Em 2019, o saldo da balança comercial (relação de exportações e importações) deteriorou em 1.110 milhões de USD, devido ao aumento das importações em 10% em relação ao ano anterior, combinado com a redução de exportações em 9%, sobretudo as dos grandes projectos.
Do lado das importações, dados recentemente publicados pelo Banco de Moçambique, em Relatório de Conjuntura Económica e Perspectiva de Inflação, realçam o aumento de importação, no ano passado, de bens de capital (maquinaria), material de construção e automóveis.
Em termos acumulados, a balança comercial mostra que, em 2019, a importação dos referidos bens foi de 2.2 milhões de USD, contra 1.7 milhão de USD registados em 2018 (um aumento em 469 milhões de USD).
Por seu turno, o Relatório aponta que a redução das exportações resultou do efeito combinado da queda dos preços internacionais das mercadorias e do impacto negativo dos ciclones Idai e Kenneth sobre a produção e escoamento de alguns produtos de exportação, tais como carvão mineral, rubis e areias pesadas. No caso do alumínio, detalha o documento, os níveis de produção e consequente exportação foram condicionados pelas restrições no fornecimento de energia eléctrica.
Por consequência da redução das exportações, a balança comercial do Banco Central reporta que, em termos acumulados, os referidos produtos baixaram de 3.2 milhões de USD em 2018, para 2.5 milhões de USD em 2019, um abrandamento em 743 milhões de USD.
A maior dependência pelos mercados externos terá levado à depreciação da moeda nacional, o Metical, em relação ao Dólar norte-americano. No relatório do Banco Central consta que, desde Dezembro de 2019, até Fevereiro de 2020, o Metical depreciou face ao Dólar (4,58%) e ao Euro (1,91%), porém registou ganhos nominais de 0,91% face ao Rand. Todavia, em termos anuais, o regulador do sistema financeiro nacional relata que o Metical depreciou face ao Dólar em 3,10%.
“Apesar da deterioração da balança comercial, a conta corrente registou ganhos na ordem de 31,3%, a reflectir a redução no défice da balança de serviços. O saldo das reservas internacionais brutas aumentou para 3.921 milhões de USD, valor suficiente para cobrir mais de 6,8 meses de importações de bens e serviços, excluindo as importações dos grandes projectos”, conclui o Relatório. (Evaristo Chilingue)
A Agência para Promoção de Investimento e Exportações (APIEX) diz haver, no país, seis Zonas Económicas Especiais (ZEE), áreas criadas pelo Governo com o objectivo de acelerar o desenvolvimento económico do país, em especial dos territórios em que se instalam, através de isenções fiscais aos investidores.
Entretanto, das seis Zonas existentes em todo o território nacional, o Director-geral da APIEX, Lourenço Sambo, diz que apenas dois é que estão a funcionar. Em verdade, segundo Sambo, dessas duas, apenas a ZEE de Nacala, localizada na província de Nampula, é que está a funcionar devidamente, graças à infra-estrutura, neste caso o porto de Nacala, que dinamiza o fluxo do comércio e demais actividades praticadas naquele local.
A segunda, que funciona a conta-gotas, apontou a fonte, é a ZEE de Manga-Mungassa, criada em 2012 para ser instalada na cidade da Beira, província de Sofala. “Manga-Mungassa funciona a meio-gás. Foi criada para ser um entreposto de ferro e aço vindo de Zimbabwe, mas as coisas não estão a acontecer naquela zona”, lamentou Sambo em entrevista ao jornal.
Segundo a fonte, a insegurança que se tem vivido naquela zona centro do país tem muito contribuído para retrair investimentos para aquele local.
Em relação a outras Zonas, como a de Revúboè, no distrito de Moatize, em Tete, Sambo lamentou a falta de projectos âncoras que possam impulsionar o local. O nosso interlocutor explicou que, após criação da ZEE de Revúboè, identificou-se como projecto âncora a construção duma fábrica de produção de ferro e aço e seus derivados, incluindo infra-estruturas de apoio relacionadas. Todavia, tal projecto não está em implementação, reportou Sambo.
Em relação às restantes ZEE, nomeadamente, a das Ilhas Crusse e Jamali, focada ao turismo, de Mocuba na Zambézia, e Chimbunila, na província do Niassa, o Director-geral da APIEX disse que faltam infra-estruturas que possam atrair investidores. Destacou energia, vias de acesso e serviços básicos.
Por consequência, das referidas razões, “das seis Zonas Económicas Especiais, só duas é que estão operacionais. Há a de Manga-Mungassa na Beira, mas a meio-gás, e a de Nacala. Esta funciona. As outras não. A de Crusse-Jamal por exemplo, estamos ainda a lutar para ver se conseguimos investidores”, conclui Sambo.
Das ZEE, apenas a de Manga-Mungassa é de gestão privada, sendo que as restantes estão a cargo do Governo. (Evaristo Chilingue)
A Agência de Informação indiana, Hindustan Times, publicou, há dias, uma notícia, na qual afirma que o narcotráfico descobriu uma nova rota para introduzir a droga proveniente do Paquistão, em particular heroína, na Índia e a via inclui uma passagem pelo território nacional.
Em causa, afirma a Agência, citando a Narcotics Control Bureau (NCB), está o facto de, há dias, as autoridades daquele país asiático terem detido três pessoas e recuperado 14,5 kg da droga que estavam nas mãos dos viajantes.
De acordo com o KPS Malhotra, Director Regional da NCB, em Nova Deli, a apreensão representava um novo desafio para a agência, uma vez que a escolha de uma nova rota também significa que as agências de segurança nas fronteiras terrestres e marítimas foram capazes de frustrar, efectivamente, os planos para contrabandear heroína das rotas usuais.
A revelação sobre a nova rota ocorreu quando a NCB recebeu uma dica de que as drogas poderiam pousar em Nova Deli, capital indiana, depois de desembarcado na capital moçambicana. Na mesma semana, a NCB refere que montaram uma armadilha no Aeroporto Internacional Indira Gandhi e estudaram o movimento de passageiros de dois voos que partiram de Joanesburgo, na África do Sul, tendo-se verificado que duas mulheres carregavam heroína de 9,57 Kg.
Rajesh Nandan Srivastava, vice-Director geral da NCB, revelou que as duas mulheres são moçambicanas e que escondiam as substâncias para o contrabando, no forro de suas malas. Uma das “transportadoras” de droga havia visitado a Índia em Dezembro último.
Srivastava disse que as duas mulheres afirmaram que deveriam entregar a heroína a um homem na “Grande Noida”. O NCB afirmou ter invadido uma casa no sector nº 106, da Grande Noida e prendeu um morador de nacionalidade costa marfinense.
“Ele possuía 4,97 Kg de heroína. O valor total dos medicamentos recuperados das duas mulheres e seus receptores é de quase 60 milhões de Rupia no mercado internacional (equivalente a 52 milhões de Mts)”, disse a fonte.
Segundo conta a NCB, “na casa, a equipa encontrou 20 sacolas vazias cujos forros foram abertos. Sugeriu que esse consórcio estivesse usando esse modo de operação por algum tempo. Tendo a possibilidade de esconder quase cinco quilos de heroína em cada uma dessas sacolas, é provável que eles já tenham contrabandeado cerca de 100 quilos de heroína para a Índia num passado recente ”, afirmou ele.
O interrogatório dos suspeitos revelou que antes colectavam a heroína do Afeganistão e a traziam para a Índia via Paquistão. “Mas agora eles acham essa rota inviável devido a convulsões repetidas. Então, eles estão usando a rota de Moçambique ”, disse Malhotra.
Reagindo a essas apreensões, Rakesh Asthana, Director-geral da NCB, disse que o departamento está se fortalecendo em "mão-de-obra e frentes tecnológicas" para combater a ameaça das drogas de maneira mais eficaz.
De salientar que não é a primeira vez que cidadãs moçambicanas são detidas na Índia na posse de drogas diversas, em 2019, uma cidadã que responde pelo nome de Felizarda Alberto Bendane, de 36 anos de idade, foi presa pelas autoridades de Mumbai na posse de 3.4 kg de anfetaminas. Já em 2014, uma jovem de nome Joana Samuel Hunguana, na altura dos factos com 28 anos, foi detida no Aeroporto Rajiv Gandhi, em Nova Deli, na posse de 20kg de cetamina.
Estas detenções e denúncias das autoridades de Nova Deli ocorrem numa altura em que 13 cidadãos de nacionalidade paquistanesa estão detidos em Pemba, encontrados com 430 kg de heroína e Ice transportando num barco que circulava ao largo da Baía de Pemba, em Dezembro último. (Leia mais aqui: Adaptado da HindustanTimes/ O.O. – Carta de Moçambique)
A consultora Fitch Solutions previu ontem que a economia de Moçambique quase duplique este ano o crescimento de 2019, registando agora uma expansão de 4,3%, o que compara com os 2,2% do ano passado.
"No seguimento do abrandamento do PIB para 2,2% em 2019, prevemos que a economia de Moçambique se expanda 4,3% em 2020 e 4,4% em 2021", escrevem os analistas desta consultora detida pelo mesmo grupo que também é dono da agência de notação financeira 'Fitch Ratings.
No comentário, enviado aos clientes e a que a Lusa teve acesso, os analistas escrevem que "no ano passado, os ciclones Idai e Kenneth, acrescidos de fortes chuvas, prejudicaram a produção agrícola e os rendimentos de 71,3% da força de trabalho, limitando o consumo privado e causaram perturbações à produção e exportação mineiras".
Ainda assim, acrescentam, "a expectativa é que o impacto dos ciclones seja temporário, com a atividade económica a recuperar nos próximos trimestres".
As exportações do setor do gás natural, afirmam, vão expandir-se fortemente em 2022, "mas vão continuar limitadas sem apoio orçamental externo", escrevem, lembrando que entre 2007 e 2016, uma média de 53,7% do investimento público teve financiamento externo, o que sustentou um crescimento do PIB de, em média, 6,7% nesse período".
Os analistas notam que o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para o início de conversações relativamente a um programa de apoio financeiro é positivo e que "as reformas anexadas ao financiamento podem levar quer a um aumento da despesa pública, quer a uma melhoria no sentimento económico dos investidores externos, aumentando o crescimento económico moçambicano a longo prazo".
No entanto, concluem, "os riscos sobre esta previsão continuam elevados" devido às limitações nas infraestruturas e às preocupações sobre a corrupção e a insegurança, dado que "uma escalada na violência política ou na atividade dos insurgentes no norte do país pode limitar o investimento e adiar as exportações de gás natural liquefeito". (LUSA)
Continua tudo igual na fronteira entre a República de Moçambique e o Reino de eSwatini. Desde Novembro passado que o Reino de eSwatini (antes, Swazilândia) cobra 300 Rands aos transportadores semi-colectivos moçambicanos, que operam na rota Maputo-Manzini e, como consequência, a medida continua a prejudicar dezenas de operadores nacionais naquela rota.
Como “Carta” tem vindo a reportar, na altura, o eSwatini agravou a taxa de 80 para 300 Rands (aos semi-colectivos), alegadamente para retaliar os 100 USD que Moçambique cobra aos camionistas que vêm daquele reino.
Conforme apuramos ontem, os transportadores nacionais continuam a pagar 300 Rands nas fronteiras de Namaacha e Goba, porque o Governo ainda não se encontrou com o seu homólogo de eSwatini para a harmonização das taxas (quer de Moçambique, quer daquele reino).
“A reunião ainda não aconteceu”, disse ontem uma fonte, que integra a Comissão Interministerial (composta pelo Ministério das Obras Públicas e Habitação e dos Transportes e Comunicações), criada em Novembro para resolver o problema junto das autoridades de eSwatini.
É a segunda vez que tal encontro não acontece, depois de ter sido adiado, em Dezembro, devido à quadra festiva, para início de Fevereiro último. De acordo com a fonte, a demora deve-se ao facto de as autoridades daquele Reino estarem ainda a analisar o pedido do encontro feito por Moçambique, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação.
“Eles ainda estão a analisar o pedido do encontro para a harmonização das taxas. Era suposto ter acontecido em Fevereiro, mas tudo indica que só será este mês”, afirmou a fonte, sem avançar datas.
Enquanto a taxa continua elevada, maiores são os prejuízos para os transportadores nacionais que entram diariamente para aquele país. “O Governo prometeu, ficamos à espera, mas não vemos o resultado. O eSwatini continua sim a cobrar 300 Rands. Isso representa um custo significativo no nosso negócio”, disse também, ontem, Constantino Mauaie, vice-presidente para Área Internacional na Federação Moçambicana das Associações dos Transportadores Rodoviários (FEMATRO).
Como forma de minimizar os custos, os operadores nacionais faziam o transbordo de passageiros com os transportadores daquele Reino, que não pagam aquela taxa, na fronteira de Goba, distrito da Namaacha, na província de Maputo. Todavia, Mauaie disse que os operadores nacionais pararam de fazer o trespasse, alegadamente por criar transtornos aos passageiros.
Uma outra medida que a classe iria adoptar era aumentar o preço de bilhete de 80 para 100 Rands, mas de acordo com a nossa fonte, os operadores continuam a praticar o mesmo preço, embora oneroso, à espera da decisão do Governo. (Evaristo Chilingue)
Após aumentos mensais consecutivos, desde Setembro último, em Dezembro, o crédito reduziu em 3,5%. De acordo com o Banco de Moçambique, o facto resulta, essencialmente, da amortização das dívidas que as empresas detêm com a banca, após o pagamento de atrasados do Estado e saneamentos efectuados na carteira de crédito.
Em Relatório de Conjuntura Económica e Perspectiva de Inflação, divulgado há poucos dias, o Banco Central explica que, em resultado dessa queda, a variação anual acumulada passou, em Dezembro, para 5,1%. Todavia, a fonte frisa que o padrão de contribuição do crédito à economia por sectores institucionais não alterou, continuando as empresas privadas a ter maior peso na variação acumulada.
“Em termos anuais, o crescimento de 5,1% representa uma aceleração de 90 pb. A desagregação do crédito por moedas mostra que a componente em moeda nacional é a que mais contribuiu para o incremento total deste agregado, com uma participação de 9,4 pontos percentuais (pp), na variação total, perante uma contribuição negativa (de 4,3 pp) da componente em moeda estrangeira”, lê-se no Relatório.
O Relatório de Conjuntura Económica e Perspectiva de Inflação mostra que, durante o ano passado, o rácio do crédito em incumprimento manteve-se estável, ao se fixar nos 10,2%, em Dezembro de 2019, após 9,8%, em Outubro, numa conjuntura em que os saneamentos continuam a ganhar expressão na redução da carteira de crédito, factor que poderá estar a pesar na decisão de concessão de novos créditos. (Carta)