A partir da próxima semana, na segunda-feira, Moçambique vai assistir ao julgamento das “Dívidas Ocultas”, o maior escândalo de corrupção centrada nas finanças públicas, no pós-independência. Nomes sonantes da advocacia moçambicana vão desfilar. Houve algumas trocas de advogados por parte dos réus. Gregório Leão, o antigo Director Geral da secreta moçambicana (o SISE), mantém confiança nos serviços do famoso causídico Abdul Gani Hassan, mas António do Rosário preferiu trocá-lo por Alexandre Chivale.
A antiga secretária particular do Presidente Armando Guebuza, Inês Moiane e Ndambi Guebuza continuam a apostar em Chivale e Isálcio Mahanjane. Por vez, Ângela Leão (mulher de Gregório Leão) vai às barras com o apoio do Dr Damião Cumbana, e Cipriano Mutota, antigo quadro do SISE vai ser assistido por Rodrigo Rocha. O principal réu do caso, Teófilo Nhangumele, terá como seu defensor Lourenço Malia, assim como o amigo de Ndambi, Bruno Langa.
O antigo Conselheiro Político de Armando Guebuza, Renato Matusse, vai ser defendido por uma tríade de peso: uma velha raposa”, Teodoro Waty, e duas promessas em ascensão, Salvador Nkamati e Jaime Sunda. E o causídico Mahomed Bachir vai defender a irmã de Ângela Leão, Nbanda Heening. (Carta)
Terminou esta quarta-feira, 18 de Abril, a campanha de vacinação massiva contra a Covid-19, cujo grande objectivo era vacinar perto de 1.5 milhão de pessoas, tendo sido vacinadas, até à última terça-feira, cerca de 1.2 milhão, o que corresponde a pouco mais de 80%.
Entretanto, apesar destes números, compulsados os dados do Ministério da Saúde (MISAU) ontem divulgados, constata-se que apenas 627.382 pessoas é que estão completamente vacinadas, de um total de 1.750.872 pessoas que aderiram ao processo. Ou seja, mais de 1 milhão de pessoas ainda não tomaram a segunda dose da vacina contra a Covid-19.
De acordo com os dados do MISAU, a cidade de Maputo lidera a lista com 132.613 pessoas completamente vacinadas, seguindo-se as províncias de Maputo (109.713); Cabo Delgado (66.694); e Nampula (60.253). As províncias de Inhambane (com 28.433) e Manica (29.443) é que apresentam o baixo número de pessoas completamente vacinadas contra Covid-19. Aliás, são as únicas províncias do país com menos de 30 mil pessoas completamente vacinadas contra a Covid-19.
Nas últimas 24 horas, o MISAU diz terem sido vacinadas mais 104.157 pessoas, das quais 16.648 na cidade de Maputo e 14.636 na província de Maputo. Assim, dos 1.750.872 indivíduos que pelo menos tomaram uma dose da vacina contra a Covid-19, 275.365 são da cidade de Maputo, 255.380 da província de Maputo, 263.239 da província de Nampula, 160.808 da Zambézia, 134.862 de Cabo Delgado, 128.110 de Sofala, 123.923 da província de Tete e 120.420 da província de Manica. As províncias de Inhambane (95.425) e Gaza (99.130) são as únicas do país que ainda não administraram pelo menos uma dose a 100 mil pessoas. (Carta)
Doze dias depois do seu empossamento, Hermínia Nhamundze e Ramos Zambuco já não são Directores das Cadeias Feminina de Ndlavela e de Máxima Segurança da Machava (vulgo B.O.), respectivamente. Os dois acabam de ser exonerados pela Ministra da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, Helena Kida, a mesma que os empossou a 05 de Agosto passado.
Alfredo Pires, também recentemente nomeado Director Nacional de Administração e Finanças, teve a mesma sina. As três exonerações foram ontem confirmadas à “Carta” por fonte sénior do Ministério. No primeiro caso, a exoneração deveu-se à publicação, por este jornal, do caso d alegado envolvimento dos dois ex-directores num caso que culminou com a soltura de Momade Assif Abdul Satar (mais conhecido por Nini Satar) da Cadeia de Máxima Segurança, em 2014.
Lembre-se que “Carta” publicou no passado dia 11 de Agosto que Hermínia Nhamundze e Ramos Zambuco tinham sido detidos por seu envolvimento nesse caso e que o processo ainda não tinha sido arquivado.
Por sua vez, Alfredo Pires está a ser investigado criminalmente em Inhambane por suspeitas de peculato e agiotagem, de acordo com fontes do Ministério. (Carta)
Mais de 50 residentes do bairro Chingodzi, arredores da cidade de Tete, capital da província com mesmo nome, manifestaram-se nesta segunda e terça-feira contra uma alegada burla na venda de talhões, vendidos por membros das Forças Armadas e Defesa de Moçambique (FADM) aos visados. Os referidos talhões, refira-se, tinham sido atribuídos legalmente aos membros das FADM.
Conforme conta a população, os referidos terrenos foram comprados aos membros das FADM com valores que partem dos 20 mil Meticais, porém, esta segunda-feira, algumas casas (de civis) foram demolidas sem explicação, o que lhes provocou uma revolta.
Fontes posicionadas no terreno contam que a manifestação desta terça-feira iniciou por volta das 8:00 horas e só cessou por volta das 15:00 horas, após intervenção da Polícia Militar, que disparou para o ar a fim de dispersar a multidão.
Entretanto, fontes garantem que alguns agentes da Polícia Militar desferiram golpes contra a população, para além de que algumas pessoas foram detidas e torturadas para supostamente confessarem quem lhes tinha vendido os terrenos. (O.O.)
Continua a reduzir o número de casos activos do novo coronavírus em todo o território nacional. Depois de o mês de Julho ter fechado com um total de 32.210 casos activos da Covid-19, esta terça-feira, as autoridades da saúde reportaram a existência de apenas 16.870 infectados de todo o país, uma redução de 15.340 casos nos primeiros 17 dias de Agosto, o que corresponde a 47,6%.
Aliás, a tendência de redução foi registada logo no primeiro dia do mês, quando as autoridades da saúde reportaram a existência de 31.230 casos activos. Até ao dia 05, o país já contava com um total de 26.161 casos activos.
Dados do Ministério da Saúde (MISAU) indicam que, neste período, houve mais recuperados que novos infectados, pois, de 31 de Julho a 17 de Agosto, mais 33.069 pessoas ficaram curadas da Covid-19, contra 18.043 que ficaram infectadas pelo novo coronavírus, representando uma diferença de 15.026 casos.
A cidade de Maputo é uma das principais responsáveis pela redução drástica dos números. Se até ao dia 31 de Julho contava com 19.569 casos activos, nesta terça-feira apenas 5.658 pessoas continuavam infectadas pelo novo coronavírus, representando uma redução de 13.911 infectados, o que corresponde a 71,1%.
Neste período (de 31 de Julho a 17 de Agosto), a capital do país registou um total de 19.431 recuperados. Até dia 31 contava com 31.711 recuperados, mas ontem foram reportados um total de 51.142 curados na cidade de Maputo.
Referir que dados do MISAU indicam que, desde Março de 2020, o país já registou um total de 140.071 casos positivos do novo coronavírus, dos quais 1.033 foram diagnosticados de segunda para terça-feira. Do total de infectados, 1.748 perderam a vida, enquanto 121.449 estão recuperados. (Carta)
O líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) alertou, no domingo, o Governo para o risco de os grupos armados que actuam em Cabo Delgado abrirem novas bases, na sequência da sua expulsão das posições que ocupavam anteriormente.
“Eu fui guerrilheiro e sei que é preciso que o Estado moçambicano e as forças moçambicanas tenham muito cuidado [com as movimentações dos grupos armados], porque quando um guerrilheiro abandona um sítio vai instalar-se num outro lugar”, disse Ossufo Momade.
O líder da Renamo falava aos jornalistas, à margem de uma visita de trabalho ao distrito de Marínguè, província de Sofala, centro de Moçambique.
As forças governamentais, prosseguiu, devem encarar o silêncio dos grupos armados, que sofreram desaires nas últimas semanas, com seriedade. Ossufo Momade observou que a reconquista da vila de Mocímboa da Praia pelas forças governamentais sem muita resistência pode ser sinal de que os insurgentes se retiraram estrategicamente e isso pode ser “perigoso”.
“Tem de haver reconhecimento da área para que se possam desalojar os rebeldes, em toda a zona norte do país”, acrescentou.
No dia 08, uma operação conjunta das forças governamentais moçambicanas e ruandesas reconquistou a estratégica vila portuária de Mocímboa da Praia, na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique.
A vila, que além do porto conta com um aeródromo, estava ocupada pelos rebeldes desde 11 de Agosto de ano passado, numa acção depois reivindicada pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico.
Grupos armados aterrorizam a província de Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico. Na sequência dos ataques, há mais de 3.100 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas. (Lusa)