Uma gang composta por cinco indivíduos, um deles identificado por R. Banze, desertor das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), que estava afecto ao teatro operacional norte, foi detida pela Polícia da República de Moçambique (PRM), no distrito da Manhiça, província de Maputo, por prática de crime com recurso à arma de fogo, conforme avançou o Comando-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), em comunicado de imprensa emitido esta quarta-feira.
De acordo com a nota, a operação ocorreu em coordenação com o Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), tendo culminado também com a apreensão de uma arma de fogo do tipo AK-47, nº 1141, dois carregadores contendo 43 munições, uma viatura de marca Toyota Hiace, com a matrícula MLW-31-93, uma motorizada, uma impressora e diversos produtos alimentares.
Segundo a PRM, o “desertor” das FADM, em particular do famoso teatro operacional norte, fazia-se acompanhar por B. Muchanga, L. Adinane, A. Satar e A. Matlava, com idades compreendidas entre os 21 e 32 anos de idade.
No comunicado desta semana, a PRM refere que, no passado dia 03 de Julho, no bairro do Xipamanine, na Cidade de Maputo, foram apreendidas duas armas de fogo do tipo pistola com os números 000673 e 0311, um frasco contendo esferas abandonadas por indivíduos não identificados que, supostamente, se terão escapulido, quando se aperceberam da presença da Polícia.
No mesmo documento, a PRM afirma que, no dia 27 de Junho, no bairro Dalucuene, distrito de Manhiça, foi apreendida uma arma de fogo do tipo pistola, marca sigpro, nº SP2022 e um carregador sem munições também abandonado. Já na Matola foram detidos dois seguranças de uma empresa privada por alegadamente terem roubado 105 mil meticais.
Em Marrupa, província do Niassa, foi detido um tanzaniano, de nome M. Curassi, de 40 anos de idade e um moçambicano de nome A. Joaquim, de 46 anos de idade, por posse ilegal de armas. Na ocasião, refere o documento, foi apreendida uma AK-47, nº 1358, contendo três munições no carregador. A PRM diz que foram detidos em todo o território nacional 622 indivíduos, sendo 450 por violação de fronteiras e os restantes por delitos comuns. (Carta)
As autoridades da saúde anunciaram, esta quinta-feira, a morte de mais uma pessoa, devido à infecção pelo novo coronavírus, aumentando para nove, o número total de óbitos registados no país associados à doença.
Segundo a Directora Nacional de Saúde Pública, Rosa Marlene, o nono óbito provocado pelo novo coronavírus é um cidadão de 54 anos de idade, que deu entrada no Hospital Geral de Quelimane no dia 02 do mês corrente, com um quadro de complicação de doença crónica.
“Porque o seu quadro clínico demandava cuidados especiais, foi de imediato transferido para os cuidados intensivos do Hospital Central de Quelimane. A amostra para o teste do novo coronavírus foi colhida no dia do seu internamento, 02/07/2020, e o resultado saiu no dia 07/07/2020. O óbito ocorreu no dia seguinte ao internamento (03/07/2020), na unidade sanitária onde se encontrava internado”, explicou a fonte.
No briefing desta quinta-feira, as autoridades da saúde reportaram o diagnóstico de mais 21 casos positivos de infecção pela pandemia, tendo subido para 1.092, o número total de casos registados no país. Os casos, sublinhou Rosa Marlene, resultam da vigilância activa nas unidades sanitárias e do rastreio de contactos de casos positivos.
Dos novos casos, oito estão na província de Cabo Delgado, quatro na província de Inhambane, dois na província de Gaza, um caso na província de Maputo, seis na cidade de Maputo.
Referir que o país registou também três casos totalmente recuperados da Covid-19, sendo que dois estão na província de Cabo Delgado e um na província da Zambézia. Todos são moçambicanos e cumpriram o tratamento em isolamento domiciliar. (Marta Afonso)
Por: Omardine Omar
Escuro e sombrio. Fedorento e indigno é o local para onde a “bófia” me atirou na tarde do dia 25 de Junho, quando o País inteiro enforcava a voz na festa do dia da Independência Nacional. A tarde prometia ser produtiva em termos jornalísticos, mas terminou numa pólvora de tragédia. Três jovens foram agredidos defronte ao famigerado mercado Estrela por agentes da polícia que pareciam mais robots que seres humanos. A “bófia” transformou nossos corpos em ringues de violência.
Naquela tarde fomos submetidos a uma realidade aviltada, com os nossos direitos molestados e retirados de nós tal como se arranca doce da boca de uma criança. Naquela tarde, a “bófia” disse que nós não tínhamos nenhum direito e para nos mostrar desfolhou-nos, na cara, todas as páginas da Constituição da República de Moçambique (CRM) e outras leis. Nenhuma lei foi válida naquele espaço, razão pela qual atiraram-nos à cela pelos fundos, onde o ar era sufocado pelo mijo amarelo dos reclusos. A minha mente produzia vários pensamentos naquele instante. Ali chorei, zanguei-me, ri-me, sentei-me, levantei-me, circulei, encontrei respostas, desmenti-me e, por fim, (...) fechei e abri os olhos, mas apenas via uma luz clara de escuridão e uma porta fechada a sete chaves.
Naquela cela, o frio era tanto que até me penetrava nos ossos. O frio roía os ossos. Tinha uma camisete branca que sangrava de dor no meio da escuridão; estava rodeado de mosquitos e outros insectos que me picavam todos os cantos do corpo. Sem soluções, os meus comparsas de cela batiam a janela com um objecto estranho que encontramos naquela caverna de terror. Depois de tanta insistência surgiu um agente e perguntou-nos: “vocês nunca estiveram numa cela?” E nós, com a voz consumida de injustiça, respondemos: Não!
Três horas depois começamos o exercício de adivinhar as horas. Não tínhamos uma ideia certa dos ponteiros do relógio. Olhando pela janela, os colegas de cela estimavam, pela posição da lua e das estrelas, uma determinada hora. No meio à aflição, indagávamos: “será que seremos soltos hoje?” A cada segundo que passava, o desespero crescia, parecia um balão crescendo na boca de uma criança. Tentei reflectir sobre as causas da minha detenção circulando pela cela. Parava e pendurava-me na janela. E comecei um diálogo com os companheiros de cela, tentando buscar respostas da situação que estávamos a viver. Mas ninguém tinha respostas…
A noite corria devagar. A esperança de sermos soltos sumia nos cantos da cela. A raiva pela injustiça subia. A saudade de estar ao lado da Alice e da minha esposa era tanta e comia-me a alma inteira. Juro-vos que em algum momento tive a vontade de recomeçar o dia, mas aos poucos percebi que não tinha nenhum poder sobrenatural e que era um ser-humano vivendo uma realidade que muitos nossos irmãos vivem justa ou injustamente.
Na cela da 7ª esquadra, as condições de higiene não me permitiam pensar o certo, mas reavivavam-me o ódio, a raiva, a dor e também a indignação por tudo o que estava a viver. Quando eram 19:00 horas, a Olga, minha esposa, trazia a nossa refeição. Na ocasião, pediu para que nos retirassem da cela para um local mais claro, todavia, os agentes pisaram o seu pedido com a mesma força que usaram no mercado Estrela. Disseram-na para nunca mais voltar àquele local. Em seguida, um dos agentes abriu a cela e atirou-nos o saco plástico com nossa refeição e nós entulhamo-nos em cima do saco plástico como cães, como bichos num zoológico.
Devido às condições de higiene e falta de luminosidade da cela acabamos não abrindo o plástico e passamos a noite sem comer, vigiados pela fome. Quando eram 20:00 horas, percebemos que iríamos passar a noite naquele local; sem cobertor, sem nada, apenas cobrindo as nossas próprias sombras e lavando-nos com as nossas línguas como os gatos.
As pernas estavam exaustas, não havia espaço para sentar e como bichos aceitamos a situação perante a plateia da injustiça. Sentamo-nos no soalho, dobramos as pernas, os braços e encostamo-nos às paredes, com estórias de vida e registos das pessoas que por ali passaram.
Ninguém conhecia a razão da detenção mesmo quando aqueles dois “bufos” trouxeram aquele auto de total infâmia. Com enormes balões nas barrigas, respirando com os pulmões da fome, caras e olhos amarfanhados pela gordura da injustiça. Aquele auto da infâmia visava esconder a crueldade e os reais objectivos da detenção. Intimidar-me! A versão confirmou-se quando, no período da manhã, os mesmos vieram em bloco e começaram a despejar seu vômito sobre mim. Toda a sujeira dos seus vómitos acumulou-se em meus ouvidos.
A “bófia” prendeu inocentes e reconheceu à nossa frente. Mas o mal já estava feito e não tinham como corrigi-lo. A “bófia” demonstrou-me que muitos condenados a penas inacabáveis foram vítimas da injustiça da própria polícia.
Regressando à caverna do aviltamento do escriba percebemos logo que mesmo sem uma acusação verídica continuaríamos detidos; ou, caso contrário, os meus colegas seriam soltos e eu ficaria por ali, uma vez que várias vezes, os “bufos” disseram que queriam trabalhar comigo. Meu Deus, que trabalho eu lhes prestaria? Engomar-lhes as enormes barrigas, diminuir-lhes as camisas enormes povoadas de ossos ou varrer os bancos do Mahindra para irem pescar outros inocentes.
Naquela cela, perdi-me como um ser humano. A insanidade policial substituiu a racionalidade da justiça. O ser humano, aliás, a “bófia”, provou-me que é um animal dissimulado e insensível. As paredes daquela cela tinham nódoas ensanguentadas, sombras de fantasmas tossindo de tuberculose e uma palha de gente com HIV enterrando-se dentro de um túmulo de silêncio. Compreendi que a dignidade humana não existe por trás das grades. Naquele espaço, o medo não ajuda. Precisa-se encarar os medos e acreditar-se que um “salvador” virá (advogado, procurador ou juiz). Ali, ensaia-se a entrada ao inferno…
A noite crescia com asas enormes, a nossa esperança perdia-se, sei lá onde. A certeza de que a detenção já tinha ganho outros contornos encorajou-nos de que a justiça seria feita, o que não aconteceu. A noite crescia sem parar como uma bolha de incerteza em nossos corações. As nossas pernas e joelhos exaustos; tivemos de aceitar a humilhação de dormir no soalho sujo e nauseabundo com os pés colocados num plástico para minimizar o frio que nos penetrava as entranhas. Dobrarmo-nos no soalho e inventar um calor para nos aquecer.
A noite corria. Repentinamente quando tentávamos conversar com o sono, eis que acontece algo estranho. A porta principal que separava a nossa cela das outras era aberta e dois jovens, delinquentes, eram violentados com mais de 15 chambocos. Com uma voz de aflição, os rapazes choravam e gritavam que nem um bebé abandonado num caixote de lixo. Minutos depois, os jovens foram atirados, como fardo inútil, na nossa cela. Em conversa silenciosa, um deles pergunta ao outro: “onde está o dinheiro do furto?” Silenciosamente, o outro respondeu: “os polícias levaram os 12 mil meticais, pha!”.
Os jovens contaram que foram detidos num assalto a uma das lojas, do grupo Intermoda, e que o valor não foi para o processo, mas sim, para os bolsos dos agentes. De repente, os rapazes estenderam-se ao soalho escuro e meteram-se num sono profundo. Eu procurava uma gota de sol, em sinal do ensinamento da Alegoria da Caverna, parábola platónica, cogitava ali ideias soltas; e não entendia o porquê de toda aquela situação.
Depois de uma progressão quase geométrica no número de infecções pelo novo coronavírus, a província de Nampula registou, em apenas 24 horas, cinco dezenas de recuperados, tendo subido para 67, o número total de recuperados da pandemia, posicionando-se no segundo lugar na lista de províncias com maior número de recuperados, atrás de Cabo Delgado com 134.
A informação consta do Boletim Diário de vigilância da Covid-19 partilhado ontem pelo Ministério da Saúde (MISAU), que sublinha ter havido um registo de 57 recuperados em todo o país de terça para quarta-feira. Os outros recuperados encontram-se nas províncias de Tete (quatro), Manica (dois) e província de Gaza (um). Destes, refere o documento, 56 são moçambicanos e um é paquistanês. No total, o país já conta com 337 recuperados.
Assim, de acordo com o Boletim, a província mais populosa do país conta, actualmente, com 247 casos activos, continuando, entretanto, na pole position na lista de províncias com maior número de casos activos, sendo seguida pelas províncias de Cabo Delgado e Maputo Cidade, que contam com 177 e 100 pessoas ainda infectadas pela doença, respectivamente. Em todo o país, ainda existem 724 pessoas infectadas pelo novo coronavírus, sendo que oito perderam a vida devido à doença e duas por outras causas, apesar de terem testado positivo para a doença.
Entretanto, na contramão, estão as novas infecções. Segundo as autoridades da saúde, de terça para quarta-feira, o país registou mais 31 infectados, totalizando um cumulativo de 1.071 casos positivos da pandemia, sendo 988 de transmissão local e 83 casos importados.
Os novos infectados, sublinha o comunicado de imprensa emitido pelo MISAU, esta quarta-feira, são moçambicanos e todos resultam da vigilância activa nas Unidades Sanitárias e do rastreio de contactos. Destes, 24 estão na província de Cabo Delgado (quatro na cidade de Pemba e 20 no distrito de Mueda); seis na província de Inhambane (quatro na cidade de Inhambane, um em Funhalouro e um em Gouvuro); e um na Cidade de Maputo.
A nota explica que os novos casos têm idades que variam entre menos de cinco anos até 54 anos e todos estão em isolamento domiciliar. O MISAU avança ainda que o país registou mais uma alta clínica, deixando apenas cinco internados por diversas patologias associadas à Covid-19. (Marta Afonso)
A delegação de Moçambique do Instituto da Comunicação Social da África Austral (Misa) anunciou ontem a preparação de uma proposta de lei de cibersegurança e proteção de dados no país, após um encontro mantido com o Governo. "Com o trabalho conjunto, espera-se que nos próximos dias seja produzida uma proposta de lei de cibersegurança, assim como de proteção de dados, um processo a ser realizado a partir de um conjunto de ações de pesquisa, debate, reflexões que irão envolver a sociedade civil, o Governo e o parlamento", anunciou a organização civil em comunicado.
Representantes do Misa e do Ministério da Ciência e Tecnologia reuniram-se ontem para explorar oportunidades de sinergia e criação de um ambiente mais seguro de uso de tecnologias de informação e comunicação em Moçambique.
“O modelo de coordenação que nos é sugerido pelo Misa Moçambique nesta ação, em que o Governo, académicos e sociedade civil assumem um papel fundamental, vai ajudar a desenvolver um trabalho com resultados mais próximos das expetativas dos cidadãos", disse Gabriel Salimo, ministro da Ciência e Tecnologia, citado no comunicado.
O Misa tem trabalhado no sentido da criação de um pacote legislativo sobre segurança cibernética, defendendo que as medidas devem assentar nos direitos e liberdades dos cidadãos. Segundo o último censo populacional, realizado em 2017, um quinto da população tem telemóvel, mas só 6% da população tem acesso à Internet. A percentagem de população com acesso a computador é de 4,4%. O censo apurou uma população total de cerca de 28 milhões de habitantes, que se estima que chegue aos 30 milhões este ano (Lusa)
A Inspecção Nacional das Actividades Económicas (INAE) encerrou, de 29 de Junho a 04 de Julho último, sete padarias na província de Maputo por apresentarem péssimas condições de higiene e limpeza. Segundo o porta-voz da instituição, Tomás Timba, as referidas padarias apresentavam péssimas condições de higiene nos sanitários, falta de balneários e vestiários, instalações degradadas, falta de artigos de higiene pessoal no interior destes, assim como junto à entrada das mesmas para efeitos de desinfeção dos clientes.
Timba, que falava esta terça-feira em conferência de imprensa que visava fazer o balanço das actividades inspectivas realizadas pela INAE, em coordenação com a Polícia da República de Moçambique e autoridades da saúde, revelou ainda que as referidas padarias não tinham fixado balanças e preços junto aos balcões, para além de que os vendedores desconheciam o peso do pão e o de 160 gramas estava a ser comercializado a um preço muito elevado.
Na conferência de imprensa, Tomás Timba avançou ainda que as autoridades apreenderam, no mesmo período, diversos produtos alimentares, com destaque para 176 caixas de vinagre na província da Zambézia e 500 caixas do mesmo produto na província de Nampula por ser considerado impróprio para o consumo, pois, contém excesso de ácido imposto pela legislação, o que acaba ferindo a espectativa do consumidor.
“A nível da indústria responsável pela produção deste vinagre, constatou-se haver problemas de asseio e limpeza, daí que foram suspensas as actividades e condicionando-se, desta forma, a sua abertura com a melhoria destes, assim como o ajustamento dos parâmetros de qualidade”, avançou.
A fonte acrescentou ainda que a INAE, em coordenação com a PRM, visitou 40 estabelecimentos de diversão nocturna, tendo encerado 23, com destaque para bares e barracas por violarem o decreto de Estado de Emergência. Nestes locais, afirma a fonte, havia aglomerados, venda de bebidas alcoólicas de forma clandestina. Em conexão com o caso, uma pessoa foi detida. (Marta Afonso)