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Guy Mosse

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Continua a indignar o mundo o assassinato de cidadãos civis por agentes da PRM (Polícia da República de Moçambique), no âmbito dos protestos convocados por Venâncio Mondlane, em repúdio aos resultados eleitorais de 09 de Outubro e ao assassinato do advogado Elvino Dias e do mandatário do PODEMOS, Paulo Guambe.

 

Desta vez, a indignação vem da Associação Moçambicana de Juízes (AMJ) que, na quarta-feira, condenou a morte de “cidadãos indefesos”, baleados por agentes da Polícia, “numa actuação bastante desproporcional e de total falta de contenção policial”.

 

Segundo a agremiação, as manifestações transformaram-se num palco marcadamente de “extrema violência”, com danos humanos irreparáveis e prejuízos materiais avultados, quando se esperava que fossem ocorrer num quadro jurídico-constitucional de estrito respeito mútuo pelos direitos fundamentais de todos os intervenientes.

 

Num comunicado de imprensa divulgado esta quinta-feira, os juízes condenam também a actuação de cidadãos que, no lugar de exercer o seu direito de forma pacífica, “envolvem-se em actos de destruição de bens públicos e/ou particulares e, ainda, impedem a circulação dos demais”.

 

A censura, diz a AMJ, “estende-se aos outros concidadãos que, não estando propriamente nas marchas, aproveitam-se do momento para envolverem-se em actos de vandalismo, subtraindo e danificando bens alheios”.

 

Para a organização, que defende os interesses profissionais dos juízes, matar, ferir, destruir ou roubar são crimes de natureza pública, pelo que é sua expectativa que “o Ministério Público [Procuradoria-Geral da República] desencadeie a investigação e o competente procedimento criminal contra todos os intervenientes, sem qualquer excepção”.

 

Os juízes terminam apelando aos cidadãos, actores políticos, forças de defesa e segurança e outras instituições competentes para actuarem em conformidade com o Estado de Direito e Democrático e “em respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana”.

 

Lembre-se que desde o início das manifestações populares, a 21 de Outubro, pelo menos 50 pessoas foram assassinadas, em todo o país, sendo na sua maioria civis, vítimas da Polícia. (Carta)

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As autoridades de Migração na província de Cabo Delgado ainda não têm data definida para a reabertura da fronteira de Chacamba, com a República da Tanzânia, localizada no distrito nortenho de Nangade. O posto fronteiriço encontra-se fechado desde o ano passado, devido aos ataques terroristas.

 

Para chegar à Tanzânia e visitar familiares ou realizar outras actividades, a população de Nangade e de outros pontos de Cabo Delgado que utilizava a fronteira de Chacamba é obrigada a recorrer às fronteiras de Negomano, em Mueda, e Namoto, no distrito de Palma.

 

“Não se está a passar nada aqui desde o ano passado. Primeiro, ainda não abriram, e, segundo, as pessoas têm medo das forças de segurança, que fazem patrulhas todos os dias na fronteira”, confirmou um residente, acrescentando: "não temos outra opção; a única saída é ir para Mueda ou via Palma”.

 

O encerramento da fronteira de Chacamba também reduziu o comércio e afectou o serviço de táxi-mota, uma das principais actividades de rendimento para os jovens da região. “Nos últimos tempos, o táxi-mota não tem saída. Muitos jovens faziam esse serviço, indo da sede até à fronteira, e ganhavam dinheiro, mas agora não é possível”, lamentou a mesma fonte.

 

No entanto, em conferência de imprensa, na cidade de Pemba, o porta-voz do Serviço de Migração em Cabo Delgado, Ivo Sampaio, afirmou, sem revelar uma data específica, que a fronteira será reaberta. Segundo ele, já foram dadas instruções para a limpeza e manutenção das instalações, como parte dos preparativos para a sua reabertura. (Carta)

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Já tem data e local o encontro entre o Chefe de Estado e os quatro candidatos à Presidência da República, anunciado na terça-feira, por Filipe Nyusi, na sua comunicação à nação, no âmbito das manifestações populares, convocadas pelo candidato Venâncio Mondlane, em repúdio aos resultados eleitorais de 09 de Outubro.

 

De acordo com os convites endereçados aos quatro candidatos, a que “Carta” teve acesso, o encontro terá lugar às 16h00 do próximo dia 26 de Novembro, terça-feira, no Gabinete da Presidência da República.

 

Os convites foram enviados aos concorrentes à Ponta Vermelha na quarta-feira, 20 de Novembro, pelo Ministro na Presidência para Assuntos da Casa Civil, Constantino Bacela, e visam “discutir a situação do País no período pós-eleitoral”.

 

Refira-se que o candidato presidencial Venâncio Mondlane, actualmente em parte incerta, foi o primeiro a manifestar, publicamente, a sua disponibilidade para o encontro, porém, mediante uma “agenda muito clara”.

 

“Eu, Venâncio Mondlane, candidato suportado pelo partido PODEMOS, candidato vencedor das eleições presidenciais de 2024, aceito, sem reservas, esse diálogo, mas, como qualquer negociação, deve ter uma agenda”, afirmou o candidato, em mais uma transmissão em directo na sua página do Facebook.

 

Como forma de não ir ao encontro “no vazio”, Mondlane disse que vai submeter, hoje, na Presidência da República, “um ofício”, por si assinado, com a proposta de agenda da reunião, “sustentada pelos vários moçambicanos” que, segundo ele, foram dando as suas opiniões de como devia ser conduzido o diálogo, assim como as manifestações.

 

Venâncio Mondlane disse ainda que o diálogo deverá decorrer à porta aberta “ao público”, de modo que os moçambicanos tenham acesso ao conteúdo em debate. “Não devem ser diálogos à porta fechada, em segredo, para que a gente se acerte nos nossos segredinhos sem que o povo saiba”, disse Mondlane, exigindo a presença da imprensa, da sociedade civil e da comunidade internacional. (Carta)

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O candidato presidencial Venâncio António Bila Mondlane diz estar disponível ao diálogo entre o Presidente da República e os candidatos à Ponta Vermelha, tal como anunciou, na terça-feira, o Chefe de Estado, em sua comunicação à nação, no âmbito das manifestações populares em curso no país desde 21 de Outubro último.

 

Em mais uma transmissão em directo na sua página oficial do Facebook, feita ao início da tarde de hoje, Mondlane disse aceitar o desafio feito pelo Presidente da República de haver um encontro entre Filipe Nyusi e os candidatos à Presidência da República, nomeadamente, Lutero Simango (do MDM), Daniel Chapo (da Frelimo), Venâncio Mondlane (do PODEMOS) e Ossufo Momade (da Renamo).

 

“Eu, Venâncio Mondlane, candidato suportado pelo partido PODEMOS, candidato vencedor das eleições presidenciais de 2024, aceito, sem reservas, esse diálogo, mas, como qualquer negociação, deve ter uma agenda”, afirmou o candidato.

 

No entanto, para não ir a um encontro sem agenda, disse Mondlane, irá submeter amanhã, sexta-feira, na Presidência da República, “um ofício”, por si assinado, com a proposta de agenda, “sustentada pelos vários moçambicanos” que, segundo o político, ao longo do tempo foram dando as suas opiniões de como devia ser conduzido o diálogo, assim como as manifestações.

 

A agenda a ser proposta, assegurou, é composta por 20 pontos – selecionados de mais de 40 mil emails recebidos pelo político – que constituem os anseios do povo moçambicano e, após a sua entrada na Presidência da República, será partilhada com os moçambicanos para que tomem ciência do que foi entregue ao Chefe de Estado. “Não queremos diálogos que são feitos e o povo nem tem direito de dizer uma única palavra”.

 

Venâncio Mondlane disse ainda que o diálogo deverá decorrer à porta aberta “ao público”, de modo a que os moçambicanos tenham acesso ao conteúdo em debate. “Não devem ser diálogos à porta fechada, em segredo, para que a gente se acerte nos nossos segredinhos sem que o povo saiba”, disse Mondlane, exigindo a presença da imprensa, da sociedade civil e da comunidade internacional.

 

“Queremos evitar aqueles diálogos que iam a 100 rondas e o povo não sabia”, sentenciou o político, em referência ao diálogo político entre o Governo e a Renamo, que durou mais de dois anos no Centro Internacional de Conferências Joaquim Chissano.

 

Referir que na sua comunicação, Venâncio Mondlane não impôs condições de segurança para sua pessoa e muito menos garantias de que não ser detido a sua chegada à Maputo. Lembre-se que o político encontra-se, neste momento, em parte incerta. (Carta)

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O líder do Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), Albino Forquilha, disse ontem não ver “matéria” para a reunião pedida pelo Presidente moçambicano com os quatro candidatos presidenciais, defendendo a recontagem “transparente” dos votos para travar manifestações.

 

“O Presidente da República encontrou-se com partidos e agora está a pedir que os candidatos se encontrem com ele. O que quer conversar com candidatos? O que vai resolver, se a contenda sobre a justiça eleitoral é um processo matemático e se deve dizer quem ganhou e quem não ganhou?”, questionou o líder do partido que apoia o candidato Venâncio Mondlane, em declarações à Lusa, defendendo que a primeira ação deve ser a reposição da “justiça eleitoral”.

 

“Vão conversar o quê? Não vejo alguma matéria. Se está preocupado com o que está a acontecer é dizer ao Conselho Constitucional (CC) para fazer a confrontação dos dados com transparência”, acrescentou, defendendo igualmente que o processo deve ser testemunhado por observadores nacionais e internacionais e jornalistas visando a sua transparência.

 

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, convidou terça-feira os quatro candidatos presidenciais para uma reunião, incluindo Venâncio Mondlane, e disse que as manifestações violentas pós-eleitorais instalam o “caos” e que “espalhar o medo pelas ruas” fragiliza o país.

 

“Prometo que, até ao último dia do meu mandato, irei usar toda a minha energia para pacificar Moçambique, irei usar. Mas para que eu tenha sucesso nesta missão, precisamos de todos nós e de cada um de vocês (…). Moçambicanos têm de estar juntos para resolvermos os problemas”, disse Nyusi.

 

Na mesma declaração, o presidente do Podemos criticou as revisões pontuais à lei eleitoral em Moçambique, incluindo a eliminação das competências dos tribunais distritais de ordenarem a recontagem de votos nas eleições, atos da competência exclusiva do Conselho Constitucional, referindo que são “tentativa de proteger o derrotado” nas eleições.

 

“A recontagem de votos nos distritos seria feita na presença dos mandatários dos partidos, hoje como é que o CC vai poder fazer o mesmo trabalho sem a presença dos mandatários e outros intervenientes? Enviamos um conjunto de evidências e até agora não temos informações de se ter chamado algum mandatário”, criticou Albino Forquilha, assegurando que as manifestações são para manter até à reposição da “verdade eleitoral”.

 

“Continuaremos a fazer manifestações para pressionar que a justiça seja feita. Depois da decisão do CC quem recorre mais? Qualquer um que for a reclamar é considerado desobediente, então o momento para fazer essa investida é esse, antes da proclamação dos resultados”, concluiu.

 

O candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou terça-feira aos moçambicanos para cumprirem três dias de luto nacional pelas "50 vítimas mortais" nas manifestações pós-eleitorais, a partir de hoje, incluindo uma paragem e buzinão dos carros por 15 minutos.

 

Mondlane contesta a atribuição da vitória a Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), com 70,67% dos votos, segundo os resultados anunciados em 24 de outubro pela CNE e que ainda têm de ser validados pelo Conselho Constitucional. (Lusa)

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Jovens de vários extractos sociais saíram à rua esta quarta-feira, trajados de preto em vários pontos do país, em repúdio ao assassinato de pelo menos 50 pessoas pelas forças policiais durante as manifestações convocadas por Venâncio Mondlane em protesto aos resultados eleitorais anunciados pela Comissão Nacional de Eleições, que dão vitória à Frelimo e Daniel Chapo.

 

O traje resulta do anúncio, na terça-feira, de três dias de luto nacional, decretados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, em memória aos cinquenta mortos durante as manifestações contra a fraude eleitoral. Durante este período de luto, Mondlane apelou que todos vestissem de preto ou, pelo menos, usassem um item de cor preta (laço, luvas, chapéu, entre outros artigos).

 

O pedido foi acatado e ontem milhares de cidadãos saíram à rua de preto, em Maputo e Matola. Logo nas primeiras horas do dia, “Carta” fez uma escala em Malhampswene, um dos locais de maior concentração de vendedores e de diversos populares provenientes de diferentes bairros da cidade e província de Maputo, e observou algo diferente: a presença massiva do preto. Quase todos os vendedores e passageiros usavam roupa preta ou um avental, boné, lenço ou laço preto.

 

Aliás, para a nossa surpresa, vários operadores de transporte semi-colectivo que desaguam em Malhampswene exigiam uma peça preta como condição para que os passageiros tivessem acesso ao carro e pudessem se dirigir aos seus destinos.

 

Em conversa com Noémia Nhampossa, residente em Marracuene, contou que teve de vestir-se de preto para garantir a sua segurança na rua, enquanto se dirigia ao seu local de trabalho. “Depois de acompanhar a live de Venâncio Mondlane, ontem [terça-feira], em que ele apelava para que vestíssemos uma peça preta, decidi preparar uma saia e blusa preta para garantir a minha livre circulação”, contou.

 

Continuando, disse: “um facto curioso é que não foi nada fácil conseguir transporte hoje [ontem] devido à roupa que eu trajava. Na minha zona, há falta de transporte e dependemos muito de boleia paga em carros particulares para chegar à cidade. O que pude perceber é que muitos dos que nos dão essas boleias são frelimistas e, quando perceberam que grande parte dos que estavam na paragem estavam vestidos de preto, passavam e não aceitavam levar ninguém. Outros até paravam para espreitar da janela e, logo que viam alguém de preto, diziam: ‘Vocês são venancistas [referência aos que apoiam Venâncio Mondlane], por isso, hoje não vamos vos levar”.

 

Conversamos também com Hélio Mateus Cuna, residente na cidade da Matola, que contou à nossa reportagem que, na noite de terça-feira, quando se apercebeu de que a sua esposa estava engomando uma camisa vermelha, ordenou que ela trocasse por uma preta para evitar que lhe partissem os vidros do carro na estrada.

 

“Eu vesti-me de preto em respeito ao luto, porque 50 vidas se foram a defender a nossa causa e isso não é pouco. Não sou pró nem contra o venacismo, mas gosto de ser justo. Foram vários inocentes que deram o peito à bala para defender um futuro melhor do nosso país. Mas, uma das maiores razões que me fez vestir um fato preto e uma camisa preta foi para conseguir sair de casa e voltar em segurança, porque alguns oportunistas nas ruas acabam se aproveitando dessas situações para partir os vidros, principalmente quando percebem que você não acata o que Venâncio diz”, disse Cuna.

 

Cruzamos também com Helena Lopes Loforte e Judite Laura das Neves, vizinhas e colegas de trabalho, ambas vestidas de preto da cabeça aos pés. As duas residem no bairro Patrice Lumumba e contaram que, logo nas primeiras horas, os “modjeiros” (aqueles que são responsáveis pela busca de passageiros) estavam a mandar descer todo o passageiro que tentasse subir no transporte público sem roupa preta. Para sorte delas, não fugiram ao protocolo.

 

“Na verdade, eu vesti roupa preta por medo do que poderia acontecer na rua. Eu trabalho num local onde não posso faltar, sob o risco de perder o emprego. Então, para garantir a minha ida segura, vesti a roupa preta. Eu sou do Venâncio, eu estou com o povo, eu sinto pelas vidas que se foram, mas o meu preto de hoje foi mesmo pela minha segurança”, disse Helena.

 

“Na empresa onde trabalhamos, o meu supervisor procurou saber se estávamos de preto ou não. E, logo que o ponteiro indicou 12h00, todas as máquinas foram desligadas e fizemos uma oração em memória às 50 mortes. Foi bonito de ver. Alguns colegas murmuravam e diziam que o trabalho estava atrasado por conta de infantilidades e pessoas usadas pelo Venâncio”, frisou Judite.

 

Outro facto curioso anotado pela nossa reportagem foi quando tomamos o transporte da cidade da Matola para Malhampsene, em que todos os passageiros estavam vestidos com uma peça preta, incluindo o cobrador e o motorista. Durante o percurso, o cobrador procurou saber se todos estávamos de preto para prosseguir com a viagem, pois, em Malhampsene foi estabelecida como condição levar apenas os passageiros “de preto”.

 

Convidado a pronunciar-se sobre o momento actual, Luarte Simão Rungo, cobrador daquele transporte, disse que o preto para ele tinha um significado muito importante e que continuaria a usá-lo até novas ordens de Venâncio Mondlane.

 

“Eu vi um vizinho perder a vida vítima de uma bala disparada pela Polícia, vítima da covardia daqueles que trabalham para a Frelimo, vítima da reivindicação dos nossos direitos... Ele lutou por nós, lutou para que fôssemos libertos. Vestir preto é pouco para mostrar solidariedade por essas vítimas que morreram para termos melhores condições neste país.”

 

Refira-se que, além de “decretar” três dias de luto nacional, Mondlane apelou para a recontagem dos votos, em vez de novas eleições, e uma homenagem bem prestada aos mártires da revolução. (M.A.)

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Passam hoje, 21 de Novembro de 2024, 32 dias após o início das manifestações populares, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio António Bila Mondlane, em protesto contra os resultados das eleições do dia 09 de Outubro, que dão vitória à Frelimo, partido no poder, e seu candidato Daniel Chapo, com mais de 73% dos votos.

 

Convocadas, inicialmente, em forma de greve geral, com intenção de paralisar a actividade económica, as manifestações logo cedo tornaram-se de rua e generalizadas, por um lado, por conta do assassinato bárbaro do advogado Elvino Dias e do mandatário do PODEMOS, Paulo Guambe, e, por outro, devido à intransigência da Polícia em permitir marchas pacíficas nas ruas de Maputo.

 

primeira convocatória às manifestações foi anunciada no dia 16 de Outubro (uma quarta-feira) pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, numa comunicação à nação feita através da sua página oficial do Facebook. A convocatória visava apenas a paralisação da actividade económica em todo o país e foi feita dias depois de as Comissões Provinciais de Eleições anunciarem a vitória da Frelimo e Daniel Chapo nas eleições presidenciais, legislativas e provinciais, contrariando os resultados da contagem paralela do PODEMOS, que dão vitória ao partido e ao seu candidato.

 

“Este é o momento chegado para anunciar, a todo o povo moçambicano, o passo a seguir (…): vamos começar nesta segunda-feira [21 de Outubro]. Quando forem 00h00, acionamos uma greve nacional geral, paralisação de toda a actividade pública e privada do Rovuma ao Maputo e do Zumbo ao Índico, em todo o território nacional”, anunciou, afirmando que o dia devia servir também para exibição de cartazes de repúdio à ditadura instalada no país há 50 anos.

 

No entanto, o assassinato do advogado e mandatário de Venâncio Mondlane, Elvino Dias, e do mandatário do PODEMOS (partido que suporta candidatura presidencial do político), Paulo Guambe, na noite do dia 18 de Outubro (dois dias depois do anúncio da greve geral), mudou o rumo da primeira convocatória, passando para uma marcha pacífica em repúdio não só aos resultados eleitorais, mas também ao duplo homicídio.

 

“Vai ser a primeira etapa, pacífica, em que nós vamos paralisar toda a actividade pública e privada. Vamos para a rua com os nossos cartazes, vamos manifestar o nosso repúdio”, anunciou o político, no sábado do dia 19 de Outubro, após visitar o local onde o seu assessor jurídico foi crivado com 25 balas.

 

A segunda-feira chegou e centenas de jovens apoiantes do candidato deslocaram-se à Praça da OMM (local onde ocorreu o duplo homicídio) com o objectivo de marchar em repúdio ao assassinato de Elvino Dias e Paulo Guambe. No entanto, no lugar de contar com a escolta da Polícia, os manifestantes encontraram nos homens da lei e ordem uma barreira humana por transpor.

 

Armadas e transportadas em BTR, as diferentes especialidades da PRM (Polícia da República de Moçambique), com destaque para Unidade de Intervenção Rápida, começaram a lançar gás lacrimogéneo e a deter ilegalmente dezenas de cidadãos. Da acção policial, não escaparam o candidato presidencial e os jornalistas, que também foram obrigados a inalar o fumo do gás lacrimogéneo e em directo em televisões estrangeiras, como a portuguesa RTP e a alemã DW.

 

Com o lançamento do gás lacrimogéneo sobre os manifestantes, ao candidato presidencial Venâncio Mondlane e jornalistas, começou o caos, que se espalhou por diversos bairros da capital do país, com destaque para os bairros de Maxaquene, Urbanização, Mafalala, Munhuana, que foram os primeiros “marcos” da resistência contra a brutalidade policial.

 

Marcha nos bairros e “os 25 dias de terror”

 

Cumprido o primeiro dia da manifestação, cuja marcha foi impedida pela Polícia, Venâncio Mondlane anunciou o prosseguimento das marchas, mas com a particularidade de estas serem realizadas em todos os bairros e distritos, como forma de evitar bloqueios da Polícia. O plano, disse, era proporcionar 25 dias de terror ao Governo da Frelimo, em homenagem às 25 balas descarregadas sobre Elvino Dias e Paulo Guambe.

 

A segunda fase, tal como foi apelidada por Venâncio Mondlane, decorreu nos dias 24 e 25 de Outubro, em todo o país, tendo se prolongando até ao dia 26 em alguns distritos, como foi o caso do distrito de Mecanhelas, no Niassa, onde a Polícia matou e feriu cidadãos sob olhar impávido e cúmplice dos membros da Frelimo, que iam comemorando a chacina dos seus compatriotas.

 

Foi nesta fase em que se assistiu aos primeiros casos de incêndio de unidades policiais, viaturas e sedes do partido Frelimo. Os bairros Luís Cabral, na Cidade de Maputo, e Trevo, na Matola, foram pioneiros no arremesso de pedras e queima de viaturas de particulares, enquanto na Localidade de Chalaua, distrito de Moma, província de Nampula, queimava-se Posto Policial e viatura da Polícia.

 

Com as manifestações populares a atingirem níveis assustadores – com a Polícia a executar pessoas a sangue frio e com os manifestantes a destruírem bens públicos e privados – o Governo começou a restringir o acesso à internet móvel e a bloquear as redes sociais. O ensaio da medida ditatorial começou no dia 25 de Outubro (sexta-feira) e materializou-se, com maior incidência, a partir do dia 31 de Outubro, no início da terceira fase das manifestações.

 

Aliás, a terceira fase, que durou oito dias, começou no dia 31 de Outubro e prolongou-se até ao dia 07 de Novembro. Nesta fase, os manifestantes foram orientados a marchar para a capital do país, com objectivo de ocupar as principais avenidas de Maputo. Os que não podiam deslocar-se à Cidade de Maputo, deviam manifestar-se em frente às sedes da Frelimo e dos órgãos eleitorais a nível distrital e provincial.

 

A marcha sobre Maputo teve lugar no dia 07 de Novembro, o último dia das manifestações nesta fase. Neste dia, a Avenida Eduardo Mondlane recebeu centenas de jovens oriundos de diversos bairros de Maputo e Matola e viu, pela primeira vez, o fumo negro da queima de pneus. Houve barricadas colocadas pelos manifestantes numa das maiores avenidas da capital.

 

Milhares de manifestantes foram bloqueados à entrada do centro da cidade de Maputo, concretamente nos cruzamentos das Avenidas Joaquim Chissano e Acordos de Lusaka, assim como junto à Praça da OMM. Igualmente, a Polícia impediu a entrada de centenas de jovens na cidade de Maputo, oriundos de diversas províncias do país.

 

Nesta fase, uma das mais violentas desde o início das manifestações (com maior número de casos de baleamento de civis por Polícias e de vandalização de bens públicos e privados), um agente da Polícia (que estava a paisana) foi morto pelos manifestantes com “pedradas” no Município da Matola, por alegadamente ter assassinado uma criança. Já a Fronteira de Ressano Garcia foi incendiada depois de um agente da Migração ter alegadamente matado um protestante.

 

A internet móvel, neste momento, começou a ser fornecida durante quase 11h por dia (entre as 08h00 e as 19h00), pois, à noite havia um “recolher obrigatório digital”. O acesso às redes sociais era feito com recurso à rede privada virtual, uma alternativa que continua actual em algumas horas do dia.

 

Até esta fase, sublinhe-se, a violência era assistida, com maior incidência, nas cidades de Maputo, Matola, Nampula, Nacala-Porto e Tete e nos distritos de Mecanhelas e Moma. Com menor expressão, também tinha sido registada na Cidade de Chimoio, em Manica.

 

“Panelaço” à noite e buzinadelas ao meio-dia

 

Concluídos os primeiros 11 dias de “terror”, Venâncio Mondlane convocou a quarta e última fase das manifestações que, nas suas palavras, seria dividida em diversas etapas, sendo que a primeira decorreu entre os dias 13 e 15 de Novembro, com objectivo único de bloquear portos, fronteiras e marchar nas capitais provinciais.

 

Com o espetro da violência a pairar, os portos de Maputo, Nacala-Porto e Matola estiveram quase encerrados, enquanto o da Beira funcionava a “meio-gás”. Já as fronteiras também funcionavam a “meio-gás”, excepto a de Ressano Garcia, na Moamba, que esteve encerrada durante as tardes e noites dos três dias e condicionada ao longo das manhãs.

 

A maior fronteira terrestre do país esteve literalmente tomada pelos manifestantes durante os três dias, que até tornaram o asfalto da Estrada Nacional Nº 4 em pista de dança. Nem o contingente militar enviado àquele posto fronteiriço foi capaz de intimidar os protestantes que, aliás, iam desfilando lado-a-lado com as diversas especialidades da Polícia e das FADM (Forças Armadas de Defesa de Moçambique).

 

Logo no primeiro dia da nova etapa das manifestações, a província da Zambézia entrou em cena, com a Polícia a impedir a marcha de apoiantes de Manuel De Araújo, Edil de Quelimane, lançando gás lacrimogénio e disparando balas de borracha e reais sobre os manifestantes. Acção causou tumultos e um adolescente de 16 anos de idade foi assassinado pela Polícia, quando se encontrava num mercado a comprar roupa usada para revender.

 

Já no distrito de Inhassunge, ainda na Zambézia, terra donde Elvino Dias é natural, manifestantes incendiaram o Comando Distrital da Polícia, duas viaturas (uma da Polícia e outra do STAE) e mataram o Vice-Presidente da Comissão Distrital de Eleições, indicado pela Frelimo.

 

Quando eram 21h00 de sexta-feira, 15 de Novembro, último dia das manifestações nesta fase, as panelas, vuvuzelas, apitos, latas e tambores entravam também no lote de meios de protesto, com a estreia do “panelaço” a nível dos bairros suburbanos de Maputo e Matola, depois de as mesmas terem soado no centro da Cidade de Maputo na noite do dia 04 de Novembro.

 

O festival da panela prolongou-se até segunda-feira e, na tarde da última terça-feira, Venâncio Mondlane anunciou um luto nacional de três dias em homenagem aos “mártires do panelaço”. O líder “espiritual” das manifestações explicou que, durante o luto, que decorre até amanhã, os manifestantes deverão trajar-se de preto e, ao meio-dia, os condutores devem paralisar as suas viaturas e buzinar por 15 minutos, enquanto os peões levantam os cartazes. Já pelas 21h00, as famílias deviam retomar o “panelaço”.

 

Dados recolhidos por organizações da sociedade civil em todo o país indicam que os protestos já causaram a morte de pelo menos 50 pessoas, na sua maioria civis assassinados pela Polícia. Até ao dia 05 de Novembro, a Associação Médica de Moçambique reportava 108 baleamentos, dos quais 16 haviam resultado em óbitos. Igualmente, reporta-se mais de 500 detidos.

 

No entanto, nesta terça-feira, o Presidente da República reportou a morte de 19 pessoas, das quais cinco polícias, e o ferimento de 807 pessoas, entre elas, 66 agentes da Polícia. Não revelou o número de detidos. Defendeu que os confrontos entre a Polícia e os manifestantes deveram-se à falta de observância de alguns pressupostos de uma manifestação.

 

Este é o retrato dos primeiros 15 dias das manifestações, que completam hoje 32 dias desde o seu início. Até amanhã, o país irá contabilizar 17 dias de manifestações, de um total de “25 dias de terror” anunciados por Venâncio Mondlane.

 

Até à sua última actualização, no dia 12 de Novembro, o Presidente da CTA (Confederação das Associações Económicas de Moçambique) anunciava um prejuízo de 24,8 mil milhões de Meticais à economia moçambicana, dos quais 2,8 mil milhões de Meticais frutos de vandalização. (Abílio Maolela)

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Mensagem da HELVETAS Moçambique

 

O mundo celebra, a 19 de Novembro, o Dia Mundial da Latrina, com o objectivo de consciencializar às comunidades/famílias sobre a importância do acesso ao saneamento gerido de forma segura. Sob o lema: “Minha Latrina, Minha Responsabilidade no Saneamento Seguro” a efeméride visa instigar à tomada de acção para enfrentar a crise de saneamento global e alcançar o Objectivo de Desenvolvimento Sustentável nº 6: Água e Saneamento para todos até 2030.

 

Moçambique avançou significativamente na criação de políticas públicas para o sector de água, saneamento e higiene (ASH). Ainda assim, apenas 37% da população tem acesso a serviços de saneamento básico. Os números de acesso variam muito entre as zonas rurais e urbanas, com taxas de acesso nas grandes cidades próximas dos 60% e inferiores a 2% nas zonas rurais.[1]

 

Há necessidade de alinhamento entre o sector de água e de saúde, visto que parte considerável dos centros de saúde, sobretudo nas zonas rurais não possuem infra-estruturas para provisão de água segura e acessível. O saneamento e água canalizada, especialmente para as áreas consideradas críticas, é um requisito indispensável para o funcionamento pleno das unidades sanitárias e a provisão de serviços de saúde de qualidade.

 

Estima-se que 15% dos pacientes adquirem infecções nas unidades durante atendimento intra-hospitalar e o peso de infecções associadas à assistência à saúde nos países em desenvolvimento é alto.

 

De acordo com o último Relatório Global sobre WASH nas US (OMS, 2020), em 2019, apenas 54% dos centros de saúde das zonas rurais em Moçambique tinham um serviço básico de água; 98% não têm um serviço de saneamento básico com pelo menos uma casa de banho dedicada aos funcionários e uma para os utentes (homens e mulheres devidamente separados) e favorável a higiene menstrual; pelo menos um banheiro acessível para pessoas com mobilidade limitada. Somente 40% das US têm pontos para lavagem das mãos com água corrente e sabão ou desinfectante. Mais de 29% não separam ou descartam os resíduos hospitalares de forma segura e 58% têm funcionários treinados sobre protocolos de limpeza.

 

Portanto, o fortalecimento do nosso sistema nacional de saúde, passa igualmente, por melhorar os serviços e condições de ASH nas unidades sanitárias, nas comunidades e no ambiente em geral que constitui o nosso habitat. O saneamento seguro, incluindo a domiciliar, constitui um dos primeiros e principais mecanismo de protecção e prevenção de doenças preveníeis, o que em última instância, pode conduzir para melhor priorização do orçamento alocado a este sector.  Neste sentido, a HELVETAS Moçambique através do projecto Promoção da Saúde em Cabo Delgado, está a promover serviços na construção de infra-estruturas de ASH nas Unidades Sanitárias, refletindo o nosso contributo ao país no que tange o acesso seguro aos serviços de ASH, visando o alcance do SDG 06 – um compromisso global e nacional para qual todos somos chamados a contribuir.

 

A melhoria do saneamento do meio e as boas prácticas de higiene são cruciais para a saúde pública, incluindo a redução das doenças de origem hídricas. O saneamento básico tem impacto directo no bem-estar da população, no que diz respeito ao aumento da produtividade, renda, privacidade, dignidade, educação e segurança alimentar, os quais melhoram a qualidade de vida das comunidades no geral, com maior destaque para as mulheres e crianças.

 

Os serviços de ASH são investimentos inteligentes nestes tempos desafiadores de pandemia global, ao se constituírem como primeiros factores de defesa para retardar a disseminação de surtos. Por isso, apelamos para urgência de garantir condições melhoradas de água, saneamento e higiene nos serviços públicos de saúde e nas comunidades.

 

[1] Usaid Saneamento De Pequenas Cidades (STS) | Mozambique | U.S. Agency for International Development

 

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O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, apelou ontem à contenção por parte das autoridades moçambicanas e pediu que seja possível a “expressão das diversas opiniões”.

 

“Um apelo à calma, um apelo àquilo que é a expressão das diversas opiniões, das diversas posições e que se façam pacificamente”, disse António Guterres, em conferência de imprensa na cidade brasileira do Rio de Janeiro, questionado pela imprensa portuguesa.

 

O secretário-geral da ONU, que se encontra no Rio de Janeiro para participar na cimeira de líderes do G20, grupo das 20 maiores economias do mundo, deixou ainda um desejo para que “as autoridades tenham também a contenção necessária para garantir que os problemas de Moçambique sejam resolvidos em paz”.

 

Guterres frisou ainda que o “respeito pelo funcionamento das instituições” deve ser preservado. No sábado, a plataforma eleitoral Decide estimou que 22 pessoas morreram, mais de metade em Maputo, em três dias de manifestações de contestação aos resultados das eleições gerais moçambicanas de 09 de outubro, além de 23 baleados e 80 detidos.

 

Moçambique viveu sexta-feira o terceiro dia da denominada "terceira fase" da quarta etapa de paralisações e manifestações de contestação dos resultados eleitorais convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que nega a vitória de Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), com 70,67% dos votos.

 

Segundo a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este afirmou não reconhecer os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional, que não tem prazos para esse efeito e ainda está a analisar o contencioso.

 

Após protestos nas ruas que paralisaram o país nos dias 21, 24 e 25 de outubro, Mondlane convocou novamente a população para uma paralisação geral de sete dias, desde 31 de outubro, com protestos nacionais e uma manifestação concentrada em Maputo na quinta-feira, 07 de novembro, que provocou o caos na capital, com diversas barricadas, pneus em chamas e disparos de tiros e gás lacrimogéneo pela polícia, durante todo o dia, para dispersar. (Lusa)

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Enquanto aos microfones de televisões e rádios, o Governo e outros órgãos de Estado defendem, de unhas e garras, que apoiam as manifestações pacíficas por estarem previstas na Constituição da República, na rua a realidade é outra.

 

Depois de rechaçar a marcha pacífica do candidato presidencial Venâncio Mondlane, no passado dia 21 de Outubro, e de tentar, sem sucesso, impedir médicos de marchar em repúdio à violação dos direitos humanos, no dia 05 de Novembro, a Polícia da República de Moçambique (PRM) voltou a impedir mais uma marcha pacífica, em Maputo, desta vez organizada pelos professores.

 

A marcha dos professores foi anunciada semana finda e o roteiro fornecido à Polícia, mas esta não quis deixar os seus créditos em mãos alheias. Lançou gás lacrimogénio sobre os professores e deteve cinco. A manifestação visava pressionar o Governo a pagar as horas extraordinárias de 22 meses em atraso e a proporcionar melhores condições salariais, além dos devidos ajustes na Tabela Salarial Única (TSU).

 

À “Carta”, os professores confirmaram que a marcha foi comunicada ao Município de Maputo e às autoridades policiais e que o roteiro foi aprovado por elas. “Mas, quando decidimos iniciar a nossa caminhada, fomos imediatamente impedidos e uma voz soou dizendo: Chega de manifestações aqui em Maputo”, parafraseando o Comandante-Geral da Polícia e o Ministro do Interior, que disseram “basta” às manifestações, em violação clara do artigo 51 da Constituição da República.

 

"Hoje, esta Polícia está a disparar contra nós que estamos apenas preocupados em reivindicar os nossos direitos. Diante destas cinco detenções dos nossos colegas, se o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH) não resolver os nossos problemas, o processo dos exames ficará condicionado", disse Isac Marrengula, da Associação Nacional dos Professores (ANAPRO), organização que convocou a manifestação.

 

De acordo com a fonte, vários órgãos de comunicação nacionais (sobretudo as emissoras de TV) foram proibidos de cobrir a marcha dos professores. A maior parte dos órgãos de comunicação presentes na marcha eram internacionais.

 

“Os que mandaram boicotar a cobertura da nossa marcha pelas TV de maior expressão devem estar bastante envergonhados neste momento. No entanto, acabaram por nos dar maior visibilidade, principalmente ao nível internacional. Ficou claro que nossas televisões seguem à risca as chamadas 'ordens superiores'”, referiu Marrengula.

 

Vale ressaltar que a marcha aconteceu sob forte vigilância da Polícia, fortemente armada, que escoltou os professores do Museu até à estátua de Eduardo Mondlane, onde os docentes empunhavam cartazes e gritavam: "O professor é povo". Os cinco detidos foram restituídos à liberdade. (M.A.)

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