O diretor-geral adjunto do Instituto Nacional de Saúde (INS) de Moçambique disse hoje que "ganhar tempo" é a prioridade na luta contra a covid-19, apontando vantagens em atrasar o pico da doença vários meses, "por exemplo", até janeiro de 2021.
"Atrasando o pico para janeiro ou fevereiro, o Serviço Nacional de Saúde ganha tempo para mobilização de recursos, para fortalecimento do sistema, para entender melhor a epidemia e para que apareça um medicamento" ou "uma vacina", detalhou Eduardo Samo Gudo.
O diretor-geral adjunto do INS falava durante a conferência de imprensa diária das autoridades de saúde moçambicanas sobre a pandemia da doença respiratória, numa altura em que o país regista oficialmente oito casos, sem mortes e sem casos novos detetados nas últimas 24 horas.
"O que nós queremos é reduzir, quebrar a cadeia de transmissão, de maneira a que seja muito baixa, com vista a evitar que haja um número grande de indivíduos a padecer da doença num curto espaço de tempo", sublinhou, destacando a importância das medidas de prevenção, nomeadamente ao nível da higiene pessoal e distanciamento social.
Ou seja, imaginando um gráfico do número de infetados, "em vez de acontecer um pico com centenas de milhares de casos, haver muito menos e atrasar" esse momento, explicou.
"Em vez de ocorrer em junho - sem nenhuma medida, pensa-se que ocorreria na maior parte dos países africanos nessa altura -, a ideia é afastar [o pico] de modo a que seja mais plano e ocorra, por exemplo, em janeiro ou fevereiro" do próximo ano e, assim, evitar um "afluxo grande ao sistema nacional de saúde", prosseguiu.
Ganhar tempo é importante, referiu Samo Gudo, mesmo do ponto de vista da disponibilização de medicamentos candidatos a ter sucesso no tratamento.
Prevê-se que em abril haja resultados preliminares de testes a determinadas substâncias, mas "a produção em grande escala" de um medicamento pode levar vários meses e o mesmo pode acontecer com uma vacina, observou.
Segundo Samo Gudo, Moçambique já eliminou o pior cenário possível de propagação - aquele em que não haveria medidas de prevenção - ao implementar restrições antes de ter sido conhecido o primeiro caso oficial.
As medidas impostas incluíram o fecho das escolas, sendo que a "população estudantil equivale a 25%" dos 30 milhões de habitantes de Moçambique, sublinhou, além da suspensão dos vistos de entrada no país e o desaconselhamento de aglomerações de mais de 50 pessoas.
A implementação de restrições e a projeção dos respetivos impactos estão a ser feitas com o acompanhamento de especialistas internacionais, destacou Samo Gudo.
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, ficou na sexta-feira com uma porta aberta para impor mais medidas de prevenção, depois de o Conselho de Estado, órgão consultivo, ter sugerido que seja declarado estado de emergência face à ameaça de rápida propagação da covid-19.
"Nós estamos a fazer o roteiro de um filme, mas os atores somos cada um de nós, cada moçambicano é um ator para mitigar o impacto do novo coronavírus em Moçambique", concluiu Samo Gudo.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia de covid-19, já infetou mais de 667 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 31.000 e pelo menos 134.700 são consideradas curadas.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia. (Lusa)
Moçambique espera receber material médico para controlo e prevenção da pandemia causada pelo novo coronavírus ou Covid-19. Trata-se de 20 mil Kits de despistagem, 100 mil máscaras médicas e 1000 factos de protecção que o país vai receber, doados pelo Governo chinês e que serão transportados pela Ethiopian Airlines.
Conforme a RDP África noticiou, esta segunda-feira (23 de Março), igual quantidade de equipamento médico, está a ser distribuída pela companhia pan-africana, a partir de Adis Abeba, capital etíope, para todos os países membros da União Africana, em coordenação com o Centro Africano de Controlo a Doenças, Governo da Etiópia e pela Fundação Ali Baba.
Esta terça-feira (24 de Março), o CEO da Ethiopian Mozambique Airlines (subsidiária da Ethiopian Airlines em Moçambique), Redi Muktar disse à “Carta” não saber ainda quando o equipamento vem a Moçambique. Todavia, avançou que a companhia já distribuiu o material a pelo menos quatro países africanos.
“Até agora, o Egipto, Sudão, Eritreia e o Djibuti receberam a sua parte. Ainda estamos aguardando uma actualização sobre a distribuição para outros países”, disse Muktar.
O Director-adjunto do Instituto Nacional da Saúde de Moçambique, Eduardo Samo Gudo, disse que, em princípio, o material deverá chegar àquele país ainda esta semana. Acrescentou que o mesmo será descarregado no Aeroporto Internacional de Maputo, donde será transportado para o laboratório de testagem, instalado no distrito de Marracuene, norte da Cidade de Maputo e, por fim, distribuído pelo país.
Até esta quinta-feira (26 de Março), Moçambique havia testado 98 casos suspeitos de infecção pelo Covid-19, dos quais sete acusaram positivo, tendo o primeiro sido anunciado pelas autoridades de saúde no último domingo (22 de Março). (Evaristo Chilingue)
O número de pessoas infectadas com o novo coronavírus (Covid-19) não pára de aumentar. Nesta quinta-feira, o Ministério da Saúde anunciou a existência de mais dois cidadãos infectados pelo novo coronavírus, aumentando, desta forma, para sete, o número total de casos confirmados do Covid-19.
Os números foram actualizados pela Directora Nacional de Saúde Pública, Rosa Marlene, em mais uma conferência de imprensa de actualização de dados sobre a situação do novo coronavírus, que já infectou mais de 400 mil pessoas e provocou mais de 21 mil óbitos, em todo o mundo, desde a sua eclosão, em Dezembro passado, na República Popular da China.
“Um dos casos de coronavírus é de um cidadão do sexo masculino, com mais de 40 anos de idade, de nacionalidade estrageira, residente na Cidade de Maputo, que regressou da França na primeira quinzena de Março. O outro caso registou-se num indivíduo, igualmente, do sexo masculino, com mais de 40 anos de idade, de nacionalidade moçambicana, residente na Cidade de Maputo, que retornou de uma viagem também do exterior, na primeira quinzena deste mês”, revelou a fonte.
De acordo com a Directora Nacional de Saúde Pública, de quarta para quinta-feira, o Instituto Nacional de Saúde testou 21 casos suspeitos, sendo que 19 deram negativo. Assim, Moçambique já testou um cumulativo de 98 casos suspeitos.
Marlene acrescentou ainda que os novos casos apresentam, tal como os primeiros, uma sintomatologia ligeira, pelo que se encontram também em isolamento intra-domiciliar, de acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Na sua curta declaração à imprensa, Rosa Marlene acrescentou que as autoridades já identificaram um total de 88 contactos com os casos já notificados, estando neste momento todos em acompanhamento. (Marta Afonso)
Cerca de 23 mil viajantes poderão atravessar a Fronteira de Ressano Garcia, no distrito da Moamba, província de Maputo, provenientes da vizinha África do Sul, devido ao Confinamento Nacional de 21 dias, decretado pelo Chefe de Estado sul-africano, Cyril Ramaphosa, de modo a evitar a propagação do coronavírus. A medida entrou em vigor, quando eram exactamente 00:00 horas desta quinta-feira.
Segundo informações dos Serviços Nacionais de Migração (SENAMI), esta avalanche era esperada ainda nesta quinta-feira e seria constituída maioritariamente por trabalhadores do sector comercial, mineiros e seus familiares.
“Temos a informação de entrada de muitos trabalhadores, principalmente mineiros e espera-se que o movimento seja mais intenso se as previsões se mantiverem e estamos lá a responder por esta procura dos serviços de migração”, afirmou Celestino Matsinhe, Porta-voz do SENAMI.
De acordo com a fonte, na Fronteira de Ressano Garcia, a única que continua em funcionamento, das quatro fronteiras terrestres com a África do Sul, estavam posicionadas equipas de saúde para fazer o rastreio de todos os viajantes.
Lembre-se que, até esta quinta-feira, a África do Sul tinha confirmado mais de 700 casos do novo coronavírus, o que deixa em alerta a sociedade moçambicana. Até ontem, Moçambique confirmava apenas a existência de sete pessoas infectadas com o novo coronavírus.
Falando esta quinta-feira, em conferência de imprensa, Matsinhe garantiu que, neste momento, existe um efectivo preparado para receber os concidadãos que se farão à fronteira e que o movimento migratório estava a fluir normalmente. Entretanto, reportou casos de recusa de entrada de cidadãos moçambicanos no território sul-africano, devido às irregularidades detectadas nos referidos viajantes.
Celestino Matsinhe revelou ainda que o Zimbabwe iniciou, na última terça-feira, com restrições de movimento migratório, proibindo a entrada de cidadãos estrangeiros, excepto aos transportadores que abastecem aquele país vizinho.
Questionada sobre as medidas de prevenção que estão sendo observadas em relação ao fluxo migratório que se verifica na fronteira de Ressano Garcia, a Directora Nacional de Saúde Pública, Rosa Marlene, respondeu: “É uma realidade. São todos cidadãos nacionais e têm todo o direito de regressar para o seu país de origem. O que estamos a fazer é reforçar as equipas do MISAU e da Migração, o que permite, no mínimo, saber para aqueles cidadãos que ficaram em quarentena para onde vão. É verdade que estão dispersos, mas esforços estão sendo feitos para garantir o segmento de todos”, garantiu. (Marta Afonso)
A Representante da Organização Mundial da Saúde (OMS), em Moçambique, Djamila Cabral, aponta para a prevenção e comunicação sobre o Covid-19 como a melhor forma de conter a propagação do coronavírus no país, onde já foram confirmados cinco casos desta pandemia.
“Insistir na triagem, em termos de identificar e procurar os casos suspeitos, testar para ver se são positivos ou negativos. Se são positivos, procurar todos os contactos e testá-los, se for necessário. E no fim, procurar trabalhar na parte dos hospitais para que fiquem prontos no caso de ser necessário internar as pessoas para cuidados mais específicos e intensivos. E temos de continuar, como disse no princípio, a trabalhar com a comunicação. Eu penso que a comunicação é fundamental para que possamos ter uma mudança de comportamento que vai ajudar em toda esta prevenção”, disse Djamila Cabral, citada pela ONU News, a Agência de Informação das Nações Unidas.
Para a Representante daquela agência das Nações Unidas, em Moçambique, é necessário que as autoridades continuem a redobrar os cuidados essenciais, após as primeiras notificações do novo coronavírus.
“Falamos em lavar as mãos, falamos na etiqueta da tosse, falamos em distância social. Mas tem também aspectos ligados à quarentena, aquelas pessoas que são colocadas em quarentena e não cumprem como prometeram. Temos de continuar a fazer comunicação para que as pessoas possam entender que a quarentena é para o bem delas e para o bem das suas famílias e para o bem das populações, mas em primeiro lugar é para o bem das suas famílias. É verdade que é difícil, nós temos uma população jovem, mas essas medidas podem ter alguma dificuldade em serem implementadas correctamente, mas a comunicação continua a ser a arma fundamental”, disse a fonte.
Lembre-se que os três primeiros casos notificados pelo novo coronavírus, em Moçambique, estão em quarentena domiciliar por apresentar sintomas leves, tal como avançou a Directora Nacional de Saúde Pública, Rosa Marlene. Entretanto, importa sublinhar que um dos casos confirmados é resultado de uma transmissão local, sendo uma mulher de 77 anos de idade que manteve contacto com um cidadão de mais de 75 anos, que importou a doença do Reino Unido.
Moçambique está na lista dos 52 países africanos que até esta quarta-feira já tinham reportado cerca de 2.000 casos do Covid-19, que resultaram em 58 vítimas mortais.
EUA podem tornar-se novo epicentro da pandemia
Enquanto isso, a OMS, na voz da sua porta-voz, Margaret Harris, anunciou que os Estados Unidos da América (EUA) poderão se tornar o novo “epicentro” da crise. Segundo a fonte, o país apresenta um “surto muito significativo” e um grande número de novos casos relatados da noite para o dia.
Os EUA já contam com cerca de 50 mil casos, sendo que, em 24 horas, 85% de todos os pacientes recém-notificados foram registados em territórios norte-americanos e europeus. Em todo o mundo, mais de 400 mil pessoas já foram infectadas pelo Covid-19, sendo que, deste número, mais de 18 mil perderam a vida, em 194 nações.
Entretanto, a OMS aponta alguns “sinais positivos em vários países europeus”, que, no entanto, precisam ser vistos com cautela. Com a estratégia de “testar, isolar, rastrear e colocar em quarentena”, a agência destaca que foram dados passos cruciais e necessários que deveriam ser exemplo para autoridades de todo o mundo. (Carta)
Tudo parecia ter acalmado, na província de Cabo Delgado, quando o Porta-voz do Conselho de Ministros, Filimão Suazi, disse, na passada terça-feira, que os insurgentes se haviam retirado livremente de Mocímboa da Praia, onde atacaram no dia anterior (segunda-feira).
Mas, debalde! Nesta quarta-feira, o grupo que aterroriza alguns distritos da província de Cabo Delgado escalou o distrito de Quissanga, localizado na parte central da província, estando a 102 Km da Cidade de Pemba.
Segundo contam as fontes, os terroristas protagonizaram um ataque jamais visto naquele distrito, desde o ataque à Bilibiza. Tal como aconteceu em Mocímboa da Praia, os insurgentes ocuparam a residência oficial do Administrador. O ataque começou por volta das 4:00 horas, tendo terminado por volta das 11:00 horas. As fontes reportam a morte de seis membros das Forças de Defesa e Segurança (FDS).
Conforme contaram as fontes, o grau de destruição é elevado. Reporta-se a destruição de viaturas das FDS e de propriedades públicas e privadas, como Comando Distrital da Polícia da República de Moçambique (PRM); casas incendiadas; e a recolha de quantidades elevadas de armamento.
Ainda não se conhece a real dimensão dos danos patrimoniais, assim como o número de vítimas mortais, porém, fontes afirmam que algumas pessoas já tinham deixado a aldeia, quando os insurgentes escalaram a área.
Fontes garantem ainda que antes de escalar a vila-sede de Quissanga, os insurgentes atacaram, na passada terça-feira, a aldeia Mussomero, que dista a sete quilómetros daquela vila-sede, onde, igualmente, raptaram mulheres e três e quatro jovens.
Face à situação que vem ocorrendo nos outros distritos, a população da vila-sede de Macomia está agitada e com muito medo, conforme descreveu uma fonte naquele distrito. A fonte disse que os cidadãos tentam, a todo o custo, embarcar para a cidade de Pemba, capital provincial de Cabo Delgado e outros pretendem regressar ao Posto Administrativo de Mucojo, onde decorreram os primeiros ataques naquele distrito.
Refira-se que, contrariamente ao que aconteceu no assalto à Mocímboa da Praia, onde o Comando-Geral da PRM convocou a imprensa para anunciar a “triste notícia”, esta quarta-feira a Corporação decidiu manter-se no silêncio. Sublinhar que, na passada terça-feira, o grupo terrorista Estado Islâmico da África Central (ISCAP) reivindicou o ataque à Mocímboa da Praia, onde também foram recolhidas quantidades elevadas de armamento bélico. (Carta)