“Moçambique teve o segundo maior aumento de mortes por terrorismo e teve o maior aumento da actividade terrorista na África Subsaariana”, indica o Índice Global do Terrorismo – 2020, publicado em finais de Novembro último, pelo Instituto Para Economia e Paz (IEP, sigla em inglês), uma organização de pesquisa global sem fins lucrativos, sediada na Austrália.
De acordo com o Relatório, de 109 páginas e que analisa a actividade terrorista em cerca de 50 países do mundo, Moçambique registou um total de 319 mortes, causadas pelos ataques terroristas, em 2019, contra 133, registadas em 2018, o que representa um aumento de 140%.
Segundo a análise, “há sinais de que grupos jihadistas, na África subsaariana, estejam a explorar a turbulência causada pela pandemia [do novo coronavírus] para lançar ataques e ganhar território”, sublinhando o facto de o grupo terrorista, que actua na província de Cabo Delgado, ter assumido “um porto estratégico”, declarando, desta forma, “um novo posto avançado no estabelecimento de um califado”.
Já na Nigéria, diz o documento, os ataques violentos, registados nos primeiros seis meses de 2020 superaram o total registado em 2019. Grande parte dos ataques, sublinha a fonte, foi atribuída à Província da África Central do Estado Islâmico (ISWAP) e extremistas Fulani. Lembre-se que, em Junho de 2019, operativos do ISWAP emboscaram a Vila de Foduma Kolowombe, no Estado de Borno, tendo matado 81 pessoas e ferido outras seis.
O estudo realça que as regiões norte e Subsaariana de África tiveram um aumento na propagação do terrorismo, nos últimos cinco anos. “Muito desse aumento, na actividade terrorista, tem-se concentrado na região do Sahel. Porém, no último ano, os ataques terroristas aumentaram em Moçambique”, destaca.
Entretanto, o IEP ressalta que, de um modo geral, o impacto do terrorismo melhorou na África Subsaariana, em 2019, onde 10 países não registaram qualquer actividade terrorista; 22 registaram uma melhoria; contra 12 que registaram uma deterioração da situação.
“Dos 10 países, globalmente, que tiveram as maiores deteriorações nas mortes por terrorismo, sete ocorreram na África subsaariana. No geral, as mortes por terrorismo, na região, permaneceram estáveis em 4.635, em comparação com 4.523, em 2018. Embora ainda seja menor do que o pico visto, em 2014, é um aumento de 200% em uma década atrás. No total, pouco menos de 50 mil pessoas foram mortas em ataques terroristas na região, desde 2002. Burquina Faso, Moçambique, República Democrática do Congo e Mali tiveram as maiores deteriorações no número de pessoas mortas em ataques terroristas. Burquina Faso teve o maior aumento nas mortes por terrorismo, aumentando quase 600% de 2018 para 593, em 2019", explica o IEP.
Na sua análise, a organização suspeita que grande número dos ataques terroristas, ocorridos em África, tenham sido protagonizados pelo Estado Islâmico do Grande Sahara (ISGS). “Houve 94 mortes atribuídas a este grupo, em 2019. O aumento da actividade terrorista em Burquina Faso é parte de um aumento maior em toda a região do Sahel, com picos semelhantes vistos no Mali e Níger”, defende.
“A região também abriga 14 países que devem dobrar sua população até 2050, incluindo Burquina Faso, Mali e Moçambique. Os impactos do rápido crescimento populacional são agravados pela alta variabilidade nas condições climáticas, com mais da metade dos países da região a enfrentarem secas. Muitos desses países já estão passando por ciclos viciosos, onde a competição por recursos escassos cria conflito e, por sua vez, leva ao esgotamento de recursos”, explica.
“Todos os países com o maior aumento do terrorismo estão, actualmente, em conflito; enfrentam, pelo menos, duas ameaças ecológicas sérias e têm mais de 90% do crescimento demográfico projectado até 2050”, acrescenta, citando os casos de Burquina Faso, Moçambique, República Democrática do Congo, Mali, Níger, Camarões e Etiópia, afectados pelos ataques terroristas e que apresentam estas características.
Terrorismo teve impacto de 16,4 biliões de USD em 2019
De acordo com a análise, o terrorismo, em 2019, teve um impacto económico de 16,4 biliões de USD, um valor que representa uma redução de 25% em relação ao impacto registado no ano de 2018. Na sua análise, a organização entende que os números sobre o impacto económico do terrorismo têm sido “conservadores”, pois, não contabilizam muitos itens, incluindo os impactos indirectos nos negócios e investimentos, custos de seguro, oportunidade perdida e os custos associados com agências de segurança no combate ao terrorismo. (Omardine Omar)
Um empresário de origem indiana foi raptado na tarde de sexta-feira em Maputo, capital moçambicana, disse hoje à Lusa fonte policial.
O empresário terá sido raptado por três homens armados quando voltava da casa de um familiar, disse Leonel Muchina, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM).
“Efetuaram alguns disparos para persuadir a vítima a ceder", arrastaram-no para uma viatura e fugiram, referiu.
O empresário comercial de 54 anos estava a caminho de casa e terá sido raptado no bairro do Zimpeto, nos subúrbios da cidade de Maputo.
A PRM avançou que decorrem investigações, coordenadas com o Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic), para esclarecer o crime.
Números até agora avançados pelas autoridades moçambicanas indicam a ocorrência de 11 raptos no país (contando com este último de sexta-feira) desde o início do ano cujas vítimas são sempre empresários ou familiares.
Em outubro, um grupo de empresários na cidade da Beira, província de Sofala, centro de Moçambique, paralisou, por três dias as suas atividades em protesto contra a onda de raptos no país.
A Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), maior agremiação patronal do país, também já exigiu por diversas ocasiões um combate severo a este tipo de crime e até o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, já pediu mais medidas.
O Governo moçambicano prometeu, em novembro, um "combate enérgico" aos raptos, qualificando este tipo de crimes como "horrendos", tendo avançado que está a apostar no reforço da capacidade da polícia, dotando a corporação de meios mais modernos no combate aos raptos. (Lusa)
As autoridades da saúde anunciaram, esta quarta-feira, o registo de mais um óbito, causado pela Covid-19, elevando para 132, o cumulativo de pessoas que perderam a vida por conta desta doença. De acordo com a actualização do Ministério da Saúde (MISAU), a morte ocorreu na cidade de Maputo, na passada terça-feira, tendo perdido a vida um cidadão de 50 anos de idade.
Em relação às novas infecções, o MISAU disse ter diagnosticado mais 96, subindo para 15.866, o total de pessoas que testaram positivo para o novo coronavírus, em todo o território nacional, desde 22 de Março. Os novos casos foram notificados na cidade de Maputo (55) e nas províncias de Cabo Delgado (18), Maputo (14), Zambézia (seis), Tete (dois) e Niassa (um).
Neste momento, 1.716 pessoas estão infectadas com o novo coronavírus, sendo que 45 encontram-se internadas em algumas unidades sanitárias do país. De terça para quarta-feira, quatro foram internadas, sendo três na cidade de Maputo e uma na província de Tete.
Entretanto, 236 pessoas recuperaram da doença, das quais seis na província de Maputo e 230 na capital do país. Assim, 14.014 (88.3%) indivíduos já recuperaram da doença, em Moçambique. (Marta Afonso)
As situações de emergência e/ou de calamidade pública, que ciclicamente caracterizam o país, sobretudo, durante a época chuvosa e ciclónica, levaram o Governo moçambicano a criar um visto humanitário. A novidade foi avançada esta terça-feira, pela vice-Ministra da Indústria e Comércio, Ludovina Bernardo, à saída da 42ª Sessão Ordinária do Conselho de Ministros (CM).
De acordo com a porta-voz da Sessão, o documento será concedido aos cidadãos estrangeiros que vêm ao país a convite das autoridades moçambicanas ou organizações internacionais, com a finalidade de prestar trabalho humanitário, sem fins lucrativos, no âmbito do Estado de Emergência ou Situação de Calamidade Pública, declarados nos termos da lei.
Segundo a fonte, a atribuição dos vistos será regulada pelos Ministérios do Interior e dos Negócios Estrangeiros, com base em “critérios próprios que ainda serão definidos”. Lembre-se que o país experimentou, pela primeira vez, um Estado de Emergência, no quadro das medidas de combate ao novo coronavírus, tendo durado 150 dias. Durante este período, apenas voos humanitários é que escalavam o país, na sua maioria transportando cidadãos moçambicanos. Neste momento, o país observa o Estado de Calamidade Pública, cujo seu término ainda é uma incógnita. (Carta)
A Cidade e Província de Maputo foram, na tarde e princípio da noite desta terça-feira, repentinamente surpreendidas pela mudança do estado de tempo que culminou com a queda de chuvas, acompanhadas de ventos fortes e trovoadas, que deixaram um rastro de destruição.
Principais artérias alagadas e bairros da capital do país inundados, árvores e postes de iluminação da rede pública deitados abaixo, residências e viaturas total e parcialmente destruídas é o saldo das, aproximadamente, três horas de chuva intensa.
As fortes chuvas, acompanhadas de ventos fortes e trovoadas, caíram na tarde e princípio da noite de ontem, depois de mais uma “previsão duvidosa” do Instituto Nacional de Meteorologia (INAM), que para esta terça-feira (Cidade de Maputo) não previa a ocorrência de tais fenómenos, que, praticamente, colheram, mais uma vez, de surpresa os cidadãos.
De acordo com a previsão divulgada, na última segunda-feira, o INAM previa, para as províncias de Inhambane, Gaza e Maputo, tempo quente e céu pouco nublado localmente muito nublado. Ainda a possibilidade de trovoadas e chuvas fracas, bem como ventos de nordeste a noroeste fraco a moderado, soprando por vezes com rajadas principalmente na faixa costeira. A previsão era válida das 18:00h do dia 30 de Novembro às 24 horas do dia 01 de Dezembro de 2020.
De acordo com o boletim meteorológico do INAM, o distrito de Namaacha e a Localidade da Ponta de Ouro (distrito de Matutuine), ambos na província de Maputo, é que, a par de temperaturas virem a atingir os 32 e 33 graus, previa-se a ocorrência de ventos fracos a moderados.
Aliás, no alerta emitido às 10 horas de ontem, o INAM apontava para a ocorrência de chuvas fortes, trovoadas e ventos com rajadas, apontando como áreas de risco as províncias de Sofala, Manica e Inhambane. Para o caso da Sofala, seriam afectados os distritos de Machanga, Chibabava, Buzi, Nhamatanda, Dondo, Muanza, Gorongosa, Cheringoma, Marrome, Marínguè, Caia, Chemba e Cidade da Beira. Em Manica, os distritos de Machanga, Mossurize, Sussundenga, Macate, Gondola, Vanduzi, Manica, Báruè, Macossa e a cidade de Chimoio. Para o caso de Inhambane, os distritos de Govuro, Inhassoro e Mabote.
Concretamente, o INAM apontava para chuvas fortes (acima de 50 milímetros em 24 horas), localmente muito fortes (acima de 75 milímetros) acompanhadas de trovoadas e ventos com rajadas nos distritos retromencionados, isto a partir do dia de hoje, 02 de Dezembro. E que os distritos das províncias de Maputo e Gaza iriam registar aguaceiros com trovoada ou chuvas fracas a moderadas e ventos com rajas fortes a partir da noite do dia de ontem.
Entretanto, o cenário foi, inversamente, oposto ao desenhado pelo Instituto Nacional de Meteorologia. A baixa da cidade, os bairros de Hulene, Chamanculo, Mafalala, Maxaquene e parte da Costa do Sol eram o espelho das fortes chuvas que caíram na tarde e noite de ontem. Na província de Maputo, bairros como Nkobe, Fomento e Liberdade ficaram alagados e algumas residências ficaram sem as respectivas coberturas. (Carta)
O Ministério da Saúde (MISAU) anunciou, esta terça-feira, o registo de mais 69 pessoas infectadas pelo novo coronavírus, no território nacional, o que perfaz um cumulativo de 15.770 casos positivos, dos quais 15.463 são de transmissão local e 307 importados. Os novos casos foram notificados na cidade de Maputo (41) e nas províncias de Sofala (13), Gaza (sete), Niassa (quatro), Zambézia (três) e Tete (um).
Segundo as autoridades da saúde, de segunda para terça-feira, quatro pessoas tiveram alta hospitalar, enquanto três pacientes foram internados nos centros de isolamento, devido ao agravamento da sua saúde (todos na cidade de Maputo), elevando para 44, o total de internados, neste momento, em todo o país, devido à Covid-19.
Entretanto, 49 pacientes recuperaram da Covid-19, sendo 21 na província da Zambézia, sete na província de Tete, sete na província de Manica, um na província de Inhambane e 13 na província de Gaza. Assim, o país conta, actualmente, com 13.778 (87.4%) indivíduos recuperados da Covid-19.
Referir que 131 pessoas já perderam a vida devido a esta doença e outras quatro perderam a vida por outras causas. Neste momento, 1.857 pessoas continuam infectadas pelo novo coronavírus. (Marta Afonso)