Está cada vez mais cara a vida, na República de Moçambique. Depois de, em Janeiro, o país ter registado uma subida geral do nível dos preços na ordem de 1,18% em relação ao último mês de 2020 (Dezembro), em Fevereiro a inflação registou um aumento de 1,34% em comparação com o primeiro mês do ano.
De acordo com os dados recolhidos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) ao longo do mês de Fevereiro, nas Cidades de Maputo, Beira e Nampula, as divisões de alimentação e bebidas não alcoólicas e de habitação, água, electricidade, gás e outros combustíveis foram as de maior destaque, ao contribuírem no total da variação mensal com cerca de 0,98 e 0,32 pontos percentuais (pp) positivos, respectivamente.
Segundo a autoridade estatística, os preços do tomate (25,5%), do carvão vegetal (19,8%), da alface (27,2%), do coco (8,0%), da couve (9,0%), do amendoim (3,8%) e do feijão manteiga (3,3%) é que registaram maior aumento, enquanto o peixe fresco (1,6%), a galinha viva (2,3%) e o limão (30,6%) contrariaram essa tendência.
No seu mais recente Índice de Preços no Consumidor (IPC), publicado esta quarta-feira, o INE revela que, em termos homólogos (de Janeiro a Fevereiro), o país registou um aumento de preços na ordem de 2,54%, sendo que as divisões de alimentação e bebidas não alcoólicas e de habitação, água, electricidade, gás e outros combustíveis, foram as de maior destaque na tendência geral de subida de preços, ao contribuírem com cerca de 1,83pp e 0,37pp positivos, respectivamente.
De acordo com o IPC, a cidade da Beira, capital provincial de Sofala, voltou a registar uma variação mensal mais elevada (1,80%) do país, tendo sido seguida pela Cidade de Maputo (1,70%) e, por fim, a capital provincial de Nampula (0,33%). Em Janeiro, a segunda maior cidade do país tinha registado uma inflação de 2,09%.
“Relativamente à variação acumulada, a Cidade da Beira teve a maior subida do nível geral de preços com 3,93%, seguida das Cidades de Maputo com 2,59% e de Nampula com 1,46%”, refere o INE, acrescentando que a capital provincial de Sofala, em comparação com o mesmo período do ano passado, liderou a tendência de aumento com aproximadamente 6,48%, seguida da Cidade de Nampula com cerca de 5,15% e, por último, a Cidade de Maputo com 4,59%. (Carta)
A Nacala Logistics, gestora do sistema ferro-portuário na zona norte do país, afirma ter fechado o ano de 2020 com um prejuízo de 31 milhões de USD, no seu resultado líquido.
Em comunicado de imprensa enviado esta quarta-feira, a empresa explica ter sido “demasiadamente” afectada “pela redução das receitas resultantes do baixo volume de transporte e manuseio de carvão e de carga geral”, no corredor de Nacala.
A nota explica que, no último trimestre de 2020, “o transporte de carga geral reduziu em cerca de 40%, enquanto o transporte e embarque de carvão teve um decréscimo de cerca de 20% em relação ao ano anterior”, pelo que, “registou um resultado operacional de 84 milhões de dólares, menos 27% que o igual período de 2019”.
Citado no documento, o Administrador Financeiro do Corredor, Fábio Iwanaga, afirma que o desempenho dos negócios de logística de carvão e carga geral foram afectados pela retracção da demanda causada pela pandemia, sendo que, para este ano, “espera-se uma recuperação gradual do sector, em linha com a retoma da economia mundial”.
Entretanto, a empresa garante ainda estar a investir na modernização dos seus serviços, como é o caso da introdução do serviço expresso de transporte de contentores, que permite localizar a carga, em tempo real, graças ao seu sistema de rastreamento. (Carta)
A Africa Oil & Power (AOP) (www.AfricaOilAndPower.com) realizou hoje os seus Workshops Técnicos de Gás e Energia de Moçambique 2021; Os workshops virtuais foram realizados por empresas líderes em Moçambique e visaram uma série de temas, incluindo conteúdo local, desenvolvimento de capacidades e geração de eletricidade a partir de gás; Dedicados exclusivamente a mostrar as iniciativas progressivas de energia e não energia que se realizam em todo o país, os workshops foram uma progressão até ao Moçambique Gás e Energia 2021 (MGP 2021), que está reprogramado para mais tarde neste ano.
A Africa Oil & Power (AOP) realizou hoje o seu primeiro dia de seminários técnicos de Moçambique Gás & Energia (MGP) 2021, com o objetivo de melhorar o conteúdo local e a transferência de conhecimentos na crescente indústria energética de Moçambique. Os workshops foram realizados utilizando um formato virtual, a fim de permitir que a audiência global do AOP pudesse assistir e participar, e visaram uma série de assuntos incluindo o desenvolvimento de capacidades, infraestruturas críticas, segurança e comunidade e a realização de negócios através da cadeia de valor da energia. A série de workshops foi conduzida por empresas líderes na África Subsaariana em parceria com o Ministério dos Recursos Minerais e Energia, a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos, a Câmara Africana de Energia, a Câmara Moçambicana de Petróleo e Gás e a Attitude HR. As sessões incluíram a apresentação de perguntas, participação em sondagens e trabalho em rede com convidados ilustres.
Os workshops técnicos centraram-se nos conteúdos locais dentro do sector energético de Moçambique e incluíram uma mesa-redonda liderada pela Deloitte, com pontos de discussão específicos orientados para métodos de reforço da participação das empresas locais, o aumento da inclusão das mulheres e desafios sectoriais que dificultam os conteúdos locais. As sessões ofereceram um olhar integral sobre o valor do conteúdo local em Moçambique através de oradores notáveis, incluindo Natalia Magaia Camba, Diretora de Conteúdo Local do Instituto Nacional do Petróleo de Moçambique; Victor Tivane, Diretor de Conteúdo Local da ENH; Thomas Rodriguez, Gestor de Conteúdo Local de Moçambique LNG da Total; Shauki Musallam, Gestor do Território Médio Oriente e África da Polati da Rússia; António Fumo, Diretor de Conteúdo Local da Sasol; e Marco Correia, CEO da Duys.
"Precisamos de ser capazes de aprender com outros países e outros erros do mercado", afirmou Correia. "Somos plenamente capazes de direcionar conteúdos locais e devemos estar preparados com os parceiros certos que estejam interessados em desenvolver connosco conteúdos locais. Precisamos de estar equipados com as competências certas e com financiamento barato. Moçambique tem a mão-de-obra disponível e pessoas que podem ser facilmente ensinadas e qualificadas".
Para além dos conteúdos locais, os seminários ofereceram uma discussão aprofundada sobre o valor das infraestruturas de gás para produção de eletricidade para África, na qual uma apresentação perspicaz da TAQA Arábia e exemplos de casos de estudos detalhados enfatizaram as vantagens socioeconómicas e de eletrificação associadas a este recurso. Os membros do painel incluíram Khaled Abubakr, Presidente Executivo da TAQA Arábia; Adly Kafafy, Vice Presidente para África & Novos Empreendimentos da TAQA Arábia; e Michael Konadu, Diretor de Crescimento Comercial da GE Power África Subsaariana no Gana.
"Se tiverem um fornecimento de energia fiável, terão uma economia fiável", afirmou Khaled Abubakr. "Ter infraestruturas e gasodutos fortes ajudará os países a equilibrar a escassez de gás e a rentabilizar o excedente". Tipicamente, o que está a acontecer em Moçambique, é que há um foco nas instalações de exportação que será bom para o excedente e a monetização, mas o passo seguinte é desenvolver as infraestruturas, tais como gasodutos, para concentrar as exportações na região".
"A África precisa de eletricidade a preços acessíveis", afirmou Michael Konadu. "O gás pode fornecer eletricidade acessível, fiável e sustentável a toda a região. Não se pode estar envolvido no sector da eletricidade sem estar envolvido no sector do gás".
Ao reunir investidores globais e decisores políticos na indústria do petróleo, gás e eletricidade para este programa de workshops técnicos focalizados, a AOP pretende impulsionar mais investimento e desenvolvimento na indústria energética transformadora de Moçambique. (Carta)
A consultora Fitch Solutions alertou hoje que Moçambique enfrentará os mesmos problemas de Angola ou Nigéria, excessivamente dependentes de uma só matéria prima, se não diversificar a economia aproveitando as futuras enormes receitas de gás.
"A não ser que comecemos a ver reformas económicas significativas que encorajem a distribuição dos benefícios do gás a toda a economia, Moçambique poderá enfrentar os mesmos problemas que limitaram o crescimento em países como Angola ou Nigéria durante a recente queda do preço das matérias primas", escrevem os analistas da Fitch Solutions.
Na mais recente análise a longo prazo da economia do país, enviada aos investidores e a que a Lusa teve acesso, os peritos desta consultora detida pelos mesmos donos da agência de notação financeira Fitch Ratings lembram que "várias estimativas apontam para a existência de entre 100 a 185 biliões de pés cúbicos na costa do país, mais do que o total do consumo nos Estados Unidos durante duas décadas".
Isto, afirmam, "vai originar uma transformação da economia, com mais crescimento, maiores exportações e avultadas receitas, para além de maiores e mais atrativas oportunidades de negócio para os investidores estrangeiros".
Só que, acrescentam, "com o país incapaz de aprovar grandes reformas estruturais para transformar a riqueza dos recursos numa economia diversificada e com padrões de vida mais elevados para as populações, Moçambique arrisca-se a cair na mesma armadilha das matérias primas que prejudicou o crescimento em várias economias dependentes dos recursos naturais, limitando as oportunidades nos outros setores".
Em causa estão os exemplos de Angola e da Nigéria, que têm um modelo económico que depende fortemente das exportações: "independentemente da riqueza e do crescimento real do PIB que um aumento do gás poderia trazer à economia de Moçambique, os exemplos de Angola e da Nigéria revelam um abrandamento dramático do crescimento das exportações no seguimento do colapso dos preços em 2015 e 2016".
Se o gás desempenhar um papel semelhante, "a economia vai ficar exposta aos mesmos riscos, com a volatilidade nos preços globais do gás a resultar provavelmente em grandes e súbitas variações nas receitas externas", alertam.
Para evitar um destino semelhante ao dos dois maiores produtores de petróleo na região, a Fitch Solutions diz que será preciso "que o Governo implemente várias reformas para promover métodos alternativos de crescimento económico quando os preços desçam, mas isto é uma perspetiva desafiante na região, e no caso de Moçambique estamos particularmente céticos sobre a capacidade do Governo em implementar este tipo de reformas devido ao histórico recente de má governação".
A expectativa da Fitch Ratings é que "as perspetivas económicas melhorem durante a próxima década, à medida que o progresso nos projetos de gás natural oferece um empurrão significativo ao crescimento a longo prazo", isto depois de o PIB se ter contraído 1,3% no ano passado devido à pandemia de covid-19.
Durante esta década, no entanto, o panorama poderá ser diametralmente oposto: "Quando as exportações começarem, que esperamos aconteça a partir de 2022, antevemos uma aceleração da atividade económica, o que significa que Moçambique poderá ter uma das mais elevadas taxas de crescimento da África subsaariana", preveem os analistas.
Isto, claro, se a situação de segurança no norte do país, onde estão as maiores reservas de gás desta região, melhorar, já que atualmente os combates são "uma ameaça significativa ao desenvolvimento do setor do gás natural liquefeito e à atratividade de investidores estrangeiros".
A Fitch Solutions, de resto, avisa que "sem um progresso mais significativo na luta contra os insurgentes, os riscos de ataques diretos aos locais dos megaprojetos vão aumentar a médio e longo prazo". (Lusa)
Moçambique considerou inelegíveis cerca de 40 milhões de dólares (33,6 milhões de euros) de custos recuperáveis apresentados pelas concessionárias de gás natural no norte do país, entre 2015 e 2017, anunciou hoje o Instituto Nacional de Petróleo (INP).
As concessionárias apresentaram no período dois mil milhões de dólares (1,6 mil milhões de euros) em custos relacionados com despesas classificadas como dinheiro que podem reaver, nos termos dos contratos feitos com o Estado.
"O INP concluiu o processo de certificação" e "cerca de 2% não foram considerados elegíveis para recuperação", ou seja, perto de 40 milhões de dólares (33,6 milhões de euros), lê-se no relatório publicado hoje no diário Notícias.
Entre as razões para a exclusão de 2% dos custos recuperáveis apresentados está "a não observância dos procedimentos contabilísticos e financeiros estabelecidos nos contratos de concessão" e também "a falta de documentos que sustentem os custos", entre outras.
As concessões, localizadas na bacia do Rovuma, são lideradas pela Total (Área 1) e Exxon Mobil e Eni (Área 4) e apesar de ainda não terem produzido gás natural, já realizaram diversos trabalhos prévios de prospeção e engenharia.
A petrolífera francesa Total abrandou o projeto devido à insegurança em Cabo Delgado, mas ainda mantém a previsão de início de produção para 2024, com várias infraestruturas já edificadas na península de Afungi. É o maior investimento privado em curso em África.
O projeto em terra da Área 4 foi adiado sem data, mantendo-se apenas um projeto de menor dimensão para extração de gás com uma plataforma flutuante.
Segundo o INP, está em curso a finalização de uma auditoria aos custos recuperáveis apresentados pelo projeto dessa plataforma, que iniciou atividades em 2017 e deve começar a produzir no próximo ano.
Para maio, estão agendadas novas auditorias aos custos recuperáveis das Áreas 1 e 4 da bacia do Rovuma, referentes aos exercícios financeiros de 2018, 2019 e 2020.
O INP está a finalizar a contratação do consultor independente que será responsável pela tarefa.
No caso dos custos de 2015, 2016 e 2017, cujo relatório foi hoje publicado, o processo de certificação foi feito com a assistência da Bayphase Geologists, Engineers and Investment Analysts, uma empresa britânica.
Os contratos de concessão preveem que determinados custos permitidos sejam recuperados através do direito às quantidades de gás produzido. (Lusa)
As principais minas de carvão de Moçambique perderam um terço da produção e mais de metade das receitas de venda, agravando o prejuízo em 2020, face ao ano anterior, segundo dados divulgados hoje pela empresa brasileira Vale em Maputo.
A produção total do ano "situa-se em 5,9 milhões de toneladas, refletindo os impactos da pandemia da covid-19", lê-se em comunicado, após uma produção de 8,8 milhões de toneladas em 2019.
Segundo os resultados financeiros da Vale relativos a 2020, a receita líquida de vendas de carvão caiu de mil milhões de dólares em 2019 para 473 milhões de dólares, uma queda de 54%.
O prejuízo do segmento de carvão agravou-se em 74%, de 533 milhões de dólares, em 2019 para 931 milhões de dólares, segundo os resultados operacionais (EBITDA) ajustados.
Além do impacto da covid-19, "a produção desacelerou no quatro trimestre devido ao início do projeto de manutenção geral do complexo mineiro", em Moatize, província de Tete, no interior centro de Moçambique.
A Vale anunciou em janeiro que está a procurar um comprador para deixar a operação em Moçambique e pretende entregar as minas com maior capacidade de produção.
O carvão é um dos principais produtos de exportação de Moçambique e a Vale emprega cerca de 8.000 pessoas, perto de 3.000 trabalhadores próprios e os restantes subcontratados. (Lusa)