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Economia e Negócios

quarta-feira, 23 setembro 2020 07:31

PES 2021: Governo prevê crescimento do PIB de 2,1%

O Governo moçambicano prevê o crescimento da economia nacional na ordem de 2,1%, no ano de 2021, contra os 4% previstos para o presente ano. A projecção consta da proposta do Plano Económico e Social (PES) para 2021, aprovada esta terça-feira, pelo Executivo, no decurso da 35ª Sessão Ordinária do Conselho de Ministros. A inflação, perspectiva o Governo, poderá se manter em cerca de 5%.

 

Sem dar detalhes, o porta-voz do Conselho de Ministros, Filimão Suazi, disse que o Governo espera alcançar 3.768,8 milhões de USD em exportação de bens e constituir reserva internacional líquida no valor de 3.273 milhões de USD.

 

No que tange ao Orçamento de Estado para 2021, o também Vice-Ministro da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos disse que o país espera arrecadar 309 mil milhões de Meticais, dos quais 265.5 mil milhões serão provenientes das receitas do Estado e 40.9 mil milhões de Meticais de empréstimos. O governante não avançou o montante a ser gasto pelo Estado no próximo ano. (Carta)

O Centro de Integridade Pública (CIP), Organização não-Governamental moçambicana (ONG), considera que "há campo fértil para a corrupção" na atribuição de subsídio às populações mais vulneráveis, no âmbito da covid-19 no país, devido “a fragilidades” nos mecanismos.

 

Numa análise que divulgou hoje, o CIP toma como base "os problemas" que uma equipa de pesquisadores da organização detetou durante uma pesquisa ao processo de atribuição do subsídio social básico no distrito de Matutuíne, província de Maputo, sul do país, para concluir que existe uma forte possibilidade de os fundos destinados às camadas mais pobres no âmbito de covid-19 acabarem desviados.

 

"O caso de Matutuíne demonstra claramente a fragilidade do sistema de identificação e pagamento de fundos aos beneficiários. Se os processos prevalecerem desta forma, há campo fértil para a corrupção, uso indevido e desvio de fundos do Estado", refere a análise.

 

Na localidade de Mabilibilie, em Matutuíne, o CIP diz que os beneficiários do subsídio social básico não recebiam a ajuda há seis meses e quando a mesma chegou, apenas cobria três meses, faltando outros três.

 

Os serviços sociais da referida localidade não dispõem de informação sobre o número de beneficiários do subsídio social básico e não dominam os critérios técnicos que devem ser seguidos para o desembolso do apoio.

 

Por outro lado, notou-se igualmente falta de coordenação entre os serviços sociais do distrito e os provinciais, continua.

 

"Os recursos do INAS não terão o impacto desejável no seio destas populações", lê-se no documento, que alerta para o risco de "não chegarem na sua totalidade aos beneficiários", devido a debilidades estruturais.

 

O CIP assinala que o Ministério da Economia e Finanças anunciou um reforço de 20 milhões de dólares (17 milhões de euros) para o INAS, visando aumentar em 186% o número de beneficiários do subsídio social básico, no quadro dos apoios às camadas sociais mais vulneráveis face ao impacto social de covid-19.

 

O incremento vai permitir que o número de beneficiários do subsídio suba de 592.179 para 1.695.004.

 

No capítulo das conclusões e recomendações, o CIP defende a melhoria no registo e pagamento do subsídio social básico, bem como reformas e expansão da rede de serviços do INAS.

 

Moçambique tem um total acumulado de 44 mortes e 6.912 casos de covid-19, com 3.738 recuperados.(Lusa)

 

terça-feira, 22 setembro 2020 07:43

Incêndio deflagra um lodge em Metuge

Um incêndio, cuja origem é ainda desconhecida, deflagrou, na noite da última sexta-feira, uma estância turística, no distrito de Metuge, na província de Cabo Delgado, porém, sem causar vítimas humanas.

 

Segundo narram as fontes, a situação deixou os residentes daquele ponto do país em pânico, pois, acreditavam tratar-se de um ataque terrorista, mas a equipa dos mercenários sul-africanos destacados para o local constatou tratar-se de um incêndio “normal” e não causado pelos terroristas. (Carta)

Mais de 900 empresas concorreram à linha de 1,6 mil milhões de meticais (quase 19 milhões de euros) face à covid-19 e seriam necessários mais 8,4 mil milhões de meticais (99 milhões de euros) para responder à procura, anunciou ontem o BNI.

 

No total, 925 empresas concorreram a linha de financiamento disponibilizada pelo Governo face ao impacto da covid-19 e, segundo o presidente do Banco Nacional de Investimento (BNI), Tomás Matola, a procura por apoio foi maior do que a instituição esperava, havendo um défice de 8,4 mil milhões de meticais para responder à demanda.

 

"Estamos a trabalhar com os nossos parceiros para ver se conseguimos incrementar este valor e muito provavelmente vamos conseguir", declarou Tomás Matola, durante uma conferência de imprensa que marcou o encerramento da submissão de candidaturas para a linha de financiamento.

 

Segundo a fonte, as empresas do ramo comercial foram as que mais pediram o apoio, com 37 %, seguido do setor da hotelaria e turismo, com 10 %, sendo que os restantes pedidos foram de empresas de áreas como a agricultura, transporte, construção, educação, entre outras.

 

Do total de pedidos, 515 (55%) são de empresas do Sul do país, 230 do Centro e 180 do Norte de Moçambique, acrescentou Tomás Matola.

 

Das propostas que o BNI recebeu, pelo menos 225 já foram analisadas e, deste número, a entidade aprovou 100, 50% das quais de empresas da zona Sul, 35 do Centro e 15 do Norte.

 

Dos 1,6 mil milhões de meticais disponíveis para as empresas, mil milhões ( 11 milhões de euros) foram disponibilizados pelo Governo e 600 milhões ( 7, 4 milhões de euros) são do BNI.

 

O fundo foi anunciado em maio pelo Governo moçambicano, no âmbito das medidas económicas visando a mitigação dos efeitos do novo coronavírus.

 

A taxa de juro do financiamento será de 8% a 12%, em função do perfil de risco do devedor, mas sempre abaixo da taxa de juro de referência ('prime rate') fixada pelo Banco de Moçambique e Associação Moçambicana de Bancos.

 

O fundo destina-se ao apoio à tesouraria e às necessidades de investimento e aquisição de equipamento das empresas, bem como a manutenção e geração de novos postos de trabalho face ao efeito do novo coronavírus.

 

Moçambique regista um total de 6.912 casos positivos, 44 óbitos e 3.738 (54%) pessoas recuperadas, segundo as últimas atualizações do Ministério da Saúde.

 

A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 961.531 mortos e mais de 31,1 milhões de casos de infeção em 196 países e territórios. (LUSA)

Em Julho último, o indicador de confiança do sector de produção industrial, que inclui a distribuição de electricidade e de água, mostrou sinais de recuperação, ao interromper o perfil descendente que vinha registando, desde o mês de Fevereiro, tendo o respectivo saldo continuado abaixo da média da respectiva série cronológica.

 

O boletim mensal, “Indicadores de Confiança e de Clima Económico” do Instituto Nacional de Estatística (INE), mostra que, em Junho, o sector contabilizou 75,6 pontos, mas, em Julho, os empresários foram relativamente mais confiantes, tendo o indicador crescido para 83.3 pontos.

 

“Esse comportamento ligeiramente favorável da confiança resulta do incremento substancial da actividade actual e da perspectiva da procura, num horizonte de curto prazo, facto acompanhado pelo ligeiro incremento da perspectiva de emprego no mesmo período de referência”, concluiu o INE.

 

Todavia, a autoridade estatística observou que, por causa da crise pandémica, o volume de negócios da actividade em análise registou uma queda substancial, facto que permitiu que os stocks se mantivessem acima do normal, embora os empresários nesse sector perspectivem preços baixos no futuro.

 

O INE revela ainda que cerca de 64% das empresas deste sector tiveram constrangimentos no período em análise, o que representou um incremento de 3% de empresas com dificuldades no desempenho das suas actividades face ao mês anterior.

 

A nossa fonte aponta vários factores que continuaram a afectar o sector de produção industrial, de electricidade e água, tendo destacado a falta de matéria-prima (28%), a concorrência (15%) e os outros factores não especificados (29%), como obstáculos mais importantes. (Carta)

O Aeródromo da vila-sede do distrito de Mocímboa da Praia, no norte da província de Cabo Delgado, já se encontra reerguido, cinco meses após um ataque protagonizado por terroristas, que, há quase três anos, matam, destroem e semeiam dor naquela província nortenha do país e rica em recursos minerais.

 

Mocímboa da Praia é um dos distritos que tem sido palco do terrorismo, que assola a província de Cabo Delgado, desde Outubro de 2017. Mergulhado nesse clima, a 23 de Março passado, o aeródromo local sofreu um ataque e ficou parcialmente destruído.

 

Todavia, cinco meses depois, fonte próxima à empresa Aeroportos de Moçambique (ADM) disse à “Carta” que a infra-estrutura já está totalmente reerguida. Com a reabilitação concluída, há mais de um mês, a fonte acrescentou que a empresa gastou quase meio milhão de Meticais.

 

O Presidente do Conselho de Administração (PCA) do Instituto Nacional de Aviação Civil (IACM), João de Abreu, disse que o aeródromo já se encontra operacional. Aliás, o IACM não chegou ao ponto de suspender o tráfego aéreo, porque a pista não foi destruída, senão os escritórios, anotou De Abreu.

 

Lembre-se, o ataque aos escritórios do aeródromo aconteceu na madrugada da referida data, levado a cabo por um grupo de homens armados.

 

Em vídeo posto a circular nas redes sociais, pelas Forças de Defesa e Segurança de Moçambique (FADM) após escalar o local, vê-se ainda a destruição total de um veículo da ADM, tipo dupla cabine, marca Mahindra. Outro veículo da empresa é um mini-autocarro, de 15 lugares, marca Toyota, que foi vandalizado e deixado com a porta aberta.

 

Dois oficiais das FADM dizem, no filme, que o nível de destruição da infra-estrutura mostra um elevado poder bélico dos insurgentes.

 

“Esse foi o último cenário que passamos aqui na vila de Mocímboa da Praia. Como as imagens ilustram, não foi nada fácil. Verdadeiramente, os insurgentes vieram com tudo para acabar com essa nossa bela vila, Mocímboa da Praia. Trabalhamos no sentido de controlar tudo, mas os homens vieram com tudo. Aqui no Aeroporto, tentamos defender, mas eles usaram mesmo armas pesadas”, relatam os autores do vídeo, acompanhados por mais outros dois oficiais das FADM.

 

A destruição do aeródromo aconteceu dois anos depois de reaberto ao tráfego, após uma reabilitação que custou aos ADM 24 milhões de Meticais. (Evaristo Chilingue)