A Polícia da República de Moçambique (PRM) suspendeu e mandou instaurar 63 processos disciplinares contra agentes da Polícia de Guarda-Fronteira, afectos ao Primeiro Regimento da Polícia de Fronteira, localizado no distrito da Namaacha, província de Maputo, por estarem envolvidos em esquemas de facilitação de entrada e saída ilegal, do país, de cidadãos nacionais e estrangeiros.
A informação foi avançada esta quarta-feira pelo Comandante-Geral da PRM, Bernardino Rafael, durante a cerimónia de empossamento e apresentação da nova equipa de direcção do referido regimento e da V Companhia de Macuácua.
No seu discurso de ocasião, Rafael manifestou o seu desagrado em relação ao envolvimento de agentes da Guarda-Fronteira no apadrinhamento das travessias ilegais de e para Moçambique, contrariando a sua principal e nobre missão, que é de defender a inviolabilidade das fronteiras moçambicanas. O facto, segundo Bernardino Rafael, propicia o surgimento de crimes transnacionais, como o terrorismo; tráfico de órgãos humanos, armas e drogas; e a consequente alteração da ordem social.
Referir que o número de cidadãos estrangeiros que entram no país, ilegalmente, tem vindo a aumentar, tal como tem aumentado o número de moçambicanos que tem entrado ilegalmente nos países vizinhos. Só na semana passada, 1200 pessoas foram deportadas da África do Sul e Eswatini, das quais 936 por imigração clandestina. (Carta)
Continua a subir o número de moçambicanos deportados dos países vizinhos, nomeadamente, África do Sul e Eswatini. De 16 a 22 de Janeiro corrente, 1.226 moçambicanos foram deportados daqueles países, segundo dados do Serviço Nacional de Migração (SENAMI), divulgados esta quinta-feira.
Só na terra do rand, foram deportados 1.210 moçambicanos e no Reino de Eswatini foram deportados 16 compatriotas. Do total de deportados, 936 foram deportados por imigração clandestina e 290 devido à permanência ilegal.
Fazendo uma análise comparativa com o igual período do ano passado, constata-se uma subida em mais de 100%, na medida em que, em 2020, apenas um moçambicano foi deportado da vizinha África do Sul. Relativamente aos dados da semana anterior (09 a 15 de Janeiro), verifica-se uma subida na ordem de 68%, visto que os serviços de migração dos dois países deportaram 716 moçambicanos. Aliás, desde o início do ano, África do Sul e Eswatini são os únicos países que se empenham em deportar moçambicanos, não havendo relatos similares nos restantes países vizinhos (Zimbabwe, Zâmbia, Malawi e Tanzânia).
No que tange ao movimento migratório, as autoridades anunciam a entrada e saída, do país, de 16.648 viajantes, contra 95.321 verificados em igual período do ano anterior, equivalendo a uma redução de 83%. Dos viajantes registados, 8.226 entraram no território nacional e 8.422 saíram do país. (Marta Afonso)
O Ministério da Saúde (MISAU) anunciou, esta quarta-feira, a morte de mais sete pessoas, devido à Covid-19, o que eleva para 336, o total de óbitos causados pela doença. De acordo com a actualização feita ontem, quatro pessoas são do sexo masculino e três do sexo feminino, com idades que variam entre 34 e 92 anos de idade.
Ainda nesta quarta-feira, o MISAU anunciou o diagnóstico de mais 871 novas infecções, subindo para 34.926, o cumulativo de casos positivos registados desde o início da pandemia. As novas infecções foram notificadas na cidade de Maputo (504) e nas províncias de Maputo (67), Gaza (83), Inhambane (sete), Sofala (sete), Manica (44), Tete (13), Zambézia (67), Nampula (74) e Niassa (cinco).
O número de internados continua a subir, colocando cada vez mais pressão sobre os hospitais. Esta quarta-feira, mais 32 pessoas foram internadas devido à Covid-19, pelo que, neste momento, há 258 internados nos hospitais do país.
Entretanto, 1.151 pessoas recuperaram da doença, subindo para 22.494, o total de curados da Covid-19. Sublinhar que é a primeira vez a serem anunciados mais de mil recuperados num só dia. Neste momento, 12.092 indivíduos continuam infectados pelo vírus. (Marta Afonso)
As famílias que perderam as suas casas, bens e ente-queridos, no bairro do Hulene, arredores da capital moçambicana, na sequência do deslizamento do lixo, na Lixeira localizada no mesmo bairro, facto ocorrido no dia 17 de Fevereiro de 2018, queixam-se da morosidade no processo de reassentamento e da falta de comunicação por parte da Edilidade da Cidade de Maputo, pelo que se sentem esquecidas pelo Governo de Filipe Jacinto Nyusi.
O desagrado foi manifestado esta quarta-feira, em Maputo, num encontro organizado pela Comissão dos Afectados, chefiada por António Massingue, uma das vítimas da tragédia de Hulene.
“O que nos fez convocar a imprensa é o facto de, aparentemente, estarmos esquecidos, estarmos a ser deixados para trás e ninguém mais fala de nós, inclusive a imprensa. Na altura do desabamento, foi uma notícia que abalou a todos, mas quanto mais o tempo passa ninguém diz nada”, começou por dizer Massingue.
Segundo o Chefe da Comissão dos Afectados pelo deslizamento do lixo, no mais antigo aterro sanitário do país, no início do processo, o grupo sentia-se valorizado, pois, mantinha uma sã comunicação com o anterior Edil de Maputo, David Simango, porém, desde que a gestão municipal está nas mãos de Eneas Comiche, as coisas mudaram e, segundo o porta-voz do grupo, para o pior: “ninguém mais aparece aqui. Nunca falamos com o actual Edil, ele não nos conhece fisicamente, somente no papel”, atirou.
À imprensa, Massingue soltou a voz e exigiu a entrega das casas, que já deviam estar na posse das vítimas desde 2019, tal como foi prometido aquando da visita do local, pelo Presidente da República, em Fevereiro de 2018. O bairro de reassentamento está a ser erguido na localidade de Bobole, distrito de Marracuene, província de Maputo.
“Pedimos que o Chefe de Estado leve o assunto a peito, da mesma forma que ele apareceu e mostrou-se preocupado com as vítimas. Pedimos que ele recuasse o tempo e olhasse para nós e dissesse que já passou um tempo suficiente. Na altura do desabamento, disseram-nos que teríamos as casas em apenas um ano e este já é o terceiro ano e nem água vai, nem água vem”, sublinhou a fonte.
Conforme narra Massingue, o grupo já endereçou diversas cartas à Edilidade de Maputo, através da Vereação de Acção Social, porém, a respectiva Vereadora mostra-se impotente para resolver a situação. Acrescenta também que a comunicação com a nova titular da pasta da Terra e Ambiente, Ivete Maibase, não é cordial.
“Tivemos uma reunião, há cinco meses, e foi bem despachada: não trouxe nada de concreto”, revelou a fonte, acrescentando que Maibase terá dito que as obras foram interrompidas, devido à eclosão da pandemia do novo coronavírus, cujo primeiro infectado foi diagnosticado a 22 de Março de 2020 (dois anos depois da tragédia de Hulene).
Refira-se que o deslizamento de lixo, no aterro sanitário de Hulene, matou 16 pessoas e afectou um total de 215 famílias, que recebem, do Município de Maputo, um valor para o arrendamento das residências, enquanto aguardam pela construção de novas casas. (Marta Afonso)
É uma versão contada por uma sobrevivente do terrorismo em Cabo Delgado. Os terroristas estão em debandada, porque a logística já é escassa e os financiadores já não efectuam os pagamentos, tal como faziam. Esta informação é confirmada por uma sobrevivente, que conseguiu fugir de um cativeiro do grupo terrorista, localizado em Manilha, uma das aldeias do distrito de Mocímboa da Praia.
A sobrevivente contou que, recentemente, houve uma reunião entre os terroristas com um indivíduo de nacionalidade tanzaniana, que se acredita ser o líder do grupo. O referido cidadão tanzaniano disse já não haver condições para continuar com os ataques, pois, já não há dinheiro.
Conforme contou a sobrevivente, a reunião terminou em confusão porque o referido cidadão tanzaniano aconselhava os integrantes de nacionalidade moçambicana a regressarem para suas terras de origem, devido à exiguidade da logística. Entretanto, em resposta, os terroristas disseram que não tinham como voltar para as comunidades, pois, temiam pelas suas vidas.
A fonte garantiu já não existirem condições de sobrevivência nas bases dos terroristas, pelo que estes e suas famílias (alguns levaram esposas e filhos) estão a passar fome, sobretudo, porque já não há onde saquearem produtos alimentares, em virtude de as populações terem abandonado os seus locais de residência. (O.O. & Carta)
Pelo menos nove pessoas morreram devido ao ciclone Eloise, em Moçambique, e o total de pessoas afetadas pela tempestade e outras cheias de janeiro ascende a 288.400, anunciaram as autoridades.
Sete óbitos aconteceram na província de Sofala, outro na Zambézia e um último em Manica, todas regiões do centro do país, indicou o mais recente balanço do Instituto Nacional de Gestão de Desastres (INGD) moçambicano, publicado hoje no jornal Notícias.
De acordo com o INGD, operações de busca e salvamento continuam a decorrer naquelas regiões, onde a ONU estimou existirem 18 mil desalojados.
O ciclone Eloise atingiu o centro de Moçambique no sábado, depois de a tempestade Chalane ter provocado sete mortos, na mesma zona, no final de 2020.
O país está em plena época chuvosa e ciclónica, que ocorre entre os meses de outubro e abril, com ventos oriundos do Índico e cheias com origem nas bacias hidrográficas da África Austral.
O período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória em Moçambique: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas de dois dos maiores ciclones (Idai e Kenneth) que já se abateram sobre o país em tão poucas semanas. (Lusa)