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Actualizado de Segunda a Sexta

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Redacção

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O CEO do Banco UBA, empresário e filantropo africano, Tony Elumelu, defende que a juventude focada no empreendedorismo pode desempenhar um papel eficaz no combate às alterações climáticas, numa altura em que os impactos ganham uma tendência impactante.

 

De acordo com o CEO, ao longo do tempo, as empresas africanas não criaram valor no continente, devido a sua apetência em obter lucros a curto prazo em detrimento de investimentos a longo prazo, capazes de fomentar o empreendedorismo juvenil, capaz de fazer crescer empresas e assegurando emprego sustentável, como mecanismo para alcançar soluções climáticas a longo prazo.

 

Revela que, em 2010, preocupado com a escalada da pobreza, criou a Fundação Tony Elumelu (TEF) e atribuiu 100 milhões de dólares para identificar, orientar e financiar jovens empreendedores africanos.

 

“Jovens com ideias brilhantes e vontade de enfrentar os desafios mais prementes do continente. Faltava-lhes capital, contactos e mentores. Faltava-lhes sorte. Queríamos mudar isso. Foi uma aposta ousada com o objetivo de capacitar o grupo demográfico mais vulnerável e populoso de África, incentivando-o a criar a sua própria riqueza, em vez de depender da ajuda. E a aposta valeu a pena”, disse em comunicado de imprensa.

 

A nota cita que, desde a sua criação, a fundação já capacitou 20.000 empresários em 54 países africanos, que criaram 400.000 empregos diretos e indirectos e geraram mais de 2,3 mil milhões de dólares em receitas. Proporcionamos acesso à formação empresarial a mais de 1,5 milhões de jovens.

 

“Dada a dimensão da tarefa, estabelecemos parcerias com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV), a União Europeia (UE) e outros parceiros para aprofundar o nosso alcance e impacto. Disponibilizamos financiamento, orientação, formação empresarial e apoio a empresários - especificamente, em regiões frágeis, zonas de conflito e comunidades carenciadas”, referiu, assegurando que dos 20.000 jovens empresários que a TEF capacitou, "mais de 500 estão a resolver, direta ou indiretamente, desafios relacionados com as alterações climáticas e mais de um terço (35%) trabalha no sector agrícola”.

 

A fonte garante que capacitar jovens é o único mecanismo para criar um motor dinâmico que impulsiona o crescimento económico e o desenvolvimento em todo o continente. “Estes empresários tornam-se também pilares vitais de apoio nas suas comunidades. Não só estão a criar empregos e rendimentos essenciais, como também estão a ajudar as famílias e a quebrar o ciclo da pobreza. E agora, mais do que nunca, é o momento de colocar uma lente climática neste empreendedorismo”, vincou.

 

Partilhou dados que apontam que África está a aquecer mais rapidamente do que o resto do mundo. Estima-se que, até 2030, 118 milhões de africanos enfrentarão secas e a subida do nível do mar ameaça as regiões costeiras, podendo deslocar milhões de pessoas.

 

Lamenta que as alterações climáticas estejam a impedir o acesso a bens de primeira necessidade às pessoas, designadamente, água, eletricidade, alimentos e educação. “Mas estes desafios também oferecem oportunidades extraordinárias para aqueles que têm uma mentalidade empreendedora para combater as alterações climáticas, criando simultaneamente um valor económico significativo”, apontou.

 

Avança a necessidade de melhorar a sustentabilidade dos pequenos agricultores, que constituem 80% de todas as explorações agrícolas na África Subsariana e empregam 60% da força de trabalho do continente, questionando, que estratégias podem ser empregues pelas nações africanas com vastas florestas. (Carta)

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O MISA-Moçambique repudiou, esta segunda-feira, o ataque aos jornalistas protagonizado por agentes da Unidade de Intervenção Rápida (UIR), durante a cobertura da manifestação pacífica convocada pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane. O acto aconteceu na manhã de hoje, durante uma entrevista, em directo, concedida pelo candidato presidencial à estação pública de Rádio e Televisão de Portugal (RTP).

 

Em concreto, a Polícia lançou gás lacrimogéneo para o local onde os jornalistas conduziam a entrevista, facto que resultou no ferimento de pelo menos dois operadores de câmara. O momento foi filmado em directo pela RTP e por outras cadeias de televisão estrangeira, com destaque para Deutsche Welle (DW), da Alemanha.

 

“O MISA repudia o acto e apela às Forças de Defesa e Segurança a terem uma actuação profissional. Mesmo reconhecendo que a sua actuação pode requerer o uso de gás lacrimogéneo, tal não deve ser indevidamente feito e restringindo o direito das liberdades de expressão e de imprensa”, defende a organização, instando as autoridades a evitar o uso indevido da força e a respeitarem as liberdades de expressão, manifestação e de imprensa.

 

A organização, que se dedica à defesa dos direitos dos jornalistas, exige que seja feita uma investigação sobre o ataque aos jornalistas, para se apurar as responsabilidades. “O MISA vai ainda usar a sua posição de defensor dos jornalistas para tudo fazer para esclarecer e responsabilizar, caso seja aplicável, os agentes da Polícia que estiveram por detrás do grave ataque contra jornalistas”, sentenciou. (Carta)

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As Forças Ruandesas reforçaram, nos últimos dias, a sua presença no Posto Administrativo de Mucojo, distrito de Macomia, na província de Cabo Delgado, onde destacaram cerca de 500 soldados. Com esse efectivo, os ruandeses estabeleceram um novo acampamento militar numa zona que no passado foi um dos focos de influência dos terroristas.

 

A informação consta do mais recente Relatório do projecto de monitoramento da violência no norte de Moçambique, Cabo Ligado. No documento revela ainda que o Estado Islâmico reivindica ter detonado dois engenhos explosivos contra uma patrulha das forças conjuntas moçambicanas e ruandesas.

 

O Cabo Ligado afirma que os engenhos foram detonados contra as forças conjuntas na aldeia Napala, onde, além de ferir os soldados, foi danificado um blindado. O documento sublinha que os terroristas continuam a enfrentar escassez de alimentos e suas últimas incursões contra civis foram relatadas em Setembro, perto do rio Messalo, na região de Miangalewa, no distrito de Muidumbe. (Carta)

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Quatro anos após o violento atentado contra Agostinho Vuma, Presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), o Tribunal Supremo acaba de anular a decisão do Tribunal Superior de Recurso de Maputo de despronunciar o principal suspeito pela tentativa de homicídio, Salimo Momad Muidine.

 

O incidente, lembre-se, ocorreu a 11 de Julho de 2020, nas proximidades do escritório de Vuma, localizado no Prédio Tavares, na cidade de Maputo. Segundo o Ministério Público, o acusado, Salimo Muidine, foi o autor dos disparos que atingiram o também deputado da Assembleia da República, colocando a sua vida em risco.

 

A acusação indica que Muidine agiu em conjunto com um cúmplice não identificado, que teria imobilizado Vuma antes de este disparar dois tiros, um dos quais atingiu a cabeça do presidente da CTA. O ataque ocorreu em plena luz do dia e imagens de câmaras de vigilância nas proximidades capturaram dois homens armados, fugindo do local após o crime.

 

A reabertura do caso permite que o Tribunal Judicial da Cidade de Maputo dê início ao julgamento do agente do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), acusado pela tentativa de homicídio.

 

O Tribunal Superior de Recurso de Maputo havia despronunciado, em 2022, o suspeito do homicídio, alegando falta de provas conclusivas que o vinculam directamente ao crime, apesar das provas iniciais e da gravidade do crime. A decisão foi contestada pelo Ministério Público, que recorreu ao Supremo Tribunal, argumentando que o reconhecimento da vítima e os testemunhos disponíveis forneciam bases sólidas para o julgamento.

 

O Tribunal Supremo acabou concordando com o Ministério Público, apontando que havia elementos suficientes, como o testemunho de Yara Cossa e o reconhecimento fotográfico feito por Vuma para levar Salimo Muidine a julgamento. O suspeito permanecerá em prisão preventiva. O Tribunal justificou a manutenção da prisão com base no risco de fuga e na possibilidade de interferência nas investigações, dado o cargo de Muidine no SERNIC.

 

Refira-se que o empresário Silvestre Bila é apontado como o mandante do crime, havendo um processo autónomo (n° 353/11/P/2020) instaurado pelo Ministério Público e que corre seus trâmites em sede de recurso.

 

As suspeitas, sublinhe-se, baseiam-se no testemunho de Yara Simões Cossa, ex-esposa de Silvestre Bila, que terá declarado que Vuma estava a ser seguido por um indivíduo a mando do seu antigo companheiro, com intenções desconhecidas. O julgamento poderá trazer mais clareza sobre as circunstâncias do crime, que chocou o país. (Carta)

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Contrariando o discurso do Presidente da Federação Moçambicana das Associações dos Transportadores Rodoviários (FEMATRO), Castigo Nhamane, a Área Metropolitana de Maputo esteve sem transporte esta segunda-feira, data marcada por uma greve geral, convocada pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.

 

Em um áudio em que desmentia um suposto comunicado da FEMATRO que decretava uma espécie de um “recolher obrigatório dos autocarros das cooperativas, Nhamane garantiu, no domingo, que a agremiação ia garantir transporte em todo país, porém, tal não se verificou.

 

“Queremos garantir a todos os nossos transportados e a quem quer que seja que nos distanciamos do documento que circula nas redes sociais, que tem o nosso timbre e fala sobre a paralisação do transporte semi-colectivo na Área Metropolitana do Grande Maputo.Garantimos que estaremos a transportar as pessoas. Eu, pessoalmente, estarei na estrada e os meus colegas também estarão na estrada para responder a qualquer situação que possa ocorrer no seio da nossa actividade”, afirmou Nhamane.

 

No entanto, as ruas do Grande Maputo estavam às moscas, sem transporte de e para o centro da Cidade de Maputo. Relatos colhidos pela “Carta” indicam que os cidadãos que decidiram se fazer à rua, tiveram de caminhar para os seus locais de trabalho por falta de transporte. Outros socorreram-se de viaturas particulares de pessoas de boa vontade, assim como de serviços de táxi por aplicativo. (Carta)

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A Montepuez Ruby Mining (MRM) diz ter tomado conhecimento de uma campanha de desinformação que circula nas redes sociais e que está a ser promovida por sindicatos de contrabando de rubis, que sugere falsamente que a MRM abriu a sua mina a qualquer pessoa para extracção de rubis durante 24 horas.

 

Em comunicado de imprensa, a MRM explica que esta campanha é falsa e tem como objectivo promover desordem na concessão da empresa e alimentar os sindicatos com mais rubis. Nesse contexto, exorta a todas as pessoas para evitar entrar nas zonas mineiras da MRM.

 

De acordo com a nota, a campanha de divulgação de informações falsas está a influenciar a deslocação de centenas de pessoas para a concessão da MRM. Ao mesmo tempo, a empresa tomou conhecimento de que seis pessoas perderam a vida, esta segunda-feira (21), na concessão da MRM. “Esta informação também é falsa. No entanto, duas pessoas sofreram ferimentos por arma de fogo quando a polícia reagiu a uma escalada de agressão”, lê-se no documento.

 

A MRM diz ter já alertado as autoridades e foram destacadas forças policiais adicionais para proteger os recursos nacionais das mãos dos contrabandistas que, entre outros, aliciam jovens das comunidades locais para roubar a riqueza do país e contrabandeá-la para o exterior, privando Moçambique de receitas tão necessárias para o seu desenvolvimento.

 

“O pessoal de segurança da MRM, incluindo os agentes da polícia afectos à protecção da concessão, frequentam uma formação obrigatória em matéria de direitos humanos e realizam o seu trabalho de acordo com os Princípios Voluntários sobre Segurança e Direitos Humanos”. A MRM é uma empresa detida a 75% pela Gemfields, de origem britânica e 25% pela sua parceira moçambicana Mwiriti Limitada. (Carta)

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A Cidade de Maputo observou, esta segunda-feira, 21 de Outubro de 2024, uma greve geral, convocada pelo candidato presidencial Venâncio António Bila Mondlane, em protesto contra os resultados das eleições de 09 de Outubro e em repúdio ao assassinato dos mandatários do candidato e do PODEMOS, Elvino Dias e Paulo Guambe, respectivamente, ocorrido na passada sexta-feira.

 

E logo cedo, foi possível notar o ambiente tenso que tinha tomado conta da capital do país. Contrariamente ao frenesim característico dos dias laborais, sobretudo às segundas-feiras, a Cidade de Maputo encontrava-se, ontem, às moscas, com as ruas desertas e com escolas, mercados, lojas, supermercados, entre outras instituições públicas e privadas encerradas. Algumas instituições até comunicaram, no domingo, o encerramento, mas outras optaram por fazê-lo “clandestinamente”.

 

“Carta” percorreu as avenidas de Moçambique, Acordos de Lusaka, FPLM, Julius Nyerere e Lurdes Mutola para medir o pulsar da cidade no primeiro dia de trabalho e testemunhou um “recolher obrigatório” em toda a capital. Os terminais do Zimpeto, Albasine, da Praça dos Trabalhadores, do Museu e da Praça dos Combatentes estavam vazios, contrariando as enchentes que os caracterizam todos os dias.

 

O congestionamento, que é marca indelével da capital do país, deu lugar ao tráfego rápido em todas as estradas e os passeios e bermas de Maputo, habitualmente ocupados por vendedores informais, encontravam-se também abandonados. Aliás, o Chefe de Estado não precisou de sirenes ontem para se deslocar do Palácio da Ponta Vermelha à Base Aérea de Mavalane, pois, não havia quaisquer obstáculos na estrada.

 

O impacto da greve convocada pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, na passada quarta-feira, e reafirmada no sábado, sentiu-se também nos mercados do Zimpeto, Benfica, Malanga, Mandela, Xiquelene e Xipamanine, que também estiveram fechados. Afectou ainda os serviços financeiros e o sector de restauração, com os bancos, bares e restaurantes a fecharem as portas.

 

A greve afectou também alguns centros de saúde, que tiveram de encerrar os serviços não essenciais devido, por um lado, à ausência massiva de profissionais de saúde e, por outro, à pouca afluência dos utentes. Cenário idêntico foi reportado nos municípios da Matola, Marracuene e Boane, na província de Maputo, onde as pessoas decidiram refugiar-se nas suas casas por temer violência, que acabou caraterizando toda a segunda-feira.

 

Em sentido contrário, as diversas especialidades da Polícia da República de Moçambique (com destaque para a Unidade de Intervenção Rápida, Unidade Canina e Polícia de Protecção) e agentes do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) tomaram de controlo as ruas, praças e principais locais de aglomeração de pessoas, munidos de armas de fogo, cães e gás lacrimogéneo.

 

Sublinhar que, para além dos caos registados de violência registados nas Praças dos Heróis, da OMM e dos Combatentes e nas Avenidas Vladimir Lenine, Acordos de Lusaka, Joaquim Chissano, Milagre Mabote, da Malhangalene e Rua da Resistência e nos bairros de Mafalala, Maxaquene, Urbanização e Polana-Caniço, a Cidade de Maputo esteve tranquila, apenas com casos isolados de queima de pneus. (A. Maolela)

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O sol nasceu tímido e as nuvens decidiriam cobrir o céu, fazendo antever uma segunda-feira cinzenta, na capital moçambicana. Assim começava o dia 21 de Outubro de 2024, data em que estava agendada, em todo o país, uma marcha de repúdio ao assassinato de Elvino Dias e Paulo Guambe, mandatários do candidato presidencial Venâncio Mondlane e PODEMOS, respectivamente, ocorrido na noite da última sexta-feira, em Maputo.

 

De uma marcha pacífica, convocada na passada quarta-feira pelo candidato a Presidente da República, Venâncio António Bila Mondlane, e reafirmada no sábado, muito cedo se revelou num verdadeiro foco para tumultos, tendo a Polícia da República de Moçambique (PRM), através da Unidade de Intervenção Rápida (UIR), como protagonista.

 

Logo nas primeiras horas do dia, a PRM destacou seu batalhão antimotim para o local, junto com os seus blindados (mais de três viaturas), gás lacrimogéneo, helicóptero e cães-polícia, no lugar de enviar uma equipa de protecção, tal como recomenda a legislação para este tipo de eventos.

 

Anacleto Armando, residente no bairro da Munhuana, nos subúrbios de Maputo, conta que chegou ao local da concentração (o mesmo lugar onde foram brutal e covardemente assassinados Elvino Dias e Paulo Guambe) por volta das 08h00 e, logo à chegada, deparou-se com um contingente policial “preparado para guerra”.

 

“Quando começamos a nos juntar em grupo, a Polícia começou a atirar gás lacrimogéneo e nem nos deu espaço de nos organizarmos. Ninguém provocou a Polícia, ela é que começou a dispersar-nos com gás lacrimogéneo”, narra Armando, em conversa com “Carta”.

 

Empunhando uma bandeira da República de Moçambique, Anacleto Armando defende não ter entendido a atitude da Polícia que, aliás, chegou a atirar gás lacrimogéneo para o local onde o candidato presidencial estava a conceder uma entrevista aos jornalistas. Pelo menos três jornalistas ficaram feridos no incidente, filmado em directo pela estação portuguesa RTP.

 

“Era suposto realizarmos uma marcha pacífica, sem nenhum vandalismo, em protesto contra os resultados eleitorais e em repúdio ao assassinato de Elvino Dias e Paulo Guambe. Mas, estranhamente, a Polícia já estava aqui armada até aos dentes”, afirma Anacleto Armando.

 

Por isso, o jovem, de 25 anos de idade, não tem dúvidas de que se trata de um atentado ao Estado de Direito Democrático. “Isto é um atentado ao Estado de Direito Democrático, nós estamos aqui para exercer um direito que nos é dado pela Constituição da República. Isto é uma prova de que estamos num Estado tirano, que não quer preservar os direitos de todos os cidadãos. Estávamos para marchar, mas fomos reprimidos com gás lacrimogéneo, o mesmo que podia ser usado para outros fins”, defendeu a fonte, sublinhando que o aparato policial podia estar a salvar vidas em Cabo Delgado, onde os terroristas semeiam luto há sete anos.

 

No entanto, garante que não irá recuar. “Não vamos recuar, vamos até ao fim. A Polícia não tem armamento suficiente para nos manter aqui até anoitecer. Vamos continuar aqui até anoitecer”, atirou.

 

Entretanto, contrariamente as suas promessas de não recuar, Anacleto Armando e mais uma dezena de jovens fugiram do local da entrevista (Avenida Joaquim Chissano, esquina com Acordos de Lusaka), segundos depois, ao ver um carro blindado aproximar-se do local, lançando gás lacrimogéneo de forma indiscriminada.

 

Quem também aponta a Polícia como responsável pelos tumultos desta segunda-feira, na Cidade de Maputo, é Alberto José, um jovem residente no bairro do Boquisso, uma zona de expansão do Município da Matola, província de Maputo.

 

Alberto José afirma ter encontrado a UIR já posicionada na Praça da OMM, local escolhido para concentração dos manifestantes. “Saí de casa para me juntar à marcha, uma vez que se disse que seria uma manifestação pacífica contra a má governação no nosso país. Mas, a minha chegada, por volta das 8h00, a Polícia já estava a disparar para as pessoas sem nenhum motivo”, conta a fonte, limpando o rosto com um pano molhado para reduzir os impactos do gás lacrimogéneo.

 

“Ao invés de persuadir a população para não aderir à marcha, a polícia está a disparar e isso é um dos motivos que leva as pessoas a destruir bens públicos”, acrescenta, garantindo que saiu de Boquisso por entender que tinha de demonstrar a sua indignação perante o rumo que o país está a tomar.

 

“Sou moçambicano e, nessa qualidade, tenho o direito de me manifestar, como também o dever de proteger este país e contribuir para o bem do meu país e este é um dos contributos que estou a dar para o bem do meu país. A Polícia tinha de estar aqui para garantir que a marcha ocorresse de forma ordeira, mas não é o que aconteceu”, sublinha.

 

A marcha foi impedida antes mesmo de iniciar e o caos tomou conta da Cidade de Maputo. Diversas avenidas da capital do país (com destaque para Milagre Mabote, da Malhangalene, Joaquim Chissano, Acordos de Lusaka, Vladimir Lenine e Rua da Resistência) foram bloqueadas pelos manifestantes, que queimaram pneus e derrubaram contentores de lixo, postes de iluminação e painéis publicitários para impedir o avanço da Polícia.

 

Igualmente, foram lançadas pedras e garrafas em retaliação ao gás lacrimogéneo, que era lançado de forma indiscriminada pela Polícia. Parte dos casos de maior tensão foi registada nos populosos bairros da Maxaquene, Mafalala, Urbanização, Mavalane, Ferroviário e Polana Caniço, onde os manifestantes literalmente impediram a circulação de pessoas e viaturas. Aliás, há vídeos amadores retratando a vandalização de viaturas particulares em algumas avenidas, com recurso a catanas.

 

Dados avançados na noite de ontem pelo Hospital Central de Maputo indicam que pelo menos 16 pessoas ficaram feridas na sequência dos tumultos. Entre os feridos, refira-se, há três jornalistas. (A. Maolela)

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O candidato presidencial Venâncio Mondlane convocou hoje os moçambicanos para uma “participação em massa”, na próxima quarta-feira, no funeral do seu assessor jurídico Elvino Dias, assassinado sexta-feira a tiro no centro de Maputo.

 

“Vamos estar juntos, em peso, gostaria de estar com todos vocês para prestar a última homenagem ao Elvino Dias. Gostaria imenso que esta juventude fosse pacificamente. Não vamos fazer distúrbios, tranquilamente, vamos estar em peso na última despedida de Elvino Dias”, apelou Venâncio Mondlane, numa declaração pública através da sua conta do Facebook.

 

A polícia moçambicana confirmou no sábado, à Lusa, que a viatura em que seguiam Elvino Dias, advogado de Venâncio Mondlane, e Paulo Guambe, mandatário do Povo Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), partido que apoia Mondlane, mortos a tiro, foi “emboscada”.

 

O crime aconteceu na avenida Joaquim Chissano, centro da capital, e, segundo a polícia, uma mulher que seguia nos bancos traseiros da viatura foi igualmente atingida a tiro, tendo sido transportada para o hospital.

 

“Quero convidar a todos vocês para participar em massa no funeral do Elvino Dias, que está marcado para quarta-feira, dia 23 de outubro (...) Penso que vamos dar uma grande imagem positiva para o mundo”, repetiu Venâncio Mondlane, acrescentando que as cerimónias fúnebres vão decorrer às 13 horas locais (12:00 em Lisboa), no cemitério de Michafutene, em Maputo.

 

As eleições gerais de 09 de outubro incluíram as sétimas presidenciais em simultâneo com legislativas e para assembleias e governadores provinciais.

 

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) tem 15 dias para anunciar os resultados oficiais, data que se cumpre em 24 de outubro, cabendo depois ao Conselho Constitucional a proclamação dos resultados, após concluir a análise, também, de eventuais recursos, mas sem prazo definido para esse efeito.(Carta)

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A manifestação convocada para esta segunda-feira (21) à escala nacional pelo político e candidato independente suportado pelo partido PODEMOS, Venâncio Mondlane, também foi sentida nas cidades de Pemba, Montepuez e vila de Mocímboa da praia, em Cabo Delgado.
 
Pela manhã, o ambiente na capital de Cabo Delgado era caracterizado por calma e menos movimentação em relação a outros dias. Mercados vazios, escolas fechadas e poucas pessoas nos postos de trabalho, com viaturas Mahindra e agentes das forças de defesa e segurança nas estradas, marcam a cidade de Pemba.
 
Por exemplo, o movimentado mercado de Alto Gingone, um dos mais movimentados da cidade, registrou fraca movimentação durante as primeiras horas da manhã desta segunda-feira. Igualmente, havia pouca circulação de transportadores semi-colectivos, vulgo chapa-cem.
 
Os manifestantes tinham agendado o início da manifestação na Emulação Socialista, mas isso não ocorreu devido à presença das forças de segurança. Mas um outro grupo se concentrou ao longo da avenida 25 de setembro, a mais importante via da cidade de Pemba.
 
Por volta das 11 horas, na Avenida 25 de Setembro, concretamente no bairro Cariacó na zona conhecida por mercado do Embondeiro, foram registados incidentes, como o lançamento de pedras contra os agentes da PRM, e até queimaram-se pneus e colocaram-se barricadas ao longo da via. No entanto, a situação não se prolongou devido à presença das forças. A PRM usou gás lacrimogéneo e balas de borracha para dispersar os manifestantes, que fugiram para dentro do bairro Cariacó.
 
A cidade de Montepuez, ao sul da província, acordou em calma, e as pessoas não saíram às ruas como é habitual nas primeiras horas do dia. As forças de defesa e segurança inundaram as principais artérias da cidade, segundo testemunhas.
 
"Está tudo calmo até agora (6h46). As forças estão em todo lugar, então a cidade não amanheceu como em outros dias", disse Maria Ernesto Meza, residente local.
 
"Eu não fui ao mercado abrir a minha banca, estou em casa, e as pessoas não foram. Aqui tudo está tranquilo, com as forças circulando nas avenidas. Saí um pouco para fora, mas não há movimento como estamos acostumados. Não sabemos como será, mas ontem muitos jovens foram para Namanhumbir; muitos carros estavam lá", contou um comerciante local.
 
Na vila de Mocímboa da Praia, não houve qualquer movimento de rua relacionado à manifestação convocada por Venâncio Mondlane, mas as escolas estavam encerradas até ao meio-dia, e algumas pessoas não foram pescar nem trabalhar nas machambas.
 
"Há sinais de greve ou concentração, mas a situação está calma. Nas escolas, não se está estudando, algumas pessoas não foram pescar, e nas machambas também não, devido ao medo", disse um morador. (Carta)
 
Greve geral: Beira esteve tímida e confinada
 
A Cidade da Beira esteve hoje paralisada, na sequência da convocação feita por Venâncio Mondlane para os moçambicanos observarem uma greve nacional geral, em protesto às últimas eleições nacionais.
 
Houve restrição no movimento de cidadãos. Durante a manhã registaram-se focos de barricadas ás principais estradas de acesso à cidade da Beira. Na Munhava, no Vaz e na estrada do Aeroporto ao Estoril houve queima de pneus na via pública para impedir a circulação de viaturas e de pessoas.
 
Os autores não eram visíveis. Viu-se mais mirones, pessoas curiosas, algumas pousando no local junto para tirar fotos e alimentar o ciclo de partilha nas redes sociais.
 
A circulação esteve retraída porque as pessoas não queriam correr riscos enquanto não havia certeza do que podia acontecer.
 
Os automobilistas diziam temer que lhes seja lançado um projéctil, tanto que não se sabia onde estava o autor da barricada.
 
As pessoas mantiveram-se confinadas nas suas áreas de residência, com o serviço de transporte público de passageiros praticamente paralisou a actividade.
 
O comércio funcionou muito timidamente, com destaque para cantinas e barracas, mas os maiores mercados da cidade optaram por encerrar a actividade.
 
Isso aconteceu em vários sectores e empresas, que mandaram de volta para casa os seus trabalhadores logo no início da jornada laboral, por receio de que possam ser atacados pelos promotores da interrupção da vida regular dos cidadãos.
 
A Polícia patrulhou a cidade, espalhando-se por pequenas esquadras, maioritariamente constituídas por dois elementos devidamente aprumados.
 
Mas pela cidade o movimento dos polícias foi intenso, assemelhando-se a uma parada policial pública. As escolas todas fecharam. Os hospitais cumpriram estiveram em normal funcionamento. O Corredor da Beira esteve todo aberto e calmo. O Porto e o Aeroporto funcionaram normalmente. (Falume Chabane)
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