À semelhança dos outros países, em Moçambique, não está a ser diferente. Os números de cidadãos infectados pelo novo coronavírus (Covid-19) não param de subir e, esta quarta-feira, o Ministério da Saúde (MISAU) anunciou o registo de mais dois casos.
Deste modo, o país passa a contar com um total de cinco casos de cidadãos infectados pelo Covid-19, depois do anúncio do primeiro no passado domingo (22 de Março).
O anúncio da existência de mais dois casos foi feito pelo Ministro da Saúde, Armindo Tiago, depois de ter descarregado a sua fúria contra os jornalistas, devido à desorganização da instituição que dirige. Armindo Tiago "ralhou" com os jornalistas, precisamente porque os seus subordinados escolheram uma sala minúscula para acolher a conferência de imprensa de actualização diária sobre a situação do Covid-19 no país, que pela natureza e sensibilidade do assunto sempre movimentou um elevado número "escribas".
Os novos casos, anotou Tiago, são importados e os testes foram feitos num laboratório privado em Portugal, denominado Joaquim Chaves. Tiago declinou dar a descrição dos dois pacientes, afirmando apenas que se encontram em isolamento intra-domiciliar.
De agora em diante, disse o governante, não mais será feita a descrição dos casos testados positivos, isto porque levaria muito tempo e até altura que chegar “mil casos” seria difícil apresentar todos os detalhes de cada um.
“Uma vez que estamos a aumentar o número de casos, nós vamos alterar o detalhe da descrição de casos porque levaríamos muito tempo a fazer a descrição de cada um. Até a altura que tivermos mil casos não poderemos conseguir dar a conferência de imprensa. Esperamos que não cheguemos a esse número”, justificou Armindo Tiago.
Entretanto, horas depois da conferência de imprensa, o MISAU fez circular um comunicado de actualização da situação do Covid-19 que contraria completamente o posicionamento vincado pelo Ministro, no final da tarde de ontem. Na nota, vêm vertidos detalhes que Armindo Tiago outrora dissera que não seriam mais revelados muito pela “economia de tempo”.
O primeiro caso, diz o comunicado, trata-se de um cidadão do sexo masculino com mais de 30 anos de idade, de nacionalidade moçambicana, residente na cidade de Maputo, que regressou de Portugal na primeira quinzena de Março, depois de ter feito escala na Áustria e Suíça.
O outro caso, refere a nota, é também de um cidadão do sexo masculino, com mais de 30 anos, de nacionalidade moçambicana, residente na cidade de Maputo, que retornou de uma viagem de Dubai, na primeira quinzena de Março prestes a findar. Este cidadão fez escala na vizinha África do Sul.
Num outro desenvolvimento, o Ministro da Saúde avançou que os cinco indivíduos diagnosticados com o Covid-19 se apresentam assintomáticos ou com sintomatologia ligeira, não justificando, até ao momento, o internamento numa unidade sanitária. Neste momento, disse Tiago, estão em isolamento intra-domiciliar.
Nas últimas 24 horas, disse Tiago, foram testados pelo Instituto Nacional de Saúde (INS) 10 casos suspeitos e todos revelaram-se negativos. Até esta quarta-feira, o INS havia testado um total de 77 casos suspeitos.
A fonte que temos vindo a citar avançou que foram identificados um cumulativo de 61 contactos que estão a ser acompanhados de modo a aferir se se trata de directos ou indirectos. Dos cinco casos registados até ao momento, quatro são importados e um resulta de transmissão local.
No que respeita à transmissão local, trata-se de Lúcia Comiche, esposa de Eneas Comiche (Presidente do Conselho Municipal de Maputo), que foi infectada por um cidadão de mais de 75 anos de idade que regressou de Londres (Reino Unido), em meados de Março corrente. (Ilódio Bata)
O cidadão de mais de 75 anos de idade, que acusou positivo ao novo coronavírus (Covid-19), infectou uma cidadã de mais de 70 anos, que, por sinal, faz parte do grupo dos 23 com quem manteve contato directo, após ter regressado de Londres, no Reino Unido, em meados de Março prestes a findar.
A novidade foi tornada pública, ao cair da tarde de ontem (24), pela Directora Nacional de Saúde Pública, Rosa Marlene, que, igualmente, confirmou a contaminação de mais uma cidadã de nacionalidade sul-africana com o novo coronavírus, elevando para três o número de casos no país.
Porém, importa esclarecer que o caso da cidadã sul-africana, com mais de 30 anos, residente na cidade de Maputo, retornou de uma viagem da vizinha África do Sul (concretamente, Joanesburgo), em meados de Março prestes a findar, representando assim o segundo caso importado, enquanto a cidadã moçambicana, que manteve contacto com o primeiro caso do Covid-19 no país, representa o primeiro caso de transmissão local.
Deste modo, o país passa a contar com três casos positivos, sendo que dois importados e um por transmissão local, denunciando, desde já, o início formal da propagação do vírus em território nacional.
Os dois novos casos de infecção pelo Covid-19 saíram do universo de 12 suspeitos que foram submetidos a testes nas últimas 24 horas. O Instituto Nacional de Saúde havia testado, até esta terça-feira, um total de 67 casos suspeitos.
“Um dos novos casos é de um indivíduo do sexo feminino com mais de 70 anos de idade, de nacionalidade moçambicana, que é contacto próximo do primeiro caso anunciado no domingo passado. O outro caso registou-se num indivíduo do sexo feminino com mais de 30 anos de idade, de nacionalidade sul-africana, residente na cidade de Maputo, que retornou de uma viagem a Joanesburgo, África do Sul, em meados de Março corrente”, disse Rosa Marlene.
Adiante, Marlene avançou que o primeiro indivíduo infectado pelo Covid-19 no país continua a apresentar sintomatologia leve e continua estável. Mesmo quadro, tal como disse Marlene, apresentam as duas cidadãs recentemente diagnosticadas com o novo coronavírus, não justificando, para já, o seu internamento numa unidade sanitária.
A Directora Nacional de Saúde Pública avançou que foram identificados 39 contactos e que, neste momento, encontram-se em quarentena domiciliária. Os contactos estão, tal como disse a fonte que temos vindo a citar, a ser monitorados pelas autoridades de saúde. (I.B.)
Parece não estar para breve o fim do “burburinho” que está em volta do actual estado de saúde do Mayor da Cidade de Maputo, Eneas Comiche. Esta terça-feira, a Directora Nacional de Saúde Pública, Rosa Marlene, veio adensar, ainda mais, o clima de desconfiança ao declinar comentar sobre a situação actual do Edil de Maputo, que, segundo se sabe, encontra-se em quarentena domiciliária voluntária.
“Antiético” e o facto de “ser médica” foi o argumento usado por Rosa Marlene para sequer dizer se o Edil de Maputo havia já recebido os resultados dos testes a que fora submetido para saber se havia ou não contraído o novo coronavírus, durante a sua estadia em Londres, onde esteve com mais dois quadros do Município de Maputo.
Eneas Comiche entrou em quarentena domiciliária voluntária no passado dia 19 de Março prestes a findar, tal como comunicou o Conselho Autárquico da cidade de Maputo. Ido de Londres, Comiche aterrou em solo pátrio no passado dia 13 de Março presente.
No entanto, antes de entrar em quarentena domiciliária, o Edil de Maputo escalou vários pontos da cidade capital, orientou uma reunião no município e no dia 18 (um dia antes de se submeter à quarentena domiciliária voluntária) participou de uma reunião da Comissão Política do partido Frelimo, orientada pelo respectivo presidente do partido, Filipe Nyusi, também Presidente da República.
“Em relação a nomes, nós não podemos citar nomes dos pacientes. É antiético, então não vou responder, se me permite. Não posso”, disse Rosa Marlene.
Entretanto, a Directora Nacional de Saúde Pública explicou que, neste momento, o Sistema Nacional de Saúde consegue disponibilizar os resultados ao teste do Covid-19 em 24 horas.
As explicações dadas pela Directora Nacional de Saúde Pública deitam, por conseguinte, qualquer narrativa de que o actual Edil da capital do país ainda não tenha sido notificado sobre os resultados dos testes a que são submetidos todos os suspeitos de estarem infectados pelo novo coronavírus.
“Nós estamos a tentar para que o resultado do teste seja o mais rápido possível e, neste momento, somos capazes de ter o resultado em 24 horas”, explicou. (Carta)
A primeira sessão ordinária do novo parlamento moçambicano arranca hoje, com a presença de menos deputados, um número reduzido de convidados e apenas jornalistas do canal público Televisão de Moçambique (TVM), para prevenir a contaminação pelo novo coronavírus.
Um conjunto de medidas está em vigor desde segunda-feira em todo o país, incluindo a suspensão de atividades com mais de 50 pessoas, sendo o parlamento uma exceção.
Ainda assim, o porta-voz da bancada da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), Jacinto Cipola, disse que o partido no poder vai dispensar 50 a 60 deputados para permitir que haja um mínimo de um metro de separação entre os deputados.
Com a diminuição, a maior bancada da Assembleia da República (AR) estará presente com 124 a 134 dos 184 deputados que detém no parlamento (que tem 250 lugares).
Por seu turno, Arnaldo Chalaua, porta-voz do principal partido da oposição, a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), disse que a força política terá todos os seus 60 deputados presentes até que a Comissão Permanente da AR tome uma medida no âmbito da prevenção da covid-19, causada pelo novo coronavírus.
Fernando Bismarque, porta-voz do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceiro partido, declarou que os seus seis deputados estarão presentes na sessão, mas tudo será feito para que os trabalhos demorem o menos tempo possível.
Na segunda-feira, o porta-voz da presidente da AR, Oriel Chemane, afirmou, em conferência de imprensa, que os únicos convidados da sessão que começa hoje são cinco membros do Governo - incluindo o primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário -, os presidentes dos tribunais Supremo, Administrativo e Constitucional, a procuradora-geral da República, o provedor de Justiça, o decano dos embaixadores estrangeiros e mais três representantes de cada um dos três partidos políticos com assento parlamentar.
O primeiro dia da primeira sessão será dedicado aos discursos inaugurais pela presidente da Assembleia da República, Esperança Bias, e pelos chefes das três bancadas parlamentares, bem como à aprovação da agenda dos trabalhos.
A sessão vai decorrer até 29 de maio, tendo em agenda a aprovação do Programa Quinquenal do Governo (PQG), o Plano Económico e Social (PES) e o Orçamento do Estado (OE) para 2020.
Os três documentos fazem parte de um conjunto de 20 pontos que vão corporizar a agenda da primeira sessão ordinária da nova legislatura do parlamento moçambicano.
Os trabalhos vão ser igualmente preenchidos por sessões de perguntas e respostas entre o Governo e os deputados e informações do executivo à plenária da AR.
O PQG, PES e OE 2020 serão os primeiros documentos a serem submetidos à Assembleia da República pelo novo Governo da Frelimo saído das eleições gerais de 15 de outubro do ano passado.
A Frelimo detém uma maioria qualificada de 184 dos 250 assentos parlamentares (73,6%) face a 60 da Renamo e seis do MDM.
A nova legislatura da AR será a IX na história parlamentar de Moçambique, desde a independência do país, em 1975.(Lusa)
Cidadãos mostram-se estar em pânico e procuram, a todo o custo, reforçar as medidas de prevenção e de segurança (nas suas residências), desde que foi anunciado o primeiro caso de coronavírus, em Moçambique, no último domingo, 22 de Março.
Até esta segunda-feira, Moçambique tinha apenas um caso confirmado de infecção pelo novo coronavírus, dos 55 suspeitos. Embora as autoridades de saúde garantam que se trata de um caso com sintomatologias leves e que não necessita de internamento, o medo e a aflição aumentaram. A pandemia, lembre-se, já atingiu mais de 185 países, tendo causado mais de 13 mil mortes, em mais de 300 mil infectados.
Por se tratar de uma doença altamente contagiosa e que já “paralisou” o mundo, “Carta” saiu à rua para medir o pulsar dos moçambicanos em relação à doença. De entre vários assuntos abordados, nossa maior preocupação era perceber como foi recebida a notícia (sobre o primeiro caso confirmado no país) e se as pessoas estavam a implementar as medidas anunciadas pelo Governo, assim como seguir os apelos das autoridades de saúde.
Pedro Jaime, de 31 anos de idade, pai de três filhos, residente na cidade de Maputo, disse à “Carta”, que recebeu a informação pelas redes sociais e, para ele, foi muito doloroso, pelo que, resolveu reforçar as medidas de segurança.
“Eu aconselhei a minha família a louvar a Deus, em primeiro lugar, e quanto às medidas tomadas pelo Governo considero positivas. Eu estou a fazer de tudo para que meus filhos não saiam à rua, quando saio de casa, tranco o portão e coloco alguém para controlar as crianças, garantiu a fonte.
Por sua vez, Maria Lucinda de Abreu, de 48 anos de idade, residente na Matola, confirmou ter acompanhado o anúncio do primeiro caso do coronavírus num dos canais televisivos. “Depois de receber a notícia não consegui dormir. A noite de domingo tornou-se longa e quando amanheceu tinha esperança de ouvir alguém, dizendo que era tudo mentira. Mas, quando percebi que se tratava da verdade, ao sair de casa hoje [segunda-feira] tranquei os miúdos dentro de casa com cadeado e proibi a entrada de crianças vizinhas para reforçar as medidas do Presidente da República”, afirmou.
Por seu Turno, Alfredo Guilamba, de 39 anos de idade, que diz ter acompanhado a “novidade”, através da rádio, na manhã de ontem, explicou: “Já era de se esperar que a qualquer momento a doença pudesse chegar, em Moçambique. Se até em países onde a segurança e o nível de desenvolvimento é maior, a doença chegou, imagine num país como nosso, onde as medidas de segurança são bastante fracas”, referiu.
Já Marta Massango, de 58 anos de idade, disse não ter ficado assustada porque já estava escrito na bíblia. “Eu vi no apocalipse, na bíblia que isso vai acontecer e a medida que eu tomei, imediatamente, foi orar para Deus, no sentido de quando a doença chegar não me contaminar e eu não temo a nada. Aconselhei meus filhos a não saírem de casa, preparei água apropriada para as crianças beberem e expliquei sobre todos os procedimentos que devem seguir, quando forem à casa de banho”, explicou.
Por seu turno, Valério Cossa, de 29 anos de idade, criticou a forma como as autoridades da saúde estão a divulgar o caso: “É bastante complicado, quando o Ministro da Saúde diz que já temos um caso confirmado de coronavírus, mas não diz onde a pessoa se encontra. Nos noticiários de outros países, pelo menos dizem em que parte a pessoa está para que as pessoas que estiverem nas proximidades se possam precaver. Assim, começo a acreditar naquelas teorias de que existem muitos casos e estão a esconder”, defendeu o cidadão.
Refira-se que, na tarde de ontem, o Ministério da Saúde revelou que o primeiro caso positivo de Covid-19 é de um cidadão, residente na cidade de Maputo e que teve contacto com mais 23 pessoas, que também estão em observação médica. Por sua vez, o Ministro da Saúde disse, na manhã desta segunda-feira, que a identidade do moçambicano que acusou positivo no exame de Covid-19 não pode ser revelada devido à questão de confidencialidade médica. (Marta Afonso)
A semana começou agitada na chamada “Pérola do Índico”. Enquanto os maiores centros urbanos discutem as melhores formas de prevenção contra o novo coronavírus, as populações da zonas centro e norte da província de Cabo Delgado continuam a questionar-se quando as suas vidas regressarão à normalidade.
Neste fim-de-semana, os insurgentes realizaram dois ataques ao distrito de Meluco, na região central daquela província do norte do país, que resultaram na morte de uma pessoa e no ferimento de outro cidadão, para além de terem incendiado diversas palhotas. O primeiro ocorreu no sábado, na aldeia Unguia, que se localiza nas proximidades da Estrada Nacional Nº 380 e o segundo ocorreu no domingo, na aldeia Muaguide. As vítimas foram verificadas no primeiro ataque.
FDS “agitam” Nangade
Entretanto, no distrito de Nangade, na região norte do distrito, reportou-se uma agitação dos residentes daquela vila, em particular comerciantes, devido à presença massiva de elementos das Forças de Defesa e Segurança (FDS). Segundo contam as fontes, na manhã do último sábado, cidadãos de Nangade abandonaram os seus pertences e puseram-se em fuga, quando notaram a presença de militares no local que, segundo apuramos, iam capturar supostos insurgentes, que exercem actividades comerciais no mercado principal na vila-sede daquele distrito.
As fontes afirmam que os “recolhidos” são suspeitos de serem responsáveis pela logística do grupo que aterroriza a província, há mais de dois anos. As fontes falam também da pilhagem de produtos dos comerciantes, durante a operação que se acredita ter durado pelo menos uma hora. (Carta)