Os preços de diferentes produtos e serviços continuam a disparar no país, agravando cada vez mais o custo de vida. Cebola, óleo alimentar, carapau e ovos frescos de galinha, açúcar castanho são dos principais produtos alimentares, indispensáveis no dia-a-dia cujos preços subiram nos últimos dias.
Dados recolhidos nas Cidades de Maputo, Beira e Nampula, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que, ao longo do mês de Abril do ano em curso, o país registou, face ao mês anterior, uma subida do nível geral de preços na ordem de 0,52%.
O INE apurou que as divisões de transportes e de alimentação e bebidas não alcoólicas foram as de maior destaque, ao contribuírem no total da inflação mensal com cerca de 0,23 e 0,17 pontos percentuais (pp) positivos, respectivamente.
“Analisando a variação mensal por produto, destaca-se a subida de preços de veículos automóveis ligeiros em segunda mão (5,4%), da cebola (15,0%), do óleo alimentar (5,8%), de capulanas (3,4%), do carapau (2,5%), de ovos frescos de galinha (12,1%) e do açúcar castanho (7,0%). Estes contribuíram no total da inflação mensal com cerca de 0,57pp positivos”, detalha a fonte.
No entanto, a autoridade estatística nacional observou que alguns produtos, com destaque para o tomate (8,2%), a couve (9,9%), o feijão manteiga (5,1%), o camarão fresco (10,0%) e as laranjas (35,5%), contrariaram a tendência de subida, ao contribuírem com cerca de 0,35pp negativos.
Ao longo dos primeiros quatro meses do ano em curso, o INE relata que o país registou uma subida de preços na ordem de 1,75%, apontando a divisão de alimentação e bebidas não alcoólicas, com maior destaque na tendência geral de subida de preços ao contribuir com aproximadamente 1,08pp positivos.
Analisando a inflação mensal pelos três centros de recolha que servem de referência para a inflação do país, o INE conclui que a cidade de Nampula teve, em Abril último, a inflação mensal mais elevada com 0,77%, seguindo-se as cidades de Maputo e da Beira com inflação de 0,55% e 0,13%, respectivamente. (Carta)
O preço de algodão por quilograma, no mercado nacional, poderá baixar significativamente na presente época agrária 2020/21, devido à depreciação do valor do produto ao nível internacional, por influência da Covid-19.
Na safra passada, 2018/2019, o quilograma de algodão custou 23 Meticais. Todavia, dados partilhados esta segunda-feira, em Maputo, pelo Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MADER) indicam que o preço do produto no mercado interno poderá situar-se muito abaixo do praticado na época finda.
Numa reunião que juntou representantes dos produtores, comerciantes, Instituto de Algodão de Moçambique, e dirigida pelo Ministro do pelouro, Celso Correia, a Directora de Serviços de Mercados, Ancha Ainadine, mostrou que, após uma análise do valor do algodão ao nível global e, por conseguinte, cálculo do preço de referência nacional, constatou-se que um quilograma de algodão custaria entre 18 a 19 Meticais na presente safra.
O preço não correspondeu às expectativas do Fórum Nacional dos Produtores de Algodão (FONPA). Contra as expectativas, Benilson Simoque, em representação do FONPA, sugeriu que permanecessem os 23 Meticais praticados no ano passado, como forma de incentivar os produtores.
“Esta proposta visa evitar o abandono dos produtores na área do algodão. Por isso o FONPA sugere que, pelo menos, permaneça o preço do ano passado”, afirmou Simoque.
Entretanto, para o representante dos compradores do algodão, em Moçambique, Francisco dos Santos, a proposta é favorável. Todavia, para não agravar a baixa renda dos produtores do algodão, actualmente situada entre 12 a 15 mil Meticais por ano, Dos Santos disse que os comerciantes aceitariam pagar até 19 Meticais por quilograma de algodão.
Ainda assim, observou a fonte, assumir que esse preço é um risco, pois, com o evoluir da crise pandémica, o valor do algodão poderá baixar ainda mais no mercado internacional.
Sem consenso, coube ao Ministro do pelouro, Celso Correia, deliberar pela suspensão da reunião que visava a fixação do preço de algodão ao nível nacional. A decisão, explicou Correia, visa dar tempo aos produtores, comerciantes e o Governo para discutir e fixar o preço aceitável.
Após a fixação do preço, o Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural deverá levar a proposta ao Conselho de Ministros para apreciação, aprovação e publicação. Informações colhidas no local indicam que o preço acordado deverá ser divulgado ainda este mês.
Refira-se que, na última safra, o MADER revelou, na ocasião, que o país produziu 45 mil toneladas de algodão e prevê, para a presente época, produzir 56 mil toneladas, um trabalho que conta, em todo o país, com 200 mil produtores. (Evaristo Chilingue)
O Ministério Público moçambicano propôs a dissolução da Proindicus, Ematum e MAM, considerando que a situação de liquidez das três empresas é inferior a metade do valor do capital social, avançou uma fonte da Procuradoria-Geral de Moçambique.
As propostas do Ministério Público moçambicano baseiam-se na análise dos relatórios de contas das três empresas e já foram submetidas ao Tribunal da Cidade de Maputo, indicou fonte da PGR, citada ontem pela Televisão de Moçambique (TVM).
As petições foram submetidas ao Tribunal da Cidade de Maputo nos dias 08 e 09 de abril e fundamentam-se no facto de as empresas terem suspendido as atividades por um período superior a três anos, acrescenta a fonte, que não avança, no entanto, o relatório de contas das empresas.
As três empresas estatais moçambicanas estão ligadas às dívidas ocultas, empréstimos de cerca de 2,2 mil milhões de dólares (dois mil milhões de euros) contraídas entre 2013 e 2014 em forma de crédito junto das filiais britânicas dos bancos de investimentos Credit Suisse e VTB.
Os empréstimos foram secretamente avalizados pelo Governo moçambicano da altura, sem o conhecimento do parlamento e do Tribunal Administrativo.
A operação acentuou uma crise financeira que levou Moçambique a entrar em incumprimento no pagamento aos credores internacionais ('default') e consequente afastamento dos mercados financeiros internacionais.
As dividas são alvo de processos judicias em Moçambique e nos EUA, devido a indícios de atividade ilícita na operação.
Os empréstimos foram avalizados pelo então ministro das Finanças, Manuel Chang, mas o Governo de Moçambique afirma que ele "não tinha autoridade" para assinar as garantias soberanas, que eram inconstitucionais e ilegais porque o parlamento de Moçambique não aprovou os empréstimos.
A denúncia apresentada pelo Governo de Moçambique alega que as três transações envolveram o pagamento de subornos a funcionários do executivo, incluindo Chang, que está detido na África do Sul desde 29 de dezembro de 2018, a pedido da Justiça dos Estados Unidos para julgá-lo em Nova Iorque por fraude, corrupção e lavagem de dinheiro. (Lusa)
A actividade empresarial sofreu queda acentuada no mês de Abril passado, devido à crise provocada pela Covid-19, mostram os dados do último inquérito, levado a cabo pelo Standard Bank, a 400 empresas moçambicanas do sector privado. Como consequência da queda, o inquérito aponta que os novos trabalhos diminuíram a um ritmo sem precedentes.
O principal valor calculado pelo inquérito é o Purchasing Managers’ Index (PMI). Indica que valores acima de 50,0 apontam para uma melhoria nas condições para as empresas no mês anterior, enquanto os registos abaixo de 50,0 mostram uma deterioração. Feito o inquérito, a conclusão foi: “o PMI caiu para 37,1 em Abril, uma descida sem precedentes, indicando uma deterioração acentuada na saúde do sector privado em Moçambique. Isto, em comparação com um registo de 49,9 em Março, consistente com condições estáveis para as empresas em termos globais”.
O relatório do inquérito aponta que medidas destinadas a reduzir a propagação do vírus, incluindo as restrições às viagens e a proibição à concentração de pessoas, tiveram um impacto substancial na procura, com a contracção dos números relativos ao emprego e à actividade de aquisição face ao agravamento no panorama para a actividade.
Relata ainda que cortes no emprego, nos salários dos trabalhadores e nos preços de aquisição levaram à primeira queda nos custos dos meios de produção da história do inquérito. Acrescenta que os encargos com as vendas continuaram a subir, mas apenas ligeiramente. “Três dos subcomponentes do índice principal também caíram para valores recorde em Abril: produção, novas encomendas e stock de aquisições. Estes valores assinalaram uma redução drástica na actividade, tendo as empresas associado essa situação à Covid-19 e às restrições do governo às deslocações”, detalha o inquérito.
O relato do PMI explica que a queda nos novos negócios foi a mais rápida na história da série (desde Abril de 2015) e provocou reduções massivas nas aquisições e nos inventários das firmas moçambicanas. Algumas empresas, relata a análise, referiram que o encerramento das fronteiras – em particular, com a África do Sul – dificultou a obtenção de meios de produção, tendo os prazos de entrega, por conseguinte, sofrido atrasos. O emprego caiu, pela primeira vez, em 18 meses, com as empresas a ajustarem os números da mão-de-obra face à pandemia.
“Entretanto, as encomendas em atraso diminuíram pela primeira vez desde Janeiro, em virtude da redução no número de encomendas recebidas. As empresas moçambicanas esforçaram-se duramente para reduzir os custos dos meios de produção durante o mês, devido à descida das vendas. Com a queda nas aquisições, os fornecedores reduziram acentuadamente os preços das matérias-primas, tendo os custos com o pessoal registado, também, uma descida devido a salários mais baixos”, acrescenta a fonte.
Por fim, o PMI mostra que as expectativas para a produção no prazo de um ano pioraram em Abril, pelo segundo mês consecutivo. Diz ser um sentimento mais fraco do que a média da série, tendo as empresas relacionado o pessimismo com a pandemia do vírus e o declínio em novos negócios. (Carta)
O Indicador do Clima Económico (ICE), expressão da confiança dos empresários do sector real, registou uma queda no primeiro trimestre de 2020, facto que pode estar associado à pandemia da Covid-19 que assola o mundo, desde o mês de Dezembro de 2019 e a incerteza instalada particularmente a partir do mês de Março, em Moçambique, quando foi diagnosticado o primeiro caso.
Dados publicados, semana finda, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) indicam que, no período em análise, o indicador caiu para 95.24 pontos, contra 96.11 pontos registados em igual período de 2019.
O INE concluiu que a tendência negativa da Confiança empresarial no primeiro trimestre deste ano deveu-se à degradação da confiança em todos os sectores de actividade inquiridos, destacando-se, em termos de amplitude, os sectores de alojamento e restauração e transportes que viram seus níveis de confiança reduzirem 22 e 9.2 pontos percentuais, respectivamente face ao mês de Fevereiro.
“O indicador da perspectiva da procura sofreu uma ligeira queda no primeiro trimestre de 2020 se comparado com o quarto trimestre de 2019, tendo o respectivo saldo continuado abaixo da média da respectiva série temporal. Essa perspectiva desfavorável da procura no primeiro trimestre deveu-se, em média, às avaliações negativas das perspectivas da procura nos sectores de alojamento e restauração que viram reduzidas as reservas, as hospedagens e dormidas, da produção industrial, dos transportes e de construção, com redução significativa do volume de encomendas de obras, o que permitiu suplantar a apreciação positiva dos restantes sectores no mesmo período em análise”, relata a fonte.
Por efeito da Covid-19, a autoridade estatística relata ainda que a perspectiva do emprego também registou uma queda no primeiro trimestre face ao quarto trimestre de 2019, facto que acontece pelo terceiro trimestre consecutivo. A queda, detalha o INE, deveu-se em média a uma depreciação da perspectiva de emprego nos sectores de alojamento e restauração, de comércio, de transportes, de construção e produção industrial, apesar do registo de incremento da perspectiva de emprego nos sectores de outros serviços não financeiros, no trimestre em análise.
Mesmo perante uma especulação de preços, de Janeiro a Março, a fonte explica que o indicador de perspectiva dos preços registou uma diminuição ligeira face ao trimestre anterior, tendo o respectivo saldo se situado acima do observado no trimestre homólogo de 2019. “Contribuíram para a previsão em baixa dos preços futuros no período em análise, a redução do indicador nos sectores de alojamento e restauração, de transportes, da produção industrial e da construção, facto que suplantou os sectores de outros serviços não financeiros e de comércio que viram as suas perspectivas de preço aumentarem no trimestre em análise”, aponta o INE.
Empresas com constrangimentos aumentam em 12%
A autoridade estatística nacional relata que, em média, 44% das empresas inquiridas enfrentaram algum obstáculo no primeiro trimestre de 2020, o que representou um aumento de 12% de empresas com limitação de actividade face ao trimestre anterior, facto que está em linha com o ICE que diminuiu. O INE explica que a situação foi influenciada pelo aumento de empresas afectadas por algum obstáculo no período de referência em todos os sectores, com maior destaque para os sectores de serviços de transportes (com 58% de empresas afectadas), de alojamento e restauração (52%), da construção (45%) e da produção industrial (41%).
O ICE constitui uma publicação mensal sobre a conjuntura económica de Moçambique. O estudo expressa opinião dos agentes económicos (gestores de empresas) acerca da evolução corrente da sua actividade e perspectivas no curto prazo, particularmente sobre emprego, procura, encomendas, preços, produção, vendas e limitações da actividade. (Evaristo Chilingue)
Decorreu, esta quinta-feira, na sede do Banco Único, uma acção de limpeza e desinfecção das máquinas de ATM. A medida visa reduzir o risco de contaminação e contágio da Covid-19, por parte dos clientes do Único e utentes no geral.
Elsa Graça, PCE interina do Banco Único, explica que a aplicação do produto será feita a nível nacional, em todas as máquinas ATM do Banco Único. “O desinfectante será aplicado de 30 em 30 dias em todas as nossas máquinas de ATM a nível nacional e assim conseguimos garantir aos utilizadores das nossas máquinas que o risco de contágio de COVID-19 é substancialmente reduzido e seguro para a sua saúde”.
O Banco Único explica ainda que o produto que será utilizado funciona, através da aplicação de uma camada de espinhos moleculares antimicrobianos e “é uma nova tecnologia de desinfecção física, inócua para os humanos e animais, mas mortal para uma ampla variedade de bactérias, fungos, leveduras e vírus, nomeadamente o coronavírus que causa a COVID-19. Este produto foi testado segundo a norma europeia EN14476 para várias estirpes de coronavírus, tendo revelado uma eficácia superior a 99,99% ao fim de cinco minutos”.
Não obstante este importante passo e outras acções já implementadas, o Banco Único mantém-se atento, de modo a garantir o pronto cumprimento das directrizes emanadas pelas autoridades competentes, bem como a aplicação de novas medidas que venham a ser definidas, em resposta a um agravamento do cenário da pandemia COVID-19, em Moçambique.