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Economia e Negócios

sexta-feira, 04 setembro 2020 07:46

Metical continua a desvalorizar-se face ao Dólar

A moeda nacional, o Metical, continua a desvalorizar-se perante outras moedas. Como consequência e, de acordo com a tabela cambial do Banco de Moçambique, um Dólar vendia-se, até esta quinta-feira (03), por 72.42 Meticais e comprava-se a 71 Meticais. Um Euro adquiria-se a 83.6 Meticais e vendia-se a 85.43 Meticais. Por seu turno, o Rand custava ao comprador 4.22 Meticais e vendia-se a 4.3 Meticais.

 

Em termos percentuais, o Relatório de Conjuntura Económica e Perspectiva de Inflação do Banco de Moçambique mostra que o Metical depreciou face ao Dólar em 1,89% e ao Euro em 6,65%, tendo, porém, ganho valor face ao Rand em 0,24%. Em termos anuais, o Banco de Moçambique refere que o Metical depreciou face ao Dólar em 17,37%.

 

Embora o Banco de Moçambique não tenha mencionado em relatório, a contínua depreciação do Metical face ao Dólar, sabe-se, resulta em grande medida da fraca produtividade da economia nacional, nestes meses agravada pela crise pandémica e, como consequência, o país exporta menos.

 

O Relatório de Conjuntura Económica e Perspectiva de Inflação mostra que, no segundo trimestre, as exportações caíram 531.14 milhões de USD, ao sair de 2,242.38 milhões de USD no primeiro trimestre para 1,711.25 milhões de USD. Enquanto isso, as importações só caíram 99.25 milhões de USD, de 3,102.24 milhões de USD registados de Janeiro a Março, para 3,002.99 milhões de USD no segundo semestre de 2020. (Evaristo Chilingue)

  • Para se tornar num novo paradigma, o Sustenta deve ser visto a Longo Prazo, não somente sob o ponto vista de mudança de mentalidade por parte dos actores (camponeses, sector privado, fazedores de políticas, etc) mas também porque o investimento nas suas componentes só tem resultados concretos a longo prazo (P.E.: A formação de um extensionista é um investimento a longo prazo... o  saber fazer e fazer bem por parte do e extensionista não se alcança em cinco anos. Basta ver os recém-graduados e quanto tempo levam até adquirirem experiência de saber fazer bem.
  • Não esperemos o mesmo impacto e resultados entre as províncias, nem entre distritos dentro de uma província, porque as condições agro-ecológicas são completamente diferentes. As culturas respondem às condições que lhes são postas.
  • O rendimento de uma cultura é uma resposta a interação entre a informação genética da cultura, o ambiente onde é cultivada e o maneio submetido à cultura.
  • Os agricultores são por excelência heterogêneos! Suas ambições diferem. Por isso não poder haver uma “one fits-all solution or single bullet” ao nível do distrito, província...
  • A abordagem apresentada pelo Sustenta é boa sim, mas não nos esqueçamos que, neste momento, existem apena as suas componentes...a ligação e interação das componentes terá que ser uma realidade... O Sustenta não deve ser o somatório das componentes, pois o total (Sustenta) deve ser maior/muito mais do que a soma das componentes (ter partes isoladas de uma bicicleta, por mais que estejam completas, não significa ter uma bicicleta).
  • A questão das linhas de financiamento requer uma grande atenção quando se trabalha com o sector familiar, cujo principal objectivo é a segurança alimentar... há culturas que jogam um papel muito importante na dieta dos agricultores que não são atrativas para o financiamento. O sector familiar é caracterizado por diversificar as culturas como forma de mitigar risco. A diversificação tem também o aspecto da complementaridade... e muitas das vezes, as culturas diversificadas ocupam o mesmo espaço. Então, a questão que se coloca é: vamos financiar o quê e como?
  • O programa parece ambicioso no bom sentido da palavra. Mas o fracasso de anteriores programas não deve servir de barômetro para o Sustenta, mas de apenas lições aprendidas.
  • Há uma necessidade de haver um cometimento sob ponto de vista social, económico e político => O Sustenta Precisa de Ser Sustentado para Sustentável.

 

*Wilson Leonardo, (PhD) Sistemas de Produção Agrária

O Ministro dos Recursos Minerais e Energia (MIREME), Ernesto Max Tonela, diz que as petrolíferas que se instalam para extrair o gás natural na bacia do Rovuma estão preocupadas com o terrorismo em Cabo Delgado, um mal que semeia luto e destruição naquela província nortenha do país há quase três anos.

 

Falando semana finda, em entrevista à Televisão de Moçambique (TVM), Tonela disse que o Governo tem estado a trabalhar com as multinacionais com vista a garantir segurança aos projectos, para além da população e seus bens.

 

“É uma situação que gera preocupação, mas estamos a trabalhar com os investidores para mitigar a situação”, disse sem mais detalhes. Facto é que, na última semana, o MIREME assinou um novo Memorando de Entendimento com a petrolífera francesa Total, operadora do projecto Mozambique LNG.

 

Do comunicado que recebemos consta que o acordo prevê que uma Força-Tarefa Conjunta garanta a segurança das actividades do projecto Mozambique LNG no local do projecto em Afungi e na área mais vasta de operações do projecto.

 

Apesar de o evento ter sido público, o teor do Memorando não foi divulgado, sobretudo, no que tange à proveniência dos fundos a serem pagos pelos serviços militares. No entanto, diversos estratos da sociedade entendem que a factura será paga pelo gás. Aliás, “Carta” solicitou o documento junto do Ministro, mas este ainda não respondeu. (Evaristo Chilingue)

O Banco Nacional de Investimento (BNI) está quase sem verba para emprestar às Micro, Pequenas e Médias Empresas (PME) afectadas pela Covid-19, pois, do valor total da linha avaliada em 15 milhões de USD, só ficou com 5.2 milhões de USD.

 

Num relatório datado de 25 de Agosto corrente, sobre o “Ponto de Situação no âmbito da Covid-19”, o Ministério da Economia e Finanças (MEF) reporta que o Comité de Crédito Especial de avaliação e aprovação de propostas de projectos para financiamento já aprovou 45 propostas de projectos de todo o país, no valor 9.8 milhões de USD, dos 15 milhões de USD (1 mil milhão de Meticais) que tem para financiar as PME.

 

Do valor aprovado, equivalente a cerca de 658,00 milhões de Meticais, a nossa fonte detalha que 27 projectos são da zona sul e avaliados em 5.7 milhões de USD, 13 projectos da zona centro avaliados em 2.7 milhões de USD e cinco projectos da zona norte avaliados em 3.6 milhões de USD.

 

Os remanescentes 5.2 milhões de USD com poucos dias contados, ressalve-se, juntam-se aos 600 milhões de Meticais disponibilizados pelo Fundo do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), desembolsados noutra linha para PME.

 

Por se tratar de uma linha muito limitada, o BNI salienta que as Micro Empresas têm direito até 2.5 milhões Meticais, enquanto as Pequenas Empresas têm direito de um empréstimo de até 7.5 milhões Meticais. Por seu turno, as Médias Empresas têm direito até 15 milhões de Meticais. As taxas de juro variam de 05 a 12%. (E.C.)

Num ano em que os lucros dos negócios do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) caíram em 8.24%, de 7.8 mil milhões de Meticais, em 2018, para 7 mil milhões de Meticais, em 2019, as despesas correntes do período foram de 7.2 mil milhões de Meticais contra 6 mil milhões registados, em 2018.

 

Em Relatório e Contas do INSS de 2019, consta que, do total de gastos, as despesas técnicas (pensões) apresentaram uma execução de 4.9 mil milhões de Meticais, um aumento de 22,56%, comparativamente ao exercício anterior, em que foram gastos 4 mil milhões de Meticais. O chamado “banco dos pobres” justifica a subida da despensa nessa rubrica com o aumento do número de pensionistas e do reajuste do valor das pensões.

 

Depois dos custos com pensões, o informe mostra que as despesas administrativas e de funcionamento tiveram maior peso, ao apresentarem uma execução de 2.3 mil milhões de Meticais, um aumento em 291.8 milhões de Meticais, comparativamente ao exercício anterior, em que foram gastos 2 mil milhões de Meticais, o que representa em termos relativos 14,36%.

 

Em 2019, o INSS despendeu, em amortizações e reintegrações do exercício, 490 milhões de Meticais, o que representa uma diminuição de 58.7 milhões de Meticais, equivalente a 10,7%, comparativamente com o exercício anterior, em que desembolsou 548.7 milhões de Meticais.

 

Até finais de Junho último, altura da aprovação do Relatório e Contas, o INSS detinha para o presente exercício económico, provisões líquidas avaliadas em 39 milhões de Meticais a favor de várias entidades, com destaque para o Extinto Nosso Banco no valor 27.6 milhões de Meticais.

 

INSS inscreve menos contribuintes e beneficiários

 

Durante o ano de 2019, foram inscritos para o Sistema de Segurança Social Obrigatória 12.831 contribuintes (empresas) e 105.577 beneficiários (empregados), o que representa um sub-cumprimento do planificado (13.655 contribuintes e 180.877 beneficiários), correspondentes a 93,97% e 58,4%, respectivamente.

 

Todavia, comparativamente ao período homólogo, em que tinham sido inscritos 12.467 contribuintes e 96.832 beneficiários, verifica-se um crescimento de contribuintes e beneficiários na ordem de 2,9% e 9,0%, respectivamente.

 

“Em termos de avaliação do desempenho, tendo em conta o previsto no Plano Quinquenal do Governo (2015-2019), temos inscritos até Dezembro de 2019, 56.439 e 487.279 contribuintes e beneficiários por conta de outrem, dos 57.335 e 688.166 previstos até 2019, o que significa uma realização em 98.4% e 70,8%, respectivamente”, lê-se no Relatório.

 

Quanto aos acumulados, o sistema regista 118.024 contribuintes e 1.552.159 beneficiários, dos quais estão no activo 45.692 contribuintes e 440.882 beneficiários. O informe explica que esses dados significam que 38,7% de contribuintes e 28,4% de beneficiários do Sistema de Segurança Social Obrigatória tiveram as suas contribuições regularizadas. (Evaristo Chilingue)

O Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique decidiu, semana finda, interromper o movimento de queda das taxas de juro de referência no mercado interbancário, iniciado em Abril passado. Refira-se que, com esse movimento, nas últimas duas reuniões do CPMO, a taxa de juro de política monetária, taxa MIMO, caiu 2.5% para 10,25%.

 

Entretanto, embora a expectativa dos empresários e famílias fosse a contínua queda para aliviar os juros dos créditos em instituições financeiras, numa altura de crise pandémica, o Banco Central decidiu manter a taxa em 10,25%, com a fundamentação de agravamento das perspectivas de inflação de médio prazo e dos riscos e incertezas, perante uma maior contracção da actividade económica, em 2020, e retoma mais lenta, em 2021.

 

Para além da taxa MIMO, o CPMO decidiu, igualmente, manter as taxas da Facilidade Permanente de Depósitos (FPD) e da Facilidade Permanente de Cedência (FPC) em 7,25% e 13,25%, respectivamente, e manter os coeficientes de Reservas Obrigatórias (RO) para os passivos em moeda nacional e em moeda estrangeira em 11,50% e 34,50%, respectivamente.

 

Após uma sessão ordinária, o Banco Central constatou haver crescimento dos receios de pressão sobre as finanças públicas, com destaque para a saúde, defesa e segurança, por causa da propagação da Covid-19 no país e pelo agravamento dos conflitos militares em Cabo Delgado.

 

Como consequência da pressão que as contas públicas têm vindo a ter, o Banco central reportou, em comunicado, que desde a última sessão do CPMO, havida em Junho último, a dívida pública interna, excluindo contratos de mútuo e de locação e as responsabilidades em mora, incrementou de 160.135 milhões para 162.424 milhões de Meticais.

 

O regulador do sistema financeiro realça ainda que, por causa da guerra e efeitos da Covid-19, desde Junho passado, os riscos e incertezas na economia doméstica aumentaram para o curto e médio prazo.

 

“Desde o último CPMO, os riscos e incertezas agravaram-se, com realce para a propagação comunitária da COVID-19 a nível doméstico e a intensificação da instabilidade militar na zona norte do país. O prolongamento desta situação pode afectar o perfil dos indicadores económico-financeiros e determinar a adopção, pelo CPMO, de medidas correctivas. A próxima reunião ordinária do órgão está agendada para o dia 21 de Outubro de 2020”, lê-se no comunicado assinado pelo Governador do Banco Central, Rogério Zandamela. (Carta)