de tempo”, indicou.

 

Outra importante vantagem que pode advir da DFI, conforme destacou, é a criação de maior confiança no mercado cambial sobre a oferta de divisas e sobre as perspectivas de evolução do câmbio, a curto prazo. O impacto sobre a geração de emprego pode ocorrer ao longo do período de construção das plataformas de liquificação do gás natural e após a construção.

 

“O impacto positivo sobre a actividade económica no geral só será relevante a partir do momento em que o País começar a exportar o gás natural, entre finais de 2023 e 2024. Ai poderemos ver uma aceleração do Produto Interno Bruto (PIB), acima do normal.

 

Para que o impacto macroeconómico se materialize, segundo sustentou o economista chefe do Standard Bank, é preciso que haja uma capacidade de absorção das oportunidades de negócio que os projectos do gás natural vão criar em Moçambique, o que depende do nível de preparação das empresas que operam em Moçambique para satisfazer a procura de bens e serviços pelas multinacionais.

 

“Esta preparação está a ocorrer a vários níveis no País, mas há ainda um longo caminho a percorrer, sendo que o Standard Bank criou uma Incubadora de Negócios que tem estado a apoiar as Pequenas e Médias Empresas (PME) para acederem às oportunidades”, enfatizou.

 

Num outro desenvolvimento, Fáusio Mussá referiu que do ponto de vista fiscal, quando o País começar a cobrar as receitas da exploração do gás, poderá obter excedentes, que o Estado poderá usar para alavancar sectores-chave da economia, como a agricultura e o turismo.

 

Importa realçar que o Standard Bank tem uma área especializada em Petróleo e Gás, que desde a descoberta destes recursos na bacia do Rovuma, em 2011, tem estado a acompanhar de perto e a definir a melhor forma de participar nos beneficios que podem ser gerados para a economia.

 

Com efeito, o Standard Bank realizou estudos macroeconómicos  sobre o potencial da Área 4 do projecto de Gás Natural Liquefeito (GNL e outro para a Anadarko sobre o impacto do projecto de GNL, na Área 1, que representa a bandeira de um dos maiores projectos do mundo.(FDS)