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Depois de uma semana de total sufoco, em que o país registou maior número de infecções pelo novo coronavírus, desde 22 de Março, com alguns focos de transmissão até aqui desconhecidos, esta segunda-feira, o sector da saúde informou não ter registado novos casos de infecção de domingo para segunda-feira, depois de as 92 amostras testadas terem dado negativo para a Covid-19, mantendo Moçambique com os 254 casos positivos, registados até ao dia 31 de Maio.

 

Segundo o Director-Geral Adjunto do Instituto Nacional de Saúde (INS), Eduardo Samo Gudo, a queda do número de testes deve-se ao menor fluxo de voos, provenientes das províncias, facto que se poderá observar nos próximos dias. “A principal razão desta queda dos números de testes realizados é que aos fins-de-semana há uma tendência, em que a afluência às unidades sanitárias tem sido menor e este é um aspecto que tem sido habitual não só na época de coronavírus, mas também numa época normal”, explicou.

 

Entretanto, Moçambique registou mais cinco casos de recuperação, tendo passado para 96, o número total de recuperados. Todos são de nacionalidade moçambicana, com idades superiores a 15 anos, sendo que quatro são do sexo masculino. Assim, o país conta com 156 casos activos.

 

Na conferência de imprensa desta segunda-feira, a Directora Nacional de Saúde Pública, Rosa Marlene, chamou atenção aos moçambicanos, no sentido de aumentarem significativamente os cuidados, principalmente nas crianças, devido à entrada da época do inverno, em que geralmente há tendência de aumento de casos de doenças respiratórias, cujos sinais e sintomas são semelhantes ao quadro de Covid-19. Disse ainda estar preocupada com o facto de haver, cada vez mais, tendências de aumento da intolerância, estigma e discriminação de pessoas suspeitas de estarem infectadas pelo coronavírus. (Marta Afonso)

Quase dois meses depois, o paradeiro do jornalista da Rádio Comunitária de Palma, Ibraimo Mbaruco, desaparecido na noite do dia 7 de Abril, naquela vila nortenha da província de Cabo Delgado, continua sem esclarecimentos. Tanto os familiares, assim como a sociedade, em geral, continuam sem saber se Mbaruco está vivo ou terá perdido a vida.

 

Fontes da “Carta” avançam que, desde 07 de Abril, a única acção de vulto realizada pelas autoridades do distrito de Palma, em particular pelo SERNIC (Serviço Nacional de Investigação Criminal) foi ouvir depoimentos de familiares, amigos e colegas do jornalista

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“Carta” apurou que uma das pessoas ouvidas pelo SERNIC é o Coordenador da Rádio que, entretanto, é proibido de abordar o assunto com os familiares e amigos, além das autoridades. Não se sabe se tal secretismo é parar impedir a possível fuga de informação em torno do desaparecimento do jornalista ou para preservar as “pistas” até aqui encontradas. (Carta)

No dia em que se celebra o Dia da Criança, “Carta” decidiu trazer à tona estórias de menores que sofrem e testemunham os horrores provocados pelos ataques terroristas, protagonizados por um grupo até aqui não identificado, na província de Cabo Delgado.

 

Conforme consta do Informe do sector da educação, daquela província, entre 2017 e 2020, 56.402 crianças foram afectadas pela guerra que se instalou na terra do gás, petróleo, rubi e grafite, em oito distritos afectados pelos ataques terroristas.

 

No documento em alusão, consta que 5.768 crianças se encontram refugiadas em outros locais, ou seja, deixaram a província de Cabo Delgado. Um facto que nos foi revelado por fontes militares foi a chegada, neste domingo, nos centros de acomodação do distrito de Metuge, província de Cabo Delgado, de 30 crianças, sendo algumas órfãs e outras que não sabem do paradeiro dos seus progenitores. Segundo as fontes, as referidas crianças provavelmente ter-se-ão perdido durante os últimos ataques verificados no distrito de Macomia, entre quinta e sexta-feira.

 

Conforme apuramos, as crianças foram transportadas pelos oficiais das Forças de Defesa e Segurança (FDS) presentes no teatro das operações que, durante o fim-de-semana, conseguiram repor a ordem na vila de Macomia, embora não tenham sido capazes de conter a destruição e mortes de civis e militares.

 

De acordo com o sector da educação de Cabo Delgado, o distrito de Mocímboa da Praia aparece na frente com 28.260 alunos afectados; Quissanga com 10.047 alunos; Macomia com 7.898 alunos; Muidumbe com 3.278 alunos; Meluco com 3.370 alunos; Palma com 2.125 alunos; Nangade com 1.527 alunos e Mueda com 97 alunos. Cento e sete escolas foram fechadas e 1.110 professores estão sem trabalho, desde que a onda de ataques terroristas começou.

 

Entre os factos que foram registados durante este período, destacam-se os constantes sequestros de raparigas pelos terroristas, sendo que uma das acções se verificou no passado dia 21 de Maio, no bairro Nacala, no distrito de Mocímboa da Praia, onde quatro raparigas foram levadas pelos terroristas.

 

Recentemente, fontes governamentais contaram que duas raparigas conseguiram fugir numa das bases dos terroristas em Mocímboa da Praia. As raparigas, que haviam sido raptadas na aldeia Ulo, contaram que a base dos terroristas está baseada nas imediações do rio Messalo e que terão conseguido fugir até ao bairro Milamba, na vila de Mocímboa da Praia. As mesmas terão escapado, quando foram mandadas cartar água no poço sem supervisão dos terroristas.

 

Na ocasião, as duas “heroínas” revelaram que na base dos terroristas se encontram integrantes de diferentes nacionalidades e etnias e que na calada da noite todas as mulheres são obrigadas a dormir nuas e outras obrigadas a casar.

 

As crianças, em Cabo Delgado, passam por diversas dificuldades entre elas a fome e falta de condições básicas. Um exemplo claro vive-se nos centros de acomodação instalados em Pemba, Metuge e Quissanga. Os ataques em Cabo Delgado, de acordo com a ACLED, já provocaram mais de 1.000 mortes, entre elas crianças: algumas foram fervidas em panelas, outras decapitadas, algumas baleadas e também por doenças diversas. (O.O.)

Moçambique voltou a registar 10 casos de infecção pelo novo coronavírus em 24 horas, tendo subido para um cumulativo de 254 casos. De sábado para domingo, as autoridades da saúde submeteram 617 pessoas ao teste da doença, sendo que 607 tiveram resultado negativo.

 

Segundo a Directora Nacional de Saúde Pública, Rosa Marlene, dos novos casos, nove resultam do rastreio de contactos e um da vigilância activa e rastreio de rotina nas unidades sanitárias. Destes, nove são assintomáticos e um apresenta sintomas leves a moderados. Todos são moçambicanos, sendo que nove são do sexo masculino (província de Cabo Delgado) e um do sexo feminino (que se encontra em Nampula).

 

Na conferência de imprensa deste domingo, Marlene referiu que o país ainda continua com os dois pacientes internados, um na província de Inhambane e outro na província de Cabo Delgado. Ambos continuam estáveis e com uma evolução clínica satisfatória.

 

Para além das novas infecções, o país registou mais um caso totalmente recuperado, tratando-se de um cidadão com idade superior a 55 anos. O mesmo está em Cabo Delgado.

 

Marlene disse ainda que, na última sexta-feira, o país registou mais uma vaga de repatriados da vizinha África do Sul que chegaram ao país, através da fronteira de Ressano Garcia. São, no total, 61 moçambicanos (adultos), dos quais 52 do sexo masculino. De acordo com Rosa Marlene, todos foram submetidos ao teste de Covid-19 na Escola Secundária 4 de Outubro, onde pernoitaram e, no sábado, seguiram para seus destinos em transportes organizados pelas autoridades.

 

Já no estrangeiro, a responsável informou que houve registo de mais três casos de cidadãos moçambicanos: dois na África do Sul e um na Rússia, passando para 19 o número total de moçambicanos infectados pelo novo coronavírus, dos quais 11 já estão recuperados e um perdeu a vida. (Marta Afonso)

segunda-feira, 01 junho 2020 04:36

Covid-19: Moçambicanos em perigo no Malawi

Pico de infecções da Covid-19 no Malawi atinge níveis históricos.

 

Em menos de dois dias, os casos confirmados de Coronavírus no Malawi atingiram 273. Na passada quinta-feira, 92 malawianos regressados da África do Sul testaram positivo para o Coronavírus. No dia seguinte, Malawi registou outros 70 novos casos, dos quais 66 dos regressados da África do Sul.

 

Cerca de 50 mil moçambicanos vivem e trabalham no Malawi. Malawi faz fronteira com províncias moçambicanas nomeadamente, Tete, Zambézia e Niassa, sem nenhuma vedação. As três províncias estão em risco pela negligência do Malawi em relação à propagação do novo coronavírus.

 

À excepção dos repatriados via aérea, às expensas do governo sul-africano ou da Organização Internacional das Migrações, todos os malawianos regressados da África do Sul via terrestre passam pelo território moçambicano e entram no seu país através das fronteiras de Zobwe e de Calomwe, na província de Tete.

 

Na sua última comunicação, o presidente da República, Filipe Nyusi, apelou para o reforço do controlo fronteiriço, mas no caso da fronteira terrestre e fluvial Malawi/Moçambique é quase impensável.  

 

O governo do Malawi admitiu a sua incapacidade para lidar com mais de dois mil malawianos que regressaram ao país provenientes da África do Sul depois das restrições impostas na RSA devido ao novo coronavírus.

 

O plano inicial era de 700 regressados. No entanto, o número aumentou à medida que algumas pessoas que não estavam previstas se juntaram usando rotas desconhecidas.

 

A comissão governamental de combate à pandemia vai-se desdobrando em desculpas para justificar a sua incapacidade na mitigação do novo coronavírus depois de críticas da opinião pública por não ter conseguido gerir mais de quatrocentos malawianos regressados da África do Sul e que fugiram do Estado Kamuzu em Blantyre.

 

Os 400 malawianos repatriados da África do Sul estavam no Estádio Kamuzu em quarentena, mas devido à desorganização da comissão governamental acabaram abandonando o local antes de receber os resultados dos testes.

 

E como se não bastasse, Malawi está em campanha eleitoral, num cenário em que não há distanciamento social e muito menos “ficar em casa”.

 

De acordo com o Ministério da Saúde, o número inicial de regressados da África do Sul era de 700, mas de repente disparou para dois mil.

 

“Algumas pessoas estão a chegar sem nosso conhecimento. Outras estão usando rotas clandestinas. Então, isso está a criar grandes desafios”, disse Andrew Likaka, do Ministério da Saúde.

 

Tudo isto acontece numa altura em que o número de infecções do novo coronavírus está atingindo níveis históricos no Malawi.

 

No entanto, o director-adjunto dos Serviços de Saúde Preventiva do Malawi, Mathews Kagli, disse que haverá custos se as pessoas não aderirem deliberadamente às medidas preventivas contra a Covid-19.

 

Sobre aqueles que fugiram do Estádio Kamuzu em Blantyre, Kagli disse que as autoridades têm como rastreá-los. O comité governamental decidiu que o Ministro da Saúde não pode dar actualizações sobre a propagação do novo coronavírus para evitar qualquer conotação política.

 

Quatro pessoas diagnosticadas com Covid-19 morreram no Malawi. Malawi registou o seu primeiro caso a dois de Abril e agora contabiliza mais de 270 maioritariamente entre os repatriados da África do Sul.

 

Malawi corre o risco de uma tragédia humana se não houver uma mudança de comportamento por parte dos dezoito milhões de malawianos, dos quais apenas onze por cento lavam as mãos com água e sabão.

 

“Os malawianos não têm cultura de lavar as mãos. Normalmente lavamos as mãos quando queremos comer massa cozida de farinha de milho. Caso contrário as pessoas entram e saem da casa de banho sem lavar as mãos”, disse uma fonte do ministério da Saúde.

 

Igualmente está iminente no Malawi o colapso do serviço de saúde se os casos do novo coronavírus continuarem a disparar.(F.I)

Não há solução à vista para o impasse que subsiste entre os pais e encarregados de educação e as instituições de ensino públicas e privadas, cujo mote é o pagamento das “chorudas” propinas durante a vigência do Estado de Emergência.

 

Esta quarta-feira, na Assembleia da República, o Governo, na pessoa do Primeiro-Ministro, Carlos Agostinho do Rosário, veio dar mais uma prova do descaso e total desinteresse em colocar um ponto final na bandalheira que se apossou do sector da educação.

 

É que, durante a Sessão de Perguntas ao Governo, que terminou esta quinta-feira, depois de reconhecer a ineficiência da modalidade de ensino adoptada (ensino à distância – através das plataformas digitais), o PM não apresentou uma solução concreta e imediata para o pouco consensual assunto do pagamento das astronómicas propinas.

 

Depois de ter permanecido surdo e mudo, num primeiro momento, e com as impiedosas críticas de ter dito que cabia aos pais e encarregados de educação, juntamente com as escolas e universidades, encontrarem soluções para o impasse, num segundo momento, o Governo de Filipe Jacinto Nyusi bridou, na quarta-feira, aos moçambicanos com uma novidade: Do Rosário disse ser crucial o aperfeiçoamento do quadro legal que rege a relação entre os provedores do serviço de educação e seus utentes.

 

Entretanto, enquanto não se aprimora o quadro legal para regular a relação entre o provedor e utentes, Carlos Agostinho do Rosário não disse o que vai acontecer de concreto, numa altura em que o Chefe de Estado prorrogou, por mais 30 dias, o Estado de Emergência, decretado no âmbito da prevenção e combate à pandemia da Covid-19.

 

A lacónica resposta do PM veio, uma vez mais, frustrar os pais e encarregados de educação que, há muito, aguardam desassossegados por um posicionamento concreto do Executivo, visto que têm estado a pagar por um serviço que, na prática, não estão a usufruir.

 

“Esta realidade modificou, a título de exemplo, a forma de prestação de serviços no sector da educação, o que trouxe consigo vários desafios, sendo a questão das propinas escolares, até esta altura, a mais saliente. É neste âmbito que o Governo considera crucial o aprimoramento do quadro legal que rege a relação entre os provedores de serviços de educação e seus utentes, com destaque para a regulação e estabelecimento de mecanismos harmonizados de formação de preços e de prestação de serviços neste sector”, disse Carlos Agostinho do Rosário.

 

Na sequência da declaração do Estado de Emergência (declaração inicial e mais tarde a prorrogação) foram adoptados mecanismos de ensino e aprendizagem, isto para tentar salvar o presente ano lectivo, tais como as fichas de estudo, aulas por via de televisão e rádio, bem como a utilização de plataformas virtuais, suportadas pelas Tecnologias de Informação e Comunicação.

 

Derivado do facto das alternativas ao ensino presencial não serem verdadeiramente abrangentes, Carlos Agostinho do Rosário avançou que, quando as aulas presenciais retomarem, será feita a revisão das matérias dadas durante o Estado de Emergência e, igualmente, ajustados os conteúdos programáticos e o calendário escolar.

 

“É assim que gostaríamos de assegurar que, quando as aulas presenciais retomarem, será feita a revisão das matérias dadas durante o período de vigência do Estado de Emergência, bem como o ajustamento dos conteúdos programáticos e do calendário escolar”, assegurou.

 

“Aulas de Emergência” não terão nota classificativa – garante Carmelita Namashulua

 

Já nesta quinta-feira, no segundo dia da Sessão de Perguntas ao Governo, a Ministra da Educação e Desenvolvimento Humano, Carmelita Namashulua, reiterou que os conteúdos leccionados durante a vigência do Estado de Emergência não terão nota classificativa.

 

Namashulua respondia assim, em jeito de esclarecimento, às perguntas levantadas pelos deputados da Renamo que, incessantemente, exigiram explicações detalhadas sobre métodos de ensino e aprendizagem introduzidos pelo Executivo.

 

A ministra da Educação e Desenvolvimento Humano avançou que as matérias constantes das fichas de exercício, trabalhos para casa ou outros tipos de trabalho, orientados pelo professor, têm por objectivo verificar o grau de assimilação dos conteúdos pelos alunos.

 

No caso em apreço, disse a titular da pasta da Educação, os professores não estão a fazer avaliações capazes de determinar se os alunos passam ou não de classe ou ainda se transitam de um ciclo para o outro.

 

“Neste contexto da suspensão de aulas, cientes da não abrangência e da disponibilidade em igualdade de circunstâncias, o aluno não terá nota para os conteúdos leccionados neste período de emergência. Isto é, nota classificativa. Todavia, os esforços empreendidos pelos mesmos, pelos professores, país e encarregados de educação serão tidos em conta para a retoma e continuidade. Serão tidos em conta como nota formativa para a continuidade do ensino e aprendizagem logo que as condições permitirem. O que os professores estão a fazer não é avaliação somativa. Aquela avaliação visa determinar se o aluno passa ou não de classe ou se está em condições de transitar de um ciclo para o outro”, disse Carmelita Namashulua.

 

A avaliação é uma componente do processo de aprendizagem que, para além de permitir a classificação dos alunos, cumpre as funções diagnóstica e formativa. Entretanto, desde a declaração inicial e depois a prorrogação do Estado de Emergência, os alunos, pelo menos do ensino secundário (das diversas instituições de ensino do país), têm estado a efectuar avaliações através das plataformas digitais. (Ilódio Bata)