Em Julho, o indicador de confiança do sector de alojamento, restauração e similares mostrou sinais de recuperação, ao aumentar ligeiramente, interrompendo assim o perfil desfavorável que vinha registando desde o mês de Fevereiro com o respectivo saldo continuando abaixo da média da respectiva série temporal, revela o Instituto Nacional de Estatística (INE).
Para provar essa realidade, em boletim mensal, denominado “Indicadores de Confiança e de Clima Económico” que expressa opinião dos agentes económicos (gestores de empresas) acerca da evolução corrente da sua actividade e perspectivas a curto prazo, particularmente, sobre emprego, procura, encomendas, preços, produção, vendas e limitações da actividade, o INE mostra que o saldo do sector de alojamento, restauração e similares situou-se, no mês em análise, em 53,3 pontos, contra 49,7 pontos registados no mês de Junho.
“O incremento da confiança no sector de alojamento e restauração deveu-se à avaliação positiva de todos os componentes do indicador síntese do sector, com maior destaque em termos de amplitude para a perspectiva da procura que aumentou substancialmente no mesmo período de referência. Com o alinhamento do indicador síntese do sector, a perspectiva da capacidade hoteleira foi de subida ligeira, facto acompanhado pelo incremento da actividade actual e perspectiva de queda ténue dos preços”, explica a nossa fonte.
Em contexto da crise pandémica, a autoridade estatística revela que cerca de 83% das empresas deste sector enfrentaram alguma limitação da actividade, no mês em análise, o que representou um incremento de 1% de empresas com constrangimentos face ao mês anterior. Como principais constrangimentos referidos pelos agentes económicos do sector, o INE aponta a baixa procura (47%) e os outros factores não especificados (32%), em ordem de importância.
Refira-se que estudo feito pelo INE e divulgado há dias mostra o quão devastado foi esse sector. Os dados indicam que, de um subtotal 5.6 mil empresas avaliadas no sector de alojamento, restauração e similares, 5.5 mil empresas, ou seja 97.1%, foram afectadas pela crise provocada pelo novo coronavírus. E, por consequência da situação, observou a fonte, 15.6 mil pessoas também viram seus postos de trabalho afectados. Em termos de facturação, a autoridade estatística mostra que a quebra no primeiro semestre deste ano situou-se em 50.2% dos pouco mais de 1 mil milhões de Meticais registados em igual período do ano passado. (Carta)
A Kuwuka JDA, uma organização da sociedade civil virada ao desenvolvimento sustentável, advogando a justiça social, económica e ambiental, diz que a política de responsabilidade social das empresas de extracção de recursos minerais não está a ser aplicada em Moçambique. E que as actividades levadas a cabo pelas empresas, nesse contexto, são feitas ao critério de cada firma, isto é, como filantropia e não como obrigação. Como consequência, as comunidades em que as empresas exploram os recursos minerais pouco se beneficiam das acções empresariais.
Em conferência sobre o tema, havida semana finda na província de Tete, o Presidente do Conselho Directivo (PCD) da Kuwuka JDA, Camilo Nhancale, expôs que as empresas desenvolvem acções de responsabilidade social, mas não como imperativo da Resolução nº. 21/2014, de 16 de Maio, que estabelece a Política de Responsabilidade Empresarial para a Indústria Extractiva de Recursos Minerais.
A Resolução determina que os benefícios da indústria extractiva sejam revertidos a favor do desenvolvimento social e económico das comunidades locais, bem como garantir a harmonização entre os planos de desenvolvimento definidos pelos governos locais e os investimentos sociais das empresas mineiras, materializados através de assinatura de Acordos de Desenvolvimento Local (ADL) com as comunidades.
Nesse contexto, a Resolução obriga o envolvimento e participação activa e efectiva das comunidades locais na definição de projectos a serem desenvolvidos, sob facilitação do Governo.
Embora a responsabilidade social seja de carácter obrigatório, a Kuwuka JDA revela, com auxílio de estudos feitos por si e por outras organizações, que as empresas desenvolvem suas actividades de responsabilidade social, mas não-alinhadas com a política em questão, ou seja, ao seu modelo.
“As empresas continuam a fazer a sua responsabilidade social como se não houvesse política. Fazem-na ao seu modelo sempre”, disse Nhancale.
Questionado sobre as razões da não implementação da Resolução, à margem do evento organizado pela Kuwuka JDA, com a Agência de Desenvolvimento Local de Tete e a Associação de Assistência e Apoio Jurídico às Comunidades, o nosso entrevistado apontou alguma falta de vontade por parte do Governo, facto associado à incapacidade institucional para a execução e disseminação de diferentes políticas.
“O problema está naquele cancro de sempre: a fragilidade institucional de implementação, mas para implementar precisa de domínio do instrumento. Não só nesse sector, olhe para a [implementação da] Constituição da República e para qualquer outro tipo de legislação. O nosso problema é a nossa capacidade institucional como Estado, de implementar a legislação, bem como a não disseminação”, disse o nosso interlocutor.
Como consequência da não implementação da política, o activista social disse que as comunidades, em que as mineradoras exploram, não têm tido parte na discussão e decisão sobre os projectos que devem ser implementados localmente.
O PCD da Kuwuka JDA aponta ainda os conflitos entre as comunidades e as empresas resultantes da falta de uma boa relação decorrente de fraco fluxo de comunicação entre ambos. No geral, o nosso entrevistado disse que o Estado é que perde, pois, se implementada, a política iria impulsionar o desenvolvimento sustentável do país, com a geração de emprego e redução da pobreza.
Para reverter o cenário, o activista sugere maior divulgação e sensibilização sobre a Resolução às comunidades, bem como aos governos locais. Em seguida, exige a implementação da política, no seu entender de forma faseada. Para que tudo isso aconteça, Nhancale apela também ao cometimento ao mais alto nível do Governo no processo. (Evaristo Chilingue)
A agência de notação financeira Moody's considerou que Moçambique vai ter dificuldades em inverter a tendência de dívida elevada, que este ano deverá ultrapassar os 100% do PIB, dependendo da evolução do setor do gás.
"Com o impacto do novo coronavírus no crescimento económico de Moçambique, e na sua posição externa e orçamental, fragilizando ainda mais o metical face ao dólar, esperamos que a dívida pública exceda os 100% do PIB a curto prazo, e a longo prazo é incerto que o país consiga reverter esta tendência face ao nível elevado", lê-se na análise anual à economia moçambicana.
No relatório, enviado aos clientes e a que a Lusa teve acesso, a Moody's escreve que "a capacidade de inverter a trajetória da dívida vai depender essencialmente da recuperação económica e das melhorias da posição externa do país, mas em ambos os casos a evolução do setor do gás natural liquefeito vai ser essencial, o que é incerto devido ao ambiente atual de baixos preços", acrescenta-se no relatório.
A dívida pública "vai provavelmente aumentar nos próximos anos, potenciada pelo endividamento crescente das empresas públicas, em particular a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos", que precisa de financiar a participação nos projetos de exploração de gás no norte do país.
A Moody's estima que a dívida pública de Moçambique fique acima de 100% pelo menos até 2025 e antevê um crescimento de 3% este ano e acima de 5% em 2021.
"O perfil de crédito de Moçambique, em Caa2 com perspetiva de evolução estável reflete o endividamento governamental muito alto, a probabilidade de se manter elevado a médio prazo, e os elevados riscos de liquidez que surgem do acesso extremamente limitado a financiamento em moeda externa", lê-se no relatório anual sobre a economia moçambicana.
"O histórico de incumprimentos financeiros indica a baixa vontade do Governo de dar prioridade aos pagamentos da dívida", comentou a analista que segue a economia de Moçambique, Lucie Villa, acrescentando que "os constrangimentos económicos surgem dos baixos níveis de rendimentos, da dependência de uma agricultura de baixa produtividade e vulnerabilidade a riscos climatéricos". (Lusa)
O Indicador do Clima Económico (ICE), que é a expressão qualitativa da confiança dos empresários, prolongou a trajectória descendente pelo quinto mês consecutivo, tendo o respectivo saldo, mais uma vez, atingido o mínimo da respectiva série temporal em Julho último.
Em boletim mensal designado “Indicadores de Confiança e de Clima Económico”, o Instituto Nacional de Estatística (INE) mostra que se em Junho a confiança dos empresários obteve 71,5 pontos, em Julho o indicador caiu para 73,2 pontos.
O INE explica que para o prolongamento da falta de confiança dos agentes económicos, no mês em análise, pesou a apreciação desfavorável das expectativas de emprego que vem diminuindo também pelo quinto mês consecutivo, facto que suplantou as apreciações positivas das perspectivas da procura no mesmo período de referência.
“Em termos sectoriais, o clima desfavorável em Julho continuou a ser influenciado pela avaliação negativa do indicador nos sectores de construção, dos transportes e dos outros serviços não financeiros, que suplantaram os sectores de alojamento e restauração, da produção industrial e de comércio que se apreciaram positivamente no período em análise”, detalha a autoridade estatística.
Mergulhados em crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, o número de empresários que enfrenta dificuldades também vai aumentando. De acordo com dados do INE, em média, 63% das empresas inquiridas enfrentaram algum obstáculo, no mês de Julho, o que representou um aumento de 1% de empresas com limitação de actividade face ao mês anterior.
“Essa situação foi influenciada pelo incremento de empresas com limitação de actividade em todos os sectores, com excepção do sector de outros serviços não financeiros que diminuiu a proporção de empresas com limitação de actividade. Os sectores de alojamento e restauração, de transportes, da produção industrial e de comércio que viram mais de 55% das suas empresas afectadas por algum obstáculo no desempenho normal das suas actividades no período de referência”, justifica a fonte.
Em contrapartida, o INE observou que os sectores de construção e dos outros serviços não financeiros apresentaram menos de 55% das empresas com alguma limitação de actividade.
“Indicadores de Confiança e de Clima Económico” constitui uma publicação mensal sobre a conjuntura económica de Moçambique. O estudo expressa opinião dos agentes económicos (gestores de empresas) acerca da evolução corrente da sua actividade e perspectivas a curto prazo, particularmente sobre emprego, procura, encomendas, preços, produção, vendas e limitações da actividade. (Carta)
Em boletim mensal, designado “Indicadores de Confiança e de Clima Económico”, o Instituto Nacional de Estatística (INE) revela que o indicador de perspectiva dos preços registou um ligeiro incremento no mês de Julho, interrompendo a queda que vinha registando desde o mês de Março.
A autoridade estatística revela que contribuíram para a alta dos preços futuros, no período em análise, o incremento do indicador nos sectores dos outros serviços não financeiros, de comércio e de construção.
“Contrariamente, os empresários dos sectores de transportes, de alojamento e restauração e da produção industrial previram em baixa os preços no mesmo período de referência”, observou a fonte.
Lembre-se que, no mês de Agosto último, os preços de bens e serviços dispararam de facto e isso acontece poucos meses antes do fim do ano, uma altura caracterizada pela subida de preços devido e por consequência do elevado custo de vida, pela quadra festiva.
“Indicadores de Confiança e de Clima Económico” constitui uma publicação mensal sobre a conjuntura económica de Moçambique. Expressa opinião dos agentes económicos acerca da evolução corrente da sua actividade e perspectivas a curto prazo, particularmente sobre emprego, procura, encomendas, preços, produção, vendas e limitações da actividade. (Carta)
Os ataques terroristas estão a afectar o tecido empresarial na província de Cabo Delgado, para além de semear luto, dor, destruição e deslocados, há quase três anos. A Cimentos de Moçambique, a maior empresa de produção de cimento no país, já se ressente dos efeitos da insegurança em Cabo Delgado.
Em entrevista telefónica à “Carta”, o Director-geral da empresa, Edney Viera, disse que o efeito da insegurança já é visível nas vendas. “Em comparação com o ano passado, as vendas recuaram entre 5% a 10%”, disse Viera, sem precisar números exactos por questões de concorrência.
O nosso interlocutor disse que, para além dos ataques, a crise pandémica é outro factor que afecta o mercado do cimento, não só na província de Cabo Delgado, mas também em toda a região norte do país, onde a empresa tem duas unidades industriais com uma capacidade de produção avaliada em 400 mil toneladas por ano.
Na zona centro do país, o Director-geral da Cimentos de Moçambique disse não haver motivos para a queixa, embora o desejo fosse incrementar ainda mais os níveis de venda. Nessa zona, a empresa produz, anualmente, um milhão de toneladas de cimento na unidade fabril instalada no distrito do Dondo.
No sul do país, aquele gestor da empresa público-privada queixou-se da maior concorrência alimentada por outras cinco produtoras de cimento. Além disso, Viera aponta a falta de projectos numa altura em que a crise provocada pela Covid-19 afecta as empresas de construção civil e as famílias.
Para alimentar a zona sul, a Cimentos de Moçambique tem uma capacidade instalada, de pouco mais de 1.2 milhão de toneladas em duas unidades fabris.
No geral, o nosso entrevistado disse que os custos de produção estão cada vez mais a aumentar e queixou-se dos custos de matérias-primas dolarizadas, electricidade, gás, entre outros factores. Como consequência, apontou a fonte, o preço do cimento, a cada ano, também vai aumentar.
Todavia, no futuro, o Director-geral da Cimentos de Moçambique perspectiva uma melhoria nas vendas, devido a expectativas de melhoria da economia, principalmente, no concernente aos projectos de exploração de gás natural.
A Cimentos de Moçambique é comparticipada por empresas públicas moçambicanas Caminhos de Ferro de Moçambique e a Empresa Moçambicana de Seguros e pelo Estado, através do Instituto de Gestão e Participação do Estado.
Das seis empresas produtoras de cimento no país, a Cimentos de Moçambique conta com uma cota de mercado de 54%. (Evaristo Chilingue)