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Economia e Negócios

O Governo pretende investir 900 milhões de Mts para a construção de 30 postos de abastecimento de combustíveis em todo o país, no presente quinquénio, revelou, semana finda, o Presidente do Conselho de Administração (PCA) do Fundo Nacional de Energia (FUNAE), António Saíde.

 

A revelação aconteceu à margem da inauguração do posto de abastecimento de combustíveis do Posto Administrativo de Chalaua, no distrito de Moma, na província de Nampula, acto que se insere nas acções programadas para os primeiros 100 dias do actual ciclo de governação de Filipe Jacinto Nyusi.

 

Segundo Saíde, a materialização do projecto estará sob a responsabilidade do FUNAE, braço do Ministério dos Recursos Minerais e Energia, que promove o acesso aos combustíveis e energia eléctrica junto das populações que vivem em zonas recônditas.

 

Referindo que a construção dos postos de abastecimento de combustíveis enquadra-se no projecto da sua expansão destes serviços, ao abrigo do incentivo geográfico – uma linha orçamental criada pelo Governo, visando elevar o acesso aos combustíveis líquidos pelas populações que vivem nas zonas rurais – Saíde sublinhou que os investimentos deste tipo até agora são apenas executados pelo FUNAE.

 

“O incentivo geográfico prevê a expansão do acesso, devendo assegurar o fornecimento com segurança e qualidade nas zonas rurais, onde vive 67% da população e o FUNAE é o braço do Governo que deve levar os combustíveis onde outros operadores ainda não chegam”, disse Saíde.

 

De acordo com o PCA do FUNAE, a construção dos postos de abastecimento de combustíveis é com recurso a receitas consignadas, estando previstas para 2020 seis áreas, nomeadamente Mecubúri e Meconta (Nampula), Metuge (Cabo Delgado), Alto-Molócuè (Zambézia), Mapai (Gaza) e Vilankulo (Inhambane).

 

Desde a instituição do incentivo geográfico, foram construídos 96 postos de abastecimento de combustíveis no país, sendo que Nampula é a província que conta com 15 unidades. Zambézia, a segunda província mais populosa do país, conta com 14 pontos de abastecimento e Niassa, a província mais extensa, com 11. A província de Maputo tem apenas três. (Carta)

Representados pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), os empresários revelaram, na última sexta-feira (24), em Maputo, que a linha de financiamento de 500 milhões de USD lançada em Março passado, pelo Banco de Moçambique (BM), não está a contribuir para mitigar os efeitos da crise provocada pela Covid-19 na economia nacional.

 

Lembre-se que, ao introduzir aquela linha de financiamento, por um período de nove meses, o Banco Central previu que, acedendo ao fundo, os bancos comerciais terão mais liquidez (dinheiro) em moeda estrangeira, podendo vendê-la aos seus clientes para a realização de importações. O Banco de Moçambique previu ainda que o financiamento ajudará a reduzir a oscilação da taxa de câmbio e, por essa via, promover a estabilidade do preço dos bens e serviços.

 

Entretanto, aos olhos da CTA, esse desiderato não se está a verificar no sistema financeiro e económico do país. “A linha de financiamento de 500 milhões de USD, criada para assegurar maior disponibilidade de divisas no mercado e responder às necessidades de importação de produtos essenciais não está a surtir os efeitos desejados”, disse o Presidente do Pelouro de Política Financeira e Fiscal da CTA, Bernardo Cumaio.

 

Com isto, a congregação pretende informar que o Dólar não está a circular como deve e, perante a constatação da escassez de divisas no mercado, a CTA considera necessário encontrar melhores práticas de intervenção no mercado cambial para uma melhor operacionalização desta medida e assegurar o acesso das empresas às divisas. “Para os efeitos aqui mencionados, a venda directa no Mercado Monetário Interbancário parece-nos ser a mais adequada”, propôs Cumaio.

 

Falando em conferência de imprensa, o Presidente do Pelouro de Política Financeira e Fiscal da CTA, relatou ainda que, a cada vez maior propagação da pandemia no país tem representado grandes desafios que impedem a fluidez dos negócios e a geração de fluxos de caixa suficientes para manter o funcionamento do sector empresarial, resultando, até ao momento, na suspensão das actividades de mais de 364 empresas e afectando mais de 10 mil postos de trabalho, principalmente no sector de hotelaria e restauração.

 

“De uma forma geral, segundo constatamos, as empresas estão, neste momento, a funcionar em apenas 25% do seu potencial, o que sinaliza um abrandamento substancial do nível de actividade produtiva e pode afectar significativamente o crescimento da economia e a estabilidade dos postos de trabalho”, disse o empresário.

 

Em conferência sobre os primeiros 15 dias da implementação do Estado de Emergência, a CTA enalteceu, porém, a recente implementação de medidas de âmbito fiscal e aduaneiro e as referentes ao perdão de multas e juros de mora do Instituto Nacional de Segurança Social, anunciadas pelo Conselho de Ministros.

 

Em representação da CTA, Cumaio disse que as referidas medidas são cruciais, pois, irão apoiar a tesouraria das empresas e contribuir para a manutenção das suas actividades, pelo que, “no quadro do Diálogo que temos vindo a desenvolver com o Governo continuaremos buscando as melhores soluções para a efectividade destas medidas”, acrescentou. (Evaristo Chilingue)

O sector do turismo é dos mais afectados pela pandemia do novo coronavírus (ou Covid-19), no mundo e Moçambique não é excepção. Informação partilhada esta quinta-feira (23) pelo Ministério da Cultura e Turismo, durante a habitual conferência de imprensa sobre actualização de casos de infecção pelo vírus, no Ministério da Saúde, indica que 696 empreendimentos turísticos (hotéis, resorts, logdes, pensões, agências de viagens) já encerraram.

 

Segundo a Assessora da Ministra da Cultura e Turismo, Ndiça Massingue, os encerramentos colocaram em causa cerca de 3.5 mil postos de trabalho.

 

Na área da cultura, Massingue apontou que 32 museus, escolas e bibliotecas de ensino artístico estão encerrados, incluindo a suspensão de serviços conexos, neste caso, lojas de artesanato, serviços de edição de músicas e produções cinematográficas de curta e longa-metragem, para além do encerramento de mais de 700 estabelecimentos de entretenimento que afectam mais de duas mil pessoas, singulares e colectivas. A fonte acrescentou ainda que se encontram encerrados os casinos e as salas de máquinas de fortuna ou azar.

 

“O Governo não está alheio a esta situação e, para tal, o Ministério da Cultura e Turismo criou um Gabinete de Gestão de Crises com objectivos principais de auscultar os profissionais e empresariado que actuam nas áreas da cultura e turismo, buscando colher as principais preocupações e propostas de soluções”, destacou Massingue.

 

A Assessora da Ministra da Cultura e Turismo referiu que, na qualidade de entidade que superintende a actividade cultural e turística, o Ministério tem estado a procurar, junto do Governo e dos parceiros de cooperação, parcerias para dar respostas aos efeitos decorrentes da pandemia Covid-19 neste sector.

 

Ao nível interno e junto dos fazedores das artes e cultura, Massingue anunciou que o Ministério que representa está a estudar mecanismos criativos de continuar a ofertar entretenimento, usando para tal plataformas digitais e virtuais.

 

“Para o efeito, está em formulação o projecto denominado Arte no Quintal que consiste na realização de espectáculos em Live Streaming e na promoção de exposições que serão disseminadas pelas rádios comunitárias, televisões e plataformas digitais”, informou.

 

Durante a sua locução, a Assessora da Ministra da Cultura e Turismo lembrou que, com o objectivo de mitigar os efeitos dessa pandemia, o Governo tem vindo a aprovar diversas medidas ponderadas. Destacou a recente introdução, pelo Banco de Moçambique, de uma linha de financiamento de 500 milhões de USD num período de nove meses.

 

Com base nessa linha “cada cidadão, individual ou a título colectivo afectado pela pandemia e em específico do sector da cultura e turismo, pode aproximar-se do seu banco para inteirar-se das condições específicas do acesso ao fundo”, referiu Massingue. (Evaristo Chilingue)

Uma análise feita pelo Banco de Moçambique (BM), no contexto do Aviso nº 10/GBM/2018, de 22 de Outubro, sobre as Instituições de Crédito Domésticas de Importância Sistémica, considera que o Banco Comercial e de Investimento (BCI), Millennium BIM e Standard Bank são os mais importantes bancos do sistema financeiro nacional, por terem conseguido a classificação de D-SIBs.

 

O referido Aviso orienta o regulador do sistema financeiro moçambicano a publicar, até ao dia 30 de Abril de cada ano, a lista de instituições de crédito classificadas como D-SIBs (mais importantes) ou Quase D-SIBs (quase importantes) e sem importância com base nos dados reportados a 31 de Dezembro do ano anterior.

 

Neste contexto, o Banco de Moçambique reporta, em comunicado veiculado semana finda, que o BCI, Millennium BIM e Standard Bank notabilizaram-se como os mais importantes no país, por terem conseguido uma pontuação acima dos 130 pontos.

 

Dos três bancos comerciais, a classificação do Banco Central conclui que o BCI ocupa o primeiro escalão por ter conseguido 266 pontos, seguido do Millennium BIM com 228 pontos e, por fim, Standard Bank com 144 pontos.

 

De acordo com a nota, para efeito de pontuação, a metodologia proposta no referido Aviso, segue uma abordagem de determinação que assenta numa média de três indicadores com pesos distintos, designadamente: tamanho – com peso de 50%; interligação – com peso de 25%; e substituibilidade – com peso de 25%.

 

Com base nesses cálculos, o Banco Central concluiu ainda que o Absa Bank é o único que ocupa a classificação de Quase D-SIBs (quase importante), cuja pontuação situa-se entre 65 e 130 pontos, tendo concretamente conseguido 110 pontos.

 

Da classificação do Banco de Moçambique estão também as instituições de crédito sem importância para o sistema, cuja pontuação esteja abaixo dos 65 pontos. Desta lista lidera o Moza Banco com 49 pontos, seguido do Banco Único com 43 pontos, Banco ABC com 34 pontos e FNB com 32 pontos. Sem importância, estão também o Banco Mais com 16 pontos, BNI com 12 pontos e CPC com 10 pontos.

 

Na “casa” dos bancos ou instituições financeiras sem importância no sistema, estão o Societe Generále Moçambique com nove pontos, The First Capital Bank com oito pontos, UBA com sete pontos, Letshego com cinco pontos, Ecobank e Bayport com seis pontos cada, MyBucks Banking Corporation com três pontos e Socremo e BIG com dois pontos cada. (Evaristo Chilingue)

O Presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) defendeu, esta quarta-feira (22), que é preciso aumentar parcerias económicas e de saúde entre os Estados Unidos da América (EUA) e o continente africano para vencer a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) em África.

 

“A nossa humanidade colectiva está em jogo”, disse Akinwumi Adesina, durante uma reunião virtual do Conselho Corporativo de África, uma associação empresarial norte-americana que promove o comércio entre os EUA e os países africanos.

 

Adesina salientou que a Covid-19 “ameaça apagar o crescimento sem precedentes e os ganhos económicos alcançados durante a última década”, por isso, “África tem de duplicar os gastos na saúde”. Aproveitando o fórum, o dirigente apelou mais apoios e investimentos da comunidade empresarial norte-americana, com destaque para o sector farmacêutico.

 

Em comunicado citado pelo portal “Notícias ao Minuto”, o Presidente do BAD usou da ocasião para instar as instituições multilaterais para alinhar esforços relativamente à dívida dos países africanos e à gestão dos 'ratings', que têm sido sucessivamente revistos em baixa desde o início da pandemia.

 

Adesina faz esses apelos quase um mês após o BAD emitir uma dívida elevada na sua história, no valor de 3 mil milhões de USD, para angariar verbas para os países africanos contra a pandemia de Covid-19.

 

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, já infectou perto de 26 mil pessoas no continente africano, das quais 1250 morreram e 6.5 mil pessoas recuperaram. Moçambique contava até esta quinta-feira com 46 pessoas infectadas das quais 12 já venceram a doença.

 

O mundo contava com 2.6 milhões pessoas infectadas até esta quinta-feira, das quais cerca de 190 mil morreram e 700 mil recuperaram. (Carta)

A transacção de acções e negociação de obrigações (ou empréstimos para financiamento a economia) continuam a fluir com a normal estabilidade na Bolsa de Valores de Moçambique (BVM), mesmo com a crise provocada pela Covid-19, assegurou esta terça-feira (21), a Directora de Planeamento, Estudos, Cooperação e Educação Financeira da instituição, Glória Janeiro.

 

Em entrevista a “Carta”, Janeiro reconheceu que a eclosão e alastramento da Covid-19 pelo mundo, gerou uma incerteza na tomada de decisão dos agentes económicos para investir, consumir ou poupar, exportar/importar e distribuir ou armazenar. Acrescentou que por efeito da incerteza, tem-se registado um fluxo financeiro cada vez menor.

 

Todavia, “o mercado bolsista moçambicano permanece estável”, frisou a fonte. Para fundamentar a afirmação, a nossa interlocutora demonstrou que o Índice de Bolsa da BVM (indicador do desempenho médio dos preços de títulos, reflectindo o comportamento diário do mercado) registou no dia anterior (20), uma variação global positiva de 0.16% decorrente da negociação de obrigações e transacção de acções.

 

Segundo Janeiro, a estabilidade do mercado bolsista nacional é explicada ainda pelo facto de a negociação dos referidos títulos ser feita através de tecnologias de informação e comunicação (como é de costume), o que não exige a deslocação do agente económico junto dos operadores de Bolsa e, isto num contexto de restrições de circulação.

 

Outrossim, a nossa entrevistada explicou que os negócios ao nível da BVM continuam a fluir porque os agentes económicos continuam a operar, embora as restrições de circulação impostas estejam a afectar severamente algumas empresas.

 

Entretanto, em caso de introdução de medidas de nível quatro, o de confinamento (ou lockdown), para conter ainda mais a transmissão do coronavírus no país, o mercado bolsista poderá ver-se afectado, devido à maior incerteza, que irá gerar “menor participação dos agentes económicos na economia, proporcionando deste modo um fluxo financeiro cada vez menor, resultante da diminuição do volume de produção e da geração de rendimento”.

 

Em última análise, a Directora de Planeamento, Estudos, Cooperação e Educação Financeira da BVM garantiu que a instituição que dirige, tem estado a analisar e tomar medidas necessárias, à medida que o impacto da Covid-19 for mudando. (Evaristo Chilingue