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A Cidade de Maputo continua a liderar as estatísticas dos casos activos do novo coronavírus no país, desde que “suplantou” a província de Nampula, em Julho passado. De acordo com os dados da Direcção Nacional de Saúde Pública, a capital do país é responsável, actualmente, por 770 infecções ainda activas do novo coronavírus, o que corresponde a 45%, de um total de 1.711 casos activos.

 

A capital do país, que entrou na lista das cidades/locais em fase de transmissão comunitária no território nacional, no passado dia 10 de Agosto, registou, desde 22 de Março último, um cumulativo de 972 casos positivos, dos quais apenas 196 (20,2%) se encontram recuperados e oito (0,8%) perderam a vida.

 

Em segundo lugar, segue a província de Maputo, que conta com 301 pessoas ainda infectadas pelo novo coronavírus, representando 17,6% do total de casos activos. Até esta sexta-feira, as autoridades da saúde tinham diagnosticado um total de 567 casos positivos, sendo que 245 (43,2%) pessoas já recuperaram da doença. Ainda não há registo de vítimas mortais.

 

No terceiro lugar, está a província de Nampula, com 230 casos activos, correspondentes a 13,4%, do total de pessoas ainda infectadas pelo vírus. Nampula, que liderou as estatísticas da Covid-19 entre Maio e meados de Julho, contabiliza um total de 485 casos positivos, dos quais 247 (50,9%) já recuperaram e cinco (1%) perderam a vida. A província mais populosa do país, lembre-se, foi a primeira a ver a sua capital provincial ser declarada o primeiro local em transmissão comunitária no país, em Junho último.

 

A província de Cabo Delgado, a segunda a registar casos da Covid-19, depois da capital do país, é responsável, agora, por 165 casos activos, representando 9,6% do total das infecções ainda existentes no território nacional. Até esta sexta-feira, a província tinha registado um total de 541 casos positivos, dos quais 377 (69,7%) estão recuperados e um (0,2%) indivíduo perdeu a vida. Refira-se que a cidade de Pemba, capital provincial de Cabo Delgado, foi a segunda a ser declarada como estando em transmissão comunitária.

 

O “Top 5” das províncias com maior número de casos positivos é fechado por Gaza, com 121 casos activos, o que representa 7,1%, do total de casos activos. Até ao momento, aquela província do sul do país registou um total de 155 casos positivos, dos quais 40 (25,8%) já estão recuperados e um (0,6%) foi declarado óbito.

 

No que tange às regiões, a região sul concentra um total de 1200 casos activos, correspondentes a 70,1%, do total de pessoas ainda infectadas pela Covid-19. Segue-se a zona norte com 409 casos, que representam 23,9%. A região centro soma 102 casos activos, que equivalem a 6%.

 

Cidade de Maputo também responsável por quase metade dos óbitos

 

A capital do país não só concentra maior número de infectados, como também de vítimas mortais devido a esta pandemia. Até ao momento, 20 pessoas perderam a vida no país devido ao novo coronavírus, sendo que destes oito morreram na cidade de Maputo, o que corresponde a 40%.

 

De seguida, aparece a província de Nampula com cinco vítimas mortais, que correspondem a 25%. As províncias de Tete e Manica registaram dois óbitos cada, o que representa 10% para cada uma das províncias. Por sua vez, as províncias de Cabo Delgado, Zambézia e Gaza registaram apenas uma morte cada, tendo uma taxa de 5% cada.

 

Inhambane com mais de 95% de recuperados

 

A província de Inhambane é a que apresenta maior taxa de recuperação em todo o território nacional, com uma percentagem de 96,3%, com a recuperação de 52 pessoas, de um total de 54 infectados. Ainda não houve registo de vítimas mortais.

 

Em segundo lugar está a província da Zambézia com uma taxa de 87,3%, ao recuperarem 48 pessoas, das 55 que já contraíram a infecção do novo coronavírus. Até ao momento, houve registo de uma vítima mortal naquele ponto do país.

 

A província de Tete segue em terceiro lugar, com uma taxa de recuperação de 83,1%, após recuperarem 54 pessoas, das 65 que estiveram infectadas. Infelizmente, duas pessoas perderam a vida. A província de Cabo Delgado, com 69,7% dos recuperados, segue em quarto lugar, enquanto a província do Niassa fecha o “Top 5” com 63% dos recuperados. (A.M.)

O processo que tem em vista o Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) do braço da Renamo vai de “vento em pompa”. Esta quinta-feira arrancou a desmobilização do Estado-Maior General do maior partido da oposição na Serra da Gorongosa.

 

Concretamente, iniciou, ontem, nas imediações da Serra da Gorongosa, o processo de desmobilização de 384 ex-comandos, que estavam no Estado-Maior General da Renamo. Os desmobilizados fazem parte de um grupo selecto de oficiais que conviveu com o falecido líder carismático do partido, Afonso Dhlakama.

 

O DDR prevê, sabe-se, abranger cerca de 5 mil antigos guerrilheiros da Renamo. Desde a retomada do processo a 4 de Junho findo, pouco mais de 520 antigos guerrilheiros da Renamo foram desmobilizados e duas bases do maior partido da oposição foram encerradas.

 

O andamento do processo de DDR expressa o cumprimento do Acordo de Paz e Reconciliação de Maputo, que no passado de 06 de Agosto corrente completou um ano.

 

Entretanto, o acordo de paz está ameaçado pelos ataques armados que têm estado a acorrer nas províncias de Manica e Sofala, região centro do país. De acordo com as autoridades policiais, os ataques armados que têm estado a ocorrer nas províncias de Sofala e Manica são perpetrados por indivíduos pertencentes à auto-proclamada Junta Militar da Renamo.

 

Mariano Nhongo e seus correligionários têm publicamente contestado a liderança de Ossufo Momade (presidente da Renamo). Aliás, o grupo não reconhece Ossufo Momade como presidente dos genuínos membros do partido e, inclusive, tem deixado a garantia de que, sob a liderança deste, não se vai juntar ao DDR.

 

Falando por ocasião do evento, o Secretário-Geral da Renamo, André Magibire, apelou ao grupo a seguir a vida civil, alertando que, em caso de um eventual regresso às matas, a responsabilidade seria individual.

 

“A partir de hoje (ontem) que estão a deixar as vossas armas, elas ficam para o passado. Não queremos ouvir depois que alguém voltou ao mato. Se essa pessoa voltar a pegar na arma, a responsabilidade é dela”, sentenciou Magibire.

 

Depois da Serra da Gorongosa, o Grupo Técnico para o DDR prevê escalar outros pontos do país no seguimento da materialização do processo.

 

A conclusão do processo de DDR, tal como fez saber o Presidente da República, está prevista para Julho de 2021.

 

O DDR arrancou, oficialmente, a 29 de Julho de 2019, tendo permanecido em “banho-maria” quase um ano, devido, entre outros, a constrangimentos de ordem logística, com particular destaque para disponibilidade de fundos. (Carta)

As autoridades do Posto Administrativo de Sábiè, distrito da Moamba, província de Maputo, mostram-se preocupadas com o crescente número de casos de casamentos prematuros, protagonizados, na sua maioria, por cidadãos moçambicanos e sul-africanos, com conivência dos progenitores.

 

A preocupação foi apresentada à “Carta”, semana finda, pela Chefe daquele Posto Administrativo, Helena Chivite, durante a presença da nossa reportagem naquele local. A fonte explicou que os casamentos prematuros continuam a marcar o dia-a-dia de Sábiè, com raparigas de 14 a 16 anos de idade a serem submetidas a uniões forçadas, como forma de garantir o sustento dos seus pais.

 

Sem revelar o número de casos registados, a dirigente explicou que os pais forçam as filhas a casarem-se cedo, em troca de cabeças de gado bovino, porque, na sua óptica, “quando crescerem, elas irão negar de se casar e eles não irão «ganhar nada»”. Acrescenta que os matrimónios forçados envolvem moçambicanos, residindo na vizinha África do Sul, assim como cidadãos sul-africanos, que atravessam a fronteira para casar adolescentes moçambicanas, por considerá-las “organizadas e trabalhadoras”.

 

Entretanto, garante a fonte, o encerramento das fronteiras, devido à pandemia do novo coronavírus, reduziu o número de casos, não havendo registo de novos casos este ano. “Se existirem, então, as comunidades não revelaram”, sublinhou. (Omardine Omar, em Moamba)

O partido Nova Democracia (ND), uma das mais novas formações políticas do país, defende a transformação da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC, na sigla em inglês), “num instrumento de paz e desenvolvimento comunitário”, com vista a “lidar com efectivos laços de amizade em direcção a uma abordagem clara nas políticas de cooperação”.

 

A tese vem a propósito da realização, da quadragésima cimeira ordinária do órgão, que teve lugar em Maputo, na qual o país assumiu a presidência rotativa da organização. A cimeira, que coincidiu com os 40 anos da fundação do organismo regional (composto por 16 Estados membros), foi realizada num ambiente virtual, devido à pandemia do novo coronavírus.

 

Em comunicado de imprensa, partilhado esta terça-feira, a Nova Democracia entende que, 40 anos depois da fundação do bloco regional, é imperioso reflectir-se em torno de “que SADC queremos”, assim como as reais “motivações políticas” que atrelam Moçambique à organização.

 

“A SADC, nos moldes actuais, é mais um clube de amigos distantes dos seus povos. As políticas e acções da SADC, longe de perseguir os seus objectivos fundacionais, mostram-se inoperantes denunciando a ausência de coesão”, defende a formação política, liderada por Salomão Muchanga, para quem “o comprometimento com a democracia e os direitos humanos é tão raro ao nível do bloco, quanto o apoio mútuo mensurável em questões de paz e segurança, minando a relação construtiva com a sociedade civil dos Estados membros”.

 

“O facto da população da África Austral não estar familiarizada com a SADC e seus actos só fundamenta, de forma inequívoca, a imagem impopular do organismo que, vezes bastante, varia entre o silêncio e a apatia nas questões candentes da região, tal é a insegurança dos cidadãos face ao terrorismo competitivo, recorrendo-se em primeira instância a mercenários”, considera a formação política, em referência à contratação, primeiro, de mercenários russos e, segundo, de mercenários sul-africanos para combater o terrorismo na província de Cabo Delgado, que dura há quase três anos.

 

Aliás, a Nova Democracia espera que o país use a presidência da SADC para mobilizar uma acção regional pela paz na província de Cabo Delgado, assim como contribuir para o debate aberto em torno da organização regional que se pretende.

 

A propósito, era expectativa dos cidadãos dos 16 países membros do órgão a adopção de uma resolução concreta sobre a insurgência na província de Cabo Delgado, porém, os Chefes de Estado e de Governo dos 16 países apenas manifestaram “solidariedade e o compromisso da SADC em apoiar Moçambique na luta contra o terrorismo e ataques violentos”.

 

Por exemplo, o maior partido da oposição na África do Sul, Aliança Democrática (DA, na sigla em inglês), defendia que a organização devia ter adoptado resolução própria em torno daquele conflito militar. “Se a SADC leva a sério a região e o seu papel na região, deve absolutamente decidir o que fazer em Cabo Delgado. Esperemos que seja aprovado o envio de um enviado especial a Cabo Delgado para apuramento de factos e que façamos parte do enviado especial multipartidário”, disse Kobus Marais, em entrevista à Agência Lusa, dias antes da realização da cimeira.

 

No seu discurso de encerramento, o Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, apontou o combate ao terrorismo como uma necessidade comum dos países da SADC, assinalando o imperativo da cooperação regional na luta contra o extremismo.

 

Para a Nova Democracia, a integração regional (que ainda é uma miragem) só será possível com políticas públicas comunitárias, em que os cidadãos, mulheres e homens, actores económicos e demais parceiros percebam o carácter concreto da SADC.

 

“Uma integração efectiva da região trará uma nova abordagem na harmonização de tarifas e na reforma do quadro legal regulador nos sectores estruturantes. Trata-se de situar a integração regional a nível dos cidadãos da comunidade e não dos governantes. (...) Para atingir os anseios dos cidadãos é inevitável dar primazia às contingências de cada país e iniciar já a eliminação da disparidade de legislação para assegurar um processo de integração justo e consolidado”, explica aquela formação política.

 

Refira-se que o encontro decorreu sob o lema “40 Anos Construindo a Paz e Segurança, Promovendo o Desenvolvimento e Resiliência Face aos Desafios Globais”, tendo sido debatidos temas como o impacto sócio-económico da Covid-19 na região; o reforço da coesão e cooperação entre os Estados membros da comunidade na prevenção e combate ao crime transfronteiriço, com incidência para o terrorismo. (Carta)

quinta-feira, 20 agosto 2020 07:19

Moçambique conta mais de 3.000 casos de Covid-19

Mais 1.409 pessoas foram submetidas ao teste do novo coronavírus, de terça para quarta-feira, sendo que destas 54 deram positivo, elevando para 3.054, o total de casos confirmados da pandemia no território nacional.

 

Segundo o Ministério da Saúde, dos novos infectados, 48 são moçambicanos e seis são estrangeiros (um zimbabueano, um inglês, um sul-coreano e três paquistaneses), sendo que um está na província do Niassa, três na província da Zambézia, oito na província de Sofala, 10 na província de Maputo e 32 na cidade de Maputo.

 

Em contrapartida, as autoridades da saúde reportaram a recuperação de mais 44 pessoas, das quais, duas na província do Niassa, uma na província de Tete, 11 na província de Manica e 30 na província de Maputo.

 

Assim, o país conta, neste momento, com 1.291 recuperados, 19 óbitos e 1.773 cidadãos ainda infectados pelo vírus, dos quais 13 encontram-se internados. (Marta Afonso)

A 87 quilómetros da vila-sede do distrito da Moamba, na província de Maputo, encontramos o povoado de Mavunguane, localizado no Posto Administrativo de Sábiè, um povoado habitado por cerca de 1.200 pessoas, de acordo com os dados do Censo populacional de 2017.

 

Há dois anos, o povoado de Mavunguane era usado como um dos corredores predilectos dos caçadores furtivos, que usavam aquela parcela do país para chegar ao Sábiè Game Park, localizado no limite entre as Repúblicas de Moçambique e da África do Sul, assim como ao Parque sul-africano do Kruger, um dos mais procurados pelos caçadores ilegais.

 

Entretanto, graças a diferentes projectos sociais e económicos, que estão sendo implementados pelos parceiros do Governo, a povoação vê-se cada vez mais “livre” do pesadelo da caça furtiva, que causou luto e dor nas famílias locais, devido à morte e detenção de alguns “filhos locais” que optaram pela “vida fácil” para ganhar dinheiro. Os projectos, segundo Helena Chivite, Chefe do Posto Administrativo de Sábiè, incluem a integração de jovens locais nas fazendas de bravio e em outras actividades de rendimento, assim como desportivas, de modo a mantê-los ocupados.

 

Helena Chivite, chefe do Posto Administrativo de Sabiè, Moamba (a esquerda) ; Julieta Sumbana, Chefe do Departamento do Desenvolvimento Comunitário na ANAC (a direita)

 

A busca pelo marfim, assim como pelo corno de rinoceronte, já levou à morte de vários jovens, incluindo líderes tradicionais. Helena Chivite contou à nossa reportagem que, em Março do ano passado, um líder do povoado de Mafofine, naquele Posto Administrativo, terá perdido a vida no Kruger Park, após ter sido recrutado por um grupo de caçadores furtivos, provenientes do vizinho distrito de Magude.

 

Segundo a fonte, o referido líder local era membro dos grupos de sensibilização, criados para consciencializar a população local sobre os perigos da caça furtiva, porém, terá sido uma das vítimas deste crime ambiental.

 

Por seu turno, Gonçalves Fernando, Técnico do Sector de Florestas e Fauna Bravia, no distrito de Moamba, avançou que, há cinco anos, quase todos os jovens daquele Posto Administrativo dedicam-se à caça furtiva, porém, a tendência melhorou devido, por um lado, à implementação dos projectos sociais e económicos em curso e, por outro, à detenção e morte de alguns membros dos grupos criminosos.

 

Gonsalves Fernando, técnico de fiscalização de florestas e fauna bravia no SDAE, Moamba.

 

A fonte garante, aliás, que algumas pessoas apontadas, pelos caçadores furtivos, como fornecedoras de armas usadas na caça do elefante e rinoceronte, durante o julgamento, são conhecidas pelas autoridades locais, mas nunca foram investigadas e muito menos responsabilizadas. (Omardine Omar, em Moamba)