A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou na última sexta-feira, 28 de Fevereiro, que o risco de propagação e impacto do Covid-19 – como é denominado o Coronavírus – passou de “alto” para “muito alto” a nível global.
De acordo com a agência das Nações Unidas, até a manhã da última sexta-feira, em Genebra, 49 países haviam notificado casos da nova cepa do coronavírus. Cinco a mais que no dia anterior. Em todo o mundo – excluindo a China – a doença já infectou 4.351 pessoas e matou 67.
Na China, onde o Covid-19 surgiu em Dezembro último, autoridades informaram a maior baixa no número de casos em mais de um mês. Foram 329 notificações, num prazo de 24 horas. Até este domingo, aquele país asiático tinha registado 78.959 casos de Covid-19 com 2.791 mortes.
Desde a passada quinta-feira, Dinamarca, Estônia, Lituânia, Holanda e Nigéria relataram seus primeiros casos. Todos esses registros têm ligações com a Itália, o país mais afectado pela epidemia na Europa, com 29 óbitos registados e 1.049 pacientes até ao último sábado.
Já no continente africano, a Nigéria é o terceiro país a ser afectado pela doença. Ao todo, 24 casos foram exportados da Itália para 14 países e 97 casos foram exportados do Irão para 11 nações.
Falando na última sexta-feira, em Nova Iorque, Estados o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, afirmou que o aumento de nível de alerta deveu-se ao facto de o mundo estar a ver “casos em vários países novos, incluindo agora o continente africano.”
Guterres alertou que “não é hora de entrar em pânico, é hora de estar preparado, totalmente preparado.” Para o Secretário-Geral das Nações Unidas, “agora é a hora de todos os governos intensificarem e fazerem todo o possível para conter a doença e fazê-lo sem estigmatização, respeitando os direitos humanos.”
Por isso, o número um da ONU fez um apelo à “solidariedade e ao apoio global total, com todos os países assumindo suas responsabilidades.”
Já o Director-Geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, alertou que o “aumento contínuo do número de casos e o número de países afectados nos últimos dias é claramente preocupante”. Segundo Tedros, até ao momento, o que se observa são epidemias ligadas ao novo coronavírus em vários países, no entanto, a “maioria dos casos ainda pode ser atribuída a contactos conhecidos ou grupos de casos.”
Tedros destacou também que ainda não existem “evidências de que o vírus se esteja espalhando livremente nas comunidades” e que se a situação continuar assim, ainda existe a “chance de conter esse vírus.”
O dirigente revelou, igualmente, que “mais de 20 vacinas estão em desenvolvimento em todo o mundo e várias terapias estão em testes clínicos.” A expectativa, disse, é que os primeiros resultados saiam em algumas semanas.
Ao mesmo tempo, Tedros observou que o mundo não precisa esperar por vacinas e terapias e que já existem acções “que todo o indivíduo pode fazer para se proteger e aos outros.”
Enquanto isso, em Washington, nos Estados Unidos da América, o porta-voz do Fundo Monetário Internacional, Gerry Rice, disse que custo económico do surto de Covid-19 ainda é incerto, mas certamente impactará negativamente o crescimento global.
Rice afirmou que o FMI está analisando todos os dados disponíveis e espera ter uma visão mais concreta do impacto final, quando publicar o próximo relatório do Panorama Económico Mundial em Abril.
O porta-voz do FMI observou que é provável que as projecções de crescimento para o mundo sejam rebaixadas, destacando o facto de o surto de coronavírus não se limitar às fronteiras nacionais, pelo que, a resposta económica a ele também deve ser internacional.
O porta-voz alertou que “no caso de as coisas piorarem”, todos devem “estar em posição de pensar numa resposta mais sincronizada e coordenada que inclua medidas económicas.” Acrescentou que o FMI possui uma gama completa de ferramentas e incentivos financeiros para ajudar países de baixa renda com financiamento emergencial, para que o dinheiro usado para evitar doenças não ocorra à custa da estabilidade económica a longo prazo. (ONU News)
Após falhar, em 2019, a entrega do informe, por falta de perto de 50 mil USD para financiar a elaboração, o Governo de Moçambique, através do Ministério dos Recursos Minerais e Energia, divulga esta sexta-feira (28), em Maputo, o oitavo Relatório sobre Transparência na Indústria Extractiva, no âmbito da Iniciativa de Transparência na Indústria Extractiva (ITIE), um organismo global de que o país é membro há 10 anos.
No relatório vêm reflectidos os pagamentos declarados pelas empresas e as recepções confirmadas pelo Governo, envolvendo empresas mineiras e petrolíferas, ocorridos ao longo dos exercícios económicos de 2017 e 2018, de acordo com os requisitos da ITIE, sobre a revelação de informação atinente a receitas neste sector.
Um comunicado recebido na nossa redacção refere que Moçambique aderiu à ITIE, em 2009, e após a submissão do Segundo Relatório de Reconciliação, em 2012, o país teve avaliação positiva do Conselho de Administração da ITIE, tendo sido declarado “país cumpridor”. Porém, já na segunda validação, ocorrida em 2019, Moçambique recebeu a classificação de “país com progresso satisfatório”.
No evento, a ser organizado pelo Ministério dos Recursos Minerais e Energia vão participar instituições do Governo, empresas do sector extractivo, organizações da sociedade civil, parceiros de cooperação e instituições académicas, acrescenta a nota.
Para além de pagamentos das empresas e recepção dos governos das receitas resultantes dos impostos da indústria extractiva, os relatórios da ITIE trazem ainda informação sobre a contribuição do sector extractivo para a economia e do quadro legal que rege o sector, licenças, contratos, dados de produção, de exportação, de venda, de transporte, preços das commodities, fluxo de receitas para o orçamento do Estado e sua aplicação, incluindo receitas para o desenvolvimento das comunidades afectadas.
Aqueles informes melhoram também os sistemas de colecta e gestão de receitas do Estado, para além de sugerir reformas legais e institucionais para transparência e prestação de contas na governação do sector extractivo, promovendo diálogo e debate público no sector extractivo. (Evaristo Chilingue)
O início de produção e liquefacção do Gás Natural Liquefeito (GNL), na Bacia do Rovuma, na província de Cabo Delgado, arranca dentro de 24 meses, enquanto o Instituto Nacional de Petróleos (INP), que regula, fiscaliza e administra a indústria do sector desafia-se em vários domínios, desde técnicos até humanos.
Conferenciando, recentemente, em Maputo, o Presidente do Conselho de Administração (PCA) do INP, Carlos Zacarias, explicou que após o lançamento, em Janeiro passado, na Coreia do Sul, do casco da Plataforma Flutuante do GNL do consórcio liderado pela italiana ENI, na Área 4, segue-se o início da montagem dos módulos de superfície do empreendimento para o projecto Coral Sul FLNG.
Finda a montagem, “esperamos que no próximo ano a Plataforma seja rebocada para Moçambique, instalada e, em seguida, aconteçam os testes para que entre finais de 2021 e princípios de 2022, comecemos a ter a produção de gás e sua liquefacção”, acrescentou Zacarias.
Com o início de produção do projecto Coral Sul FLNG, com uma capacidade de liquefacção de gás natural de 3,4 milhões de toneladas por ano (MTPA) e cujo investimento é 7 mil milhões de USD, Zacarias reafirmou, na ocasião, o impacto económico do empreendimento para o país.
“Nessa altura, nós passaremos praticamente de um país pequeno produtor a nível regional, para entrar na lista dos grandes produtores e exportadores de gás natural. Isso a partir de 2022”, destacou.
Antes de falar dos desafios do INP, Zacarias lembrou que em implementação na Bacia do Rovuma estão também outros dois projectos, nomeadamente o projecto Mozambique LNG, liderado pela francesa Total. Esse projecto, que prevê arrancar em 2023, conta produzir 12,8 MTPA por ano, num investimento global de 23 mil milhões de USD. Na Bacia do Rovuma, está também o projecto Rovuma LNG, liderado pela americana ExxoMobil e ENI, com um investimento estimado em 23.6 mil milhões de USD e, a partir de 2024, prevê produzir anualmente 15.2 MTPA.
Perante esses projectos, dos quais um está quase a iniciar, Zacarias apontou que o principal desafio do INP, entidade governamental que regula, fiscaliza e administra a indústria é assegurar a sua implementação de acordo com cronograma e orçamento previsto.
“Nós não queremos passar por uma situação em que um determinado projecto prevê um orçamento total de cinco milhões de USD, por exemplo, mas devido a vários factores passa para 20 milhões de USD. Portanto, no final do dia, todos nós acabamos perdendo”, clarificou Zacarias.
Outro desafio que o INP enfrenta nas vésperas do início da produção dos projectos da Bacia do Rovuma é a capacitação dos recursos humanos afectos à instituição. “Com cerca de 80 colaboradores, maioritariamente jovens, é necessário treinar as pessoas, enquadrá-las devidamente, possibilitando a instituição que seja de facto um regulador com a competência necessária”, disse o PCA do INP.
Do rol dos desafios, Zacarias mencionou a necessidade de a instituição que dirige garantir que os projectos em referência contribuam social e economicamente para o desenvolvimento do país, para além dos quase 100 mil milhões de USD de receitas ao Estado previstas durante a vida de todos os três projectos.
“Temos o grande desafio de fazer com que esses projectos tragam uma mais-valia para o país, em termos de formação, emprego, envolvimento das empresas nacionais no fornecimento de serviços e bens”, afirmou a fonte.
Mesmo sem mencionar, o PCA do INP está ciente de que outro desafio é o Governo acabar com a insegurança protagonizada por insurgentes desde Outubro de 2017 em Cabo Delgado, o que leva as multinacionais a contratar seguranças privadas, facto que em última análise irá acarretar custos incalculáveis ao Estado.(Evaristo Chilingue)
Os Emirados Árabes Unidos ocupam a quinta posição dos maiores parceiros comerciais de Moçambique. Nesse contexto, dados divulgados ontem, pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), reportam que o volume de comércio externo entre o nosso país e aquele Estado asiático avaliou-se em 626 milhões de USD, em 2019.
Discursando durante o seminário de preparação da EXPO-DUBAI 2020, o Presidente da CTA, Agostinho Vuma, foi omisso em relação ao volume registado ano antepassado, mas assegurou que a cifra reportada, em 2019, pode vir a crescer nos próximos anos.
Segundo o Presidente da CTA, do volume comercial registado no ano passado, o nível de importações foi de cerca de 551.8 milhões de USD, contra exportações no valor de 74.2 milhões de USD, resultando num défice comercial de cerca de 448 milhões de dólares, ou seja, que as importações são seis vezes maiores do que as exportações.
“Importa destacar também que os Emirados Árabes Unidos apresentam maior volume de Investimento Directo Estrangeiro em Moçambique, sendo que, em 2019, este ascendeu a aproximadamente 980 milhões de Dólares, o correspondente a cerca de 49% do total”, realçou Vuma.
Dirigindo-se à nova Ministra da Cultura e Turismo de Moçambique, Eldevina Materula, aos representantes do Governo dos Emirados Árabes Unidos no país, empresários, entre outros, o dirigente da CTA destacou que a Expo Dubai 2020, é uma inigualável oportunidade para a promoção de investimentos e parcerias em prol do desenvolvimento económico e da melhoria das trocas comerciais entre Moçambique e os Emirados Árabes Unidos.
Durante a exposição, Vuma apontou que o maior desafio que se coloca ao sector privado nacional é o aproveitamento das oportunidades que se irão criar para expandir as nossas exportações, principalmente dos produtos emergentes do rico potencial que o país pode oferecer àquela região.
“Da nossa participação, na Expo Dubai 2020, esperamos colher o benefício do incremento de parcerias empresariais e a promoção de Moçambique como destino privilegiado de negócios e melhorar a partilha das riquezas existentes entre os nossos países”, assinalou Vuma.
O sector privado moçambicano anseia também, pelo aumento do fluxo de comércio e negócios com os Emirados Árabes Unidos, incentivando maior aproveitamento das facilidades criadas no âmbito do acordo de dupla tributação existente entre os nossos dois países.
A Expo Dubai 2020 é uma exposição mundial que irá decorrer na cidade de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, no período de seis meses, a partir de 20 de Outubro de 2020. O evento realiza-se sob lema “Conectando Mentes, Criando Futuro”. (E.C.)
A empresa Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) reinicia, a 02 de Junho de 2020, a operação de voos da rota Maputo-Lisboa-Maputo, informou, na manhã de ontem, em Maputo, o Director-geral daquela companhia pública, João Pó George.
Falando em conferência de imprensa sobre a operação, Pó George explicou que, com a retoma, por semana, serão realizados três voos nocturnos em cada percurso, sendo às segundas, quartas e sextas-feiras de Maputo para Lisboa e às terças e quintas-feiras e aos sábados, de Lisboa para Maputo.
“Com estas ligações, pretendemos oferecer um serviço personalizado que responde às necessidades de viagens de negócios, actividades académicas, de turismo e lazer que incluem a envolvente desportiva, o intercâmbio histórico-cultural, o reencontro entre famílias, amigos, colegas ou, simplesmente, uma visita a Moçambique ou Portugal”, afirmou Pó George.
Em verdade, três meses após anúncio pelo Presidente da República, Filipe Nysui, durante uma visita a Portugal – efectuada em Julho passado – em Outubro, a LAM marcara para 31 de Março de 2020 o regresso de voos da companhia para Lisboa, oito anos depois de ter sido banida do espaço europeu, junto de outras companhias moçambicanas.
Durante a conferência, Pó George explicou que o adiamento se deveu à consecução tardia (há quatro dias), da permissão para aterragem no aeroporto de Lisboa, devido ao maior tráfego. “Conseguimos [a permissão] há cerca de quatro dias e, por isso, nós não vamos começar em Março, senão em Junho para darmos tempo de vender confortavelmente [os bilhetes] com vista a ter os voos com a ocupação que nós desejamos”, afirmou Pó George.
Conforme o Chefe do Departamento de Marketing da LAM, Adil Ginabay, explicou aquando do anúncio em Outubro passado, a companhia de bandeira regressa à Europa, em parceria com a Hi Fly, uma empresa aérea privada portuguesa, que tem a sua base operacional no Aeroporto de Beja.
Nesta parceria, a Hi Fly deverá disponibilizar uma aeronave Airbus A330-200, com capacidade de 269 lugares, sendo 251 na classe económica e 18 na executiva e a sua respectiva tripulação técnica (Piloto e Co-Piloto), enquanto a LAM irá oferecer, na totalidade, os seus serviços de bordo. No que toca à tripulação de cabine, as duas companhias terão 50 por cento cada dos seus operadores.
Embora a sustentabilidade da operação seja questionada, Pó George reafirmou, na ocasião, que a LAM entra no negócio segura do sucesso, devido à demanda. (Evaristo Chilingue)
Os ataques armados protagonizados por insurgentes na província de Cabo Delgado, norte do país e pela auto-proclamada Junta Militar da Renamo, na zona centro, retraíram investimentos nacionais e estrangeiros, em 2019, relatou, semana finda, o Director-geral da Agência para Promoção de Investimento e Exportações (APIEX), Lourenço Sambo.
Em entrevista ao nosso jornal, Sambo evidenciou que, dos 335 novos projectos de investimentos aprovados em 2019, avaliados em 4.5 biliões de USD, grande parte (225) destina-se à zona sul, contra 110 projectos referentes à zona centro (57) e norte (53) do país.
Desagregando a distribuição dos projectos (com maior enfoque para a indústria de hotelaria e turismo) por província, o Director-geral da APIEX realçou que Maputo Província ganhou, no ano passado, 88 projectos, seguido de Inhambane com 70, Maputo Cidade com 54 e Gaza com 13 novos projectos.
Embora a insegurança, que iniciou em Agosto de 2019 não assole todas as províncias do centro, Sambo anotou que a quantidade de projectos por província naquela zona foi baixa no ano passado. Em ordem crescente, mostrou que Tete ganhou apenas oito novos projectos, em detrimento de Manica que obteve 11, Zambézia 16 e, por fim, Sofala com 22.
O nosso interlocutor reportou ainda que, mesmo com a Zona Económica Especial localizada na província de Nampula, a zona norte obteve menos projectos em comparação com o centro e sul do país.
Na região nortenha de Moçambique, Sambo explicou que, dos 53 novos projectos, somente 14 destinaram-se à província do Niassa, 15 para Cabo Delgado, onde os ataques levados a cabo por insurgentes acontecem desde Outubro de 2017 e, por fim, 24 registados em Nampula.
Além de retrair investimentos, a insegurança no norte do país dificulta a circulação de pessoas e bens, tornando cada vez mais cara a vida das populações que vivem naquelas regiões.
Todavia, Sambo disse esperar a cessação dos ataques, principalmente na zona centro do país, com a assinatura a 06 de Agosto passado, em Maputo, do Acordo Geral de Paz entre o Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Ossufo Momade. (Evaristo Chilingue)