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Sociedade

Foi através da Ministra da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, Helena Kida, que veio uma informação que gerou um burburinho entre os comunicadores presentes na sala do Centro Internacional de Conferências Joaquim Chissano, esta quinta-feira, onde o Conselho de Ministro deu seu tão aguardado briefing sobre as medidas contra pandemia do Covid 19, no contexto do Decreto Presidencial que estabeleceu um Estado de Emergência.

 

Ela disse que “todos os órgãos de comunicação social que veicularem uma informação não confirmável sobre o COVID-19 virão a sua licença suspensa”. A revelação criou algum alarido na sala.

 

A Ministra tentou clarificar: “Tudo aquilo que tem fonte não é problema”. Acrescentou que não se trata de intimidação, que a ideia não é para intimidar, mas sim que se informe “com profissionalismo e isenção”, não criando pânico na população, uma vez que todos actores sociais são importantes. Ela frisou que o Governo reconhece que não tem condições de levar a informação a toda sociedade sem o contributo da comunicação social. 

 

Ela não desenvolveu seu entendimento do que é uma "informação não confirmável", num contexto onde jornalistas recorrem a fontes anónimas para contornarem sua dificuldade em aceder a fontes oficiais. (O.O.)

quinta-feira, 02 abril 2020 08:18

Eneas Comiche regista melhorias a olhos vistos

O edil de Maputo, Eneas Comihe está a registar melhorias no seu estado de saúde, disse uma boa fonte de “Carta”. “Nas últimas 48 horas melhorou consideravelmente. Sua febre está a baixar”, acrescentou. Internado no passado dia 26 de Março no ICOR, Eneas nunca revelou sua condição de infectado pelo Covid 19. Mas teve um dos principais sintomas: febres altas. No ICOR ele tem vindo a receber tratamento sob supervisão da cardiologista Beatriz Ferreira. Entretanto, “Carta” apurou que sua mulher, Lúcia Comiche, leva a vida na normalidade, em casa. “Ela ainda não desenvolveu qualquer sintomatologia”, asseverou a fonte. (Carta) 

Quer queiramos, quer não, a nossa ignorância no que tange ao novo coronavírus é directamente proporcional à que temos relativamente ao que efectivamente nos vais acontecer (aqui em Moçambique) a partir deste 1 de Abril – que para todos os efeitos continua sendo o dia da mentira.


É que, se o PR não foi suficientemente claro e conciso no seu tão aguardado discurso à nação, no passado domingo, onde decretou o estado de emergência, menos esclarecedores ainda foram grande parte dos pontos (mais de 40) acrescentados a esse mesmo decreto, pelos membros da AR, na noite passada, após cinco extenuantes horas de reunião que resultaram na aprovação do documento, por consenso.

Sintomático disso foram as intervenções dos telespectadores que ligaram para o programa televisivo “Linha Aberta” (Stv), na noite de terça-feira: as suas percepções sobre o que vai acontecer doravante foram as mais díspares possíveis. Se para uns estamos praticamente num “lockdown” disfarçado que deve ser cumprido à risca, para outros, todas estas medidas são surreais e inaplicáveis a uma realidade como a nossa.


Em miúdos: não há consenso – pelo menos por enquanto – na interpretação do que significa o estado de emergência, e como efectivamente a população se deve comportar “socialmente” de hoje em diante. Até mesmo porque esta é a primeira vez que é decretado um estado de emergência no país.

E não é só no concernente a este ponto que não existe consenso. Por exemplo, para muitos é pouco credível que num vasto território como o moçambicano existam apenas oito casos de infecção confirmados e, ainda por cima, todos eles confinados à capital do país – mesmo admitindo que não estamos ainda numa fase de pico da pandemia.
A capacidade das nossas autoridades de saúde – concretamente no que à testagem diz respeito – essa sim, é que é constantemente posta em causa sempre que se fala nesse número irrisório e se compara com o que está a acontecer no mundo e mais especificamente nesta parcela do nosso continente.

Uma coisa porém é certa: as pessoas estão cada vez mais conscientes da imperiosidade de procederem a uma higienização pessoal constante (especialmente no que à lavagem das mãos diz respeito). Hoje em dia já é comum ver-se, pelo menos, água e sabão à entrada não só de instituições públicas, mas sobretudo de estabelecimentos comerciais, para uso dos utentes.

 

Também a questão do distanciamento social tem vindo a ser minimamente cumprida.


Mas lá está: como se sabe, é relativamente reduzida a quantidade de famílias moçambicanas que se faz a essas superfícies comercias para fazerem as suas compras do dia-a-dia. A grande maioria continua(rá), por uma série de razões mais do que óbvias, a socorrer-se dos mercados informais, onde como é sabido é um “Deus nos acuda” – não há cá água nem sabão para ninguém. E muito menos se cumpre o tal distanciamento social.

Portanto, é extremamente importante que independentemente das medidas decretadas e ontem ratificadas pelo parlamento, quem de direito venha constantemente a terreiro prestar esclarecimentos à população sobre procedimentos básicos e atitudes a tomar face a uma eventual escalada da pandemia nos próximos dias e/ou semanas.


E isso não deve ser feito por “importação” deste ou daquele modelo que se aplica neste ou naquele país, mas sim tendo em conta o desenrolar da situação na nossa realidade concreta durante os próximos 30 dias em que irá durar o estado de emergência.


É absolutamente necessário que a cada dia que passe não só o comportamento das nossas populações, como também os resultados práticos do estado de emergência, sejam estudados a fundo para que seja possível ir corrigindo o que deve ser corrigido. E que haja uma boa capacidade de comunicação por parte das autoridades, acima de tudo…(HL)

A República de Moçambique observa, desde as 00:00 horas de 01 de Abril de 2020, o seu primeiro dia do Estado de Emergência, decretado na passada segunda-feira, pelo Presidente da República, no quadro das medidas tomadas pelo Governo para conter a propagação do Covid-19, uma pandemia que já infectou oito cidadãos, em Moçambique, mais de 800 mil em todo o mundo.

 

Ainda não se sabe o que, de concreto, irá acontecer até ao dia 30 de Abril, data em que irá cessar a declaração de Estado de Emergência (caso a situação melhore) ou será renovado por um período igual ou inferior a 30 dias (caso o cenário piore).

 

Entretanto, na segunda-feira, durante a sua comunicação à Nação, Filipe Jacinto Nyusi deixou ficar algumas medidas que deverão ser observadas durante este período, como a proibição de eventos públicos e privados (cultos, excepto questões inadiáveis do Estado e sociais); a limitação da circulação interna de pessoas em qualquer parte do território nacional; a limitação da entrada de pessoas nas fronteiras terrestres, aeroportos e portos, excepto para razões do interesse do Estado, transporte de bens e mercadorias por operadores, devidamente credenciados e situações relacionadas com a saúde.

 

Ordenou também o encerramento de estabelecimentos comerciais de diversão ou equiparados ou, quando aplicável, reduzir a sua actividade; a fiscalização dos preços dos bens essenciais para a população incluindo os necessários para o combate à pandemia; a reorientação do sector industrial para a produção de insumos necessários ao combate da pandemia; a adopção de medidas para apoiar o sector privado a enfrentar o impacto económico da pandemia; a introdução da rotatividade do trabalho ou outras modalidades em função das especificidades do sector público e privado; e garantir a implementação de medidas do MISAU para conter o Covid-19 em todas as instituições públicas e privadas.

 

Enquanto o Governo não determina as regras de “convivência” para os próximos 30 dias, “Carta” fez uma ronda por alguns países do globo terrestre, que também optaram pelo confinamento para conter a propagação do novo coronavírus, que já matou perto de 41 mil pessoas. A ronda visava perceber o impacto do confinamento nas respectivas sociedades e economias.

 

Mais de um terço da população mundial está em confinamento, como forma de evitar a propagação do vírus, uma vez que ainda não existe remédio com eficácia comprovada contra o coronavírus.

 

Ainda são raros os dados sobre os efeitos económicos que o confinamento está a causar em alguns países, apenas os psicológicos, sendo a República Popular da China o maior exemplo. A província de Hubei, onde está localizada a cidade de Wuhan, o epicentro da pandemia, remeteu ao confinamento obrigatório, a 23 de Janeiro, mais de 50 milhões de pessoas e, logo, tornou-se o exemplo flagrante dos efeitos do isolamento físico na saúde mental.

 

Segundo a Rádio França Internacional (RFI), a rádio pública francesa de emissão ao estrangeiro, durante o período de confinamento, a China viu uma explosão de pedidos de consultas com psicólogos, devido ao medo de serem contaminadas com o Covid-19, como também de enfrentar a solidão da quarentena.

 

Diante desse contexto, sublinha a RFI, o governo de Pequim colocou à disposição mais de 300 linhas de assistência telefónica administradas por universidades ou associações especializadas. Mas, o número era insuficiente para uma população de mais de um bilião de habitantes, pelo que alguns terapeutas implementaram programas gravados, com exercícios de meditação. Na China, as autoridades vigiam de perto quem desrespeita as regras.

 

“Quando estamos confinados, perdemos a nossa rotina, reduzimos a nossa actividade física e, em caso de quarentena, as pessoas podem ser vítimas de stress pós-traumático, irritabilidade, angústia e insónia”, explicou, à RFI, Chee Ng, professor de psiquiatria da universidade de Melborne e colaborador da Organização Mundial da Saúde (OMS).

 

“O confinamento gera um sentimento de incerteza, de tédio e de solidão. E quanto mais longo, mais importantes são as repercussões na saúde mental”, analisou o especialista.

 

A RFI destaca ainda que, durante este período, as autoridades chinesas registaram um aumento nos índices de violência doméstica nas regiões, assim como assistiu-se ao aumento de número de casos de divórcio.

 

Já na Itália, a imposição de uma multa de 206 Euros e o risco de até três meses de prisão foram as soluções encontradas para manter a população em seus domicílios, havendo apenas autorização para deixar as residências apenas para comprar comida, ir à farmácia ou trabalhar, quando indispensável.

 

Entretanto, escreve o Jornal espanhol EL PAIS, que a resistência às medidas de isolamento para conter o novo coronavírus, levaram a Itália a pagar um preço alto. O Governo italiano, tal como o norte-americano e o brasileiro, minimizou as consequências da pandemia e hoje é o país com mais óbitos registados, em todo mundo, tendo já registado quase 12.500 mortes.

 

Esta é a realidade que se vive um pouco por todo o mundo e que também será vivida pelos moçambicanos e cidadãos estrangeiros, residindo e trabalhando em solo pátrio. Entretanto, mais do que os problemas psicológicos, os moçambicanos temem também o que já os afectam antes mesmo da eclosão desta pandemia: a fome. Com as restrições impostas, dúvidas surgem de como o Governo irá gerir a crise alimentar que poderá afectar as famílias, tendo em conta as taxas de desemprego e de pobreza existentes no país. (Carta)

Desde sábado que Moçambique não regista novos casos de infecção pelo novo coronavírus, segundo garantiu, esta terça-feira, a Directora Nacional de Saúde Pública, Rosa Marlene. Falando em mais uma conferência de imprensa de actualização da situação do novo coronavírus, no território nacional, Marlene afirmou que o país continuava com os oito casos anunciados no passado sábado, sendo seis importados e dois de transmissão local.

 

Entretanto, apesar da manutenção de número de casos confirmados, a Directora Nacional de Saúde Pública revelou que só nas últimas 24 horas, as autoridades da saúde tinham testado 36 casos suspeitos, num total de 267.

 

Porém, a fonte reiterou a necessidade do cumprimento rigoroso das medidas de prevenção, anunciadas pelas autoridades de saúde, sendo algumas anunciadas pelo Chefe de Estado, na última segunda-feira, como a proibição da realização de quaisquer eventos públicos ou privados (cultos religiosos, actividades culturais, recreativas, desportivas, políticas, associativas, turísticas e de qualquer outra índole); a limitação da circulação interna de pessoas em qualquer parte do território nacional; a limitação da entrada de pessoas nas fronteiras terrestres, aeroportos e portos; o encerramento de estabelecimentos comerciais de diversão ou equiparados, ou, quando aplicável, reduzir a sua actividade; e a introdução da rotatividade do trabalho ou outras modalidades em função das especificidades do sector público e privado.

 

A Directora disse ainda que o combate aos rumores e a desinformação é uma tarefa que cada um deve assumir no contexto da resposta à pandemia, por isso, a sociedade deve basear-se na informação oficial e credível veiculada pelas autoridades de saúde, através de canais apropriados. (Marta Afono)

 

Vinte e quatro horas depois de o Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, ter decretado o Estado de Emergência, como forma de conter a propagação da pandemia do novo coronavírus, que já infectou oito pessoas, de um total de 267 casos suspeitos, em todo país, o Conselho de Ministro (CM) garantiu, esta terça-feira, que o país possui produtos alimentares capazes de suportar os cidadãos durante o período de três meses.

 

Segundo o Porta-voz da Sessão, Filimão Suazi, a preocupação existente, neste momento, é relativamente ao frango e ao trigo, mas que serão ultrapassados. “Não se trata de uma questão de falta de trigo. Trata-se de uma questão de desalfandegamento, portanto, está se tentar correr com estes processos aduaneiros para que o produto esteja disponível para as nossas fábricas e nossas casas”, afirmou.

 

Na sua explanação, o também Vice-Ministro da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos afirmou que, neste momento, estão sendo estabelecidas parcerias entre os grandes armazenistas e retalhistas do sector informal, de modo a se mitigar os efeitos das decisões que foram tomadas quer a nível da África do Sul, quer a nível do nosso país.

 

Sublinhou não haver necessidade de haver especulação de preços e muito menos “açambarcamento” de produtos por ainda não haver razões para tal.

 

Questionado sobre as medidas a serem tomadas pelo Governo, durante o período de emergência, o Porta-voz do Conselho de Ministros afirmou que estas serão anunciadas oportunamente, depois da ratificação do documento pela Assembleia da República.

 

“São várias medidas que poderão ser tomadas e o governo ocupou-se muito de discutir. Mas, como deve imaginar, há um respeito por aquilo que é a separação de poderes. É de todo interesse do governo materializar todas situações que são cabíveis no âmbito da declaração do Estado de emergência”, sublinhou a fonte.

 

Sobre o arranque ou não das restrições, esta quarta-feira, 01 de Abril, Filimão Suaze afirmou que tudo será explicitado pelo Governo, no momento em que for a anunciar as medidas, tanto no que tange a circulação de pessoas, assim como de transportes e na provisão de serviços básicos.

 

Sublinhar que conferência de imprensa de ontem, Suazi foi confrontado com a situação dos ataques, em Cabo Delgado, onde os insurgentes atacaram, semana finda, as vilas de Mocímboa da Praia e de Quissanga. Sobre este assunto, Suaze disse que ainda não podia avançar o número de óbitos, tendo reconhecido que a situação tem provocado a deslocação de pessoas daqueles pontos para a capital provincial, Pemba, ou até a cidade de Nacala, na província de Nampula. (Carta)