Há um braço de ferro instalado entre alguns membros da RENAMO e Raul Novinte, o presidente eleito do Conselho Autarquico da cidade portuária de Nacala, na província de Nampula. Em causa está a reivindicação de tomada de posições de chefia, com destaque para o posto de vereador, por parte de alguns membros que consideram que o novo edil deve por "obrigação" colocar no seu governo, independente da competência muito menos respeito a hierarquia, pessoas directamente ligadas ao partido. Num áudio que circula nas redes sociais, Feliciano Linha, membro da RENAMO e docente na Escola Serviços Missionários de Caridade para África (SEMICA), instituição que tem como o seu fundador e director Raul Novinte (edil eleito de Nacala-Porto), faz duras críticas ao cabeça-de-lista vencedor, pelo facto deste tencionar criar um “governo inclusivo”.
O Presidente Filipe Nyusi tem tudo para se fazer reeleger em 2019 mas ainda vai enfrentar alguns resquícios de oposição interna, escreve a divisão de “inteligência” (Economist Intelligence Unit) da conceituada revista britânica “The Economist”. Na sua mais recente análise da situação politica e económica de Moçambique, a revista refere que “a estabilidade política será frágil” entre 2018 e 2023. A análise destaca as duas reformas que a Renamo está a exigir como condições prévias para a sua ala militar lançar armas numa base permanente: a descentralização e a integração dos seus combatentes nas forças de segurança. E refere que houve “um surpreendente grau de consenso (entre o Governo e a Renamo), embora num nível superficial. O que exatamente as reformas significam na prática será determinado mais tarde, mas um plano de integração e descentralização foi suficiente para permitir eleições municipais em outubro de 2018”.
Na passada terça-feira, o Conselho de Ministros acabou não discutindo e aprovando o nome do novo PCA da EDM, a elétrica nacional, nomeadamente a figura que passará a conduzir os destinos da empresa pública. Ao longo das últimas duas semanas, o PR Filipe Nyusi tem feito consultas em variados quadrantes da sociedade para encontrar um nome que seja “consensual” entre os vários lobbies à volta do executivo e que, ao mesmo tempo, reúna condições para aprofundar as reformas levadas a cabo por Mateus Magala. “Carta de Moçambique” está na posse de 4 nomes de dentro e de fora da instituição que foram alvo de uma avaliação recente
A Renamo nega ter ameaçado jornalistas na cobertura do processo eleitoral no Conselho Autárquico da Vila de Marromeu desta quarta-feira, em Sofala. O porta-voz da Renamo, José Manteigas, abordado telefonicamente pela “Carta de Moçambique”, disse estranhar tais alegações pois “os jornalistas são nossos parceiros”. Entretanto no terreno, jornalistas queixaram-se de receber ameaças feitas pela Renamo, alegadamente porque favoreceram a Frelimo na cobertura das eleições de 10 de Outubro passado.
Financiamento, Investimentos, Agenciamentos Limitada (FINAL), propriedade de Fernando Sumbana Jr (eleito recentemente como vice-edil de Maputo), é uma das quatro empresas arroladas no processo que corre contra Helena Taipo, antiga Ministra do Trabalho e actual Embaixadora de Moçambique em Angola, acusada de apropriação fraudulenta de cerca de cem milhões de Meticais do INSS.
O objetivo das negociações de Moçambique com os seus credores “é recuperar a confiança no nosso país nos mercados financeiros internacionais”, declarou o Primeiro-Ministro Carlos Agostinho do Rosário, ontem na AR. Falando numa sessão de perguntas e respostas entre deputados e membros do governo, Rosário argumentou que, ao reforçar a confiança entre os mercados internacionais, “estamos a criar condições para podermos ter acesso a mais recursos para financiar ações estruturantes do nosso desenvolvimento económico e para assegurar aos credores que o país honrará suas obrigações ”. Se Moçambique fosse confiável internacionalmente, acrescentou, isso também permitiria às empresas pedir dinheiro emprestado, em termos e condições favoráveis. Isso, disse Rosário, foi o motivo pelo qual o governo chegou a um entendimento de princípio com alguns de seus credores “sobre os termos da reestruturação dos títulos para a dívida soberana resultante da conversão da dívida Ematum”. A Ematum é uma das três empresas relacionadas à segurança que contrataram empréstimos de mais de 2 bilhões de USD, dos bancos europeus Credit Suisse e VTB da Rússia em 2013 e 2014. Os bancos nunca se comprometeram com as três empresas, que agora estão efetivamente falidas. Os empréstimos só foram adiantados porque o Governo anterior, sob a batuta do Presidente Armando Guebuza, emitiu ilegalmente garantias que ultrapassaram o limite máximo do estabelecido pelas leis orçamentais. (Carta, com AIM)