Director: Marcelo Mosse

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Actualizado de Segunda a Sexta

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Economia e Negócios

Apesar dos altos índices de endividamento e fraca capacidade de honrar seus compromissos com fornecedores, a médio e longo prazos, nos últimos anos, a empresa pública Electricidade de Moçambique (EDM) apresenta, no geral, uma situação financeira estável.

 

Dados disponíveis no novo Plano de Negócios da empresa, referente a 2020 a 2024, mostram que de 2009 a 2019, os activos totais da EDM (conjunto dos bens, valores ou direitos passíveis de serem convertidos em dinheiro e que são propriedade) cresceram de forma significativa, tornando-se 13 vezes maiores do que o activo registado no ano 2009.

 

O activo total da EDM passou de 17.5 mil milhões de Meticais, em 2009, para 228.6 mil milhões de Meticais, em 2019, significando um crescimento médio anual de 35%.

 

Em termos proporcionais, explica a fonte, os activos tangíveis que, de entre outros, incorporam as infra-estruturas de geração, transporte e distribuição, representam 82% do total do activo. “Durante o período em análise, destacaram-se os crescimentos verificados nos anos 2010 (94%) e 2018 (149%), por conta da reavaliação e revisão das vidas úteis dos activos tangíveis, e 2016 (46%), por conta da incorporação das infra-estruturas dos novos projectos de electrificação concluídos e iniciados no ano em referência”, acrescenta a fonte.

 

A dívida (ou passivo total) da EDM também cresceu consideravelmente nos últimos 10 anos. O plano refere que, até 2019, os passivos totais da empresa tornaram-se 14 vezes maiores do que a dívida registada em 2009, ao passar de 10.3 mil milhões de Meticais para 145.5 mil milhões de Meticais, em 2019, significando um crescimento médio anual de 34%.

 

A nossa fonte explica que os passivos não correntes que expressam as obrigações com terceiros no médio e longo prazos representam 74%, e os passivos correntes que expressam as obrigações de curto prazo representam 26%.

 

Da dívida total, o Plano de Negócios em referência detalha que os acordos de retrocessão são a componente que apresenta maior nível de endividamento. Os acordos de retrocessão são contratos feitos pelo Governo junto de credores estrangeiros e repassados à EDM sob certas condições. O Plano de Negócios da empresa mostra que, nesta componente, a EDM tem uma dívida acumulada, avaliada em 43.4 mil milhões de Meticais, o equivalente a 701 Milhões de USD.

 

As obrigações de curto prazo perante os seus credores são outra componente que acumula maior passivo, ao apresentar cerca de 25.8 mil milhões de Meticais, o equivalente a 418 milhões de USD, dos quais 77% representa dívida com fornecedores de energia.

 

“De 2009 a 2019, as dívidas de curto prazo com fornecedores cresceram de forma significativa, tornando-se 16 vezes maiores do que a dívida registada no ano 2009. O crescimento médio anual neste período foi de 39%, com destaque para o crescimento verificado no ano de 2015 e 2016 em 106% e 139% respectivamente, motivado pelo agravamento da incapacidade da empresa de efectuar pagamentos por conta da aquisição de energia a novas fontes de geração – IPP’s [fornecedores independentes]. O alto nível de endividamento tem sérias implicações nos indicadores económico-financeiros da Empresa, bem como na credibilidade e elegibilidade da instituição perante os credores e potenciais investidores”, lê-se no plano em referência.

 

Como consequência, a EDM relata que a solvabilidade total da empresa (indica a capacidade que a empresa tem em pagar dívida de médio e longo prazo) reduziu de forma acentuada dos 91% em 2012, para 13%, em 2017, melhorando para níveis actuais de 57%, por conta das reservas de reavaliação.

 

No geral, a EDM apresenta uma situação líquida de 83 mil milhões de Meticais, valor que é total de activos (228.6 mil milhões de Meticais) menos total de passivos da empresa (145.5 mil milhões de Meticais). (Evaristo Chilingue)

Reunido esta terça-feira, em Maputo, na sua 39.ª Sessão Ordinária, o Conselho de Ministros decidiu prorrogar o prazo de isenção do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) na comercialização de óleos, sabões e açúcares.

 

Entretanto, à comunicação social, o porta-voz do Conselho de Ministros, Filimão Suazi, não avançou o período da prorrogação do prazo, mas explicou que a mesma visa incentivar a produção nacional do açúcar, óleo alimentar e dos sabões, através da não aplicação do IVA na sua venda pelas respectivas fábricas, bem como expurgar o IVA ao longo de toda a cadeia de sua comercialização, com impacto significativo sobre o preço do consumidor.

 

Todavia, esta decisão carece de apreciação e aprovação pela Assembleia da República de Moçambique.

 

Refira-se que o Governo vinha isentando o IVA na comercialização do óleo alimentar, açúcar e em sabões, há 18 anos, mas em Dezembro do ano passado resolveu extinguir. Porém, face ao impacto da Covid-19, que baixou o poder de compra das famílias, o Executivo voltou, em meados de 2020 corrente, a revogar o IVA até 31 de Dezembro que se avizinha e agora pretende prorrogar a isenção, mas por um período ainda por revelar.

 

Salientar que a extensão do período de isenção era, até última terça-feira, um clamor da classe empresarial. Em suas aparições, exortava o Governo pela prorrogação com vista a proteger a indústria nacional e consumidores, numa altura em que se agrava o contrabando daqueles produtos vindos doutros países e o impacto da crise pandémica. (E.C.)

Os ciclones Idai e Kenneth, que assolaram a zona centro e norte no primeiro semestre de 2019, poderiam ser tão devastadores no negócio de seguro, mas felizmente tal não aconteceu. A produção global das empresas de seguros naquele ano foi de 15,950.1 milhões de Meticais, contra 13.158,9 milhões de Meticais de Prémios Brutos Emitidos (PBEs) em 2018, correspondendo a um aumento de 21.2%, depois de ter-se situado em 1% no ano anterior.

 

Com esta produção, as 21 empresas que actuam no ramo de seguro, em Moçambique, embolsaram 1,575.7 milhões de Meticais de lucros, valor que representa um aumento de 95.8 milhões de Meticais, comparativamente ao resultado líquido de 2018. Esta informação consta do Relatório Anual (2019) do Instituto de Supervisão de Seguros de Moçambique (ISSM).

 

De acordo com o referido documento, o crescimento considerável da produção global do sector de seguros foi sustentado pela evolução dos PBEs nos dois segmentos do mercado, Vida e Não Vida. O primeiro ramo cresceu 27.5% por atingir um montante de 2,136.5 milhões de Meticais, mais 460.3 milhões de Meticais face ao período homólogo de 2018. A produção do ramo Não Vida cresceu 20.3%, ao passar de 11,482.7 milhões de Meticais em 2018, para 13,813.6 milhões de Meticais no ano em análise.

 

No que toca à situação financeira e patrimonial das empresas seguradoras, o ISSM registou um crescimento dos activos do sector em 22% (de 31,247.4 milhões em 108, para 38,106.9 milhões em 2019), comparativamente ao ano transacto, tendo igualmente o passivo crescido em 28.7%, relativamente a 2018 (19,263.8 milhões de Meticais em 2018 para 24,799.4 milhões em 2019).

 

O informe do ISSM relata ainda que, no ano em análise, os capitais próprios cresceram 11%, menos 0.9 pontos percentuais relativamente ao período homólogo, situando-se em 13,307.6 milhões de Meticais.

 

Quanto à taxa de cobertura da margem de solvência da actividade seguradora, o Instituto diz que, em 2019, se situou em 484.3%, contra 410.5%, em 2018, o que revela que o nível de solvabilidade do mercado manteve-se adequado.

 

“O volume das contribuições dos fundos de pensões complementares situou-se em 885.1 milhões de Meticais, revelando um aumento de 8.9% face ao ano de 2018, tendo o desempenho financeiro dos respectivos fundos atingido o montante de 1,397.1 milhões de Meticais, um aumento de 10.1% face a 2018”, destaca a fonte.

 

Para conseguir superar a produção de 2018, as seguradoras tiveram de investir somas avultadas no seu negócio. De acordo com a nossa fonte, no exercício findo em 2019, o mercado reportou activos de investimentos no total de 23,914.5 milhões de Meticais, apresentando um crescimento de 10.5%, relativamente aos investimentos reportados em 2018, que se situaram em 21,651.2 milhões de Meticais.

 

“Os edifícios afiguram-se como sendo o investimento de maior peso, com 36.6% do total dos investimentos no período em análise. Os empréstimos e contas a receber, activos disponíveis para a venda e caixa e depósitos à ordem, com 20.8%, 17.5% e 14%, são também os principais investimentos das seguradoras”, lê-se no Relatório Anual do ISSM de 2019.

 

No capítulo do atendimento ao consumidor, o ISSM recebeu 39 reclamações dos consumidores, mais quatro, comparativamente ao ano de 2018. Das 39 reclamações, 15 foram resolvidas por via da intervenção do ISSM, seis encontravam-se em análise nas respectivas seguradoras, 10 foram recomendadas aos segurados a submeterem o assunto às instâncias judiciais competentes, e as restantes oito em processo de conclusão de apreciação no ISSM. (Evaristo Chilingue)

quarta-feira, 28 outubro 2020 02:03

MTC e camionistas reúnem-se no dia 04 de Novembro

É já no próximo dia 04 de Novembro (quarta-feira) que os camionistas, em particular de longo curso, sentam-se a mesma mesa com o Governo para discutir as questões que marcam o dia-a-dia das suas actividades. A informação foi avançada esta terça-feira, pelo Ministério dos Transportes e Comunicações (MTC), através de uma nota emitida pela Direcção Nacional dos Transportes e Segurança, dirigida por Cláudio Zunguze.

 

Lembre-se que há quase um mês que está instalado um “braço-de-ferro” entre os camionistas de longo curso e os respectivos patrões. Esta segunda-feira, iniciou, em todo o país, uma greve pacífica, cuja data do término é ainda desconhecida. A greve, anunciada durante o fim-de-semana, envolve mais de 130 camionistas que integram a Associação dos Motoristas de Moçambique (AMM).

 

Segundo apurou “Carta”, em causa estão sete preocupações, entre elas, os baixos salários; a separação das multas; o reconhecimento da profissão, em Moçambique; os despedimentos sem justa causa; a falta de ajudas de custo para as viagens de longo curso; a não canalização dos descontos ao Instituto Nacional de Segurança Social (INSS); e a insegurança rodoviária, nas zonas centro e norte.

 

De acordo com os grevistas, os pontos de concentração serão Bobole (distrito de Marracuene, província de Maputo); Inchope e fronteira de Machipanda (província de Manica); distrito de Caia e cidade da Beira (província de Sofala), distritos de Nicoadala e Mocuba (província da Zambézia), distrito de Angónia (província de Tete), cidade de Cuamba (província do Niassa) e as cidades de Nacala e Nampula (província de Nampula).

 

Entretanto, em comunicado, assinado pelo vice-presidente da Associação dos Camionistas de Moçambique (ACM), Gil Antunes, a organização diz distanciar-se da paralisação dos camiões de mercadorias nas estradas moçambicanas e que a acção está a ser promovida por “algumas pessoas de má-fé”. (Carta)

O projeto de exploração de gás natural da Total no norte de Moçambique investiu até ontem cerca de 200 milhões de dólares (170 milhões de euros) em empresas moçambicanas, anunciou a petrolífera francesa.

 

Aquele valor faz parte de um total de 850 milhões de dólares (cerca de 720 milhões de euros) gastos com empresas registadas em Moçambique, nas obras do complexo industrial e infraestruturas associadas em Afungi, província de Cabo Delgado.

 

Os números constam de um comunicado alusivo à divulgação de oportunidades de negócio para 2021 em dois seminários através de plataformas eletrónicas que na última semana reuniram cerca de 100 empresas moçambicanas.

 

"O nosso foco, em parceria com o Governo moçambicano, é aumentar a competitividade das companhias locais para maximizarmos as oportunidades para a participação local", referiu Thomas Rodriguez, gestor de conteúdo local da Total, citado no comunicado.

 

Um primeiro seminário havia sido realizado em julho perspectivando as aquisições a seis meses.

 

Falar das oportunidades para o ano de 2021 "permite uma maior preparação do empresariado", referiu Thomas Rodriguez, enfatizando que “o projeto vai continuar a dar preferência às empresas moçambicanas, mas elas deverão ser competitivas, preenchendo os requisitos do projeto em termos de planificação, qualidade, quantidade e custo".

 

"Sempre que pertinente, encorajamos as empresas locais a criarem as necessárias parcerias entre si ou com empresas estrangeiras, para fortalecer a sua capacidade competitiva para concorrerem com sucesso às oportunidades de negócio providenciadas pelo projeto", acrescentou.

 

As oportunidades de negócio foram apresentadas por quatro das empresas contratadas pelo projeto, a CCS JV, o principal consórcio contratado para engenharia, aquisições e construção em terra (onshore), a TechnipFMC e Van Oord, que formam o consórcio MTV para engenharia, aquisições, construção e instalação dos sistemas subaquáticos (offshore) e a Gabriel Couto, empresa portuguesa contratada para a construção do aeródromo de Afungi.

 

A procura centra-se, entre outros aspetos, no fornecimento de bens e serviços nas áreas de saúde e segurança no trabalho, construção, manutenção, alimentação, gestão de alojamentos, transporte (rodoviário e marítimo) e equipamentos elétricos e de escritório.

 

A petrolífera francesa mantém o ano de 2024 como prazo previsto para a primeira entrega de gás, esperando-se atingir a plena produção (13,12 milhões de toneladas/ano) em 2025.

 

O consórcio tem contratos de venda fechados sobretudo para mercados asiáticos (China, Japão, Índia, Tailândia e Indonésia), mas também europeus, através da Eletricidade de França, da Shell e da britânica Cêntrica. (Lusa)

O Millennium bim e a Associação Industrial de Moçambique (AIMO) rubricaram, semana finda, um Memorando de Entendimento que prevê que os Associados da AIMO se beneficiem, a custos bonificados, de uma Linha de Crédito Específica no valor de três mil milhões de meticais e, aplicações a prazo para apoiar projectos industriais desenvolvidos por Pequenas e Médias Empresas (PME) integradas na agremiação.

 

Esta acção enquadra-se na agenda de promoção do diálogo institucional entre os intervenientes dos sectores público e privado do ramo industrial em Moçambique, cujo objectivo é a troca de experiências e discussão de temas de interesse para a indústria, tendo como enfoque os "Desafios e oportunidades para a industrialização".

 

Numa altura em que as empresas perspectivam um futuro incerto e de escassez de oportunidades de negócio, o Millennium bim reforça o seu compromisso de apoio ao tecido empresarial, estabelecendo parcerias que incentivam o crescimento sustentável das PME nacionais e o desenvolvimento de soluções financeiras de apoio à tesouraria e gestão de negócio das empresas.

 

Durante a cerimónia, o Ministro da Indústria e Comércio, Carlos Mesquita, realçou a relevância do sector industrial para a dinamização da economia nacional e o apoio do sector financeiro para a viabilização dos projectos industriais “para a mudança qualitativa do crescimento do PIB, o sector industrial vai precisar de um esforço e suporte na Balança Comercial para fazer a diferença no contributo para o desenvolvimento nacional, onde a Banca será a força motriz necessária para a materialização dos projectos industriais com enfoque para a exportação em escala de produtos nacionais certificados, para outros mercados da SADC e, quiçá, para outras extensões geográficas”, acrescentou o executivo.

 

Por sua vez, o Presidente da AIMO, Rogério Samo Gudo, considerou: “a visita do Ministro da Indústria e Comércio reveste-se de grande importância para a AIMO e seus associados. Trata-se de um momento em que intervenientes no sector industrial têm a oportunidade de, na primeira pessoa, reafirmar o compromisso de potenciar o sector produtivo, tendo em vista não só a industrialização do país, mas também o incremento de postos de trabalho com qualidade para os moçambicanos. A parceria com o Millennium bim serve, naturalmente, como a espinha dorsal deste compromisso, abrindo espaço para que os industriais tenham uma alternativa segura para as suas operações.”

 

Na sua intervenção, Moisés Jorge, Administrador do Millennium bim, destacou a solidez, resiliência, estabilidade e posição de liquidez, capital e balanço do Banco para a prossecução das melhores soluções bancárias “No ano em que o Millennium bim completa 25 anos de história e sucesso, pretendemos ser lembrados como um Banco de referência, comprometido com o desenvolvimento de iniciativas estratégicas de fomento à competitividade e capitalização das empresas em prol do seu crescimento e sustentabilidade.”  

 

Comprometidos com a inovação, responsabilidade, proactividade, competência e liderança, o Millennium bim vai continuar a dar o contributo necessário à economia moçambicana, prestando os melhores serviços financeiros e adaptados à realidade actual do mercado. (Carta)