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O Centro de Investigação em Saúde da Manhiça (CISM), sul de Moçambique, começa este mês ensaios clínicos sobre a eficácia da BCG, vacina usada contra a tuberculose, no combate à covid-19, disse ontem o director científico da instituição.

 

Francisco Saúte afirmou, em entrevista à emissora pública Rádio Moçambique (RM), que até 520 profissionais de saúde do distrito da Manhiça poderão “ser recrutados" para a toma da vacina BCG (Bacilo de Calmette e Guérin) visando determinar o seu poder de protecção contra a covid-19.

 

"O que se pensa é que a BCG possa também ser benéfica no combate à covid-19, essa é a hipótese que se levanta", acrescentou Saúte.

 

O CISM pretende replicar ensaios já em curso em países como África do Sul, Holanda e Austrália sobre a provável capacidade da referida vacina no combate à pandemia.

 

"Pode ser que a vacina não impeça a infecção, mas consiga impedir as formas mais graves de infecção pelo novo coronavírus", enfatizou o director científico do CISM.

 

Por outro lado, um eventual falhanço da eficácia da vacina nos países que já estão a fazer ensaios não implica necessariamente que a mesma não possa ser válida noutros territórios, tendo em conta as diferenças de estrutura demográfica e perfil epidemiológico, explicou Francisco Saúte.

 

O entusiasmo em relação à BCG também decorre da relativa baixa taxa de infecção nos países que têm este instrumento contra a tuberculose no seu calendário de vacinação obrigatório.

 

O director científico do CISM avançou que os resultados dos ensaios que se iniciam este mês poderão estar prontos dentro de 18 meses, seguindo-se depois o processo de aprovação pela Comissão Nacional de Bioética de Moçambique, caso os resultados sejam positivos.

 

As unidades de BCG que vão ser usadas nos testes em Moçambique já foram encomendadas num país europeu e serão enviados para o país africano, logo que as necessárias autorizações forem obtidas.

 

"Temos estruturas, equipamentos e investigadores prontos para o arranque dos testes", assegurou Francisco Saúte.

 

A BCG foi criada em 1921 por Léon Calmette e Alphonse Guérin e leva as iniciais dos nomes dos dois investigadores em sua honra.

 

Moçambique contabiliza um total acumulado de 480 mortes e 45.785 casos de infecção pelo novo coronavírus, dos quais 60% são considerados recuperados e outros 312 estão actualmente internados (81% na cidade de Maputo). (Lusa)

A Inspecção Nacional das Actividades Económicas (INAE), a nível da província de Nampula, encerrou, de domingo a terça-feira, um total de 43 barracas, devido à violação das medidas do Estado de Calamidade Pública, anunciadas pelo Chefe de Estado, no passado dia 04 de Fevereiro.

 

Refira-se que, à luz do Decreto nº 2/2021, de 04 de Fevereiro, é proibida a venda de bebidas alcoólicas em bares e barracas, porém, na terceira maior cidade do país, as barracas continuam a comercializar bebidas alcoólicas, porém, de forma clandestina.

 

Segundo o Delegado da INAE, na província de Nampula, Élio Rareque, as equipas de inspecção terão surpreendido 43 barracas a venderem, com recurso a baldes, bebidas alcoólicas, afrontando, desta forma, as normas instituídas pelo Chefe de Estado.

 

A INAE, em Nampula, diz ainda estar preocupada com a inobservância das medidas de prevenção contra o novo coronavírus em todos os mercados da província, principalmente, nos da capital provincial, onde o uso da máscara, o distanciamento físico, a desinfecção das mãos e o cumprimento do horário de funcionamento continuam sendo um grande desafio. Tanto os comerciantes, como os consumidores têm ignorado estas medidas. (Carta)

O Ministro da Saúde, Armindo Daniel Tiago, passará, nos próximos dias, a integrar as diversas equipas médicas, que irão trabalhar na linha da frente no tratamento de pacientes de Covid-19. A informação foi avançada esta terça-feira, pelo Ministério da Saúde (MISAU), em comunicado de imprensa.

 

De acordo com a nota, a que tivemos acesso, a decisão foi tomada no decurso de uma reunião do sector, que teve lugar ontem, em Maputo, cujo objectivo era discutir a situação da pandemia, no país.

 

Segundo o MISAU, Armindo Tiago integrará as equipas médicas às sextas-feiras e aos sábados, sendo que, às sextas-feiras, irá trabalhar na enfermaria do Hospital Central de Maputo (HCM) e, aos sábados, os Serviços de Urgência da mesma unidade sanitária.

 

De acordo com o comunicado de imprensa, no geral, serão cerca de 100 médicos, que vão actuar nas áreas de prevenção, diagnóstico e assistência médica, junto às unidades hospitalares da região do Grande Maputo, principal foco de transmissão do novo coronavírus.

 

Farão também parte deste grupo médicos afectos às Áreas Administrativas e de Direcção nos Órgãos Centrais do Ministério da Saúde (MISAU), Instituições subordinadas e tuteladas (Instituto Nacional de Saúde, Serviço Nacional de Sangue e Central de Medicamentos e Artigos Médicos). (Marta Afonso)

Moçambique está entre os países com alta taxa de positividade da Covid-19, na região Austral de África. Dados partilhados esta segunda-feira, pelo Instituto Nacional de Saúde (INS), indicam que a taxa de positividade está acima de 20%. Aliás, internamente, a taxa de positividade disparou, sendo que a média actual é de 12%, aproximando-se ao dobro da média do ano passado, que era de 9,9%.

 

Entretanto, o INS avança que, neste momento, ao diagnosticar uma média de 800 casos diários, o país perfila na lista dos países com menores casos diagnosticados do novo coronavírus em cada milhão de habitantes, contrariamente à África do Sul, cuja tendência é crescente. O mesmo verifica-se em relação aos óbitos, em que Moçambique regista uma média diária de nove vítimas mortais, tornando-se no país com menor número de mortes por milhão de habitantes na região austral.

 

A análise epidemiológica da semana revela que a taxa de positividade, em algumas províncias, chega a atingir 20% e, noutras, até 30%, tais como Sofala, Maputo e Maputo Cidade.

 

Referir que o novo coronavírus continua a afectar a população jovem e adulta, sendo que grande parte dos infectados tem mais de 20 anos de idade. A taxa de letalidade mantém-se concentrada nas faixas etárias mais elevadas, atingindo cerca de 7% em indivíduos acima de 60 anos. (Marta Afonso)

O Ministério da Saúde (MISAU) anunciou, esta terça-feira, a morte de mais 15 pessoas, devido à Covid-19, elevando para 480, o total de óbitos causados pela doença. De acordo com a actualização desta terça-feira, 12 pessoas são do sexo masculino e três do sexo feminino, tendo idades que variam entre cinco e 87 anos.

 

Para além das 15 mortes, o MISAU diz ter registado mais 873 novas infecções, subindo para 45.785, o total de casos positivos notificados no país, desde a eclosão da pandemia. Os novos casos foram registados na cidade de Maputo (248) e nas províncias de Maputo (77), Gaza (85), Inhambane (183), Sofala (104), Nampula (seis), Tete (116), Zambézia (13) e Cabo Delgado (41).

 

Nas unidades sanitárias, 47 pessoas foram internadas, contra 38 que tiveram altas, pelo que 312 pacientes se encontram hospitalizados.

 

Referir que, de segunda para terça-feira, 376 pacientes recuperaram da Covid-19, aumentando o cumulativo de recuperados para 27.814 (60.7%), havendo, portanto, 17.487 casos activos do novo coronavírus. (Marta Afonso)

Decorreram, semana finda, em todo o país (menos em alguns pontos das províncias de Cabo Delgado e Sofala, assolados pelo terrorismo e cheias, respectivamente), os exames finais da 10ª e 12ª classes, referentes ao ano lectivo de 2020, ano marcado pelas restrições causadas pela pandemia do novo coronavírus.

 

De um acto de avaliação de “competência” dos alunos, os exames finais podem ter sido focos de propagação do novo coronavírus. Relatos que nos chegam da província de Maputo não são animadores. Segundo alguns professores, o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH), a nível daquela província, não criou condições adequadas para a protecção desta classe profissional, tendo juntado estes nos famosos “centros de correcção dos exames”.

 

Conforme soubemos, os professores até pediram, junto das direcções das suas escolas, que não fossem aglomerados nos centros de correcções (que juntam três escolas e o maior número possível de professores de cada uma das oito disciplinas examinadas), porém, debalde.

 

Para a sua protecção, cada professor conta, segundo eles, com uma máscara “conseguida à sua maneira” e o álcool em gel (disponível na escola) para a desinfecção das mãos. Para agravar a situação, dizem, estabelece-se um horário que obriga o professor a passar refeições preparadas e servidas em precárias condições, pois, as escolas não dispõem de condições mínimas para a confecção dos alimentos.

 

Na sua colocação, os professores dizem não se recusar a corrigir os exames, apenas querem evitar a ida aos centros de correcção até porque estes, segundo eles, não evitam as fraudes, mas as legitimam, pois, os alunos vão ao exame já conhecendo o enunciado e o respectivo guião de respostas.

 

Esta é a triste, grave e preocupante realidade que se vive em todo o país, numa altura em que a pandemia do novo coronavírus propaga-se a uma velocidade da luz. Num momento em que o Estado endurece as medidas restritivas, onde se inclui o recolher obrigatório (na área metropolitana de Maputo), era suposto que também se criasse condições para garantir segurança para os funcionários da educação, neste caso, os professores.

 

Com a pandemia a assolar o país, desde Março de 2020, era expectável que o MINEDH tivesse criado um sistema fiável e seguro de correcção dos exames finais, sem que os professores estejam aglomerados. Não causará estranheza, nos próximos dias, se ouvirmos que as escolas estão a registar surtos de Covid-19, pois, o MINEDH não criou condições adequadas para que os professores trabalhassem em segurança. Aliás, há quem acredite que os números apresentados pelo Chefe de Estado, em relação ao número de professores e alunos infectados, não espelham a realidade, pois, nunca houve campanhas de testagem, que pudessem desvendar o véu da Covid-19, nos estabelecimentos de ensino.

 

Um professor devidamente identificado