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quinta-feira, 16 setembro 2021 04:39

Moçambique regista aumento de novos casos de lepra

Moçambique regista um aumento de novos casos de lepra, que por ano chegam a cerca de 2.200, a maioria dos quais na província de Nampula, no norte do país, anunciou fonte do Ministério da Saúde.

 

“Infelizmente temos estado a registar um aumento do número de casos novos [de lepra] por ano e neste momento a média anual de casos é de 2.200”, disse Francisco Guilengue, diretor do Programa Nacional de Combate a Lepra no Ministério da Saúde, citado ontem pela Televisão de Moçambique.

 

O responsável falava na terça-feira em Nampula, no norte do país, durante a cerimónia de lançamento de um estudo sobre Profilaxia Pós-Exposição à Lepra que visa analisar a eficácia de tratamentos dados nas unidades sanitárias.

 

A pesquisa vai ser implementada até 2023 nos distritos de Mogovolas, Meconta e Murrupula, três dos mais afetados pela doença em Nampula, devendo abranger cerca de 300 pessoas, doentes e contactos próximos, desde familiares à comunidade.

 

Segundo o Ministério da Saúde, da média anual de novos casos de lepra em Moçambique, entre 10% a 12% são diagnosticados com deformidades de segundo grau, isto é, “já apresentam mutilações dos dedos”.

 

“Os pacientes chegam à unidade sanitária e já não tem dedos das mãos e dos pés”, referiu a fonte.

 

Moçambique foi declarado livre da doença em 2008 com uma taxa de menos de um caso por cada 10 mil habitantes, critério usado para que se declare a eliminação da lepra.

 

No entanto, já depois da erradicação, foram detetados 20 distritos endémicos (sobretudo no norte e centro), do total de 154 que compõem as 11 províncias, segundos os últimos dados.

 

A lepra é uma doença infeciosa transmitida por uma bactéria através da saliva e que afeta a pele e os nervos, levando à perda de sensibilidade e deformação de diferentes partes do corpo humano. (Lusa)

Stergomena Tax, antiga Secretária-Executiva da SADAC, foi indicada para o cargo de ministra da Defesa da Tanzânia, sendo a primeira vez na história daquele país que uma mulher passa a dirigir o poderoso Ministério da Defesa. Tax terminou há cerca de um mês o seu mandato de oito anos como Secretária-Executiva da SADC, cargo para o qual foi eleita em 2013 em substituição do moçambicano Tomaz Salomão, agora membro da Comissão Política do partido no poder em Moçambique.

 

A Presidente Samia Suluhu Hassan justificou a nomeação de Tax para o cargo dizendo que ela está bem informada sobre os compromissos das Forças de Segurança da Tanzânia em Moçambique e no Congo, os seus sistemas e todos os detalhes sobre suas operações. “Essa não foi a única razão, mas também a sua vasta experiência no seu cargo anterior como Secretária-Executiva da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), por isso ela está ciente das questões de segurança na região”, disse esta segunda-feira a Presidente Samia Suluhu.

 

A estadista tanzaniana esclareceu que a nomeação de Tax também visa quebrar o tabu de que a liderança do Ministério da Defesa só é adequada para homens. "O trabalho do ministro ou da ministra da Defesa não é transportar armas ou artilharia. O seu principal dever é coordenar e gerir a administração e as políticas do ministério”, vincou Suluhu.

 

Tax, antiga Secretária-Executiva SADC, substitui no cargo o ministro Elias Kwandikwa, que faleceu a 2 de Agosto deste ano, enquanto estava em tratamento em Dar-es-Salaam.

 

O bloco regional rendeu homenagem a Stergomena Tax pelos serviços prestados à SADC com profissionalismo, diligência e alto grau de competência. 

 

Lembre-se, dados avançados durante o lançamento da intervenção militar da SADC em Cabo Delgado indicam que a Tanzânia está no terreno com 277 elementos, entre pessoal de combate, administrativo e peritos.

 

No final da recente 41ª cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral [SADC], realizada em Lilongwe no Malawi, a República da Tanzânia ofereceu-se para acolher o Centro Regional de Combate ao Terrorismo, entidade responsável pela coordenação e desenho de estratégias de combate ao fenómeno na região. (F.I)

Apesar dos frequentes avisos e chamadas de atenção feitos pelas autoridades de fiscalização, ainda persistem um pouco por todo o país os cenários de desobediência dos horários de funcionamento dos estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, estabelecidos no âmbito do Estado de Calamidade, decretado no quadro do combate à Covid-19.

 

Segundo a Inspecção das Actividades Económicas (INAE), as províncias de Maputo e Nampula continuam a liderar a lista de desobedientes, encerrando os estabelecimentos comerciais depois faz 18:00 horas e os restaurantes depois das 20:00 horas.

 

Tomás Timba, porta-voz da instituição, diz ainda notar-se o funcionamento de bares e salas de dança, estabelecimentos que se encontram legalmente encerrados desde Abril de 2020. “Outra constatação tem a ver com a transformação de restaurantes em bar, sobretudo aos fins-de-semana, no período nocturno. Os mesmos deixam de exercer as actividades para as quais foram licenciados e transformam-se em autênticos locais de consumo de álcool e diversão. Também a venda de álcool em estabelecimentos de prestação de serviços como Car/Wash tem sido uma das constantes, nos últimos dias; a falta do cumprimento das horas de funcionamento por parte dos bottles stores, mercearias e nos salões de beleza tem sido também uma das preocupações”, realçou.

 

Por esta prática, a INAE encerrou, em todo o país, nos últimos dias, mais 11 restaurantes, 12 bares, 51 bottles stores, 21 mercearias, três padarias e 47 barracas por venda ilegal de bebidas alcoólicas. “As barracas, como se sabe, não devem vender bebidas alcoólicas, mas sim produtos de primeira necessidade”, sublinhou. (Marta Afonso)

Um dos impactos nefastos dos ataques terroristas que se verificam na província de Cabo Delgado são os efeitos psicológicos que a barbárie causada pelos insurgentes está a provocar junto das vítimas. Desde o início dos ataques terroristas, em Outubro de 2017, as vítimas e/ou sobreviventes do terror têm relatado estórias dramáticas, que incluem o testemunho in loco de assassinatos e decapitações de familiares e vizinhos. São imagens de horror que os sobreviventes, na sua maioria, não conseguem exteriorizar. Aliás, quem tenta exterioriza-las, acaba tirando lágrimas.

 

Ana Mota Teles, neuropsicóloga clínica portuguesa, contratada pela Fundação MASC (Mecanismo de Apoio à Sociedade Civil) para capacitar profissionais de saúde mental moçambicanos (à luz de uma parceria entre a organização, Ministério da Saúde e Associação de Psicologia de Moçambique) e dar acompanhamento psicológico às vítimas do terrorismo, conta que mais de 70% das pessoas com quem teve contacto ainda estão traumatizadas.

 

Em conversa com “Carta”, Teles revelou já ter realizado quatro sessões de terapia com 27 vítimas do terrorismo (22 mulheres e cinco homens), tendo identificado sintomas de trauma em 19 pessoas, nomeadamente, de hipervigilância e de evitamento. Das 27 pessoas entrevistadas, diz a especialista, apenas oito é que apresentavam sinais de crescimento pós-traumático, em que se percebe que os aspectos negativos podem conviver com os positivos.

 

“Estamos aqui a ter pessoas que estão a ser capazes, mas sabemos que, normalmente, numa situação de 5 a 30% não vão ser capazes, mas não é esta a estatística que nós temos. Temos oito casos em 27 a serem capazes, enquanto seriam 70%. Portanto, é isto aqui que também queremos inverter a estatística, que é para termos o mínimo impacto psicológico nas pessoas, de modo a termos uma comunidade proactiva e produtiva”, afirma a especialista.

 

Segundo a também especialista em direito humanitário internacional e em resposta humanitária em conflitos e desastres, a maioria das vítimas entrevistadas têm a percepção de que o apoio recebido é insuficiente (para retomar a sua vida), para além de que alguns continuam sem saber onde se encontram familiares e conhecidos.

 

Entretanto, em relação aos resultados do acompanhamento psicológico, Ana Mota Teles garante ter notado alguma evolução dos participantes das quatros sessões, pois, houve aumento do nível de participação, assim como de intervenção durante os trabalhos. Conta, por exemplo, que, no princípio, as mulheres eram muito reservadas, mas actualmente são activas.

 

“O que elas têm para dizer é de extrema importância para ajustarmos as necessidades de intervenção, assim como trabalharmos nas questões que estão na origem deste problema”, explicou, sublinhando não haver um prazo estabelecido para a realização do trabalho, pois, “o que nos preocupa não é o número de sessões, mas sim o resultado a ser conseguido”.

 

Questionada se é possível as vítimas do terrorismo esquecerem a barbárie que testemunharam, a especialista respondeu: “Não vão esquecer e nem vamos promover o esquecimento, porque é uma das implicações do evitamento, que é mais um sintoma. O que é possível fazer é retirarmos este peso emocional associado àquele momento. É possível não serem mais invadidas por estas memórias e é possível recuperar um distanciamento emocional destas situações e é isso que nós vamos fazer”.

 

Para atingir o resultado desejado, explica, serão necessárias sessões de psicoterapia individual e em grupo, dependendo do nível de trauma sofrido por cada vítima. Também fala da necessidade de se formar as vítimas em matérias de cidadania, de modo a estarem cientes dos seus direitos e deveres, enquanto cidadãos.

 

Refira-se que, para além de ser neuropsicóloga, Ana Mota Teles possui Pós-graduação em Neurociências, pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto; Terrorismo e Contra-terrorismo, pela Georgetown University; Psicologia da Justiça Criminal, pela Queensland University; Direito Humanitário Internacional, pela Université Catholique de Louvain; e Resposta Humanitária em Conflitos e Desastres, pela Harvard University. Também foi docente, entre 2012 e 2013, de Pós-graduações e Cursos de Especialização, entre os quais, Neuropsicologia Clínica, Reabilitação Neuropsicológica e Neuropsicologia Pediátrica. (A. Maolela)

O autarca da cidade de Nampula, Paulo Vahanle, ordenou, na tarde da última sexta-feira (10), o bloqueio da viatura do vereador do pelouro Institucional, Desenvolvimento e Cooperação por violar o código de postura camarária. Segundo apurou o Ikweli, Chehate Aliasse Essimela, vereador em causa, decidiu mandar polir a sua viatura particular em plena avenida Francisco Manyanga, a pouco metros do edifício sede da autarquia, uma prática que é proibida pela edilidade onde trabalha.

 

Sucede que, ao largar do trabalho, o autarca viu a viatura a ser lavada pelos jovens que se dedicam à atividade e ordenou para que a sua escolta parasse. No local ficou a saber que a viatura pertencia ao segundo homem mais importante do executivo.

 

Ainda assim, Paulo Vahanle ordenou que a polícia municipal e de fiscalização colocasse a famosa “chamussa” na viatura, no sentido de que a punição sirva de exemplo e garantia de que ninguém escapa a legalidade na autarquia que dirige. Para reaver a sua viatura, Chehate Aliasse Essimela terá de pagar uma coima à edilidade onde trabalha. De acordo com o número 1 do artigo 82 conjugado com o artigo 198 do Código de Postura Camarária da cidade de Nampula, Chehate Aliasse Essimela deverá pagar o total de 6.510,00mt (seis mil, quinhentos e dez meticais) pela infracção cometida. (Ikwele)

Um ano depois do seu lançamento, a Agência de Desenvolvimento Integrado do Norte (ADIN), uma instituição pública criada com o objectivo de promover o desenvolvimento na zona norte do país, garante já ter construído 800 casas para os deslocados, a contar a partir de 31 de Agosto de 2020, data em que foi oficialmente lançada. As referidas casas estão localizadas em Marrocane, distrito de Ancuabe, na província de Cabo Delgado.

 

A informação foi partilhada na última sexta-feira pelo Presidente do Conselho de Administração da ADIN, Armindo Ngunga, no decurso da primeira e única reunião realizada pela instituição, desde a sua criação em Março de 2020. Refira-se que, nestes 18 meses de existência, a ADIN já teve dois “timoneiros”, sendo que o primeiro foi Armando Panguene, cuja gestão foi interrompida em Abril último.

 

“A ADIN está a trabalhar na gestão de deslocados e também na reabertura das vias de acesso para os distritos isolados, como Quissanga e Macomia. Neste momento, estamos a trabalhar também na questão das populações que estão a regressar às suas zonas de origem”, disse Ngunga, fazendo um balanço positivo das actividades desenvolvidas pela instituição.

 

Entretanto, aos jornalistas, Ngunga afirmou que a ADIN “não trabalha com dinheiro”, mas sim coordena as actividades desenvolvidas por diversos parceiros. Explica que cabe à ADIN a identificação de problemas que, por sua vez, são solucionados pelos seus parceiros. Trata-se, sublinhe-se, de um método de financiamento idêntico ao usado pelos parceiros na reconstrução pós-ciclones Idai e Kenneth.

 

Segundo Ngunga, neste momento, a ADIN está a trabalhar com o PNUD, que apoia a reposição de uma ponte sobre o rio Montepuez, que liga os distritos de Metuge e Quissanga. Disse ainda que, nos próximos dias, irá trabalhar com o Banco Mundial, com vista a construção de algumas escolas, salas de aulas, vias de acesso e na recuperação de diversos documentos pessoais, perdidos pelas vítimas do terrorismo durante os ataques.

 

Para 2022, Ngunga prevê gastar pouco mais de 3.7 mil milhões de Meticais, dos quais 12% serão provenientes dos cofres do Estado e os restantes 88% serão canalizados pelos parceiros ainda por identificar e “namorar”. (Marta Afonso)