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O deputado da Renamo, António Muchanga, eleito pelo círculo eleitoral da província de Maputo, foi expulso, este domingo, de um debate televisivo por “não estar em condições” de participar. O facto ocorreu no decurso de mais uma edição do programa “Pontos de Vista”, emitido pelo canal privado STV, no qual as três formações políticas com assento na Assembleia da República, nomeadamente, Frelimo, Renamo e Movimento Democrático de Moçambique (MDM), discutem os principais assuntos de interesse público que marcaram a semana.

 

O relógio marcava pontualmente 21:00 horas (horário de Moçambique), quando o programa, transmitido em directo, foi ao ar. Entretanto, diferentemente das edições anteriores, o mesmo seria interrompido em menos de cinco minutos, pois, o Jornalista Jeremias Langa, apresentador do programa, entendeu que o deputado da Renamo não estava em condições de continuar o debate.

 

António Muchanga, tal como é hábito no programa, foi convidado a apresentar o seu facto da semana, tendo trazido à ribalta o actual debate sobre a mudança da alcunha da selecção nacional de futebol, de “Mambas” para “Rinocerontes” ou “Elefantes”, propostas lançadas pelo Secretário de Estado para o Desporto, Carlos Gilberto Mendes.

 

Na sua curta intervenção, António Muchanga disse: “(…) os moçambicanos vão acreditar em nós, vamos votar no rinoceronte. O rinoceronte é o animal com maior valor em Moçambique. Eu já estive na cadeia. As pessoas condenadas a maiores penas são aquelas que matam rinoceronte. Então, vale a pena nós ajudarmos os moçambicanos a entender que não se pode matar rinoceronte, como se estivesse a matar o jogador da selecção nacional”.

 

Devido ao seu aspecto físico (que revelava algum cansaço) e a forma como se expressava, o jornalista Jeremias Langa questionou: “doutor Muchanga, está em condições de fazer o programa, de facto? Não estou a sentir que esteja. Vou pedir só um breve intervalo e vamos retornar daqui a pouco”.

 

Após o intervalo, o programa apresentou uma nova imagem, tendo apenas o apresentador e mais dois comentadores, nomeadamente os deputados Feliz Sílvia (Frelimo) e Silvério Ronguana (MDM). “Retomamos o programa e tivemos de tomar algumas decisões e retiramos o deputado Muchanga por não estar em condições de continuar”, disse Jeremias Langa, porém, sem avançar as razões que ditaram a retirada do deputado da Renamo.

 

Entretanto, o momento não passou despercebido dos internautas, tendo defendido que o deputado terá sido retirado do programa por estar embriagado. A conclusão deve-se ao facto de o deputado da Renamo já se ter apresentado a um programa televisivo supostamente embriagado. O facto foi despoletado pelo político Miguel Mabote, um dos membros do painel do referido programa.

 

“Bêbado e incapaz de raciocinar, Muchanga é dispensado do debate da STV no programa Pontos de Vista. Espero que esta pouca vergonha tenha consequências. É muita falta de respeito para Ossufo Momade e toda a Renamo ir a uma televisão veicular uma posição institucional bêbado. É grave. Pessoalmente, sinto pena de quem se apresenta grosso na TV. Mas é normal na Renamo. Não é o primeiro. Bêbados não ganham eleições”, escreveu o historiador Egídio Vaz, na sua conta do Facebook.

 

António Muchanga, que também foi candidato à presidência do Conselho Municipal da cidade da Matola, nas eleições autárquicas de 2013 e 2018, assim como candidato a Governador da Província de Maputo, nas eleições provinciais de 2019, tem sido “popular” pelas suas intervenções no parlamento, sobretudo, pelos seus discursos “incendiários” dirigidos aos deputados da Frelimo, levantando, geralmente, assuntos de vida privada dos seus pares.

 

Em 2014, lembre-se, António Muchanga terá sido detido, por 42 dias, por alegado incitamento à violência, quando ocupava o cargo de porta-voz do partido, tendo sido posto em liberdade na sequência da Lei de Amnistia, aprovada pelo Parlamento para os crimes cometidos durante as hostilidades militares. (Carta)

“A cidade de Pemba registou o primeiro caso de Covid-19 no passado dia 10 de Abril, porém, o número de casos tem estado a aumentar de forma bastante rápida, cujos focos de transmissão são desconhecidos”. Estas foram as palavras que marcaram o início do discurso do Ministro da Saúde, neste domingo, momentos antes de declarar a capital da província de Cabo Delgado como segunda cidade moçambicana já na fase de transmissão comunitária do novo coronavírus, depois da cidade de Nampula.

 

Segundo Armindo Tiago, a terceira maior baía do mundo já preencheu todos os requisitos estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para se declarar uma região como estando em fase de transmissão comunitária. “Foi encontrada uma elevada positividade das amostras testadas que, actualmente, correspondem quase ao dobro daquilo que é a média nacional; há uma elevada transmissibilidade interpessoal; observou-se também uma mudança no perfil demográfico dos casos de Covid-19”, afirmou.

 

Assim, para mitigar o impacto causado pela doença, o Ministro da Saúde disse já estarem em curso as seguintes acções: expansão da vigilância activa (em Pemba e na província de Cabo Delgado) para monitorar a epidemia e identificar precocemente os casos; fortalecer as equipas locais da vigilância epidemiológica; preparar e incrementar o inquérito sero-epidemiológico, com base em testes rápidos para determinar a magnitude da pandemia; intensificar as acções de higiene e saneamento; estabelecer a capacidade local de testagem, utilizando a tecnologia de PCR.

 

Em relação à província de Cidade de Maputo, o titular da pasta da Saúde garantiu que ambas também estão na iminência de uma transmissão comunitária, porém, não avançou as datas em que as duas províncias poderão ser declaradas com estando em transmissão comunitária. (Marta Afonso)

Moçambique registou, na última quinta-feira, o quinto óbito provocado pelo novo coronavírus. Segundo o Ministro da Saúde, Armindo Tiago, que anunciou a notícia, trata-se de um cidadão moçambicano de 38 anos de idade, que deu entrada no Hospital Central de Maputo (HCM) e que, posteriormente, foi transferido para o Centro de Isolamento da Polana Caniço, com sintomas de insuficiência respiratória grave.

 

“Durante o internamento, foi avaliado e chegou-se à conclusão de que se trata de um indivíduo com várias comorbidades [associação de duas ou várias doenças que aparecem de modo simultâneo num mesmo paciente], mas sobretudo com interrupção de tratamento de parte das condições que o obrigaram a ir ao hospital. O óbito ocorreu no dia 18 do corrente mês e o resultado de Covid-19 veio a posterior”, explicou Tiago.

 

Na conferência de imprensa deste domingo, o titular da pasta da Saúde anunciou ainda que o país já conta com nove pessoas internadas nas unidades sanitárias devido ao novo coronavírus, sendo que quatro se encontram na província de Nampula; três na cidade de Maputo; e as províncias de Manica e Sofala contam com um paciente cada. Destes, apenas um se encontra em estado grave, enquanto os restantes apresentam sintomas leves.

 

Armindo Tiago, que dirigiu pessoalmente a conferência de imprensa deste domingo, afirmou ainda que o país registou, de sábado para domingo, mais 45 casos positivos, tendo aumentado para 733, o número total de pessoas infectadas pela doença, das quais 663 de transmissão local e 70 importados.

 

De acordo com o governante, os 45 infectados resultam do rastreio de contactos, assim como da vigilância activa nas unidades sanitárias e da testagem nos pontos de entrada no território nacional. Destes, 41 são moçambicanos e os restantes malawianos.

 

Segundo o Ministro da Saúde, 22 pessoas estão na província de Cabo Delgado (18 na cidade de Pemba, três em Palma e um no distrito de Ancuabe); seis na província de Nampula; uma na província da Zambézia (distrito de Morrumbala); uma em Gaza (cidade de Xai-Xai); oito na província de Maputo; e sete na cidade de Maputo. Vinte e quatro são do sexo masculino e 21 do sexo feminino. Todos estão em isolamento domiciliar.

 

Armindo Tiago afirmou também que o país registou mais quatro casos totalmente recuperados da Covid-19, sendo que três estão na província de Cabo Delgado e um na província de Gaza. Assim, o país conta com 181 pacientes recuperados da doença e 546 ainda infectados. (Marta Afonso)

O Embaixador do Reino da Arábia Saudita, em Moçambique, reagiu, finalmente, às acusações dos funcionários daquela representação asiática, que alegam ser racista e de trata-los como escravos. Numa nota enviada à Agência de Informação de Moçambique (AIM), um dos órgãos que reproduziu o nosso artigo, Abdulmalek Alyosfi começa por dizer que está a respeitar todas as medidas de prevenção contra o novo coronavírus e que até terá distribuído material de protecção para todos os funcionários sem discriminação.

 

Na missiva, Alyosfi diz que o Islão exterminou a escravatura e que os ensinamentos e princípios da sua religião contradizem com a escravatura, pois, reconhece a liberdade individual, igualdade, assim como os direitos humanos. Refere ainda que os trabalhadores, sem excepção, começam as suas actividades as 09:00 horas e cessam pelas 15 horas.

 

Os salários, garante, são pagos de acordo com as normas sauditas e variam de 646 USD (para o jardineiro) e 1.460 USD (para o tradutor) e que todos os direitos estão salvaguardados no contrato de trabalho.

 

O Embaixador saudita, em Maputo, explicou ainda que a proibição da entrada de marmitas nas instalações da Embaixada visa evitar a propagação do vírus e que todos são obrigados a trabalhar com máscaras. Disse ainda que sempre esteve aberto para respostas e pedidos de esclarecimento, porém, tal não se verificou durante os últimos dias, quando a nossa reportagem se deslocou para aquele local.

 

Referir que, no documento, o Embaixador não explica a questão do aumento salarial, reclamado pelos funcionários queixosos e muito menos a questão de existirem trabalhadores que trabalham ilegalmente na Embaixada e as acusações sobre racismo. (O.O.)

A região sul do país está em maior risco de desenvolver doença mais grave e/ou maior número de mortes, devido ao novo coronavírus. A conclusão é de um estudo apresentado esta quinta-feira, pelo pesquisador Carlos Arnaldo, docente da Universidade Eduardo Mondlane, no segundo e último dia da Conferência Científica sobre o novo coronavírus, organizada pelo Instituto Nacional de Saúde (INS). O estudo, ainda em curso em todo o país, aponta a estrutura etária (que apresenta maior percentagem de população idosa), a elevada prevalência do HIV/SIDA e o baixo acesso à água potável como factores que podem concorrer para essa catástrofe.

 

Segundo Carlos Arnaldo, os dados preliminares do estudo apontam também para alguns distritos das províncias de Cabo Delgado (Mueda, Nangade, Meluco, Muidumbe e Macomia), Zambézia (Mocubela, Chinde e Pebane) e Sofala (Machanga), como outros locais onde pode ocorrer uma tragédia humanitária causada pelo novo coronavírus, devido à baixa cobertura da rede sanitária, baixo acesso à água potável e também a prevalência do HIV/SIDA.

 

Para além destes, estão na lista os distritos de Machaze (Manica); Panda, Govuro e Funhalouro (Inhambane); Chigubo, Mabalane e Mapai (Gaza). “O risco é relativamente baixo nas regiões do interior do centro e norte, associando-se a menor percentagem da população idosa e uma baixa prevalência do HIV [HIV/SIDA]”, explicou a fonte.

 

Entretanto, Carlos Arnaldo garantiu que a probabilidade de as pessoas desenvolverem sintomas graves da doença e/ou morte está em função das suas características sociodemográficas e da facilidade com que podem aceder aos serviços de saúde adequados.

 

De acordo com o pesquisador, o estudo sublinha ainda que o risco de transmissão da pandemia é maior nas grandes cidades e nos distritos localizados nos corredores de transportes, como o da Beira, na zona centro do país. O risco de transmissão da doença é também elevado em 19 distritos de quase todas as capitais provinciais, excepto nos distritos de Quelimane (Zambézia) e Inhambane (Inhambane) por possuírem um tamanho médio do agregado familiar abaixo da média.

 

Por isso, sublinha a necessidade de se intensificar as campanhas de prevenção nas zonas urbanas e assegurar que em todos os corredores de transporte de maior mobilidade de pessoas haja máximo rigor na implementação das medidas de prevenção. (Marta Afonso)

Não foram ouvidos pela 8ª Sessão Criminal do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo (TJCM), tal como estava agendado, os declarantes estrageiros do “Caso Embraer”, que tem no banco dos réus Paulo Zucula (antigo ministro dos Transportes de Comunicações), José Viegas (ex-Presidente do Conselho de administração da LAM) e Mateus Zimba (antigo gestor sénior da Sasol e General Electric).

 

As audições, que seriam via videoconferência, estavam agendadas para esta quinta-feira. No entanto, as mesmas não chegaram a ter lugar. As audições foram colocadas em “banho-maria”. Ou seja, até ao fim do Estado de Emergência, decretado no contexto da prevenção e combate à pandemia do novo coronavírus.

 

Em finais de Março último, o Tribunal adiou o início das audições aos declarantes estrangeiros devido à dinâmica em volta à notificação dos declarantes estrangeiros, caracterizada, essencialmente, por um silêncio sepulcral às convocatórias do Tribunal moçambicano.

 

A audição dos declarantes estrangeiros (executivos e ex-executivos da Embraer, funcionários do Banco Central de São Tomé Príncipe e os advogados que ajudaram na criação da Xihivele) é descrita como de vital importância para descodificação da engenharia à volta do pagamento das salgadas luvas no valor de 800 USD à Xihivele, empresa da pertença réu Mateus Zimba.

 

Entre os declarantes que deveriam ser ouvidos pelo Tribunal destacam-se o francês Patrice Candaten (responsável de vendas para África da Embraer e Chefe do grupo das negociações com a Linhas Aéreas de Moçambique, a data do negocio com LAM), Luiz Fuchs, José Molina e Mauro Keren Júnior (brasileiros) integrantes da equipa.

 

O Ministério Publico (MP) exige, recorde-se, uma indeminização no valor de 83 milhões de meticais. Este valor corresponde ao somatório que os três arguidos devem ressarcir ao Estado pelos danos causados pela materialização, à margem da Lei, do negócio de compra de aeronaves E-190 junto a Embraer, construtora brasileira de aeronaves.

 

De acordo com o MP, os três réus urdiram um plano para lesar o Estado no valor de 800 mil USD, tendo usado a empresa Xihivele, do co-réu Mateus Zimba para drenar os fundos. O julgamento do “Caso Embraer” arrancou, de lembrar, a 27 de Fevereiro do corrente ano. (I.Bata)