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sexta-feira, 18 dezembro 2020 06:54

FDS atacam base de terroristas em Mocímboa da Praia

Um batalhão de várias especialidades foi destacado para reconhecer, combater e aliviar o troço Mueda-Macomia, que se encontra ocupado pelos terroristas, desde Agosto último, aquando da ocupação da vila-sede do distrito de Mocímboa da Praia. Trata-se da região de Awasse, onde está instalada a subestação eléctrica que alimenta os distritos da zona norte daquela província do país.

 

De acordo com fontes militares, o facto ocorreu na manhã desta terça-feira, tendo-se prolongado até ao final da tarde. As fontes avançam que seis membros das Forças de Defesa e Segurança (FDS) perderam a vida nos combates e outros seis ficaram feridos, tendo sido transportados para o Hospital Rural de Mueda. Uma das viaturas que transportava os militares foi abandonada no local. (Carta)

Os membros das Forças de Defesa e Segurança (FDS) são os mais expostos ao novo coronavírus, na cidade da Maxixe, assim como na vila-sede do distrito da Massinga, ambas pertencentes à província de Inhambane. Aliás, na Massinga, as FDS têm a companhia dos estabelecimentos comerciais e dos vendedores de mercados, que também apresentam maior exposição ao vírus.

 

Os dados constam do recente Inquérito Sero-epidemiológico, realizado pelo Instituto Nacional de Saúde (INS), nos dois pontos da província de Inhambane, no sul de Moçambique, entre os dias 26 de Novembro a 03 de Dezembro (na Massinga) e 07 e 21 de Novembro (na Maxixe). O Inquérito tinha como objectivo identificar e mapear as áreas de maior transmissão, assim como os grupos etários e profissionais mais afectados.

 

O documento divulgado, esta quarta-feira, revela que, na cidade de Maxixe, as FDS são as mais expostas (9.2%), seguidas pelos agregados familiares (5.5%), transportadores (4.6%) e, por último, os vendedores dos mercados (4.5%).

 

O mesmo acontece na vila-sede do distrito da Massinga, onde as FDS apresentam também maior exposição (18.1%), sendo seguidas pelos estabelecimentos comerciais (10.9%), vendedores de mercados (8.9%), agregados familiares (7.4%) e, por fim, os profissionais de saúde (6.1%).

 

De acordo com os resultados do Inquérito, entre os mercados da cidade da Maxixe, o Mercado Novo possui a maior taxa (9.5%), enquanto na vila-sede do distrito da Massinga, são os vendedores dos mercados Mademo (12,7%), Central (12,1%), Gabane (9,3%) e Mercado Novo (7.8%).

 

O Inquérito refere ainda que, na segunda maior cidade da província de Inhambane, todas as faixas etárias apresentam níveis de exposição importante da Covid-19, com maior destaque para as pessoas com idades entre 15-35 anos (6.0%). No entanto, na vila-sede do distrito mais populoso daquela província, a taxa de exposição é mais elevada nos adolescentes e jovens de 15-30 anos de idade (10.5%).

 

Referir que o bairro Chilacua, em Massinga, possui a maior taxa de seropositividade (15.7%) e o bairro Manhala (9,7%) apresenta maior taxa de seropositividade na cidade da Maxixe. A transmissão do vírus, nos dois pontos, é descrita como dispersa e ocorre em todos os bairros. (Marta Afonso)

Moçambique registou, de quarta para quinta-feira, sete novos internamentos devido à Covid-19, dos quais um na província de Nampula e seis na cidade de Maputo, elevando para 37, o total de pessoas que se encontram hospitalizadas em todo o país, sendo 31 na capital do país, duas na província de Maputo e outras nas províncias de Nampula, Zambézia, Tete e Manica, que têm um paciente internado cada.

 

Segundo as autoridades da saúde, o país registou também 113 novas infecções, tendo sido registadas na cidade de Maputo (57) e nas províncias de Maputo (24), Sofala (sete), Nampula (seis), Zambézia (seis), Cabo Delgado (quatro), Niassa (três), Tete (três), Gaza (duas) e Manica (uma). Assim, o país conta com um cumulativo de 17.256 casos positivos, dos quais 1.850 ainda continuam activos.

 

O país notificou ainda 16 casos totalmente recuperados da Covid-19, subindo para 15.257, o total de recuperados da doença. Dos novos recuperados, três estão na província de Cabo Delgado, nove na província da Zambézia, três na província de Tete e um na província de Inhambane. Referir que o país mantém o número de óbitos (145). (Marta Afonso)

O Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, assumiu, na manhã desta quarta-feira, a partir do pódio da Assembleia da República, que o país tem estado a receber “intenções” de apoio na luta contra o terrorismo, que sacode alguns distritos da província de Cabo Delgado, porém, tem estado a geri-los para não “criarmos saladas de intervenções”.

 

Dirigindo-se à nação, a partir da chamada “Casa do Povo”, por ocasião do seu Informe Anual sobre o Estado Geral da Nação, Filipe Nyusi afirmou que a única coisa que não tem feito é “falar publicamente” sobre as estratégias que o país está a adoptar, pois, “nunca ouvimos como é que os outros adoptaram”.

 

“Há vezes em que dizem que o Governo está a demorar pedir ajuda...; que o Governo está a demorar aceitar ajuda... Nós, o que não fazemos, talvez é falar publicamente sobre as estratégias que o país tem de adoptar porque nunca ouvimos como é que os outros adoptaram. (...) Estamos, sim, a receber intenções para ajudar Moçambique, de muitos países (europeus, asiáticos, americanos, africanos, incluindo da SADC). Precisamos, nós, de saber como gerimos esses apoios, sob risco de criarmos uma salada de intervenções em Moçambique”, avançou o Chefe de Estado, explicando que, neste momento, o Executivo tem dito apenas o que necessita para fazer face aos terroristas.

 

“O que estamos a fazer agora é interagir com todas essas vontades, dizendo que nós, moçambicanos, precisamos disto, daquilo e etc. E os amigos sabem e não vão dizer publicamente o que foi dito, porque não faz parte da filosofia deles, nesta matéria, de dizer o que se tem de fazer e como se tem de fazer. Por isso, nós estamos a agradecer esses apoios, a lidar com esses apoios e estão a acontecer algumas actividades de forma discreta, no sentido táctico e estratégico militar”, disse Nyusi, apelando à unidade nacional para enfrentar o fenómeno.

 

Segundo o Chefe de Estado, os moçambicanos é que devem estar na linha da frente na defesa da pátria, pois, “ninguém o fará por nós sem interesse”, pelo que, urge desenvolvermos, internamente, as nossas habilidades.

 

“O Governo assume o compromisso de intensificar a formação, reequipamento e modernização das Forças de Defesa e Segurança, em todas as especialidades. Não vamos recuar neste aspecto, apesar dos inimigos dos moçambicanos continuarem a ter medo sobre isso. Ao mesmo tempo, estamos a intensificar a cooperação internacional para o combate ao terrorismo, visando sempre a preservação dos interesses nacionais. Isto é fundamental”, defendeu o também Comandante-em-Chefe das Forças de Defesa e Segurança (FDS).

 

Lembre-se que, em Setembro último, o Governo pediu ajuda à União Europeia nos domínios da formação, logística para as forças de combate ao terrorismo, equipamento de assistência médica em zona de combate e capacitação técnica do pessoal.

 

Até ao momento, refira-se, o país tem recorrido a empresas militares privadas (mercenários), como é o caso dos russos do Grupo Wagner e dos sul-africanos da Dyck Advisory Group (DAG), uma empresa pertencente ao coronel militar do Zimbabwe, Lionel Dyck. Os resultados ainda têm sido insignificantes. (A.M.)

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O Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, revela que o Governo moçambicano acompanha as manifestações do grupo terrorista – que actua em alguns distritos da província de Cabo Delgado – desde 2012, ano em que os destinos do país eram conduzidos por Armando Emílio Guebuza, tendo a figura do actual Chefe de Estado o Ministro da Defesa Nacional. Entretanto, não avançou as razões que levaram ao nascimento dos ataques terroristas e muito menos sobre a sua consolidação e expansão.

 

A revelação foi feita na manhã desta quarta-feira, durante a apresentação do seu Informe Anual sobre o Estado Geral da Nação, acto que teve lugar na Assembleia da República, na capital moçambicana.

 

Num discurso que se configurava uma resposta aos estudos, notícias e artigos de opinião que avançam a possibilidade de as autoridades moçambicanas não terem levado a sério os sinais de insurgência que foram testemunhados e reportados nos anos anteriores a 2017 (ano em que iniciaram os ataques terroristas), o Chefe de Estado avançou que a situação já vinha sendo monitorada desde 2012 e, como forma de conter o seu avanço, foram criadas bases militares na região.

 

“As manifestações dos grupos que se intitulavam islâmicos iniciaram em 2012. O Governo deste país já sabia, em 2012, e começou a seguir, incluindo quando começou a criar algumas bases no local, e conseguiu conter até Outubro de 2017”, disse Filipe Nyusi, apontando os distritos de Mocímboa da Praia, Palma, Quissanga e Nangade, como os primeiros palcos da “insurgência”.

 

Segundo o Comandante-em-Chefe das Forças de Defesa e Segurança (FDS), as acções eram promovidas por um cidadão de nacionalidade tanzaniana, identificado por Abdul Shakulo. “Nessa altura, esse cidadão incitava à desobediência à Constituição da República, proibição de frequência de crianças nas escolas públicas e obrigatoriedade de frequência às madrassas”, caracterizou.

 

“Enquanto recrutava jovens e crianças, estes terroristas promoviam entradas nas mesquitas com sapatos, calções e objectos contundentes. Todas estas práticas são contrárias ao islão. O modus operandi destes terroristas caracterizava-se por incendiar aldeias, assassinar, decapitar e esquartejar as populações. Ao mesmo tempo, promoviam a pilhagem de produtos agrícolas para o seu auto-abastecimento”, acrescentou Nyusi, descrevendo as primeiras características do grupo.

 

Refira-se que dois estudos conduzidos por pesquisadores nacionais e estrangeiros apontam para 2015 e 2007, como anos em que se registaram as primeiras manifestações de insurgência. O primeiro foi realizado pelo Instituto dos Estudos Sociais e Económicos (IESE), em parceria com a Fundação MASC (Mecanismo de Apoio à Sociedade Civil) entre Novembro de 2017 e Fevereiro de 2018, tendo avançado que os primeiros sinais de insurgência foram testemunhados, em 2015, primeiro, como um grupo religioso e depois passou a incorporar células militares.

 

Já outro estudo, conduzido pelo professor sénior de história africana e imperial na Queen's University de Belfast, na Irlanda do Norte, Eric Morier-Genoud, entre 2018 e 2019, revela que as primeiras manifestações de insurgência tiveram lugar no distrito de Balama, no ano de 2007.

 

Grupo liderado por estrangeiros

 

De acordo com o Presidente da República, dos terroristas capturados ou mortos em combate, destacam-se tanzanianos, congoleses, somalis, ugandeses, quenianos e, claro, moçambicanos, que são a maioria. Sublinha que os jovens moçambicanos são recrutados nas províncias de Cabo Delgado, Nampula, Zambézia, com realce para a zona litoral, sendo que as suas lideranças são maioritariamente estrangeiras, destacando-se os tanzanianos Sheik Ibrahim (já morto), Sheik Hassan Muzuzuri e o Sheik Abdul Aziz.

 

“Para além destes líderes, contam-se também os líderes Sheik Hagy Hulathuli e Faraghi Nakalaha, que foram mortos em combate. Actualmente, as fontes de financiamento conhecidas são: a pilhagem de produtos das populações, transferências monetárias de colaboradores via electrónica e rendimentos provenientes do crime organizado”, adiantou.

 

Entretanto, os dados sobre o perfil dos membros do grupo terrorista não constituem novidade. No estudo conduzido pelo IESE e Fundação MASC, publicado em Setembro de 2019, os pesquisadores avançam que os líderes do grupo tinham ligações com certos círculos religiosos e militares, da Tanzânia, Quénia, Somália e região dos Grandes Lagos.

 

Sublinham ainda que parte importante dos recrutas eram provenientes dos distritos costeiros das províncias de Cabo Delgado (Mocímboa da Praia e Macomia) e Nampula (Memba, Nacala-a-Velha e Nacala-Porto), sendo que o dinheiro usado para financiar as actividades era proveniente da economia ilícita local (tráfico de madeira, carvão vegetal, rubis e marfim) e doações, através de transferências electrónicas.

 

Refira-se que os ataques terroristas já causaram a morte de mais de duas mil pessoas, entre civis, membros do grupo e das FDS e causou a deslocação de mais de 570 mil pessoas. (A. Maolela)

Ovos, batata e peixe são alguns dos produtos da primeira necessidade que já começaram a escassear em alguns distritos das províncias de Inhambane e Manica. A informação foi avançada, esta terça-feira, pelo porta-voz da Inspecção Nacional das Actividades Económicas (INAE), Tomás Timba.

 

Falando na habitual conferência de imprensa semanal da INAE, Tomás Timba sublinhou ser uma “situação típica” da quadra festiva, pelo que apela aos consumidores a não ficarem alarmados, pois, os stocks serão repostos.

 

Entretanto, a fonte diz ter-se notado uma redução de dois quilogramas na quantidade de batata vendida aos consumidores, na província de Manica, tendo passado dos recomendáveis 10 Kg para 8 Kg. Diz também se ter notado a oscilação dos preços de alguns produtos, como é o caso do óleo alimentar, frango congelado, batata, arroz, peixe carapau e cebola. As oscilações foram verificadas em todo o país.

 

Fiscalização e sancionamento

 

Relativamente à actividade inspectiva, a INAE diz ter inspecionado, na última semana, 346 estabelecimentos comerciais, em todo o país, tendo retirado e destruído diversos produtos alimentares fora do prazo, avaliados em 18.835,00 Meticais. O caso aconteceu na cidade de Quelimane, capital provincial da Zambézia.

 

Também foram fiscalizados 40 estabelecimentos de diversão noturna, em todo o país, onde, segundo o porta-voz da INAE, as equipas inspectivas depararam-se com diversas figuras políticas a violarem as normas do Estado de Calamidade Pública. Entretanto, não avançou nomes, tendo dito apenas que o caso mais grave registou-se no município de Boane, na província de Maputo. (Marta Afonso)